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Tuesday, March 06, 2012

FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 20



Oi galera! Hoje vamos descobrir o que o Edward sentiu com todo o comportamento da Bella na festa e sua fuga depois, e o que ele deixou gravado no celular dela...

Título: O Contrato 

Autora(o): Jack Sampaio

Contatos: @jacksampaio;

Shipper: Bellard
Gênero: Romance, drama
Censura: NC-18

Categorias: Saga Crepúsculo 

Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo


O Contrato
By Jack Sampaio

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


CAPÍTULO 20

Edward pov’s

Sorriso. Eu não conseguia desmanchar o meu sorriso pelo meu triunfo. Perdi dinheiro, sim, eu sabia. No entanto nada se comparava ao prazer de ter Bella ao meu lado, de saber que ela seria minha esposa por uma noite. Apenas para prolongar o momento dirigi devagar. Claro que Bella notou meu ato, mas provavelmente interpretou isso como provocação. Ela não sabia que eu só dirigia devagar, e a pagava para que me acompanhasse ao evento, por que eu queria estar com ela.
Bella não olhava para mim, mais atenta a paisagem oferecida pelo lado de sua janela do que o necessário. Estava com uma cara amuada, como se fosse incrivelmente desagradável estar comigo. Eu não poderia culpá-la por se sentir assim, mas também não ficava feliz com sua atitude.
“Vou tirar essa carranca de você esta noite, Isabella.” – pensei enquanto estacionava em frente à boutique onde costumo comprar minhas roupas.
–Chegamos. – anunciei despertando Bella. Ela olhou para fora e a ouvi arfar. Talvez a opulência daquele lugar a tenha deixado surpresa. Mas logo Bella se recobrou e saiu do carro. Subitamente disse antes mesmo de adentrarmos o local:
–Lembre-se Cullen: todas as despesas serão pagas por você! – disse e rapidamente passou a caminhar. Eu não consegui não sorrir, ela ficava linda irada. Bella não cumprimentou a ninguém que tão gentilmente a cumprimentava. Foi direto para a vendedora. Esta a olhou dos pés a cabeça avaliando-a, depreciando-a, posso apostar. Não gostei.  
–Bom dia senhora...
–Eu quero um kit completo para ir a um evento, exclusivo. Roupas, acessórios... E não me preocupo com dinheiro então pare de me olhar com indiferença como se eu fosse uma ladra! – Bella esbravejou. Ah, então eu não fui o único a notar a atitude da vendedora? Desde quando Bella era tão perceptiva? De qualquer forma fiquei aborrecido pela situação, mesmo que no passado eu a tenha depreciado.
–Ouviu minha esposa, não é? Ofereça a ela o melhor. – falei num tom ríspido. Bella não olhou para mim.
“Pelo visto ela continuará carrancuda desse jeito para o meu lado.”.
–Sigam-me. –A vendedora disse rumando para o interior da butique. Bella a seguiu. Fiz o mesmo caminho querendo acompanhá-la, mas ao notar meu movimento ela parou, virou-se e me impediu.
–Eu não preciso de babá! – falou ríspida. Antes que eu pudesse dizer algo, Bella desapareceu por entre os corredores do local.
–Saco. – esbravejei seguindo para uma poltrona. Desejava ser mais participativo, ainda que em um único dia, da vida de Bella, mas estava difícil. Eu não sabia como proceder, como ganhar espaço em sua vida. Bella havia criado um muro em torno de si, impenetrável, isso a mais de um mês. Não, eu estava equivocado. Não foi Bella que criou um muro intransponível em torno de si, fui eu que criei o muro em torno dela.
“Eu tenho que romper esse muro hoje, caso o contrário...”.
–Senhor Cullen? – uma atendente me chamou, não era a mesma que estava com Bella. – Deseja algo? Uma bebida?
Refleti. Pensei. Respondi.
–Desejo algo para vestir também e... – levantei-me. Cochichei para a funcionária. – Quero saber qual cor minha esposa escolherá para as suas vestimentas. Quero que façamos um par no evento em que participaremos.
Sorri. Bella ficaria enfurecida se fossemos combinando, posso apostar.   

Apesar do gasto exorbitante daquela manhã (as compras de Bella foram igualmente caras se comparado com o valor que eu estava desembolsando com a sua companhia), eu estava me sentindo bem. Bem por que eu previa que meus planos estavam seguindo seu curso e, com um pouco mais de habilidade de minha parte, poderiam possibilitar um entendimento entre Bella e eu. É claro que estar próximo a ela não era o suficiente, eu teria de encontrar o momento para dizer algo. Não poderia contar o porquê de meus atos no passado, mas poderia tentar apaziguar a situação e, quem sabe, ter Bella como minha esposa legítima. 
Eu queria ter Bella como minha esposa. Não era algo meramente carnal, eu sabia. Eu me contentaria com tão pouco dela! Um sorriso, um bom dia, qualquer coisa! Se esta não era uma prova de que eu a amava então eu desconhecia completamente o amor.
Seguimos para o carro, funcionários arrumaram nossas compras no porta-malas. Por alguns instantes o silêncio imperou. Bella continuava raivosa, se dependesse dela para quebrar o silêncio eu nunca mais ouviria o som da sua voz.
–E agora vamos ao SPA. Eu não tinha a intenção de frequentar o SPA, mas eu terei um dia de beleza só para lhe fazer companhia. – falei sem conseguir deixar de lado o deboche. Eu sabia que Bella reagiria mal ao saber que eu lhe faria companhia.  
–Escute aqui Edward só por que eu aceitei dinheiro não significa que aceitei ficar de papo. Só irei representar o papel de boa esposa quando for o momento. – falou irritada. Aquilo me incomodou. Eu queria amainar as coisas entre nós antes do evento, mas parece que tudo só ficaria na tentativa.
–Então tudo bem. Mas terá de representar bem, afinal eu posso exigir reembolso se você não agir como eu quero. – disse ríspido, movido pelo aborrecimento que me tomou com as palavras de Bella. O modo como ela me olhou, cheia de fúria, fez com que eu me arrependesse de minhas palavras.
–Claro afinal de contas você está pagando. De que outra forma eu o trataria bem?
Amuado, dei atenção ao trânsito. Por que ela não podia baixar a guarda um pouquinho?

O SPA. Infelizmente tive de me separar de Bella, a ala feminina ficava afastada da ala masculina. Por um lado era bom, eu tinha que planejar meu próximo passo. Não seria fácil dobrar Bella, pude sentir pela aspereza com que ela agia. No entanto eu não estava neste jogo para perder. Estava apostando todas as minhas fichas nesse momento em que, apesar de estarmos cercados por pessoas, seriamos somente Bella e eu.
Enquanto estava em uma sessão de massagem, meu celular tocou. Estiquei um pouco meu braço e o peguei. Suspirei ao ver o número no visor.
–O que você quer Tânia? Eu estou ocupado. – despachei-a.
–Eu estou bem também, obrigada. – ela falou num tom desdenhoso. –Você tem um evento hoje. Sabe disso.
–Eu sei, estou me arrumando para o tal evento. Era só isso?
–Edward, nós precisamos conversar.
–Tânia, não é o melhor momento.
–E QUANDO SERÁ? O QUE DEU EM VOCÊ? ESTÁ HÁ UM MÊS SEM...
–Tânia, eu vou desligar. – fechei o celular e o desliguei para não ser incomodado. Claro que Tânia estava confusa e furiosa, há um mês eu não a tocava. Eu a tratava apenas como uma mera secretária. Desde que descobri que amava Bella, eu evito Tânia. Tânia estava a ponto de explodir e eu temia sua explosão. Por hora as bonificações que eu lhe dava a amordaçaram, porém Tânia era inconstante.
“Eu preciso ter cuidado com ela.” – pensei.
–Posso ver a minha esposa? Já estou com saudades dela. – disse enquanto a massagista afastava-se. Eu estava deitado em uma esteira coberto apenas por uma toalha branca.  
–Isso depende de sua esposa, senhor Cullen. Se ela desejar... Quer que perguntemos a ela? – a massagista disse enquanto suas mãos faziam seu trabalho em meu corpo. Fui relaxando sob o seu toque enquanto pensava no que deveria dizer. Agir como um homem sedutor era fácil, mas isso não iria funcionar com Bella. Eu precisaria dizer a ela, talvez falar o que eu sentia muito embora eu soubesse que não seria algo fácil.

Ser complacente com Bella estava sendo um verdadeiro exercício de paciência. Primeiro descobri, após o término de minha estadia no SPA, que Bella voltou sozinha para casa. Não cheguei a vê-la quando já estava na cobertura, ela havia se refugiado em seu quarto provavelmente terminando os últimos retoques em sua aparência. Aproveitei o momento para me trocar, vestir o Smoking clássico que comprei na butique. Esperei por Bella na sala, mais e mais impaciente a cada minuto. Talvez Bella estivesse se atrasando só para me irritar, pensei. Eu não duvidava que fosse esse o caso, mas diante da expectativa que tinha de que as coisas se resolveriam ao meu favor, eu não liguei.
Eu sabia que a espera não seria vã e a certeza só se confirmou quando eu a vi. Caminhei até a extensa sacada vendo a imagem que me era oferecida.  
–Estou pronta. Vamos logo para acabar com essa palhaçada. – disse num tom ríspido. Virei-me e a vi. A imagem me paralisou. Após descobrir meus sentimentos, não imaginei que teria uma visão de Bella ainda mais incrível do que eu já possuía. E lá estava eu embasbacado vendo Bella ainda mais magnífica do que em qualquer outro dia. Como eu não pude vê-la antes? Nenhuma mulher que conheci se equiparava a Bella.  
–Então vai ficar me encarando como um idiota ou vai se mexer? – falou com aspereza seguindo para a porta. Seu mau humor não me afetou. Eu estava ansioso por que tudo estava ao meu favor. Eu podia sentir que iria vencer, apesar da resistência de Bella. Talvez a própria Bella já sentia isso. Embora tentasse se esconder através de uma mascara de indiferença, eu pude notar, enquanto a olhava, que ela estava nervosa. E seu nervosismo aumentava exponencialmente enquanto seguíamos para a garagem. Por alguns instantes o silêncio entre nós prevaleceu. Não era algo ruim, eu precisava mesmo pensar em qual seria meu próximo passo. Lembrei-me então que a aliança de Bella estava comigo. Se ela iria cumprir o papel de esposa precisaria usá-la, mas a verdade é que eu só queria vê-la usando o acessório mais uma vez. Por que aquele anel, apesar de tudo, era a prova incontestável da nossa união.
–Trouxe algo para você usar. – disse pegando o anel do bolso.
–Já estou com acessórios demais Cullen. – disse agressiva. Não consegui conter uma risada.
–Mas se você vai cumprir o papel de esposa terá de usá-la. Tome. – esperei que Bella me olhasse e quando ela o fez eu estendi a mão com a aliança na palma. Bella pareceu chocada ao ver o objeto. Eu entendia sua reação. Ela jogou o aro de ouro no chão do seu quarto crente de que o objeto pararia no lixo. Bella se recompôs e pegou com rapidez sua aliança colocando-a em seu colo. 
–Não vai colocá-la? – perguntei.
–Coloco quando estivermos na porta do local onde vai ocorrer o evento. – Bella falou com descaso. Sempre agindo como se eu fosse um inseto. Isso me incomodou. Encostei o carro no meio fio.  
–Por que está parando? – Bella perguntou alterada. Virei-me para ela e peguei a aliança.  – O que está fazendo?
Eu a ignorei enquanto colocava a aliança em seu dedo anular. O ato em si me perturbou. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Bella chorava copiosamente por que o ato de pôr o anel tinha muito significado, mas para mim, na época, não tinha. Como eu pude estragar tudo?
Notei então que Bella me observava. Afastei-me e voltei à direção.
–Quanto tempo nós ficaremos no evento? – Bella perguntou. Fiquei surpreso. Achei que ela me ignoraria. 
–Até eu receber um prêmio, aí nós saímos.
–Vai ganhar um prêmio? De que? – perguntou com genuíno interesse.
–Sei lá, eu não dei atenção quando li o convite. – fui sincero. Eu nunca liguei para isso, mas tive a impressão de que ligaria um pouco mais devido a presença de Bella.
–Você nunca dá atenção em nada. – falou amuada. Estaquei. Por que para mim suas palavras tinham duplo sentido, quase uma indireta? Bom já que a intenção de arrastá-la para o evento era de seduzi-la, eu poderia começar desde agora.
–O prêmio não merece atenção, mas há alguém que merece. Quer saber quem é essa pessoa, Bella? – perguntei numa voz arrulhada.
–Não.  – murmurou olhando para o outro lado.
–Mas eu vou dizer mesmo assim. A única pessoa que terá minha atenção neste evento é você Bella. E a propósito você está encantadora! – disse ignorando o fato de que já estávamos no local do evento e olhando fixamente para Bella. E ela estava linda, como uma deusa grega em Terra. Eu me sentia, mesmo distante fisicamente dela como eu estava, como um adolescente excitado. Bella, ao ouvir o que eu disse, olhou raivosa para mim mandando o dedo do meio. Não resisti e gargalhei. Estacionei em frente ao prédio, dois funcionários vieram nos auxiliar.
Vi que Bella estava diante das escadas, parecendo temerosa até de subir os degraus. Hesitava. 
–Comporte-se mocinha. – falei ao ficar ao seu lado.
–Claro senhor Cullen. A partir do momento em que eu passar por esta porta eu vou bancar a sua esposa. – disse num tom áspero. Peguei sua mão sem hesitar, apreciando a maciez da mesma. O contato despreocupado com sua pele acendeu-me. Já fazia algum tempo que eu não me aproximava demais de uma mulher. Caminhamos lentamente para a entrada do evento. Fiquei atento a Bella vendo sua expressão facial, antes dura, mudar abruptamente para um rosto tranquilo, quase risonho.
Antes que eu pudesse fazer algo, dizer algo, os anfitriões do evento vieram ao meu encontro.  
 -Ah senhor Cullen! Finalmente! Estávamos a sua espera. – Richard nos cumprimentou com entusiasmo.
–Tive alguns contratempos. Richard, eu quero apresentar minha esposa. Isabella, este é o organizador do evento. – enquanto falava Richard pegou a mão de Bella e a cumprimentou com um beijo na costa da mão. Seus olhos brilhavam. Lembrei-me que, após meu casamento, quando ia a eventos, sempre perguntavam onde estava minha esposa. Acho que nunca entenderam por que eu não levava Bella aos eventos empresariais. Era difícil de admitir, mas naquela época eu não só não queria a companhia de Bella como também tinha vergonha dela, pela sua origem humilde.
–Finalmente conheço a senhora Cullen. Agora sei por que Edward não a trazia para o evento, temendo que sua linda esposa fosse alvo de cobiça. – não gostei do que ele disse, eu não havia pensado na possibilidade de minha mulher ser alvo de gaviões. E eu bem sabia que o que não faltavam naquele evento eram filhos, representantes de seus pais, loucos por uma aventurazinha enquanto tinham de participar de um evento tão chato. Bom agora era tarde, eu não poderia pegá-la pelo braço e arrastá-la para fora.
–Acredito que meu marido não me trouxe antes por que não queria que eu me entediasse com os bajuladores que o rodeiam neste evento como abutres em cima da carne, senhor Richard. – Bella soltou sem mais nem menos estas palavras. Estaquei. Apertei sua mão em um aviso para que retirasse o que disse, mas Bella me ignorou.
–Ah, bem... Eu lhes guiarei até a sua mesa. – Richard disse. Eu a olhei com fúria. Eu a havia pagado, Bella não deveria agir como uma pessoa amarga, não naquela noite. Ela sorria agindo como a esposinha perfeita, mas sua felicidade era tão forçada que soava falsa. Bom... Eu não poderia cobrar muito dela.
Fui cumprimentado por todos como de costume e apresentei Bella como minha esposa. Todos foram muito cordiais com ela, mas vi em seus olhos o espanto com a presença de Bella. Sabiam que eu era casado, mas nunca, até então, a viram. Bella era impecável, ainda mais perfeita que a melhor das anfitriãs. Eu tinha me acostumado a Bella ríspida e carrancuda, tanto que estava surpreso com essa nova persona dela. E ela estava tão encantadora! Ah como eu queria manter aquele lado dela!
Sentamos em uma mesa próxima ao palco. Eu sei que deveria ficar calado, mas diante da diferença de Bella antes e Bella após a proposta eu tinha que comentar a situação.
–Nossa, eu não conhecia este seu lado tão simpático! – falei me aproximando mais dela, coloquei meu braço em seu ombro. O simples toque em sua pele me causava arrepios.  
–O que está fazendo? – perguntou. – Não deveria estar circulando por aí falando com as pessoas? – e então notei que estava incomodada com minha aproximação.
–Está brincando?! E perder a chance de ser tratado como seu marido por você? Disso eu não abro mão! – falei enquanto a puxava mais para mim. O seu perfume, seu calor, me entorpeciam.
–Não abuse Cullen. Caso o contrário esqueço a merda do dinheiro. – esbravejou. Um grupo veio nos cumprimentar. Bella desfez a carranca e foi toda sorrisos. Isso me irritou. Aqueles sorrisos eram para os outros, eu os queria para mim. Só para mim. Procurei me aproveitar que ela estava no papel de boa esposa e acariciei sua cintura. Minha imaginação fluía pensando nas possibilidades daquela noite. Se Bella me desse um pouco de espaço eu poderia...
–Senhor Cullen... – a voz me chamou. Eu a reconheci de imediato. Alec, filhinho de papai, conhecido pelas mulheres que conquistava. Nada bom.
–Ah então esta é a sensação do evento. Sua esposa é adorável. – disse pegando a mão da minha esposa e a beijando. – Sou Alec, tenho negócios com o seu marido.
Eu tinha que me controlar afinal de contas o pai de Alec era um dos meus principais clientes. Ele não manteria seus negócios se eu aleijasse o seu filho.
–É um prazer conhecê-lo Alec. Meu marido não disse que tinha um conhecido tão... Garboso. – Bella disse olhando-o com malícia. Alec pareceu se envaidecer com seu ato. Eu fiquei ali sentado ao seu lado olhando tudo como uma pamonha.
–Não somos tão próximos. Edward tem uma maior proximidade com o meu pai. Estou aqui unicamente para representá-lo, já que meu pai não pôde estar aqui. – Alec ficou se justificando e blá blá blá, mas que viadinho!
–Então Alec obrigado pro vir nos cumprimentar, agora se nos dá licença, temos muitas outras pessoas a cumprimentar. – disse enquanto me levantava puxando Bella comigo. Pouco me importava se estava sendo grosso! Bella logo se manifestou.
–Hei, o que está fazendo? Você foi rude com aquele rapaz, sabia? – falou. Continuei a caminhar.
–Não ligo se fui rude! Como você disse são todos bajuladores que lucram com as minhas conquistas. Eu posso até mandá-los a merda e ainda assim me tratarão bem. – disse áspero. Se eu soubesse que olhares seriam voltados para Bella eu não teria pagado ela para me acompanhar naquele evento. Teria escolhido algo mais íntimo. 
Bela continuou a agir como a esposa perfeita, mal me olhava. É, o evento não estava saindo como eu queria. Ao invés de me aproximar de Bella, tudo aquilo estava me afastando dela. Eu precisava fazer algo. Durante alguns minutos pensei no que fazer enquanto continuava a receber cumprimentos. Em um determinado momento notei que Bella se apresentava com seu nome de solteiro.
–Sou Isabella Maria Swan. – disse.
–Cullen. Você se esqueceu de seu sobrenome de casada, meu amor. – disse ao pé do seu ouvido. Eu estava fazendo muito isso naquela noite. Aproveitando para abraçá-la e falar coisas ao pé do seu ouvido.
E então...
–E como jovem empreendedor deste ano nós presenteamos o senhor Edward Masen Cullen com este evento e com este prêmio em minhas mãos.
Eu estava acostumado a receber prêmios pelo meu excelente desempenho na empresa, mas aquela noite era especial. Especial por que, ainda que forçado, eu era o centro das atenções de Bella. Subi no palco e peguei o prêmio ofertado por Richard. Eu me aproximei do local onde o microfone estava posicionado. Mesmo sabendo que receberia um prêmio, eu não havia preparado um discurso. Não precisava me preparar, bastava dizer obrigado e descer do palanque. Mas naquela noite eu diria algo mais.
–Costumo apenas agradecer aos prêmios, mas esta noite, devido à presença de uma pessoa, eu falarei um pouco mais. Quero dedicar esse prêmio a uma... –olhei envolta. Bella não estava próxima do palco. – Uma pessoa. Minha esposa, pela primeira vez, veio me acompanhar. Sinto-me maravilhado pela sua presença. Eu dedico esse prêmio a ela.
Claro que eu pretendia dizer mais coisas, no entanto Bella não estava por perto. Recebi palmas enquanto descia apressado do palco. Onde diabos ela estava?
Muitas pessoas vieram ao meu encontro me parabenizar. Eu os cumprimentei rapidamente enquanto meus olhos perscrutavam o salão. Apenas balbuciei um “obrigado” abrindo caminho entre os convidados. Finalmente a vi, mas o que vi não foi nada bom.
Bella com Alec dançando juntinhos. A música lenta soava embalando o casalzinho. Eu enterrei minhas unhas na palma. Comecei a me aproximar sorrateiramente a tempo de ouvir o filho de uma puta pedir para Bella mais uma dança. QUE PORRA É ESSA? ESSE VIADINHO NÃO SABE QUE ELA É MINHA MULHER?
–Bella terá mais uma dança, mas será comigo, seu marido. – disse. Os dois me olharam. Eu olhava para Alec amaldiçoando-o a arder nas profundezas do inferno usando biquíni.
–Senhor Cullen. Eu estava... – balbuciou desconcertado. Ele sabia pelo modo como eu o olhava que muito provavelmente eu cancelaria o contrato que tinha com o pai.
–Distraindo a minha mulher em meu lugar como pude perceber. Não há razão para fazê-lo mais Alec. Eu estou aqui e agora serei o centro das atenções de minha adorável esposa Bella. – disse, logo tomando posição e pegando o que era meu, ou seja, Bella. Ela ficou desnorteada enquanto eu a puxava ainda mais colado ao meu corpo. Balançamos para lá e para cá. Eu podia sentir o calor da pele de Bella, seu perfume, suas curvas sinuosas... E mesmo que estivéssemos tão próximos, não bastava pra mim. Bella se recompôs colocando suas mãos em meus ombros e fitando além de mim. Eu me aproximei e sussurrei em seu ouvido:
–Eu deveria descontar sua atitude do seu “salário”.
–Que atitude? – perguntou. Eu me afastei um pouco para ouvi-la melhor, mas quando precisei falar voltei a me aproximar e assim falar ao pé do seu ouvido. Chegava a hora de provocar. Eu queria incitá-la, provocá-la, fazê-la reagir a mim. E eu queria que a sua reação nos levasse a algo bom, um passo no nosso relacionamento, ao desconhecido.  
 -Preciso mesmo relatar? Fiz um discurso apaixonado pelo recebimento daquele prêmio insignificante e esperei que minha amada esposa estivesse me observando, batesse palmas quando eu finalizasse o discurso. Ao invés disso você estava dançando com aquele babaca! – esbravejei. Meus lábios se aproximaram da curvatura de seu pescoço, hipnótica a sua pele alva.
–E daí? Não cometi nenhum pecado! Só estava dançando. Acho que tenho o direito de um pouco de diversão, não tenho? – falou braba. Eu não a estava ouvindo direito. Eu queria sentir a sua pele na minha língua.
 -E por que a sua diversão é apenas com os outros e não comigo? Tem idéia do quanto eu poderia entretê-la? – beijei seu pescoço. Bella arquejou. Eu estava perdendo meu controle, mas era algo tão bom!
–O que pensa que está fazendo? – perguntou confusa com meu ato. Eu nem ao menos conseguia raciocinar direito. Eu estava tão excitado com a proximidade, tão faminto por ela! Meus dedos delineavam a coluna acariciando seu corpo com o intuito de satisfazer a ambos: a ela e a mim.
–Estou aproveitando que a terei como minha esposa por uma noite. – disse parando de dançar. Dançar era perda de tempo. Havia outras coisas que eu queria fazer. Há algum tempo eu não tinha uma mulher. Eu poderia ter qualquer uma, claro, mas nenhuma me atraia. Eu só queria a ela! Beijei seu pescoço enquanto a acariciava nas costas. Fiquei perdido no frenesi do momento e em um dado momento me afastei. Eu queria beijá-la, sentir aqueles lábios carnudos, tentadores. Inclinei-me em sua direção novamente hipnotizado por ela toda. Bella afastou-se e seu ato fez com que eu despertasse da letargia do desejo.
–Não posso beijá-la? – perguntei confuso.  
–Não faz parte do acordo! – falou raivosa. Sorri.
–Disse que seria minha mulher por uma noite e esposas beijam seus maridos. – justifiquei-me e novamente me aproximei para beijá-la.
–Não vou beijar você. – disse firme. Bella afastou-se de mim e caminhou para o banheiro feminino. Eu sabia, enquanto a via se afastar, que Bella estava criando distância por que estava perturbada com minhas investidas.
“Um pouco mais de pressão e ela será totalmente minha!” – pensei seguindo-a. Pensei no que havia feito para que Bella me aceitasse esta noite, eu ofereci dinheiro e ela aceitou. Por que ela se recusaria agora?
–Tudo bem, quanto você quer para que me beije? – assim que terminei de falar, Bella parou.
–Como é que é? – perguntou atarantada. Reprimi uma risada. Ela estava tão cômica!  
–Quanto você quer pelo beijo. Posso dar um cheque em branco se quiser. – peguei meu cheque do bolso e uma caneta, assinei em branco. Ela poderia me falir, mas se eu a tivesse uma vez que fosse seria a burrice mais prazerosa que já cometi. Enquanto Bella estava atônita, ainda digerindo meus atos, dobrei o cheque e coloquei em seu decote.  
–Está pago. – disse e não perdi tempo. Eu não poderia perder tempo quando se tratava de Bella. Eu a queria de uma forma que beirava o irracional. Eu a teria naquela noite.
Enlacei seu corpo com meus braços e a encostei na parede. Ela não iria fugir. Eu sabia que não estávamos à vista de ninguém, mas se estivéssemos eu não ligava. Não perdi tempo, eu a queria tanto! Eu a beijei com fúria mostrando a ela todo o desejo que escondi em mim desde que passei a desejá-la.  
Era tão diferente! Nunca experimentei até então beijar alguém que eu amava. E amava os lábios que eu estava beijando. Os beijos que dei em Tânia, em prostitutas, em minhas namoradas, nenhuma se comparava aos lábios de Bella. Eu queria mais, beijá-la não iria aplacar o fogo em mim. Eu queria deitá-la, despi-la, beijá-la, lambe-la, entrar em Bella... Eu queria...
Algo estava errado. Após um tempo eu percebi que não estava sendo correspondido. Afastei-me e vi Bella com uma expressão assustada, olhos tomados por água. Bella chorava.
–Bella! O que houve? O que foi que eu...
–Como... Como se atreve? Como se atreve a me comparar com uma de suas prostitutas? Como se não bastasse tudo o que você... – murmurou numa voz sôfrega. Sua atitude foi um choque elétrico no meu corpo. Eu me afastei percebendo a merda que havia feito.
–Eu pensei que você... Que você queria. – menti. Talvez ela engolisse a justificativa, talvez não. Ela reagiu não da maneira que eu queria. Pegou o cheque e rasgou diante de mim.
–A mim você não pode comprar nem hoje, nem nunca! Você já me teve um dia, mas preferiu estranhas ao invés de mim. FIQUE COM SUAS PUTAS! FIQUE COM O EU MALDITO DINHEIRO! – gritou jogando o que restou do meu cheque em mim. Ela virou-se e saiu em disparada.
Por alguns bons minutos eu fiquei parado vendo o vulto de vestido vermelho desaparecer entre os convidados. Quando eu reagi, obrigando meus pés a se mexerem, já era tarde.
Mesmo saindo em disparada na tentativa de encontrar Bella, eu sabia que ela estava longe, de corpo e de alma. Eu havia acabado com todas as minhas chances de tê-la, eu sabia, eu sentia!
“QUE BOSTA! MALDIÇÃO!”.

Madrugada.
Cheguei em casa assim que Bella desapareceu. Liguei para ela. Nada.
“Se algo acontecer a ela...?” – era difícil terminar de pensar. Eu não queria pensar na possibilidade de Bella fazer uma besteira pelo modo como eu a tratei.
Não tirei minhas vestes, eu tinha que estar pronto para o caso de sair. Meu celular em mãos discando inutilmente para Bella. Ela não me atenderia. O que eu poderia fazer para que Bella viesse para mim novamente? Para que me perdoasse? Eu teria que quebrar alguns bloqueios em mim.
–Eu amo você, meu bem. – minha mãe disse ao meu pai e o beijou carinhosamente nos lábios. Ele acenou e saiu. Dizia que iria para uma reunião, mas na verdade seguia para a casa de sua amante. Minha mãe sabia. Após meu pai partir ela seguia para o quarto e chorava copiosamente.

Eu aprendi naquela época que amar alguém era sofrer.

Fui para o quarto de Bella. Não cheguei a ligar as luzes. Sentei na cama de Bella e voltei a ligar. Caiu na caixa de mensagem. Respirei fundo e disse aquilo que talvez não conseguisse dizer pessoalmente:
–Bella, eu espero que você ouça o que eu vou dizer. Bella, eu fiz tantas besteiras, eu sei! Eu não sei dizer o porquê eu agi assim, eu só quero dizer que eu...
Era difícil dizer, mas eu precisava.
–... Se eu disser que, apesar de tudo, eu te amo você acreditaria em mim? Talvez não acreditasse, mas espero que acredite. Eu nunca fui tão verdadeiro.
Desliguei o celular rezando que ela ouvisse. Eu a queria de volta.

As empregadas faziam suas atividades na cozinha. Eu estava do mesmo jeito. Claro que estava cansado, precisando comer algo e de um banho, mas o fato de Bella ter passado a madrugada fora não me deixou relaxar. Eu olhava meu celular. Bella não ligou de volta. Onde ela estaria? Com quem? Ela estaria bem?
“Terei que sair para procurá-la.” – decidi.
A maçaneta da porta, naquele mesmo instante, tremulou. Ergui a cabeça e a vi. As roupas que usava eram diferentes, deviam ser de alguém mais robusta que ela. Centrada como estava, ela sequer me notou.
–E aí? – disse rumando para o closet. Eu fiquei calado. Será que Bella tinha ouvido meu recado? Se tinha ouvido e estava agindo com tanta indiferença então isso era um mal sinal. Bella se vestiu com trajes que denunciavam que ela iria trabalhar. Eu tinha que me manifestar.
–Liguei para você. Você não me atendeu. – balbuciei.  
–Não queria atendê-lo. – disse grossa, pegando suas coisas.  
–Ouviu a mensagem de voz que eu enviei? – perguntei apreensivo.
–Não. – disse indiferente. Projetou-se para sair.
–Bella, eu quero conversar com você. – tomei coragem e disse. Era agora, eu teria que contar meus sentimentos mais abertamente.
–Eu também. – falou. Aquilo me surpreendeu. Ela teria ouvido a mensagem, embora tenha negado? Pegou um pacote que trouxera com ela, acredito. Entregou para mim. Eu não entendi sua ação, fiquei observando enquanto ela se movia pegando algo do closet. Ela amassou os pedaços de papel e atirou em cima de mim.
–Aí está o que gastou comigo, inclusive ontem naquela butique. De agora em diante não aceito nada de você. E ouça bem o que vou lhe falar: fique longe de mim! – falou entredentes. Eu fiquei sem ação por alguns instantes. Encontrei meus lábios e os abri querendo falar. Nada saiu. E ela se foi novamente.
Sentei na cama. Olhei dentro da sacola que ela me passou, dinheiro. Bella provavelmente devolveu meus presentes e pegou o dinheiro. Talvez até tivesse ouvido minha mensagem, mas Bella me odiava tanto que ignorou minha confissão. Assim como meu pai ignorou a confissão de amor de minha mãe, assim como eu fiz com ela logo no início do nosso casamento.
Deitei em sua cama com as mesmas vestes de ontem e suspirei.
Será que a situação poderia piorar?
Em meu íntimo eu tinha a resposta...
Sim, iria piorar.

Continua...

Ahh... eu estou começando a ficar com dó dele. Mas aí sempre me lembro das coisas que ele fez com ela, das vezes em que ela implorava por um pouco de atenção e ele a tratava com desdém... E a dó passa, e eu concluo que ele está apenas colhendo o que plantou. Pode ser que ela venha a perdoá-lo, mas acho que, como ele mesmo disse, as coisas ainda vão piorar bastante pra ele. Volto amanhã cm mais. Beijos.
Oi galera! Hoje vamos descobrir o que o Edward sentiu com todo o comportamento da Bella na festa e sua fuga depois, e o que ele deixou gravado no celular dela...

Título: O Contrato
Autora(o): Jack Sampaio
Contatos: @jacksampaio;
http://escritosdejacksampaio.blogspot.com/
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, drama
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: 
Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

O Contrato
By Jack Sampaio

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


CAPÍTULO 20

Edward pov’s

Sorriso. Eu não conseguia desmanchar o meu sorriso pelo meu triunfo. Perdi dinheiro, sim, eu sabia. No entanto nada se comparava ao prazer de ter Bella ao meu lado, de saber que ela seria minha esposa por uma noite. Apenas para prolongar o momento dirigi devagar. Claro que Bella notou meu ato, mas provavelmente interpretou isso como provocação. Ela não sabia que eu só dirigia devagar, e a pagava para que me acompanhasse ao evento, por que eu queria estar com ela.
Bella não olhava para mim, mais atenta a paisagem oferecida pelo lado de sua janela do que o necessário. Estava com uma cara amuada, como se fosse incrivelmente desagradável estar comigo. Eu não poderia culpá-la por se sentir assim, mas também não ficava feliz com sua atitude.
“Vou tirar essa carranca de você esta noite, Isabella.” – pensei enquanto estacionava em frente à boutique onde costumo comprar minhas roupas.
–Chegamos. – anunciei despertando Bella. Ela olhou para fora e a ouvi arfar. Talvez a opulência daquele lugar a tenha deixado surpresa. Mas logo Bella se recobrou e saiu do carro. Subitamente disse antes mesmo de adentrarmos o local:
–Lembre-se Cullen: todas as despesas serão pagas por você! – disse e rapidamente passou a caminhar. Eu não consegui não sorrir, ela ficava linda irada. Bella não cumprimentou a ninguém que tão gentilmente a cumprimentava. Foi direto para a vendedora. Esta a olhou dos pés a cabeça avaliando-a, depreciando-a, posso apostar. Não gostei.  
–Bom dia senhora...
–Eu quero um kit completo para ir a um evento, exclusivo. Roupas, acessórios... E não me preocupo com dinheiro então pare de me olhar com indiferença como se eu fosse uma ladra! – Bella esbravejou. Ah, então eu não fui o único a notar a atitude da vendedora? Desde quando Bella era tão perceptiva? De qualquer forma fiquei aborrecido pela situação, mesmo que no passado eu a tenha depreciado.
–Ouviu minha esposa, não é? Ofereça a ela o melhor. – falei num tom ríspido. Bella não olhou para mim.
“Pelo visto ela continuará carrancuda desse jeito para o meu lado.”.
–Sigam-me. –A vendedora disse rumando para o interior da butique. Bella a seguiu. Fiz o mesmo caminho querendo acompanhá-la, mas ao notar meu movimento ela parou, virou-se e me impediu.
–Eu não preciso de babá! – falou ríspida. Antes que eu pudesse dizer algo, Bella desapareceu por entre os corredores do local.
–Saco. – esbravejei seguindo para uma poltrona. Desejava ser mais participativo, ainda que em um único dia, da vida de Bella, mas estava difícil. Eu não sabia como proceder, como ganhar espaço em sua vida. Bella havia criado um muro em torno de si, impenetrável, isso a mais de um mês. Não, eu estava equivocado. Não foi Bella que criou um muro intransponível em torno de si, fui eu que criei o muro em torno dela.
“Eu tenho que romper esse muro hoje, caso o contrário...”.
–Senhor Cullen? – uma atendente me chamou, não era a mesma que estava com Bella. – Deseja algo? Uma bebida?
Refleti. Pensei. Respondi.
–Desejo algo para vestir também e... – levantei-me. Cochichei para a funcionária. – Quero saber qual cor minha esposa escolherá para as suas vestimentas. Quero que façamos um par no evento em que participaremos.
Sorri. Bella ficaria enfurecida se fossemos combinando, posso apostar.   

Apesar do gasto exorbitante daquela manhã (as compras de Bella foram igualmente caras se comparado com o valor que eu estava desembolsando com a sua companhia), eu estava me sentindo bem. Bem por que eu previa que meus planos estavam seguindo seu curso e, com um pouco mais de habilidade de minha parte, poderiam possibilitar um entendimento entre Bella e eu. É claro que estar próximo a ela não era o suficiente, eu teria de encontrar o momento para dizer algo. Não poderia contar o porquê de meus atos no passado, mas poderia tentar apaziguar a situação e, quem sabe, ter Bella como minha esposa legítima. 
Eu queria ter Bella como minha esposa. Não era algo meramente carnal, eu sabia. Eu me contentaria com tão pouco dela! Um sorriso, um bom dia, qualquer coisa! Se esta não era uma prova de que eu a amava então eu desconhecia completamente o amor.
Seguimos para o carro, funcionários arrumaram nossas compras no porta-malas. Por alguns instantes o silêncio imperou. Bella continuava raivosa, se dependesse dela para quebrar o silêncio eu nunca mais ouviria o som da sua voz.
–E agora vamos ao SPA. Eu não tinha a intenção de frequentar o SPA, mas eu terei um dia de beleza só para lhe fazer companhia. – falei sem conseguir deixar de lado o deboche. Eu sabia que Bella reagiria mal ao saber que eu lhe faria companhia.  
–Escute aqui Edward só por que eu aceitei dinheiro não significa que aceitei ficar de papo. Só irei representar o papel de boa esposa quando for o momento. – falou irritada. Aquilo me incomodou. Eu queria amainar as coisas entre nós antes do evento, mas parece que tudo só ficaria na tentativa.
–Então tudo bem. Mas terá de representar bem, afinal eu posso exigir reembolso se você não agir como eu quero. – disse ríspido, movido pelo aborrecimento que me tomou com as palavras de Bella. O modo como ela me olhou, cheia de fúria, fez com que eu me arrependesse de minhas palavras.
–Claro afinal de contas você está pagando. De que outra forma eu o trataria bem?
Amuado, dei atenção ao trânsito. Por que ela não podia baixar a guarda um pouquinho?

O SPA. Infelizmente tive de me separar de Bella, a ala feminina ficava afastada da ala masculina. Por um lado era bom, eu tinha que planejar meu próximo passo. Não seria fácil dobrar Bella, pude sentir pela aspereza com que ela agia. No entanto eu não estava neste jogo para perder. Estava apostando todas as minhas fichas nesse momento em que, apesar de estarmos cercados por pessoas, seriamos somente Bella e eu.
Enquanto estava em uma sessão de massagem, meu celular tocou. Estiquei um pouco meu braço e o peguei. Suspirei ao ver o número no visor.
–O que você quer Tânia? Eu estou ocupado. – despachei-a.
–Eu estou bem também, obrigada. – ela falou num tom desdenhoso. –Você tem um evento hoje. Sabe disso.
–Eu sei, estou me arrumando para o tal evento. Era só isso?
–Edward, nós precisamos conversar.
–Tânia, não é o melhor momento.
–E QUANDO SERÁ? O QUE DEU EM VOCÊ? ESTÁ HÁ UM MÊS SEM...
–Tânia, eu vou desligar. – fechei o celular e o desliguei para não ser incomodado. Claro que Tânia estava confusa e furiosa, há um mês eu não a tocava. Eu a tratava apenas como uma mera secretária. Desde que descobri que amava Bella, eu evito Tânia. Tânia estava a ponto de explodir e eu temia sua explosão. Por hora as bonificações que eu lhe dava a amordaçaram, porém Tânia era inconstante.
“Eu preciso ter cuidado com ela.” – pensei.
–Posso ver a minha esposa? Já estou com saudades dela. – disse enquanto a massagista afastava-se. Eu estava deitado em uma esteira coberto apenas por uma toalha branca.  
–Isso depende de sua esposa, senhor Cullen. Se ela desejar... Quer que perguntemos a ela? – a massagista disse enquanto suas mãos faziam seu trabalho em meu corpo. Fui relaxando sob o seu toque enquanto pensava no que deveria dizer. Agir como um homem sedutor era fácil, mas isso não iria funcionar com Bella. Eu precisaria dizer a ela, talvez falar o que eu sentia muito embora eu soubesse que não seria algo fácil.

Ser complacente com Bella estava sendo um verdadeiro exercício de paciência. Primeiro descobri, após o término de minha estadia no SPA, que Bella voltou sozinha para casa. Não cheguei a vê-la quando já estava na cobertura, ela havia se refugiado em seu quarto provavelmente terminando os últimos retoques em sua aparência. Aproveitei o momento para me trocar, vestir o Smoking clássico que comprei na butique. Esperei por Bella na sala, mais e mais impaciente a cada minuto. Talvez Bella estivesse se atrasando só para me irritar, pensei. Eu não duvidava que fosse esse o caso, mas diante da expectativa que tinha de que as coisas se resolveriam ao meu favor, eu não liguei.
Eu sabia que a espera não seria vã e a certeza só se confirmou quando eu a vi. Caminhei até a extensa sacada vendo a imagem que me era oferecida.  
–Estou pronta. Vamos logo para acabar com essa palhaçada. – disse num tom ríspido. Virei-me e a vi. A imagem me paralisou. Após descobrir meus sentimentos, não imaginei que teria uma visão de Bella ainda mais incrível do que eu já possuía. E lá estava eu embasbacado vendo Bella ainda mais magnífica do que em qualquer outro dia. Como eu não pude vê-la antes? Nenhuma mulher que conheci se equiparava a Bella.  
–Então vai ficar me encarando como um idiota ou vai se mexer? – falou com aspereza seguindo para a porta. Seu mau humor não me afetou. Eu estava ansioso por que tudo estava ao meu favor. Eu podia sentir que iria vencer, apesar da resistência de Bella. Talvez a própria Bella já sentia isso. Embora tentasse se esconder através de uma mascara de indiferença, eu pude notar, enquanto a olhava, que ela estava nervosa. E seu nervosismo aumentava exponencialmente enquanto seguíamos para a garagem. Por alguns instantes o silêncio entre nós prevaleceu. Não era algo ruim, eu precisava mesmo pensar em qual seria meu próximo passo. Lembrei-me então que a aliança de Bella estava comigo. Se ela iria cumprir o papel de esposa precisaria usá-la, mas a verdade é que eu só queria vê-la usando o acessório mais uma vez. Por que aquele anel, apesar de tudo, era a prova incontestável da nossa união.
–Trouxe algo para você usar. – disse pegando o anel do bolso.
–Já estou com acessórios demais Cullen. – disse agressiva. Não consegui conter uma risada.
–Mas se você vai cumprir o papel de esposa terá de usá-la. Tome. – esperei que Bella me olhasse e quando ela o fez eu estendi a mão com a aliança na palma. Bella pareceu chocada ao ver o objeto. Eu entendia sua reação. Ela jogou o aro de ouro no chão do seu quarto crente de que o objeto pararia no lixo. Bella se recompôs e pegou com rapidez sua aliança colocando-a em seu colo. 
–Não vai colocá-la? – perguntei.
–Coloco quando estivermos na porta do local onde vai ocorrer o evento. – Bella falou com descaso. Sempre agindo como se eu fosse um inseto. Isso me incomodou. Encostei o carro no meio fio.  
–Por que está parando? – Bella perguntou alterada. Virei-me para ela e peguei a aliança.  – O que está fazendo?
Eu a ignorei enquanto colocava a aliança em seu dedo anular. O ato em si me perturbou. Lembrei-me do dia do nosso casamento. Bella chorava copiosamente por que o ato de pôr o anel tinha muito significado, mas para mim, na época, não tinha. Como eu pude estragar tudo?
Notei então que Bella me observava. Afastei-me e voltei à direção.
–Quanto tempo nós ficaremos no evento? – Bella perguntou. Fiquei surpreso. Achei que ela me ignoraria. 
–Até eu receber um prêmio, aí nós saímos.
–Vai ganhar um prêmio? De que? – perguntou com genuíno interesse.
–Sei lá, eu não dei atenção quando li o convite. – fui sincero. Eu nunca liguei para isso, mas tive a impressão de que ligaria um pouco mais devido a presença de Bella.
–Você nunca dá atenção em nada. – falou amuada. Estaquei. Por que para mim suas palavras tinham duplo sentido, quase uma indireta? Bom já que a intenção de arrastá-la para o evento era de seduzi-la, eu poderia começar desde agora.
–O prêmio não merece atenção, mas há alguém que merece. Quer saber quem é essa pessoa, Bella? – perguntei numa voz arrulhada.
–Não.  – murmurou olhando para o outro lado.
–Mas eu vou dizer mesmo assim. A única pessoa que terá minha atenção neste evento é você Bella. E a propósito você está encantadora! – disse ignorando o fato de que já estávamos no local do evento e olhando fixamente para Bella. E ela estava linda, como uma deusa grega em Terra. Eu me sentia, mesmo distante fisicamente dela como eu estava, como um adolescente excitado. Bella, ao ouvir o que eu disse, olhou raivosa para mim mandando o dedo do meio. Não resisti e gargalhei. Estacionei em frente ao prédio, dois funcionários vieram nos auxiliar.
Vi que Bella estava diante das escadas, parecendo temerosa até de subir os degraus. Hesitava. 
–Comporte-se mocinha. – falei ao ficar ao seu lado.
–Claro senhor Cullen. A partir do momento em que eu passar por esta porta eu vou bancar a sua esposa. – disse num tom áspero. Peguei sua mão sem hesitar, apreciando a maciez da mesma. O contato despreocupado com sua pele acendeu-me. Já fazia algum tempo que eu não me aproximava demais de uma mulher. Caminhamos lentamente para a entrada do evento. Fiquei atento a Bella vendo sua expressão facial, antes dura, mudar abruptamente para um rosto tranquilo, quase risonho.
Antes que eu pudesse fazer algo, dizer algo, os anfitriões do evento vieram ao meu encontro.  
 -Ah senhor Cullen! Finalmente! Estávamos a sua espera. – Richard nos cumprimentou com entusiasmo.
–Tive alguns contratempos. Richard, eu quero apresentar minha esposa. Isabella, este é o organizador do evento. – enquanto falava Richard pegou a mão de Bella e a cumprimentou com um beijo na costa da mão. Seus olhos brilhavam. Lembrei-me que, após meu casamento, quando ia a eventos, sempre perguntavam onde estava minha esposa. Acho que nunca entenderam por que eu não levava Bella aos eventos empresariais. Era difícil de admitir, mas naquela época eu não só não queria a companhia de Bella como também tinha vergonha dela, pela sua origem humilde.
–Finalmente conheço a senhora Cullen. Agora sei por que Edward não a trazia para o evento, temendo que sua linda esposa fosse alvo de cobiça. – não gostei do que ele disse, eu não havia pensado na possibilidade de minha mulher ser alvo de gaviões. E eu bem sabia que o que não faltavam naquele evento eram filhos, representantes de seus pais, loucos por uma aventurazinha enquanto tinham de participar de um evento tão chato. Bom agora era tarde, eu não poderia pegá-la pelo braço e arrastá-la para fora.
–Acredito que meu marido não me trouxe antes por que não queria que eu me entediasse com os bajuladores que o rodeiam neste evento como abutres em cima da carne, senhor Richard. – Bella soltou sem mais nem menos estas palavras. Estaquei. Apertei sua mão em um aviso para que retirasse o que disse, mas Bella me ignorou.
–Ah, bem... Eu lhes guiarei até a sua mesa. – Richard disse. Eu a olhei com fúria. Eu a havia pagado, Bella não deveria agir como uma pessoa amarga, não naquela noite. Ela sorria agindo como a esposinha perfeita, mas sua felicidade era tão forçada que soava falsa. Bom... Eu não poderia cobrar muito dela.
Fui cumprimentado por todos como de costume e apresentei Bella como minha esposa. Todos foram muito cordiais com ela, mas vi em seus olhos o espanto com a presença de Bella. Sabiam que eu era casado, mas nunca, até então, a viram. Bella era impecável, ainda mais perfeita que a melhor das anfitriãs. Eu tinha me acostumado a Bella ríspida e carrancuda, tanto que estava surpreso com essa nova persona dela. E ela estava tão encantadora! Ah como eu queria manter aquele lado dela!
Sentamos em uma mesa próxima ao palco. Eu sei que deveria ficar calado, mas diante da diferença de Bella antes e Bella após a proposta eu tinha que comentar a situação.
–Nossa, eu não conhecia este seu lado tão simpático! – falei me aproximando mais dela, coloquei meu braço em seu ombro. O simples toque em sua pele me causava arrepios.  
–O que está fazendo? – perguntou. – Não deveria estar circulando por aí falando com as pessoas? – e então notei que estava incomodada com minha aproximação.
–Está brincando?! E perder a chance de ser tratado como seu marido por você? Disso eu não abro mão! – falei enquanto a puxava mais para mim. O seu perfume, seu calor, me entorpeciam.
–Não abuse Cullen. Caso o contrário esqueço a merda do dinheiro. – esbravejou. Um grupo veio nos cumprimentar. Bella desfez a carranca e foi toda sorrisos. Isso me irritou. Aqueles sorrisos eram para os outros, eu os queria para mim. Só para mim. Procurei me aproveitar que ela estava no papel de boa esposa e acariciei sua cintura. Minha imaginação fluía pensando nas possibilidades daquela noite. Se Bella me desse um pouco de espaço eu poderia...
–Senhor Cullen... – a voz me chamou. Eu a reconheci de imediato. Alec, filhinho de papai, conhecido pelas mulheres que conquistava. Nada bom.
–Ah então esta é a sensação do evento. Sua esposa é adorável. – disse pegando a mão da minha esposa e a beijando. – Sou Alec, tenho negócios com o seu marido.
Eu tinha que me controlar afinal de contas o pai de Alec era um dos meus principais clientes. Ele não manteria seus negócios se eu aleijasse o seu filho.
–É um prazer conhecê-lo Alec. Meu marido não disse que tinha um conhecido tão... Garboso. – Bella disse olhando-o com malícia. Alec pareceu se envaidecer com seu ato. Eu fiquei ali sentado ao seu lado olhando tudo como uma pamonha.
–Não somos tão próximos. Edward tem uma maior proximidade com o meu pai. Estou aqui unicamente para representá-lo, já que meu pai não pôde estar aqui. – Alec ficou se justificando e blá blá blá, mas que viadinho!
–Então Alec obrigado pro vir nos cumprimentar, agora se nos dá licença, temos muitas outras pessoas a cumprimentar. – disse enquanto me levantava puxando Bella comigo. Pouco me importava se estava sendo grosso! Bella logo se manifestou.
–Hei, o que está fazendo? Você foi rude com aquele rapaz, sabia? – falou. Continuei a caminhar.
–Não ligo se fui rude! Como você disse são todos bajuladores que lucram com as minhas conquistas. Eu posso até mandá-los a merda e ainda assim me tratarão bem. – disse áspero. Se eu soubesse que olhares seriam voltados para Bella eu não teria pagado ela para me acompanhar naquele evento. Teria escolhido algo mais íntimo. 
Bela continuou a agir como a esposa perfeita, mal me olhava. É, o evento não estava saindo como eu queria. Ao invés de me aproximar de Bella, tudo aquilo estava me afastando dela. Eu precisava fazer algo. Durante alguns minutos pensei no que fazer enquanto continuava a receber cumprimentos. Em um determinado momento notei que Bella se apresentava com seu nome de solteiro.
–Sou Isabella Maria Swan. – disse.
–Cullen. Você se esqueceu de seu sobrenome de casada, meu amor. – disse ao pé do seu ouvido. Eu estava fazendo muito isso naquela noite. Aproveitando para abraçá-la e falar coisas ao pé do seu ouvido.
E então...
–E como jovem empreendedor deste ano nós presenteamos o senhor Edward Masen Cullen com este evento e com este prêmio em minhas mãos.
Eu estava acostumado a receber prêmios pelo meu excelente desempenho na empresa, mas aquela noite era especial. Especial por que, ainda que forçado, eu era o centro das atenções de Bella. Subi no palco e peguei o prêmio ofertado por Richard. Eu me aproximei do local onde o microfone estava posicionado. Mesmo sabendo que receberia um prêmio, eu não havia preparado um discurso. Não precisava me preparar, bastava dizer obrigado e descer do palanque. Mas naquela noite eu diria algo mais.
–Costumo apenas agradecer aos prêmios, mas esta noite, devido à presença de uma pessoa, eu falarei um pouco mais. Quero dedicar esse prêmio a uma... –olhei envolta. Bella não estava próxima do palco. – Uma pessoa. Minha esposa, pela primeira vez, veio me acompanhar. Sinto-me maravilhado pela sua presença. Eu dedico esse prêmio a ela.
Claro que eu pretendia dizer mais coisas, no entanto Bella não estava por perto. Recebi palmas enquanto descia apressado do palco. Onde diabos ela estava?
Muitas pessoas vieram ao meu encontro me parabenizar. Eu os cumprimentei rapidamente enquanto meus olhos perscrutavam o salão. Apenas balbuciei um “obrigado” abrindo caminho entre os convidados. Finalmente a vi, mas o que vi não foi nada bom.
Bella com Alec dançando juntinhos. A música lenta soava embalando o casalzinho. Eu enterrei minhas unhas na palma. Comecei a me aproximar sorrateiramente a tempo de ouvir o filho de uma puta pedir para Bella mais uma dança. QUE PORRA É ESSA? ESSE VIADINHO NÃO SABE QUE ELA É MINHA MULHER?
–Bella terá mais uma dança, mas será comigo, seu marido. – disse. Os dois me olharam. Eu olhava para Alec amaldiçoando-o a arder nas profundezas do inferno usando biquíni.
–Senhor Cullen. Eu estava... – balbuciou desconcertado. Ele sabia pelo modo como eu o olhava que muito provavelmente eu cancelaria o contrato que tinha com o pai.
–Distraindo a minha mulher em meu lugar como pude perceber. Não há razão para fazê-lo mais Alec. Eu estou aqui e agora serei o centro das atenções de minha adorável esposa Bella. – disse, logo tomando posição e pegando o que era meu, ou seja, Bella. Ela ficou desnorteada enquanto eu a puxava ainda mais colado ao meu corpo. Balançamos para lá e para cá. Eu podia sentir o calor da pele de Bella, seu perfume, suas curvas sinuosas... E mesmo que estivéssemos tão próximos, não bastava pra mim. Bella se recompôs colocando suas mãos em meus ombros e fitando além de mim. Eu me aproximei e sussurrei em seu ouvido:
–Eu deveria descontar sua atitude do seu “salário”.
–Que atitude? – perguntou. Eu me afastei um pouco para ouvi-la melhor, mas quando precisei falar voltei a me aproximar e assim falar ao pé do seu ouvido. Chegava a hora de provocar. Eu queria incitá-la, provocá-la, fazê-la reagir a mim. E eu queria que a sua reação nos levasse a algo bom, um passo no nosso relacionamento, ao desconhecido.  
 -Preciso mesmo relatar? Fiz um discurso apaixonado pelo recebimento daquele prêmio insignificante e esperei que minha amada esposa estivesse me observando, batesse palmas quando eu finalizasse o discurso. Ao invés disso você estava dançando com aquele babaca! – esbravejei. Meus lábios se aproximaram da curvatura de seu pescoço, hipnótica a sua pele alva.
–E daí? Não cometi nenhum pecado! Só estava dançando. Acho que tenho o direito de um pouco de diversão, não tenho? – falou braba. Eu não a estava ouvindo direito. Eu queria sentir a sua pele na minha língua.
 -E por que a sua diversão é apenas com os outros e não comigo? Tem idéia do quanto eu poderia entretê-la? – beijei seu pescoço. Bella arquejou. Eu estava perdendo meu controle, mas era algo tão bom!
–O que pensa que está fazendo? – perguntou confusa com meu ato. Eu nem ao menos conseguia raciocinar direito. Eu estava tão excitado com a proximidade, tão faminto por ela! Meus dedos delineavam a coluna acariciando seu corpo com o intuito de satisfazer a ambos: a ela e a mim.
–Estou aproveitando que a terei como minha esposa por uma noite. – disse parando de dançar. Dançar era perda de tempo. Havia outras coisas que eu queria fazer. Há algum tempo eu não tinha uma mulher. Eu poderia ter qualquer uma, claro, mas nenhuma me atraia. Eu só queria a ela! Beijei seu pescoço enquanto a acariciava nas costas. Fiquei perdido no frenesi do momento e em um dado momento me afastei. Eu queria beijá-la, sentir aqueles lábios carnudos, tentadores. Inclinei-me em sua direção novamente hipnotizado por ela toda. Bella afastou-se e seu ato fez com que eu despertasse da letargia do desejo.
–Não posso beijá-la? – perguntei confuso.  
–Não faz parte do acordo! – falou raivosa. Sorri.
–Disse que seria minha mulher por uma noite e esposas beijam seus maridos. – justifiquei-me e novamente me aproximei para beijá-la.
–Não vou beijar você. – disse firme. Bella afastou-se de mim e caminhou para o banheiro feminino. Eu sabia, enquanto a via se afastar, que Bella estava criando distância por que estava perturbada com minhas investidas.
“Um pouco mais de pressão e ela será totalmente minha!” – pensei seguindo-a. Pensei no que havia feito para que Bella me aceitasse esta noite, eu ofereci dinheiro e ela aceitou. Por que ela se recusaria agora?
–Tudo bem, quanto você quer para que me beije? – assim que terminei de falar, Bella parou.
–Como é que é? – perguntou atarantada. Reprimi uma risada. Ela estava tão cômica!  
–Quanto você quer pelo beijo. Posso dar um cheque em branco se quiser. – peguei meu cheque do bolso e uma caneta, assinei em branco. Ela poderia me falir, mas se eu a tivesse uma vez que fosse seria a burrice mais prazerosa que já cometi. Enquanto Bella estava atônita, ainda digerindo meus atos, dobrei o cheque e coloquei em seu decote.  
–Está pago. – disse e não perdi tempo. Eu não poderia perder tempo quando se tratava de Bella. Eu a queria de uma forma que beirava o irracional. Eu a teria naquela noite.
Enlacei seu corpo com meus braços e a encostei na parede. Ela não iria fugir. Eu sabia que não estávamos à vista de ninguém, mas se estivéssemos eu não ligava. Não perdi tempo, eu a queria tanto! Eu a beijei com fúria mostrando a ela todo o desejo que escondi em mim desde que passei a desejá-la.  
Era tão diferente! Nunca experimentei até então beijar alguém que eu amava. E amava os lábios que eu estava beijando. Os beijos que dei em Tânia, em prostitutas, em minhas namoradas, nenhuma se comparava aos lábios de Bella. Eu queria mais, beijá-la não iria aplacar o fogo em mim. Eu queria deitá-la, despi-la, beijá-la, lambe-la, entrar em Bella... Eu queria...
Algo estava errado. Após um tempo eu percebi que não estava sendo correspondido. Afastei-me e vi Bella com uma expressão assustada, olhos tomados por água. Bella chorava.
–Bella! O que houve? O que foi que eu...
–Como... Como se atreve? Como se atreve a me comparar com uma de suas prostitutas? Como se não bastasse tudo o que você... – murmurou numa voz sôfrega. Sua atitude foi um choque elétrico no meu corpo. Eu me afastei percebendo a merda que havia feito.
–Eu pensei que você... Que você queria. – menti. Talvez ela engolisse a justificativa, talvez não. Ela reagiu não da maneira que eu queria. Pegou o cheque e rasgou diante de mim.
–A mim você não pode comprar nem hoje, nem nunca! Você já me teve um dia, mas preferiu estranhas ao invés de mim. FIQUE COM SUAS PUTAS! FIQUE COM O EU MALDITO DINHEIRO! – gritou jogando o que restou do meu cheque em mim. Ela virou-se e saiu em disparada.
Por alguns bons minutos eu fiquei parado vendo o vulto de vestido vermelho desaparecer entre os convidados. Quando eu reagi, obrigando meus pés a se mexerem, já era tarde.
Mesmo saindo em disparada na tentativa de encontrar Bella, eu sabia que ela estava longe, de corpo e de alma. Eu havia acabado com todas as minhas chances de tê-la, eu sabia, eu sentia!
“QUE BOSTA! MALDIÇÃO!”.

Madrugada.
Cheguei em casa assim que Bella desapareceu. Liguei para ela. Nada.
“Se algo acontecer a ela...?” – era difícil terminar de pensar. Eu não queria pensar na possibilidade de Bella fazer uma besteira pelo modo como eu a tratei.
Não tirei minhas vestes, eu tinha que estar pronto para o caso de sair. Meu celular em mãos discando inutilmente para Bella. Ela não me atenderia. O que eu poderia fazer para que Bella viesse para mim novamente? Para que me perdoasse? Eu teria que quebrar alguns bloqueios em mim.
–Eu amo você, meu bem. – minha mãe disse ao meu pai e o beijou carinhosamente nos lábios. Ele acenou e saiu. Dizia que iria para uma reunião, mas na verdade seguia para a casa de sua amante. Minha mãe sabia. Após meu pai partir ela seguia para o quarto e chorava copiosamente.

Eu aprendi naquela época que amar alguém era sofrer.

Fui para o quarto de Bella. Não cheguei a ligar as luzes. Sentei na cama de Bella e voltei a ligar. Caiu na caixa de mensagem. Respirei fundo e disse aquilo que talvez não conseguisse dizer pessoalmente:
–Bella, eu espero que você ouça o que eu vou dizer. Bella, eu fiz tantas besteiras, eu sei! Eu não sei dizer o porquê eu agi assim, eu só quero dizer que eu...
Era difícil dizer, mas eu precisava.
–... Se eu disser que, apesar de tudo, eu te amo você acreditaria em mim? Talvez não acreditasse, mas espero que acredite. Eu nunca fui tão verdadeiro.
Desliguei o celular rezando que ela ouvisse. Eu a queria de volta.

As empregadas faziam suas atividades na cozinha. Eu estava do mesmo jeito. Claro que estava cansado, precisando comer algo e de um banho, mas o fato de Bella ter passado a madrugada fora não me deixou relaxar. Eu olhava meu celular. Bella não ligou de volta. Onde ela estaria? Com quem? Ela estaria bem?
“Terei que sair para procurá-la.” – decidi.
A maçaneta da porta, naquele mesmo instante, tremulou. Ergui a cabeça e a vi. As roupas que usava eram diferentes, deviam ser de alguém mais robusta que ela. Centrada como estava, ela sequer me notou.
–E aí? – disse rumando para o closet. Eu fiquei calado. Será que Bella tinha ouvido meu recado? Se tinha ouvido e estava agindo com tanta indiferença então isso era um mal sinal. Bella se vestiu com trajes que denunciavam que ela iria trabalhar. Eu tinha que me manifestar.
–Liguei para você. Você não me atendeu. – balbuciei.  
–Não queria atendê-lo. – disse grossa, pegando suas coisas.  
–Ouviu a mensagem de voz que eu enviei? – perguntei apreensivo.
–Não. – disse indiferente. Projetou-se para sair.
–Bella, eu quero conversar com você. – tomei coragem e disse. Era agora, eu teria que contar meus sentimentos mais abertamente.
–Eu também. – falou. Aquilo me surpreendeu. Ela teria ouvido a mensagem, embora tenha negado? Pegou um pacote que trouxera com ela, acredito. Entregou para mim. Eu não entendi sua ação, fiquei observando enquanto ela se movia pegando algo do closet. Ela amassou os pedaços de papel e atirou em cima de mim.
–Aí está o que gastou comigo, inclusive ontem naquela butique. De agora em diante não aceito nada de você. E ouça bem o que vou lhe falar: fique longe de mim! – falou entredentes. Eu fiquei sem ação por alguns instantes. Encontrei meus lábios e os abri querendo falar. Nada saiu. E ela se foi novamente.
Sentei na cama. Olhei dentro da sacola que ela me passou, dinheiro. Bella provavelmente devolveu meus presentes e pegou o dinheiro. Talvez até tivesse ouvido minha mensagem, mas Bella me odiava tanto que ignorou minha confissão. Assim como meu pai ignorou a confissão de amor de minha mãe, assim como eu fiz com ela logo no início do nosso casamento.
Deitei em sua cama com as mesmas vestes de ontem e suspirei.
Será que a situação poderia piorar?
Em meu íntimo eu tinha a resposta...
Sim, iria piorar.

Continua...

Ahh... eu estou começando a ficar com dó dele. Mas aí sempre me lembro das coisas que ele fez com ela, das vezes em que ela implorava por um pouco de atenção e ele a tratava com desdém... E a dó passa, e eu concluo que ele está apenas colhendo o que plantou. Pode ser que ela venha a perdoá-lo, mas acho que, como ele mesmo disse, as coisas ainda vão piorar bastante pra ele. Volto amanhã cm mais. Beijos.
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3 comments:

  1. Oi honey!! Nossa e como vai piorar pra ele "q do qdo qdo" q nada ele merece sofrer como ela sofreu depois, ela perdoa afinal ela querendo ou nao ela ama o cafachorro!! Beijusculo ate o proximo.

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  2. Ah Nessie,
    kkk... gostei do termo "cafachorro"... kkkk.
    Eu também acho que tem que pagar pelo que fez com ela, e acho mesmo que no final ela vai perdoá-lo, mas fico com peninha... sou assim, meio boba mesmo...
    Beijos.

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  3. To super vidrada na fic! A melhor q já li! Não consigo ficar 1 só dia sem ler!!!

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Forever

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