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Tuesday, March 13, 2012

FANFIC - O CONTRATO - CAPÍTULO 27


Olá galera! Hoje Bella terá uma conversa definitiva com Jacob e fará sua escolha.

Título: O Contrato
Autora(o): Jack Sampaio
Contatos: @jacksampaio;
http://escritosdejacksampaio.blogspot.com/
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, drama
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: 
Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo

O Contrato
By Jack Sampaio

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"

CAPÍTULO 27

Não era para ser assim.

–Está gostando? – Jacob perguntou em meu ouvido. Assenti com os olhos no palco.  
Após nos encontrarmos, Jacob anunciou que veríamos a peça que tínhamos planejado ver no sábado. Eu assenti desejando qualquer coisa que pudesse me distrair. Eu não estava agindo da forma convencional. Jacob percebeu minha estranheza, mas até agora não se manifestou. Nem mesmo quando eu apenas dei um selinho nele.
–Após a peça, eu estava pensando em um jantar. – disse com seus olhos em mim, sorria. Sua mão segurava a minha num aperto gentil. Eu sorri esperando que Jacob se contentasse com o sorriso de meus lábios, mas meus olhos não sorriam.
Eu sabia que, após o que aconteceu entre mim e Edward, eu iria ficar um pouco diferente com Jacob... Não imaginei que ficaria totalmente diferente. O toque de Jacob, ao contrário das outras vezes, não trazia felicidade. Talvez fosse por que eu estava com a consciência pesada, eu tinha nojo de mim mesma pelo que fiz com Jacob.
Eu tinha que contar a ele, mesmo que isso significasse ele me odiar. O problema era que eu não me encontrava com forças.
Não dei atenção à peça de teatro. Se Jacob me perguntasse algo sobre a peça, eu não saberia dizer. Minha mente estava longe, no lugar onde eu deixei Edward. Só de me lembrar de tudo o que passamos nesse curto espaço de tempo, eu me sentia nauseada de tão nervosa. Saímos do teatro e fiquei tensa com nosso próximo destino. Não tínhamos combinando que manteríamos nossos planos do sábado que incluía ida a uma pousada. O que eu faria se Jacob sugerisse algo assim?
–A peça foi ótima! – Jacob disse enquanto saiamos do teatro. Eu assenti. –Que bom que consegui ingressos para hoje.  – falou satisfeito.
–Verdade. A peça foi ótima. – disse num falso entusiasmo. Jacob me olhou curioso, sondando-me. Desviei o olhar. – Aonde vamos agora? – perguntei; meu corpo tenso enquanto esperava a resposta.
–Jantar. – colocou a mão na base das minhas costas conduzindo-me até o estacionamento onde estava sua moto. Montamos e seguimos para o restaurante de sempre (o nosso lugar de acordo com Jacob). Estacionamos em frente ao lugar. Fui tomada de surpresa por Jacob quando falou:
–Sabe, nós poderíamos jantar em outro lugar... Eu fiz reservas na mesma pousada que iria levá-la no sábado. A pousada oferece jantares aos clientes. Que tal se fôssemos para lá? Poderíamos ficar mais à vontade.
Meu corpo inteiro reagiu às palavras de Jacob. Fiquei paralisada, enquanto entendia a mensagem por detrás do convite. A Bella que havia em mim até o sábado teria aceitado, mas esta nova persona que surgiu após dormir com Edward... E, no entanto, eu sabia que se quisesse superar tudo, esse era um passo que eu tinha que dar. Movi meus lábios para dizer sim, mas o que saiu...
–Já estamos aqui Jacob. Que tal irmos após o jantar? – segurei sua mão e saí puxando-o para dentro do restaurante. Jacob pareceu não ficar chateado com minha recusa, já que deixei claro que iríamos após o jantar.
Eu adiei o momento por algumas horas. Não sabia se conseguiria adiar mais. 

Jantar.
Jacob falava de seu dia-a-dia, do que eu perdi. Eu sorria e dizia um comentário ou outro. A verdade é que eu estava alheia a tudo. Eu simplesmente não conseguia me concentrar em Jacob. Ele percebeu. Durante o prato principal perguntou se eu estava bem. Eu assenti, dizendo estar apenas cansada.
–Estava pensando em irmos à casa do meu pai nesse fim de semana. Minhas irmãs querem muito conhecê-la. O que você acha?
Jacob fazia planos. O que ele faria se soubesse o que aconteceu? Eu estremecia só de pensar.
–Seria ótimo. – disse com falso entusiasmo. Ele continuou a falar, dizendo como era seu pai, suas irmãs e sua falecida mãe. Eu murmurei palavras monossilábicas fingindo, mais uma vez, estar atenta ao que ele dizia.

E as horas iam passando...

Seguíamos para a pousada. Eu pensei estar pronta enquanto jantávamos. Jacob começou a entrar com a moto na pousada. Não protestei.
“Eu preciso seguir adiante! Será que se eu ficar com ele e contar depois, Jacob me perdoará?”.
Jacob estacionou dentro de uma garagem da nossa mini suíte. Retiramos o capacete e descemos da moto.
–Eu vou até a recepção pegar as nossas chaves. Você fica aqui e espera? – ele perguntou aproximando-se de mim e abraçando-me. Eu correspondi ao abraço relutante.
–Fico sim.
–Não demoro. – afastou-se de mim e me puxou para beijá-lo. Tentou aprofundar o beijo, mas eu não o correspondi. Jacob me olhou com confusão. Tratei de corrigir meu erro e rocei meus lábios nos dele. Ele deu de ombros. Deve ter atribuído minha estranheza ao meu nervosismo. Saiu e me deixou ali, na garagem do quarto, tensa. Caminhei para lá e para cá, procurando pensar em algo, viver o momento.
“Eu vou conseguir! Eu teria conseguido sem a intervenção de Edward. Agora que eu sei como é estar fisicamente com um homem será mais fácil.”.
E eu sabia que tudo o que eu pensava era ilusão.

–Bella? – Jacob chamou, eu não me virei. Continuei a caminhar para fora da pousada rapidamente. – BELLA! – conseguiu capturar o meu braço, impedindo-me de prosseguir. Provavelmente pretendia me dar uma reprimenda, mas mudou de idéia ao ver os meus olhos marejados.
–O que houve? O que você estava fazendo? – perguntou aflito. Eu não consegui olhá-lo por muito tempo. Coloquei as mãos em meu rosto, envergonhada demais. Queria parar o choro, mas não consegui.
–Eu não posso... – murmurei. – Não posso.
–Bella... – Jacob tentou tirar minhas mãos para ver meu rosto, como não às tirei ele me abraçou. – Está assim pelo que iríamos fazer? Por Deus Bella, se não está preparada nós não faremos nada! Tudo no seu tempo. Eu não quero forçá-la a nada! – disse num tom aflito.
Eu o empurrei levemente, não querendo contaminar uma pessoa tão pura como o Jacob com minha sujeira.
–Não é isso Jacob. Não é por isso. – disse aos soluços. Jacob estacou.
–Como assim “não é por isso”? O que você quer dizer Bella? – perguntou obrigando-me agora a olhá-lo. Olhava-me intensamente querendo saber o que se passava na minha cabeça. Eu pude quase ouvir o estalo, quando sua intuição certeira agiu.
–Você pediu o divórcio para o Edward? – perguntou numa voz fraca. Meu rosto se distorceu em agonia. – Pediu Bella? Foi para isso que você ficou afastada esse final de semana de mim, não é?
Eu fiquei calada, o choro preso na garganta. Jacob me sacudiu e seus olhos mostravam desespero.
–O QUE VOCE FEZ COM ELE BELLA? TERMINOU COM ELE? BRIGARAM? POR QUE VOCE NÃO ME RESPONDE? – Jacob gritava enquanto me sacudia mais. Nossa gritaria chamou a atenção de um segurança da pousada. Ele olhou para o segurança e suspirou. Tirou as mãos de mim.
–Vamos conversar dentro do nosso quarto. Você me deve no mínimo isso. – pegou minha mão e me puxou. Não pude protestar, eu precisava contar a verdade.  
Meu coração batia descompassado, minha respiração vinha aos arquejos. Tinha a sensação de que a qualquer momento eu desmaiaria tamanho o nervosismo que eu sentia. Eu queria fugir desesperadamente de tudo, mas de Jacob, pelo menos, eu não conseguiria fugir.
Jacob, ao chegarmos ao quarto, soltou a minha mão. Ele se sentou em uma poltrona da ante-sala e olhou para o chão, as mãos tremiam. Eu fiquei de pé, próximo ao local onde ele sentou.
–Sente-se Bella. – disse numa voz cansada. Continuei de pé, querendo correr dali. Ao ver minha hesitação, Jacob voltou seu olhar para mim, um olhar gélido que me fez estremecer. –Sente-se. – ordenou. Eu sentei (meus olhos nele) enquanto Jacob voltava a olhar o chão. –Você o beijou ou algo assim? Por isso está tão diferente? – Ele perguntou num tom casual, o que não era normal para a situação. Eu não respondi. Um soluço escapou pelos meus lábios, para Jacob era a resposta. Seu rosto mostrou assombro por alguns instantes e dessa vez ele me olhou. –Você dormiu com ele. – falou e dessa vez não era uma pergunta. Ele sabia a resposta que eu diria.
–Sim. – falei com a voz falha. Jacob fechou os olhos.
–Tudo se encaixa. Por isso nunca se separou apesar de tudo o que ele fez. Você sempre o amou. Mesmo depois de tudo o que ele disse e fez você... – levantou-se num átimo, o que me sobressaltou. –Vou levá-la para casa. – disse seguindo para a saída.
Eu levantei e fiquei desnorteada. Por fim eu o segui. Montei em sua moto colocando o capacete ofertado por Jacob. E ele, ao contrário das outras vezes, dirigiu bem rápido.   
Eu havia acabado com tudo, antes mesmo de refletir sobre o melhor para mim. Agi por impulso seguindo meu maldito coração. Isso não iria acabar bem. E quando desci da moto e retirei o capacete, apenas a alguns metros da casa de Edward eu soube que era o fim de Jacob e eu. O olhar que Jacob me lançou, um olhar magoado, partiu meu coração. Eu o havia ferido com meus atos, a uma pessoa que não merecia. Se havia alguém que merecia ser magoado, esse alguém era Edward, não Jacob.
–Responda a uma simples pergunta: o que eu fui para você? Fui uma forma de chamar a atenção do seu marido?
–Não Jake! Primeiro foi uma válvula de escape. Eu precisava me sentir amada, sentir algo a mais do que ódio e ressentimento. Depois eu realmente gostei de você, queria um futuro com você, mas... – minha voz sumiu. As lágrimas voltaram a banhar meu rosto.
–Seu amor por aquele cretino é mais forte do que eu imaginava. Perdoar o que ele fez a você... Tem que amar muito alguém para aceitar tal coisa. – disse censurando-me. Abaixei a cabeça.
–Eu sinto muito Jacob. – funguei. Ouvi o barulho da moto sendo ligada. Eu levantei a cabeça e o vi na moto. – Jacob, eu... Vai soar egoísta, mas você é uma pessoa maravilhosa e eu não quero perder... Não quero perder você. Por favor, como amigos...! – pedi. Eu realmente não queria me afastar de Jake, ele era uma pessoa que me fazia sentir bem. Ele não se virou para me olhar. Eu pensei que ouviria um “não”, mas...
–Com o tempo isso pode vir a acontecer, mas preciso de um tempo longe de você.
–Eu sei. Você tem razão.
Enquanto eu via Jacob se preparar para partir, senti uma dor terrível no peito. Eu sabia que quando Jake partisse, não haveria volta. E mesmo o meu lado racional querendo pedir perdão e ficar com Jacob, implorar a ele de joelhos para perdoar minha falta, ele não poderia falar nesse momento. Meus olhos verteram novas lágrimas.
–Bella? – Jacob me chamou. Não olhou para mim. – Você vai se arrepender dessa escolha. – e partiu em sua moto deixando-me, com a situação e suas palavras, em pedaços.
Fiquei parada vendo-o desaparecer pela avenida. Quando Jacob não estava mais visível, eu projetei meu corpo para frente. Com pressa de chegar ao meu quarto e chorar copiosamente, caminhei apressada pela calçada com a cabeça baixa. Quando cheguei ao condomínio, levantei o rosto, o suficiente para olhar melhor os degraus da escada, e estaquei. Sentado na escadaria, encolhido, estava Edward. A cabeça abaixada fitando o chão. Seu rosto tinha uma expressão sofrida e verdadeiramente não entendi por que parecia tão deprimido. Seria por minha causa? Não importava. Nada importava. Eu estava destruída, destruída pelas mãos desse homem, e ao invés de largá-lo eu...
Edward pareceu perceber minha presença, levantou seu rosto e me olhou surpreso. Eu o olhei por alguns instantes e logo depois segui a passos apressados para dentro do prédio. Ouvi passos atrás de mim, devia ser Edward em meu encalço. Entrei em um elevador, queria me isolar naquele lugar, mas para minha infelicidade Edward conseguiu entrar comigo. Encostei-me ao fundo do elevador, os olhos no chão, os braços cruzados em frente ao corpo, o choro severamente controlado. Edward estava em uma posição similar, mas olhava para mim, eu sentia.
“Não vou chorar! Não posso!” – minha mente conseguiu controlar o corpo. Ainda assim eu sabia que a qualquer momento eu poderia desmoronar. Eu precisava ficar só. Quando o elevador abriu, saí em disparada para fora em direção a porta do apartamento. Eu a abri e não me detive um só segundo, caminhei rapidamente para meu quarto sendo seguida por Edward. Fechei a porta assim que passei por ela. Olhando ao redor num exame para me certificar se havia alguém, e não havia, eu retirei meus sapatos rapidamente, assim como o casaco que eu vestia, escorreguei até o chão, sentando, me encolhi toda encostando minha cabeça nos joelhos e chorei tudo o que tinha de chorar.
O que estava acontecendo com a minha vida? Como eu deixei de ser aquela Bella bondosa de vida pacata para ser essa Bella que está sempre sofrendo? E mesmo com tudo o que eu havia passado, eu não sabia se queria voltar. Isso tudo juntamente com o meu término com Jake doía, doía muito. Por alguns instantes o único barulho a soar era o meu choro incontrolável. Após vários minutos um segundo barulho soou.
O barulho da porta não me fez parar de chorar. Agora que tinha começado eu não poderia frear. Meu choro foi se tornando mais e mais ruidoso enquanto eu pensava em como minha vida teria sido se eu tivesse escolhido Jake: nós dois num canto qualquer, felizes.   
Eu não sabia se conseguiria ser feliz com Edward. Eu era um capricho dele. Ele poderia me chutar agora que eu o havia escolhido. Minhas mãos foram para o meu cabelo. Eu os puxei querendo provocar dor em mim, uma dor que sobrepujasse a dor no meu peito, mas não consegui. Ainda assim fiquei naquele estado lastimável de autoflagelação.
–Não, não faça isso. Não se fira! – Edward implorou pegando minhas mãos e tirando-as do meu cabelo. Elas caíram ao lado do meu corpo. Edward colocou suas mãos no meu rosto e o ergueu. Meus olhos marejados insistiam em fitar o chão. Mais silêncio.
–Eu penso que se você tivesse escolhido Jacob, você pegaria suas coisas e me deixaria com um sorriso no rosto. Mas, olhando para você agora, analisando seu comportamento... Para você estar tão triste, chorando dessa forma tão desesperada, você me escolheu, não foi? – Edward disse com brandura, seus dedos acariciavam meu rosto. Assenti vagarosamente ainda mantendo meus olhos no chão.
Ouvi sua risada baixa, contida, e então fui puxada para a prisão dos seus braços. A sensação de ser abraçada por ele atenuou um pouco a dor, mas não por muito tempo. A dor veio novamente me atormentar e parecia ficar ainda mais forte enquanto eu estava abraçada a Edward. Tentei afastá-lo, mas Edward não permitiu. Manteve-me em seus braços com força e suspirou aliviado.
–Eu estou tão feliz Bella que eu... – sussurrou com a voz carregada de emoção. Afastou-se, mantendo-me ainda próxima, e projetou seu corpo para frente a fim de me beijar. Eu o detive, colocando uma mão em seu peito e a outra em seu rosto, meus dedos tocando seus lábios.
–Então aproveite a sua felicidade Edward, por que você é o único a senti-la. – murmurei levantando-me do chão. Caminhei cambaleante até a minha cama e me joguei. O cansaço físico e mental me oprimiu prometendo, como consolo, uma noite sem sonhos. Eu precisava dormir; dormir para não pensar. Eu precisava de algo para aliviar a dor da incerteza, da perda, enfim, todas as dores que me atormentavam naquele momento. Apesar de não estar chorando com escândalo como outrora, meus olhos ainda vertiam lágrimas e tinha certeza que fariam isso até a inconsciência me tomar.   
–Você vai ficar muito chateada se eu ficar aqui? – perguntou. Lembrei-me que disse algo parecido naquela manhã, na fazenda. Continuei deitada de lado, olhando para a parede a minha frente, de costas para ele. Num fio de voz eu disse:
–Vou ficar muito chateada... Se você sair deste quarto. – não sei por que falei algo desse tipo, o mais natural era mandá-lo sair e ser engolida pela minha dor. Por que eu pedi para que Edward ficasse? Simples: por que eu não queria me arrepender pela minha escolha. Eu precisava sentir, ainda que pouco, que Edward não me faria sentir arrependimento. Eu precisava de Edward ao meu lado dizendo que tudo estava bem agora. Eu precisava de certezas, certezas que talvez não viessem.  
Edward apareceu em meu campo de visão. Deitou-se ao meu lado na cama, de frente para mim. Eu o olhei por alguns segundos e então me encolhi focando minha visão em qualquer outro ponto que não fossem seus olhos cor ocre. Ele não ficou tão próximo como eu esperava, na certa me dando espaço.
Mesmo com Edward diante de mim, a dor não passou. Meus olhos vertiam lágrimas, turvando minha visão. Edward ficou quieto, olhando-me. Eu não o olhei, eu não queria olhar. Impossível. Quando eu o fiz, ainda que por alguns instantes, eu vi seus olhos e eu reconheci tristeza, pesar. Será que ele estava sentindo o mesmo que eu, ainda que um pouco? Será que Edward sentia um pouco da minha dor, dor esta infligida por ele? Eu queria que sentisse, só assim Edward poderia me compreender um pouco.
As imagens de Jacob vinham me atormentar. Os seus olhos magoados lembraram os meus quando Edward começou a me rejeitar após o nosso casamento. Eu tanto critiquei Edward e fiz algo parecido a Jacob. Então eu realmente havia me tornado algo parecido a ele, não é?
Voltando a olhar Edward eu finalmente entendi quem eu odiava: eu me odiava por não deixar de amá-lo.
Senti dedos em minha bochecha esquerda, aquela que não estava colada ao colchão. O passeio dos dedos de Edward, secando minhas lágrimas, foi prazeroso. Experimentei olhá-lo e quando o fiz não consegui desviar os olhos. Enquanto nos olhávamos senti uma conexão se formando, mais forte do que qualquer coisa, como se através do olhar estivéssemos nos comunicando, dizendo para o outro tudo o que ficou pendente, se é que algo ainda estava pendente.
Não contente com a carícia que fazia em meu rosto com a ponta dos dedos, Edward aproximou-se mais de mim, nossos corpos tão próximos que eu sentia o calor de seu corpo tocando o meu. Edward colocou ambas as mãos em meu rosto, segurando-o gentilmente.  Aproximou seu rosto e me beijou na testa, manteve seus lábios lá por algum tempo. Eu me aconcheguei nele todo e pela primeira vez em vários dias senti um conforto ao abraçá-lo. Enterrei meu rosto em seu peito e seus braços me abraçaram formando uma gaiola de proteção ao meu redor. Aos poucos fui relaxando, minha respiração e pulsação mais tranquilas, até que, por fim, eu adormeci.

O barulho de pássaros cantando me despertou. Vagarosamente abri meus olhos e vi de imediato Edward em meu quarto, sentado em uma cadeira de frente para a cama. Sentei de imediato na cama e sorri para ele. Ele realmente estava lá comigo, ele me amava e faria com que eu não me arrependesse da escolha, pensei.
Meu sorriso foi morrendo enquanto eu o via assumir novamente aquela máscara de indiferença e antipatia de outrora. Edward levantou-se e caminhou para a porta.
–Edward? – eu o chamei, minha voz trêmula. – Edward eu...
Sem nem virar e olhar para mim, Edward disse:
–Eu consegui o que eu queria. Derrotei Jacob Black. Você não me serve para mais nada agora que o jogo acabou. – falou num tom rude, do Edward que tanto me destratou após o casamento. Saiu fechando a porta atrás de si. Fiquei parada, sentada na cama, chocada. Quando o choque passou, levantei-me da cama.
–EDWARD! NÃO FAÇA ISSO! – gritei abrindo a porta do meu quarto a fim de segui-lo, lágrimas em meus olhos.
Quando eu abri a porta...

Manhã.
Aturdida, levantei-me rapidamente. Meu ato impensado de levantar e sair da cama fez com que eu me desequilibrasse e caísse. Olhei em volta. Eu estava em meu quarto, vestindo as mesmas roupas de antes.
“Um sonho. Foi um sonho...” – levantei do chão e lentamente sentei em minha cama. Edward não estava à vista, a porta do quarto estava fechada. Embora eu tenha concluído que as imagens que vivi minutos atrás fossem um sonho, ou melhor, um pesadelo, eu senti novamente o desespero do pesadelo. Edward não estava no quarto, poderia ter ido ao trabalho, para qualquer lugar. E quando eu o encontrasse ele poderia me tratar como um pária como fizera. O medo tomou conta de mim fazendo um mal-estar surgir.
Por reflexo eu olhei o relógio. Quando me toquei do horário e dia, levantei apressada.
–Merda. O trabalho! – murmurei seguindo para o banheiro.

Eu não devia estar muito apresentável, procurei me arrumar com pressa, mas não estava ligando para isso. O mais importante era chegar a tempo o meu trabalho e procurar uma forma de justificar minha falta no dia anterior no RH. Saí do meu quarto em direção a sala de jantar onde o café deveria estar servido. Comeria qualquer coisa e sairia, esse era o meu plano. Ao passar para a sala, eu estaquei.
De pé, segurando uma bandeja com comida, trajando um avental, estava Edward. Ele me olhou surpreso e logo seu rosto foi tomado por uma mistura de felicidade e cautela.
–Oi amor. Eu estava indo levar café da manhã para você. – falou numa voz suave, gentil, uma voz que nunca o ouvi produzir até então. Deixou a bandeja em cima da mesa e foi retirando o avental que usava. Notei que estava vestido com terno e gravata, pronto para ir ao escritório, constatei.
–Já que você está de pé então você poderia me acompanhar e tomar o café junto a mim na mesa. – disse deixando o avental em uma cadeira e se aproximando de outra cadeira, afastou-a.
Eu continuei a encará-lo como uma idiota.
–Sente-se. – pediu com um lindo sorriso nos lábios. Desviei meu olhar e sentei na cadeira indicada por ele. Edward tomou o seu lugar e me serviu algo. Olhei o prato, era um pouco estranho, diferente do que Magdalena ou Eli preparavam.
–Por que estava usando avental? Onde está Magdalena e Eli? – perguntei olhando em volta.
–Magdalena ligou. Eli acordou indisposta e ela me pediu permissão para chegar mais tarde. Eu resolvi dar o dia de folga para elas duas visto que Eli não está bem e Magdalena claramente quer ficar perto da filha cuidando dela. Acha que fiz mal? – Edward me olhou especulativo. Olhei para o prato diante de mim.
–Você fez bem. – murmurei pegando o garfo e remexendo a comida.
–Eu fiz a comida dessa vez, não deve estar muito bom visto que é a primeira vez que cozinho. Se você quiser podemos parar em algum lugar e comer algo. – Edward sorriu constrangido. Olhei melhor o prato.
–Não parece estar tão ruim. A aparência dos ovos está boa. – apontei para os ovos em meu prato com o garfo.
–Hmmm... Não querendo desapontá-la, mas isso não é ovo. É uma panqueca. – disse e notei um tom divertido em sua voz. Olhei para a próxima opção do meu prato, o que eu julguei ser uma panqueca.
–Se isto é um ovo, o que é isso do lado? Pensei que fosse uma panqueca. – apontei para uma forma parecida com uma panqueca em meu prato.
–Esse aí é o ovo. Não consegui fazer uma panqueca consistente e acabei deixando a consistência para o ovo. – Edward parecia incrivelmente constrangido. Eu quis rir, ele parecia engraçado com aquele ar de constrangimento, mas a lembrança do pesadelo me pegou e o sorriso que pensei em mostrar a ele morreu. Encarei meu prato e comi a comida ofertada sem senti-la. Não fazia isso por que achava que devia estar horrível, mas por que eu estava alheia a tudo. Eu apenas me perguntava quanto tempo demoraria até Edward se cansar de mim e me colocar de lado.

–Eu posso fazer isso. – pediu. Eu o ignorei.
–Você fez o café, eu lavo a louça. É justo. – disse concentrando-me em lavar a louça suja. Edward estava de pé ao meu lado na pia. Após o café ajudou-me a levar a louça suja para lá e agora eu fazia a minha parte.
–Eu estava pensando... Já que ninguém estará aqui para cozinhar, e certamente você não quer conferir minhas habilidades na cozinha novamente, nós poderíamos almoçar juntos. – sugeriu. Eu o olhei e pude ver como a idéia o deixava feliz. Eu temi o sentimento que sua sugestão e sua expressão de alegria faziam comigo. Votei a encarar a louça que eu lavava.
–Eu vou almoçar com Ângela, nós sempre almoçamos juntas, então...
–Acho que Ângela não vai ligar se mais uma pessoa estiver com vocês.
–Edward, eu não acho uma boa idéia. O refeitório é para funcionários e a presença de um superior lá vai deixar a todos desconfortáveis. Vamos seguir com o nosso dia-a-dia intacto? – disse em uma voz firme. Enxuguei minhas mãos em um pano de prato e retirei o avental que usava. – Nós precisamos ir, não posso me atrasar.
–Ainda está cedo. Por que a urgência em sair para o trabalho? – perguntou e sua voz mostrava certo aborrecimento com algo.
–Eu ainda preciso passar no RH e justificar minha falta por ontem. – peguei minha bolsa e segui para a saída. Edward veio atrás de mim.
–Você não precisa justificar. Você é minha esposa então...
–Mas vou justificar mesmo assim. – eu o cortei. – Já disse que não quero privilégios só por que eu sou sua... – minha voz travou; algo instintivo. Eu não estava habituada a usar a alcunha de esposa.
–O que? É difícil pronunciar a palavra esposa? – seu rosto mostrava irritação, mas eu não conseguia descobrir o porquê de estar irritado.
Seguimos silenciosos até a garagem. Edward me olhava sem parar, um rastro de censura no olhar. Ao chegarmos à garagem, peguei as chaves da minha moto. Abri o compartimento onde estava o capacete, o peguei e coloquei na cabeça guardando em seu lugar minha bolsa. Fechei o compartimento e quando eu ia subir na moto...
–O que você está fazendo? – Edward perguntou. Eu o olhei, ele parecia surpreso.
–Pegando minha moto para ir ao trabalho. – disse sentando na moto.
–Eu pensei que você iria comigo no meu carro. – sua feição mostrava desapontamento. Não procurei refletir sobre o comportamento de Edward naquela manhã e o porquê de parecer aborrecido com cada coisa que eu fazia. Num tom frio até mesmo para mim, eu disse:
–Não pense que vou alterar as coisas que faço diariamente só por que estamos bem. – liguei a moto e parti.
Segui a uma velocidade razoável. Em pouco tempo Edward me alcançou com o carro. Continuei a dirigir tranquilamente. Procurei não pensar nos últimos acontecimentos, eles poderiam me distrair a tal ponto que perderia o controle da moto. De fato o sono teve um efeito bom para mim, como se fosse um remédio para as feridas em meu coração. Logo a dor voltaria então eu precisava estar em um lugar seguro e não em cima de uma moto.
Quando cheguei à garagem da empresa, desmontei rapidamente guardando meu capacete e pegando minha bolsa. Edward estacionou a alguns metros de mim, em sua vaga reservada, e se colocou ao meu lado quando comecei a caminhar para um dos elevadores dos funcionários. Estranhei quando ele entrou comigo.
–Você não vai pegar o seu elevador? – perguntei encostando-me nos fundos do elevador após apertar o botão do meu andar.
–Não me importo com o elevador que eu vou pegar desde que eu chegue aonde quero. – disse de costas para mim.
Após um pouco de silêncio, o elevador parou abruptamente. Atordoada, desencostei-me dos fundos do elevador.
–O que houve? – perguntei. Edward virou-se para mim. – Estamos presos aqui?
–Não. Eu apertei o botão de emergência e o elevador parou.
–Por que fez isso Edward? – eu o questionei seguindo para o painel a fim de apertar novamente o botão, assim o elevador seguiria. Edward segurou minha mão.
–Bella, nós precisamos conversar. – Edward disse com firmeza. Seu tom de voz e a expressão séria no rosto indicavam que uma conversa não muito boa viria. Voltei para o fundo do elevador, cruzando meus braços em frente ao corpo.
–Sobre o que você quer conversar? – perguntei. Os lábios de Edward se transformaram em uma linha reta.
–Você sabe sobre o que nós iremos conversar.
–Se eu soubesse, eu não perguntaria Edward. – meus pés batiam impacientes no chão. Eu não o olhava mais do que a cortesia permitia.
–Bella, eu estou tentando. Mas se você não ajudar, nós não conseguiremos. – eu o olhei com confusão. Edward bufou exasperado. – Estou falando desse muro que nos mantém afastados. Não finja que não existe tal muro. Eu estou tentando rompê-lo, mas sozinho não vou conseguir. Preciso que você tente também.
–O que exatamente você quer de mim? – perguntei. Minha pergunta deixou Edward ainda mais aborrecido.
–Quero que você faça algo Bella! Não aja como se ainda fossemos inimigos! Eu quero que você seja a minha esposa em sua totalidade! Eu quero que você...
–Edward, não dá! – disse irritada.
–Claro que dá! Será que vai doer você me abraçar, me beijar, falar um pouco mais carinhosamente comigo? Você sequer consegue dizer que é minha esposa, pelo amor de Deus! – levantou as mãos para o céu num gesto irritado. Sua respiração estava alterada, Edward todo estava alterado, parando para pensar, ele tinha seus motivos. Porém eu também tinha os meus para agir com certa indiferença. Fechei os olhos, passei as mãos pelo meu cabelo querendo me tranquilizar.
–Edward, eu entendo seus motivos para agir assim, para estar aborrecido, mas você precisa entender os meus que são muito mais lógicos que os seus. Tudo aconteceu rápido demais, entende? Eu ainda estou atordoada. Eu preciso de um tempo. Não prometo que tudo será perfeito, só seria perfeito se o passado fosse apagado, mas eu prometo tentar um pouco a cada dia.
–Eu sei Bella, mas eu... Eu queria pôr um ponto final. Eu queria tê-la como eu sempre desejei. Esperei muito por isso. – Edward mostrava-se frustrado, vencido pelos meus argumentos. Eu sabia que ele estava infeliz com meus atos.
–Sabe há quanto tempo eu desejo você? Eu desejo há muito mais tempo, desejei mesmo quando você me destratava. Então sua espera não é nada se comparada com a minha. – a mágoa era evidente em minha voz. Edward calou-se, claro. Pareceu ficar entregue a pensamentos por alguns instantes. Subitamente ele ofereceu sua mão, seus olhos em mim. Eu a segurei e fui puxada para os seus braços.
A princípio eu fiquei tensa, mas rapidamente relaxei nos braços de Edward. Inspirei seu cheiro, um cheiro delicioso. Eu me sentia bem ali com aquela estranha sensação de que aquele era o meu lugar. A cabeça de Edward inclinou-se e senti no ombro um beijo. Fiquei surpresa com o surto de paz que senti, ali, presa naquele elevador com Edward... Presa...
–Edward? – eu o chamei num fio de voz. Edward migrou seus lábios para a minha mandíbula.
–Sim? – sua voz fraca, os olhos fechados.
–Você não tinha problemas com lugares fechados?
Quando fiz essa pergunta Edward afastou-se. Olhou para mim evidentemente desconcertado.
–Bem... Eu...
E então eu percebi: ele havia mentido no dia em que ficamos presos nesse mesmo elevador.
–VOCÊ...! – eu o empurrei apertando o botão de emergência. O elevador voltou a funcionar.
–Eu menti por uma boa causa amor. Eu precisava conhecê-la e não sabia como me aproximar.
–BOA CAUSA O ESCAMBAL! EU QUASE MORRI DE PREOCUPAÇÃO NAQUELE DIA IMBECIL! – gritei sem me importar se alguém de alguns dos andares ouviria.
–Poxa amor não fica assim! Nunca contou uma mentirinha para conhecer alguém por quem se interessava? – virei para Edward ante sua pergunta. Minha cara irritada respondeu ao questionamento. – Eu acho que não.
O elevador se abriu e segui para fora, a passos apressados.
–Acho que não é um bom momento para convidá-la para jantar, não é?
Sem olhá-lo, mandei o dedo do meio para ele e fui para o corredor que levaria ao RH, precisava justificar minha falta. Ouvi a risada de Edward e então cada um seguiu com sua rotina.

–Eu estou... Eu não sei o que dizer. – Ângela murmurou.
–Eu sei. Eu também não acredito em tudo o que aconteceu. – confessei tomando um gole do meu suco. Estávamos no refeitório e eu havia contado tudo a Ângela. Ângela estava tão surpresa que ignorou a comida.
–Eu sei o que vai dizer. Eu sei que eu fiz besteira escolhendo Edward, teria sido mais sensato ficar com Jacob e...
–Bella?
–Que foi? – eu a olhei, mas não vi julgamento em seus olhos. Ângela sorria.
–Você está feliz? – perguntou. Abaixei a cabeça.
–Infelizmente sim.
–Então está tudo bem. Estará tudo bem desde que você esteja feliz.
–Pensei que você me censuraria.
–Ah, isso eu deixo com a Jessica quando souber. Ela sim vai censurá-la.
–Nem me fale. Jessica vai me matar, isso sim. – apoiei minha cabeça em uma mão.
–Não se preocupe com o julgamento dela. Diga que Edward é bom de cama e ela deixará para lá.
–Você acha? – perguntei entre um riso e outro.
–Com certeza amiga. Agora vamos terminar de comer.
Assim sendo continuamos nossa refeição e o assunto, para a minha felicidade, migrou para Ângela e seu relacionamento com Ben. Pensei que falar sobre ela seria bom, mas ao saber de como ela e Ben eram felizes, eu me senti mal. Eu me perguntava se algum dia Edward e eu seriamos assim, ou se nosso relacionamento conturbado estava fadado ao fracasso.

Pensava em Jacob. Nas mãos o meu celular e no visor as mensagens que Jacob enviou durante nosso tempo de namoro. Eu queria ligar para ele, suavizar os danos que causei.
“Você não pode fazer nada, pelo menos não por enquanto. O melhor é deixá-lo em paz.”.
Meus pensamentos eram racionais, mas minha vontade não. Disquei os dois primeiros números e quando ia discar o terceiro...
–Ocupada?
A voz masculina, tão próxima, me sobressaltou. Meu celular escapuliu das mãos e caiu no carpete.
–Que susto! – esbravejei. Quando notei que a pessoa que me observava era um estranho, procurei me recompor. – Desculpe. Eu estava...
–Tudo bem. Eu é que peço desculpas. – o sorriso do rapaz era simpático, apesar da minha rudeza.
–Deseja algo? – perguntei voltando minha atenção para o meu trabalho.
–Eu estava pensando se você poderia ceder esta cadeira que não está sendo ocupada. – apontou para a cadeira que antes pertencia a Jessica. – Por um descuido meu eu quebrei minha cadeira agora a pouco. Ah, meu nome é Demetri.
Demetri entrou em meu cubículo e ofertou sua mão. Aceitei o cumprimento.
–Bella, e pode pegar a cadeira se quiser. Está sem uso.
–Obrigado. – mas ao invés de pegar a cadeira e sair, Demetri sentou-se nela e virou-se para ficar de frente para mim.
–Sou novo por aqui.
–Sério? Realmente nunca o vi por aqui. De qual setor faz parte?
–Sou do setor artístico da empresa. – Demetri disse com seus olhos em mim.
–Do mesmo setor da Ângela. Você a conhece?
–Acho que sei quem é. Ela é a funcionária mais competente de lá. E você é do setor contábil, certo? – o sorriso de Demetri era bonito, sua postura despreocupada interessante.
–Estou interrompendo alguma coisa? – Demetri e eu nos viramos para ver quem nos interrompia, embora eu soubesse quem era.
–Senhor Cullen. – Demetri balbuciou. Levantou-se e ofereceu a mão para um cumprimento. – Oi. Eu sou novo aqui. Meu nome é... – Demetri abaixou a mão ao notar a postura defensiva, hostil de Edward. Os olhos de Edward fixados no crachá do rapaz.
–Gosta do seu emprego rapaz? – Edward perguntou. Demetri assentiu confuso. O rosto de Edward assumiu uma expressão maliciosa. – Que pena para você. – disse num falso lamento retirando o crachá do rapaz.
Eu entendi o que ele pretendia.
Levantei de minha cadeira e arranquei o crachá das mãos de Edward. Devolvi a Demetri.
–A gente se vê. – disse sorrindo. Demetri, confuso e um pouco temeroso, afastou-se. Olhei raivosa para Edward. 
–Que foi? – perguntou com ar de inocência.
–Não ouse demiti-lo. Ele não fez nada.
–Eu não diria isso pelo modo como ele a olhou. – falou azedo.
–Pare de imaginar coisas Edward! Você não pode... – Edward me calou colocando um dedo nos meus lábios.
–Não vim para discutir. Vim para convidá-la para jantar. – sorria. Uma postura tão despreocupada!
–Caso você não tenha entendido mostrar o meu dedo do meio foi um NÃO.
–Mostrar o dedo do meio é um VAI SE FERRAR, mas não é um NÃO. – disse maroto. Franzi os lábios.
–Você é sempre irritante quando está feliz?
–Não Bella, eu sou irritante quando estou amando. – e seus olhos não mentiam o que era uma droga. Eu estranhava tanto esse novo comportamento do Edward! – E então? – aproximou-se e sabia que sua intenção era me beijar. Tapei sua boca com uma mão.
–Se eu não estiver muito cansada eu irei. Agora vá trabalhar. – voltei ao meu lugar e minha atenção ao meu computador. Ouvi passos atrás de mim e o hálito de Edward em meu pescoço. Fechei os olhos, meu corpo tremendo ante sua aproximação. Edward beijou minha nuca, causando um leve tremor em meu corpo. Eu sorri.
–Jacob fazia isso também.
Parei.
O QUE DIABOS EU HAVIA DITO? POR QUE EU...
Quando me virei, Edward não estava mais lá.
–Merda.

–O senhor Cullen está em uma reunião. – a nova secretária de Edward, senhora Slater, disse. Eu assenti.
–Então ele vai sair tarde. Diga a ele que eu, que Bella foi direto para casa.
–Eu direi senhora Cullen. – sorriu com simpatia. Eu também sorri, embora meus olhos permanecessem sérios. Saí da sala de reuniões e com um suspiro resignado eu fui para a garagem. O expediente havia se encerrado. Eu estava tão cansada por ter passado boa parte do meu dia digitando e sentada que eu só queria uma cama.
Enquanto seguia para o estacionamento, eu me lembrei do que havia dito a Edward. Ele devia estar chateado com minhas palavras. Eu mesma sentia uma culpa incomoda.
“Talvez eu deva pedir desculpas...” – pensei. E então conclui que pedir desculpas não era adequado. Edward fizera tanta maldade comigo e eu perdoei, por que ele não poderia desculpar uma simples falta?
Montei em minha moto colocando o capacete e guardando minha bolsa. Eu a liguei com planos para ir a minha casa, tomar um bom banho e dormir. Eu precisava dormir, uma forma de não pensar nos problemas que me circundavam, problemas que espreitavam e, ao menor sinal de fraqueza, viriam me atormentar.
A garagem do meu prédio estava silenciosa como sempre. Após deixar a minha moto e seguir para os elevadores, ouvi um barulho de carro. Não olhei para ver que carro entrava desembestado na garagem. Continuei a caminhar despreocupada, ou pelo menos aparentando despreocupação. Pensava se a reunião foi uma forma de Edward me evitar após a comparação infeliz que fiz de seu ato com o que Jacob fazia.
Entrei no elevador e apertei o botão do meu andar. Quando ergui a vista eu vi Edward de pé, a mão na porta impedindo-a de fechar. Entrou arfante, ficando de frente para mim. Espantada com sua aparição repentina eu balbuciei algo como “eu não vi você”. 
–Pensei que tínhamos um trato. – disse com a respiração irregular. – Disse que iríamos jantar juntos. Por que veio para casa?
–Eu soube que estava em reunião então eu pensei que não daria para jantarmos. Além disso, eu estou cansada então eu pensei em... Eu posso preparar algo para comermos aqui. Não cozinho tão bem quanto um mestre cuca, mas acho que minha comida é boa.
No momento em que parei de falar, o elevador parou. Chegamos ao nosso andar. Saí já caçando as chaves na minha bolsa. Eu a peguei e abri a porta.
–Eu vou tomar um banho primeiro. Feche a porta ao passar por ela.
Eu dei um passo, dois em direção ao meu quarto. Não caminhei mais do que isso.
Meu braço foi puxado com força e minhas costas encontraram a porta. Arfei ante a rapidez com que fui jogada. Antes que pudesse entender o que se passava, lábios cobriram os meus em um beijo intenso, agressivo, exigindo ser correspondida a altura. Tentei afastá-lo colocando as mãos em seu peito, empurrando-o, mas Edward pegou minhas mãos mantendo-as entre as suas; presas.
Um calor crescente atingiu meu corpo. Pouco a pouco fui cedendo à luxúria de Edward, à sua urgência, entregando-me. Correspondi ao beijo intensamente, nossas línguas em uma dança sensual. O desejo dele, o meu desejo, mesclados num só. Enquanto nossos lábios se beijavam com urgência, as mãos de Edward passeavam pelo meu corpo, minhas costas, puxando-me para mais perto dele. E então desceram até minhas nádegas erguendo-me do chão. Circundei sua cintura com minhas pernas e seu pescoço com os meus braços. Edward nos desencostou da porta, caiu de joelhos no chão, e me deitou lá mesmo, no chão da sala. Afastou-se minimamente e usou suas mãos para me despir. Retirou com rapidez a jaqueta jeans preta que eu usava. A blusa branca e meu sutiã de renda rosa não tiveram a mesma sorte, Edward os puxou com muita força, rasgando-os. Eu sabia que deveria sentir dor pela excessiva força que ele usava, mas não conseguia encontrar minha voz nem motivação para pará-lo.
Seus lábios migraram para minha mandíbula, meu pescoço, minha clavícula, ombro, encontrando meus seios. Fechei os olhos deixando-me alheia a tudo, ciente apenas do prazer que Edward me proporcionava.
Novamente senti suas mãos em mim, acariciando, estimulando, proporcionando mais e mais prazer. Minha calça jeans deslizou pela minha pele, logo mais os sapatos que usava. Seus lábios no processo migraram para minha barriga, minhas coxas, pernas, até meus pés. Edward parou ali. De joelhos, o corpo levemente inclinado em minha direção, arfante, ele disse:
–Jacob não fazia isso, certo? Ele nem chegou a tocar intimamente em você. – seus dedos encontraram o elástico de minha calcinha, baixando-a lentamente. Fechei os olhos.  – Esse é um privilegio só meu. – continuou enquanto deixava-me completamente despida.
Quando experimentei olhá-lo, vi que retirava suas roupas lentamente, os olhos em mim, um meio sorriso nos lábios. Entendi o porquê de não haver mais urgência. Para que urgência? Ele me tinha nas mãos e sabia disso. Não precisava de pressa, não como antes quando Edward parecia louco para assegurar seu relacionamento comigo.
Retirou o casaco, o paletó, a camisa de botões mostrando o peito rijo de músculos poderosos, embora não houvesse excesso ali. Afastou-se. Até então não entendi o que faria. Num átimo pegou-me no colo, peças de nossas roupas esquecidas na sala. Entramos em seu quarto e Edward me jogou em sua cama. Pude ver, mesmo na penumbra do quarto, seus olhos em chamas enquanto olhava para mim. Deitou-se sobre mim voltando a me beijar com ardor, uma mão segurava minhas mãos acima da cabeça e a outra segurava um seio. A mão de Edward, antes no seio, desceu para a minha cintura, apertando-a. Não era um simples aperto, era um aperto insuportável.
–Edw... – tentei dizer entre seus lábios, mas Edward não me deu muito espaço. Eu consegui libertar uma mão e afastá-lo. Comprimi o rosto pela dor incomoda no local onde estava a mão de Edward. Ele pareceu entender o recado. Fechou os olhos e encostou sua testa na minha enquanto afrouxava o aperto em minha cintura.
–Não consigo me controlar. – murmurou. – Eu quero tanto você que...! – e seus olhos fixaram-se nos meus.
Silêncio. Respirações ofegantes pela rapidez com que chegamos à cama. Um sussurro na penumbra...
–Eu amo você. – disse enquanto acariciava meus lábios com a ponta dos dedos. Ergui minha mão e toquei sua face. Edward inclinou seu rosto em direção a minha mão apreciando o contato. Meus dedos passaram para o seu cabelo acobreado e eu o segurei puxando-o para mim.
Lábios em uma carícia contínua. Mais roupas pelo chão (roupas de Edward). Suas mãos em meu corpo, minhas mãos em seu corpo. Não havia nada mais sublime do que aquilo, fazer amor com a pessoa amada realmente eclipsava quaisquer dúvidas. Amanhã eu voltaria a ser a Bella indulgente e desconfiada, mas entre quatro paredes com Edward eu poderia recuperar um pouco da Bella esposa.
Estranho que dessa vez, enquanto estava dentro de mim, Edward quis que...
–Bella? – ele e chamou parando as investidas em meu corpo. – Olha para mim. – pediu. Eu abri meus olhos e olhei aqueles belos orbes cor de ouro.
Mais uma investida. Mais prazer. E enquanto nossos corpos procuravam novas formas de encaixe, novas formas de proporcionar prazer ao outro, eu desejei ser capaz de dizer a Edward que eu o amava. Mas eu não conseguia. Existiam muitos bloqueios em mim, bloqueios que surgiram durante nosso relacionamento. Eu não sabia se poderiam corresponder às expectativas de Edward como ele desejava, mas estava feliz por ele me dar tanto, como que compensando o tempo em que não foi o meu marido. 
Os minutos passaram e Edward parecia não estar completamente saciado. Sempre queria mais de mim e eu lhe oferecia. Eu oferecia beijos, abraços, carícias, meu calor, meu prazer...  E era correspondida a altura. E às vezes, enquanto nos tocávamos, trocávamos algumas palavras...
–No que você está pensando? – Edward me perguntou. Eu estava deitada de bruços e Edward estava deitado de lado bem próximo de mim. Nas minhas costas o passeio preguiçoso de seus dedos.
Eu estou pensando o quanto eu amo você, pensei. Não disse.
–Estava pensando que nós não jantamos e depois de tudo o que fizemos eu estou com fome. – falei em uma voz que mostrava o esgotamento físico. Edward sorriu maroto.
–Eu também quero comer algo.
–E o que seria? – perguntei. O sorriso de Edward se alargou. Deitou a cabeça no mesmo travesseiro em que minha cabeça repousava, nossas respirações mesclando-se num único ar.
–Você.     
A forma despreocupada com que falou não foi suficiente para atenuar o rubor que me tomou. De tão sem graça que fiquei com a brincadeira, senti vontade de sair do quarto. Edward não me deu chance alguma de escapatória. Colou seus lábios aos meus beijando-me calmamente dessa vez. Deitou-se sobre mim, eu já o sentia pronto.
Eu estava cansada, faminta, mas deixei tudo de lado para mais uma vez estar com Edward.

Quatro e cinco da manhã, o relógio dizia. Edward ressonava tranquilo. Eu o cobri melhor com o edredom e fiquei sentada na cama, bem próxima a ele, olhando-o. Passei minha mão pelo seu rosto, seus cabelos rebeldes, em seus lábios. Um dia de felicidade. Como eu esperei por isso! Como eu queria que os acontecimentos desse dia tivessem acontecido na nossa lua de mel!
Bella? Você vai se arrepender dessa escolha.
As palavras de Jacob vieram me atormentar. Afastei minha mão de Edward. Eu me aproximei de seu ouvido o suficiente e disse para um Edward inconsciente:
–Por favor, não me magoe mais. Não faça com que eu me arrependa. – implorei aos sussurros. Edward remexeu-se um pouco, mas continuou adormecido. Levantei da cama. Silenciosamente fui para fora do quarto de Edward, para o meu quarto, meu refugio, fechando a porta atrás de mim.

Continua...

Isso é que reconciliação! Depois de tanto tempo eles mereciam esse momento de amor selvagem e fogoso. Mas senti peninha do Jacob. Ele não merecia passar por isso. Ele gostava tanto dela e confiava no sentimento que ela parecia sentir por ele. Fiquei triste por ele. Mas tinha que ser assim, afinal Bella nunca deixou de amar o Edward e agora que as coisas estão se acalmando entre eles, acredito que a felicidade finalmente chegue para os dois. Beijos e até amanhã.
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8 comments:

  1. Oi honey!! Nossa esse cap foi muito quente ual!! Tb fiquei com peninha do Jake! Vamos ver como eles var ficar agora ne! espero q nao aparecam problemas com um certo nome " Tania" eu nao quero isso hein! Ate amanha beijusculo

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    1. Oi Nessie,
      Eu acho que a Tânia ainda vai dar dor de cabeça para o Edward sim, afinal mulheres como ela costumam ser bem vingativas quando excluídas. Só vamos esperar para que o estrago não seja muito grande.
      Beijos.

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  2. Amei o cap de hoje... Nao acho justo o JAcob sofrer, ele é tão bonzinho.

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    1. Também não acho justo o Jacob sofrer, mas ele sofreria mais se ela ficasse com ele ainda amando o Edward. Espero que ele encontre logo sua Renesmee e seja feliz.
      Beijos.

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  3. quantos cap vai ter essa fanfic ??

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  4. amei,amei.q calor,mais tbm to com dó do jake,so espero q o ed diga toda a verdade logo pra ela é horrivel saber da verdade por terceiros.AMANDO A FIC BJÃO!!!

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  5. Oi meninas :) Eu não sei não em... Acho que Tania vai aperecer por ai pra atormentar o Edward... Em fim a fic ta demais. Beijinhos!

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Twilight Moms Brasil é parte de mim e espero que seja de você também, Forever.

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