Título: Finding Happiness
Autora(o): Belitta
Shipper: Robsten
Gênero: Romance/Drama
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Sexo; Violência
Finding Happiness
By Belitta
Atenção: Este conteúdo foi classificado
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"
CAPÍTULO 4
Tédio.
Era tudo a que se resumiam meus finais de semana, já era domingo e eu não tinha posto meus pés pra fora de casa.
Não que eu saísse muito, ou sequer saísse, eu só estava ficando enjoada dessa coisa toda de tédio.
Liguei e desliguei a TV inúmeras vezes e meu telefone – celular e fixo – tocaram inúmeras vezes quanto.
Era tão irritante ficar ouvindo aquele barulhinho chato e saber que você não ia atender.
Bufei irritada me levantando do sofá onde eu estava indo logo pra cozinha pegando uma cerveja e bebendo tudo de uma vez só.
Eu precisava de mais bebida se quisesse dormir de novo sem pesadelos aquela noite.
“Mas não foi a bebida que te livrou dos pesadelos.” Outra coisa irritante... minha voz interna.
– Louca. – resmunguei pra mim mesmo batendo com força a porta da geladeira.
Mas por mais irritada que eu estivesse não podia negar que era verdade, eu não havia precisado das bebidas na noite de sexta.
E ainda não descobri por que.
Talvez um certo ingl...
Grunhi mais irritada ainda e tendo certeza que estava louca, não deixei meu pensamento completar aquela frase idiota e rumei para o meu quarto. Troquei de roupa rápido tirando meus shorts e colocando um jeans, eu não iria sair de short na rua, não mesmo.
Eu não sabia bem pra onde ir, mas não iria muito longe, pensei em ir à locadora e alugar alguma coisa, mas desisti segundos depois, era longe da onde eu morava e eu não estava a fim de pegar um táxi agora.
Fiquei andando boa parte do dia – na verdade o dia inteiro – sentindo o sol de Los Angeles me queimar a pele, mas não era incomodo, não como era no México...
Não. Eu não iria pensar nisso agora.
Eu não iria pensar nisso. Não podia e não me permitiria.
Neguei com a cabeça fingindo que as imagens em minha mente fosse apenas isso: imagens.
E não lembranças de uma vida que eu queria esquecer.
Respirei fundo e ergui a cabeça recebendo os raios solares em meu rosto e gostando da sensação. Voltei a caminhar pela cidade observando o movimento.
Voltei pra casa quando escutei meu estômago protestar, mas antes de chegar lá, a exatamente duas ruas do meu prédio, eu vi o Robert.
Ele parecia meio distante, e estava andando de um lado para o outro vagarosamente no meio fio. Estranhei sua atitude me aproximando, ignorando os alertas em minha mente e o medo começando a correr em minhas veias.
– Robert? – perguntei indecisa. Ele me olhou primeiro assustado e depois nervoso, passando a mão em seus cabelos sorrindo um pouco sem graça.
– Hey... haam, eu estava só passando por aqui ... e .. – ele estava nervoso, isso era visível. Mordi os lábios em reflexo à curiosidade.
– E...? – perguntei pra só depois perceber que eu não tinha nada haver com aquilo. Neguei com cabeça colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Certo, eu não devia ter perguntado isso... eu...vou indo, haam... até amanhã.
Eu já ia saindo quando suas mãos seguraram meu braço, em um ato reflexo meu corpo se arrepiou, enviando calafrios de medo pelas minhas terminações nervosas, mas logo depois seus olhos se encontraram com os meus e dessa vez os arrepios não eram de medo.
– Espera... eu, só estava... hmm... você... quer almoçar? – perguntou de repente.
Hã?
– Como? – ele sorriu.
- Você quer almoçar comigo? Quer dizer, nós podemos ir ao Father's Office.
– Ah sim, o melhor sanduíche de Los Angeles...
– Isso, então... quer ir? – perguntou sorrindo novamente fazendo eu me sentir meio perdida por alguns instantes.
– Haam, tudo bem... – disse querendo parecer indiferente, mas ficando feliz, mesmo sem saber porque.
Onde estava minha coerência? Meu senso de preservação e minhas pernas quando eu deveria estar correndo e me escondendo em casa?
Que saco Stewart.
Rolei os olhos pra mim mesma.
E enquanto eu caminhava com ele pelas ruas, eu sorria internamente por estar ali.
– Cheese burguer, batatas fritas e uma coca.
– O mesmo. – ele sorriu pra garçonete que sorriu de volta enquanto eu ficava levemente incomodada com aquilo. Suspirei.
Que diabos havia comigo afinal?
– O que houve? – ouvi a voz de Robert ao longe me deixando confusa.
– Como?
– Aconteceu alguma coisa? Você parece distante...
– Oh, não, não, é... claro que não. Acho que só estou distraída. – ele riu. - Quando vai tocar de novo? – disse tentando mudar de assunto, ele sorriu ainda mais.
– Eu não sei, acho que quinta-feira.
Assenti com a cabeça imaginando se eu poderia perguntar se seria no mesm..
– No mesmo lugar eu acho... – ele respondeu ao meu pensamento, mordi os lábios involuntariamente percebendo seus olhos seguirem rapidamente meu movimento. Franzi o cenho quando os mesmos se desviaram na mesma velocidade com um suspiro quase imperceptível, mas não disse nada. Não havia nada pra dizer.
Nossos pedidos chegaram e Robert começou uma conversa alegre, me deixando muito mais que confortável, exceto quando ele sorria diretamente pra mim e seus olhos me encontravam, me prendendo neles e eu ficava incapaz de desviar dos azuis esverdeados intensos.
– Sério, não ligue pro Tom e aquele papo de Kris... – ele disse rindo enquanto comia o sanduíche. Eu sorri.
– Eu não ligo, não tenho problemas com o ‘’Kris’’ ... – ele riu.
– Ok Kris.
Rolei meus olhos divertida.
– O Sam não estuda na universidade?
– Não. – bebeu da coca. – Ele é músico, sempre canta por aí...
– Ah sim, legal... você também leva jeito pra isso. – ele riu baixo me olhando.
– Estamos mesmo evoluindo não?!
Rolei os olhos novamente. Mas também estava sorrindo.
Meu celular tocou no meu bolso. Eu tinha trazido aquela merda.
– Não vai atender? É só fingir que não estou aqui. – ele riu me vendo pegar o celular e desligá-lo.
– Eu nem tinha que ter trazido isso. – disse ficando irritada que fosse minha mãe novamente.
– Isso me lembra que... – ele mesmo colocou sua mão no bolso, tirando o seu celular de lá me entregando. – Eu ainda não tenho seu numero. – ele sorriu me deixando tonta por um segundo.
– Ah claro. – peguei seu telefone anotando meu número o devolvendo minutos depois. – Pronto. – disse sorrindo.
– Eu disse que você ficava linda sorrindo. – meu sorriso sumiu dando lugar ao meu pulso acelerado. Controle-se sua idiota.
– Haam... obrigada, eu acho. – ele riu da minha falta de palavras e com certeza ele podia ver o vermelho em meu rosto.
Eu me odiava.
Eu não podia nem formular uma frase decente para responder a ele.
E o que eu falaria afinal?
‘’Ah sim Robert, eu também te acho lindo quando sorri e quando...’’
Argh.
Eu queria me matar.
– Então? Vamos? – perguntou quando me viu jogar o guardanapo na mesa.
– Claro. Vamos.
– Eu te deixo em casa ou você que ir a outro lugar?
– Ah... eu... não sei... – antes que eu terminasse a frase o celular tocou novamente, mas dessa vez era o dele.
– Merda. – o ouvi resmungando antes de colocar o aparelho no ouvido. – Que? – ele não parecia feliz em atender aquela ligação. – Não, eu não posso. – Seus olhos caíram sobre mim. – Estou ocupado. – arregalei meus olhos enquanto ele sorria pra mim e piscava um olho.
Céus.
Que merda era essa no meu estômago?
– Não, nem amanhã. – ele falou mais alguma coisa que não entendi e desligou passando a mão no cabelo e depois voltando seu olhar pra mim sorrindo.
– Então? Decidiu?
– Ah... eu... eu não quero atrapalhar você... eu vou pra casa sozinha, não tem importância...
– É claro que não. Então você quer mesmo ir pra casa?
– Haam, sim... eu quero. – mentira.
Ele apenas assentiu com a cabeça, parecia estar esperando outra resposta.
– Ok. Vamos? – ele voltou a sorrir. Eu sorri de volta. Já estava virando rotina, eu simplesmente sorria de volta.
Voltamos a caminhar pelo sol da tarde de LA, ele era mais divertido do que eu podia imaginar, era muito bom ficar na presença dele. Eu não sentia o medo normal, que eu sentia quando outros garotos se aproximavam e isso era estranho... no mínimo diferente, mas era agradável saber que eu não sentia esse medo o tempo inteiro.
Não quando estava com ele pelo menos.
– Entregue. – rolei os olhos com sua fala ouvindo sua risada logo em seguida.
– Certo. Então até amanhã. – ele mordeu os lábios e eu forcei meus olhos a se focarem nos botões de sua camisa quadriculada.
– Eu não vou pra faculdade amanhã. – ele não falara como se estivesse alegre.
– Ah não? – isso queria dizer que não nos veríamos e eu estava... triste? Desapontada?
Ou apenas doida.
Foco Kristen.
– Estágio. – ele assentiu com a cabeça.
– Ah sim... – isso não mudava as coisas.
– Ok então... haam... até terça? – não era pra ser uma pergunta Stewart.
– Eu não sei, acho que terei estágio todos os dias agora, até as férias de verão.
– Mas e as provas?
– Eu farei no horário reservado.
– Ah sim...
Eu ainda estava desapontada.
– Certo, haam...
– Eu posso te ligar?
– Pode. – eu iria falar ‘’claro que pode’’ mas felizmente segurei minha língua.
– Ok. – ele sorriu se aproximando, eu quase dei um passo pra trás por instinto, mas também me segurei, sem saber por que, alias... eu não sabia era mais de nada. – Até Kris. – seu sorriso se alargou e seus lábios encostaram-se a meu rosto, na minha bochecha direita.
Em um gesto mais carinhoso e passional que um simples aceno de despedida.
E eu me senti tonta novamente.
– Até. – ele sorriu antes de se virar e começar a caminhar e antes de virar a esquina, olhou pra trás novamente.
Eu devo ter ficado ali parada igual a uma idiota sem nem mesmo pensar, por alguns longos minutos, as pessoas já me olhavam como se eu fosse louca.
Atenção. Ótimo. Tudo o que eu precisava era de atenção.
Rolei os olhos ironicamente virando as costas pra rua e entrando no prédio.
Me sentei em frente a TV e passei horas na frente dela sem nem ver o que se passava.
Me dei conta do horário quando os créditos finais de um filme começaram a passar.
Olhei no relógio do meu microondas e vi que dali a pouco já seria o pôr-do-sol.
Respirei fundo pegando uma roupa qualquer em meu guarda-roupa e entrando no banho.
Adormeci como na noite de sexta-feira. Sem precisar das bebidas.
Vamos lá Kristen. Você consegue.
Era o que eu me dizia a exatos 30min. Aquele teste estava um horror e eu estava presa em uma única questão.
Fórmulas.
Argh.
Eu precisava sair dali, aquela sala já estava me sufocando.
Era a bebida. Era a falta da minha bebida.
Hoje era quarta-feira. Isso conta com desde sábado sem beber nada, por que eu tive uma linda ilusão de que se eu dormir duas noites sem elas, eu poderia dormir o resto.
Mas não foi bem assim.
Os pesadelos voltaram com força total na noite de ontem pra hoje.
Na segunda-feira eu dormi plenamente, é claro que isso não tinha nada haver com as SMS que troquei com Robert pela noite afora.
‘’Já está dormindo? Bom, se não... é só pra dizer boa noite. Robert.’’
‘’ Estou aqui. Kris.’’
‘’ Kris?’’
‘’ Whatever.’’
‘’ Eu quase posso te ver rolando os olhos nesses momento.’’ – eu me lembro de ter rido ao ler a mensagem, deitada em minha cama com os olhos grudados na tela no telefone. Eu apostava que ele estava sorrindo, mas é claro que eu não diria aquilo.
Nós conversamos assim, por um bom tempo, apenas banalidades, faculdade, ele me contou do estágio, mas alguma coisa ainda me incomodava ali.
Deixei pra lá.
Abanei a cabeça, me livrando das memórias e passando para a álgebra novamente.
Eu saí da sala já era tarde, tarde pra mim pelo menos que estava acostumada a ser uma das primeiras. Fui até a biblioteca na cabine de sempre, suspirando ao vê-la vazia.
Tirei meu cigarro – de canela – do bolso tragando um ou dois palitos antes de me levantar novamente.
Cheguei em casa praticamente correndo pelos corredores. Tranquei minha porta como sempre fazia e fui direto pra cozinha, deixando a bebida pura fazer efeito em meu organismo.
Eu não recebi SMS’s aquele dia, nem no dia anterior.
Eu precisava dos meus remédios novamente.
Parecia que eu estava dormindo sobre algo frio, gelado e me cortava de fora pra dentro. Eu sentia facas internas em meu baixo ventre me impedindo de querer abrir os olhos pela dor.
Eu ouvia um barulho irritante, vindo de algum lugar perto de mim, mas me recusava a abrir os olhos. Eu não queria saber onde estava, tinha medo de que ainda estivesse no mesmo lugar sujo e escuro que eu costumava viver depois dos 9 anos.
Eu preferia nunca mais abrir os olhos, se fosse pra ver aquele lugar novamente.
– Kristen. – ouvi meu nome de longe numa voz familiar. – Kristen, me atenda... estou ficando preocupado.
Reconheci a voz do meu irmão com pesar.
Quem eu estava esperando afinal?
Consegui abrir os olhos vendo com clareza e alívio que eu estava apenas no chão da minha cozinha e não num lugar sujo e fedorento.
– Kristen. – era a secretária eletrônica que enviava a voz do meu irmão.
Minha cabeça explodia latejando, deixando o barulho ainda mais desagradável à minha crise de ressaca.
Me arrastei até o telefone em minha mesinha de cabeceira, ao lado do sofá, e coloquei o fone no ouvido.
– Alô. – minha voz saiu mais arrastada do que eu imaginava.
– Kris? Caramba, eu fiquei preocupado... achei que...
– Que o que Taylor?
– Você bebeu não foi?
– Me deixe em paz. – resmunguei.
– Você tem que parar com isso.
– E você tem que parar de querer mandar em mim.
– Sou seu irmão mais velho, tenho direito de cuidar de você.
– Eu não preciso de cuidados. – disse rápido querendo voltar logo pro chão da cozinha, ainda tinha bebida na garrafa.
– Nós dois sabemos que você precisa.
– Vai se ferrar Taylor. E não me ligue mais. – bati o telefone com força no gancho, tirando as ligações com a tomada.
– Quem precisa da merda de cuidados. – resmunguei pra mim mesma novamente, voltando para a cozinha e acabando com o resto da vodka, eu ainda devia ter cervejas na geladeira.
Bip Bip.
Mas que merda.
Me levantei irritada querendo saber quem era o idiota que me perturbava de novo e percebi que era do meu celular.
Vi o nome da frente e atendi aquela droga.
– Quê?
– Wow, estamos de mau humor hoje. – ele estava se divertindo.
– Sério? – ele riu baixo de novo, mas depois pareceu ter ficado sério.
– Queria dizer que sinto muito por não ter te ligado nem nada ontem, nem na terça.. eu trabalhei o dia inteiro e ia te ligar a noite, mas achei que estaria dormindo.
– Hum.
– É sério Kris, escute... vem no pub hoje? Eu não vou tocar, mas o Sam vai...
– Não sei se vai dá.
– Por favor. Não seja difícil. - eu suspirei. – Eu passo aí que horas?
– Pra que vai passar aqui? – perguntei depressa.
– Para irmos ao pub Kristen. Esquece, passo aí as 21:00.
– Ok. – disse derrotada.
Eu não iria negar de qualquer forma.
Desliguei o telefone e me senti deplorável, eu estava cheirando completamente a álcool e a madeira. Ótimo.
Bufei irritada voltando a área de serviço e pegando minha toalha para um banho quente. Odiava tomar banho frio.
A banheira me fez relaxar um pouco e eu percebi que tinha sido estúpida com meu irmão. Ele só queria me ajudar no final das contas, eu apenas não gostava de parecer tão dependente assim.
Saí do banho olhando no relógio de cabeceira do meu quarto. Já era quase hora do almoço, mas hoje eu queria cozinhar.
Coloquei uma roupa qualquer e fui pra cozinha, jogando a garrafa de vodka vazia no lixo e limpando o que eu havia derramado no dia anterior. Depois de ter limpado tudo eu tomei dois comprimidos pra dor de cabeça e dor muscular, já que eu não ficara muito bem dormindo naquele chão.
Preparei um arroz com cenoura, frango frito e batatas. Sentei no banco alto deixando o prato em cima do balcão e comecei a comer.
A dor de cabeça foi cedendo dando lugar ao sono, passei a maior parte da tarde dormindo e quando acordei fui estudar, eu ainda tinha prova na manhã seguinte e na próxima segunda-feira.
Me levantei da escrivaninha do meu quarto eram exatamente 20:00, eu não precisava de muito tempo para me arrumar. Coloquei um vestido até os joelhos e uma sandália baixa, não estava fazendo frio e eu esperava que não esfriasse depois.
Dei um jeito em meu cabelo, deixando metade dele preso e a outra metade solta.
Não devia estar tão ruim, eu não saberia dizer com certeza por que não me olhava no espelho para fazê-lo.
Meu telefone tocou.
– Oi.
– Hey, já esta pronta? – revirei os olhos.
– Estou.
– Então pode descer, eu não sei o número do seu apartamento e não me faça apertar todos. – ele riu e foi inevitável que eu não o fizesse de volta pra ele.
– Ok, estou indo.
Desliguei, trancando a porta da frente.
Ele me esperava lá embaixo com uma calça jeans e a blusa quadriculada de vermelho, e sorriu ao me ver.
– Woow.
– Hey. – disse olhando-o.
– Vamos? – ele pareceu que ia falar mais, mas não disse e eu não perguntei.
– Vamos. É no mesmo pub?
– Não, dessa vez é perto da praia. Podemos pegar um táxi.
– Tudo bem. – ele sorriu me olhando e parando no meio fio fazendo sinal para algum táxi que passava por ali.
Abriu a porta do carro pra mim.
– Praia de Santa Mônica. – ele disse ao motorista que fez o que ele pediu. – Quer um cigarro? – perguntou me olhando.
– Claro. – ele me entregou um dele, eu tinha esquecido o meu, na verdade o meu tinha acabado, eu compraria um mais tarde em alguma loja de conveniência.
É claro que o motorista reclamou abrindo a janela do carro, eu quase ri quando Robert revirou os olhos.
Quase.
Mas uma pequena parte de mim sentiu medo. Eu estava no carro com um garoto e por mais que eu me sentisse bem ao lado dele, ainda sim eu quis chegar logo no pub.
Ele acendeu seu cigarro e logo depois o meu, nossos olhos se encontraram e eu passei a mão no cabelo nervosa para vê-lo fazer o mesmo logo em seguida soltando um riso baixo, com algo que não consegui saber por que.
– Chegamos. – ele disse sorrindo e abrindo a porta do carro pra mim novamente. – Madame...
Revirei os olhos enquanto ele sorria. Sorri de volta apesar dele não ter visto.
Entramos no pub e o lugar já estava cheio de gente, eu reconheci Sam no palco que quando me viu sorriu e acenou com a mão. Acenei de volta sentindo Robert colocar as mãos em minhas costas me guiando por entre as pessoas, eu fiquei grata a ele por isso, não apenas pela sensação agradável que seu toque me causava, mas também pelo meu equilíbrio.
Era bem provável que eu abaixasse minha cabeça em meio a toda aquela gente e acabasse batendo em alguém. O que significava atenção.
– Aqui. Senta aqui. – sentei-me à mesa que era um pouco afastada, mas ele ainda continuava de pé. – Vou falar com Sam e já volto. – ele olhou em volta parecendo não querer se afastar. – Não demoro. – ele se virou com um suspiro andando em direção ao palco.
Eu fiquei observando enquanto ele conversava com Sam, o modo como seus lábios se moviam e como suas mãos passavam por seu cabelo a cada minuto. Sorri involuntariamente mordendo os lábios.
“Você só precisa se aproximar...”
Voz interna irritante.
Rolei os olhos internamente ficando com raiva de meus pensamentos precisando urgente de uma cerveja. Passei os olhos pelo bar tentando encontrar um garçom, eu não queria sair dali. Vi um par de olhos estranhos me incomodando até que parei para ver quem era e vi Nina, me encarando séria, apesar de não estar com cara fechada.
Desviei o olhar, eu não tinha motivos para ficar encarando-a e ainda não sabia o motivo dela ter essa ‘’raiva’’ de mim.
Olhei pra Robert de repente, querendo que ele voltasse logo para mesa, e como se tivesse sido puxado ele me encarou de volta, ele sorriu e eu esqueci do que queria quando seus olhos me olhavam daquela maneira ou seu sorriso que naquele momento era pra mim.
– Kris. – ouvi meu nome sendo cantado e como estava no banco encostado na parede olhei pro meu lado vendo Tom com uma garota loira que também sorria.
– Oi Tom. – sorri pra ele que me abraçou desajeitado já que eu estava sentada.
– Onde está o Rob?
– No palco, foi falar com Sam.
– Vou lá então. E ah, me deixe te apresentar. Dakota esta é Kris, Kris... Dakota.
– Oii. – ela me abraçou também sorrindo e eu retribuí tentando não me sentir estranha com tanto contato.
– Olá. Já não vi você na faculdade? – perguntei distraída, eu raramente via alguém, mas tinha certeza que já a tinha avistado pelos corredores.
– Sim, faço Biologia e você?
– Matemática.
– Ah é mesmo, o Rob falou..
– Falou?
– Haam, sim... acho que ouvi algo sobre isso... – ela mordeu os lábios como se tivesse falado demais, franzi o cenho, mas não falei nada. – Esteve na última noite com os garotos? – perguntou animada.
– Ah sim, estive...
– Queria ter ido, o Rob canta bem... – ela sorriu sincera.
Ou eram eles que sorriam demais ou eu que nunca sorria.
– É... ele canta. – eu me senti bem dizendo aquilo.
– Voltei.
– Voltamos meu caro. – Tom respondeu a frase de Robert e os dois se sentaram a mesa rindo, Robert se sentou ao meu lado e Tom ao lado de Dakota lhe dando um beijo de leve nos lábios, desviei o olhar.
– Então, demorei? – perguntou divertido.
– Não sei... – ele riu.
– Vou pedir uma cerveja, quer?
– Sim, por favor. – ele assentiu com a cabeça acenando para um garçom que passava.
– Três cervejas e... vai querer o que Dak?
– Vodka. – ela respondeu.
– Três cervejas e uma vodka. – ele fez o pedido. – Sam falou que vem logo pra cá. – ele disse a mim depois que o garçom foi embora.
– Ele vai tocar com a banda?
– Não, hoje não... ele vai amanhã pra Malibu, vai tocar por lá com a banda.
– Ah sim. Por que não vai tocar hoje? – perguntei enquanto ele pegava as canecas com o garçom e me entregava uma.
– Ainda estou compondo alguma coisa... – ele sorriu pra mim.
– Vai me mostrar? – nem eu acreditei que tinha perguntado aquilo, desviei um olhar do dele e tomei minha cerveja.
– Talvez. – ele disse sorrindo de novo. Virei ainda mais minha cerveja.
Eu também precisaria de uma vodka aquela noite.
Sam começou a tocar e as pessoas iam cada vez mais pra pista de dança, ele tocava muito bem, algumas garotas gritavam pra ele que ria entre divertido e envergonhado.
– Quer fumar? – perguntou Robert. Virei meu copo de vodka, que eu tinha pedido há algum tempo, aquele já era meu terceiro.
– Claro. – me levantei ficando um pouco tonta, mas consegui disfarçar, não que isso tivesse passado despercebido a Robert que sorriu apoiando suas mãos em minhas costas, Tom disse alguma coisa pra ele que eu não tinha escutado e saímos do bar logo em seguida. – Vamos até uma conveniência?
– Claro, mas pra quê? – ele perguntou.
– Preciso comprar cigarros.
– Ah sim, sabe que pode fumar do meu. – ele sorriu e eu sorri de volta simplesmente.
– Sim, mas aí não terei mais pra amanhã e nem você. – mordi os lábios apontando minha frase pra ele que riu baixo.
– Certo. Vamos. – começamos a caminhar em direção a rua de trás do pub, onde havia uma conveniência.
O vento frio fazia bem a minha tontura da bebida e infelizmente ele não tinha mais motivos pra deixar suas mãos em mim.
Certo. Pare com isso. Agora. Resmunguei internamente.
– Está distante ou é a bebida? – perguntou divertido, sorri um pouco olhando pra ele.
– Um pouco dos dois eu acho.
– Você ficou estranha lá dentro. O que houve? – franzi o cenho.
– Eu fiquei?
– Sim, antes de eu voltar pra mesa.
Ah claro, foi então que me lembrei da Nina.
– Qual o lance com a Nina?
– Ela falou com você? – perguntou fechando um pouco a expressão, era estranho ele ficar assim, eu estava acostumada com seus sorrisos.
– Não. É só estranho... sei lá... – eu nem sabia o que quero dizer.
– Sinto muito por isso, eu acho. – ele suspirou passando a mão esquerda no cabelo em nervosismo. – Não se importe com isso, Nina é exagerada às vezes. – mordi os lábios prendendo uma pergunta.
– Vocês se conhecem? – dei ênfase no ‘’conhecem’’ e ele entendeu o que eu quis dizer.
– Velhos tempos e essa coisa toda. – ele disse rindo baixo sem se importar muito com aquilo.
– Ex-namorada... – eu tinha que aprender a ficar de boca fechada.
– Não chegou a tanto.
Eu não tinha que ter ficado alegre com aquilo. Mordi os lábios e ele me fitou parando de repente no meio da rua.
– O que foi?
– Nada. – ele sorriu se aproximando e pareceu natural quando ele tirou uma mecha de meu cabelo do rosto, colocando atrás da minha orelha e deixando sua mão ali, enquanto um sorriso ainda se fazia em seu rosto.
Minha pele formigou e eu senti meu pulso se acelerando.
Nossos olhos grudados um no outro, eu não podia nem pensar em desviar dos azuis esverdeados que me prendiam e não me deixavam desconfortáveis. Não mais.
O momento passou e ele se afastou depois de alguns segundos ainda sorrindo, foi inevitável não o fazê-lo também.
– Vai sair cedo da faculdade amanhã?
– Haam, eu não sei... se eu acabar o teste cedo... por que?
– Podíamos fazer alguma coisa. – franzi o cenho.
– Fazer o que?
– Não sei, passo na sua casa. – assenti com a cabeça. Recebendo seu sorriso.
Entramos na conveniência e compramos meu cigarro, sim compramos por que ele não me deixou pagar, eu quase gritei dizendo que não queria e que era desnecessário, mas ele me ignorou completamente, pagando o cigarro e comprando algumas garrafas de cerveja.
– Pra que isso? Não vamos voltar ao pub? – perguntei apontando pra sacola de cervejas enquanto ele tinha um cigarro na boca.
– Não precisamos voltar lá.
– Achei que íamos ver o Sam tocar. – ele sorriu pegando o cigarro entre os dedos.
– Você quer voltar?
Eu queria?
– Não. – me vi respondendo de repente enquanto seus olhos me prendiam de novo. Ele sorriu ainda mais largamente enquanto acendia mais um cigarro passando-o pra mim.
Nós voltamos a caminhar a esmo, nem eu, nem ele sabíamos pra onde estávamos indo, mas pela primeira vez não me importei. Eu gostava de ficar com ele, era... diferente.
Um diferente bom.
Paramos em frente à praia, era um lugar tão bonito..
Eu não vinha à praia, era cicatriz de mais para ser exposta.
– Venha. – ele pegou em minha mão de repente deixando minha pele formigando. Foi me guiando pela areia fofa até estarmos mais perto do mar e se sentou. Me sentei ao seu lado enquanto ele já abria uma cerveja e passava pra mim.
Ficamos bebendo e fumando durante um bom tempo, a cerveja já estava acabando e eu me perguntei se ele iria comprar mais, não pela bebida em si, apenas para não sairmos dali.
‘’Não pela bebida em si’’ Que merda era aquela que eu estava pensando?
Suspirei.
– O quê foi? – talvez eu tenha suspirado alto demais.
– Nada... só estava pensando... – ele sorriu.
– Não vai me contar? – perguntou divertido.
– Talvez. – ele sorriu ainda mais. – Não vai me contar os seus? – perguntei sem esperar resposta, apenas por diversão.
– Eu te acho incrível. – disse sorrindo.
Como? Eu parei por um instante.
Incrível...
Ele realmente não me conhecia.
– Perguntei dos seus pensamentos. – disse desviando o olhar para o mar tentando ainda parecer um pouco divertida.
– E eu te respondi.
– Não pode pensar isso... nem nos conhecemos direito.
Ele não me respondeu.
Apenas me olhou e eu não tentei desviar o olhar.
Continuei encarando seus olhos até que com um movimento ele tocou meu rosto.
Era inevitável que eu deitasse minha cabeça em sua mão, a temperatura morna era agradável.
Agradável demais eu diria.
– Você só precisa deixar... – ele disse em um sussurro e eu lutei pra deixar meus olhos abertos.
– Deixar o quê?
– Que eu te conheça. – eu me retesei, sentindo o medo fluir por minhas veias .
– Você não vai querer me conhecer... – respondi evasiva não querendo falar daquilo.
– Eu posso decidir isso.
E contrariando todas as minhas expectativas... ele se afastou...
Eu quase me irritei, mas tinha aquela voz dentro de mim... a voz que sempre falava mais alto quando meu passado vinha a tona...
Ele realmente não iria querer me conhecer.
Eu não valia à pena e se nos aproximássemos mais, ele logo descobriria aquilo...
E eu já me odiava o bastante para querer que ele me odiasse também.
Bebi um último gole da cerveja e joguei meu cigarro fora me levantando.
– Eu tenho que ir. – ele também se levantou.
– Ter que ir, é diferente de querer ir.
– Acho que é um pouco dos dois então.
Eu não esperei por uma resposta. Comecei a caminhar a passos rápidos ignorando o medo de andar pelas ruas sozinhas, isso me lembrava tantas coisas...
Não deixei que as lágrimas caíssem, no fundo eu ainda esperava que ele viesse atrás de mim, mas isso não aconteceu...
Ele devia ter escutado meu recado silencioso.
Eu jamais valeria à pena.
Continua...
Parece que o Rob já está apaixonado por ela, só falta agora tomar coragem e se aproximar mais, roubar um beijo ou algo assim... Cheguei a pensar que rolaria algo na praia, mas talvez não fosse mesmo a hora. Mas espero que essa hora chegue logo, estou ansiosa pelo primeiro beijos deles. Beijos pra vocês e até mais tarde.
aaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaah kd esse beijo q ñ sai! kkkkk' mas vamos dar tempo ao tempo... hehe
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