Título: O Contrato
Autora(o): Jack Sampaio
Contatos: @jacksampaio;
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http://escritosdejacksampaio.blogspot.com/
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, drama
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Linguagem Imprópria, Nudez, Sexo
O Contrato
By Jack Sampaio
Atenção: Este conteúdo foi classificado
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"
CAPÍTULO 43
Edward pov’s
Eu sabia que trabalharia o dobro assim que me tornasse o presidente da Cullen Publicidade, mas não imaginei que a carga de trabalho quadruplicaria. Os dias se passaram tão rápido que quase não percebi. Eu passava a maior parte do tempo para lá e para cá, cumprindo funções administrativas destinadas a mim. Acordava cedo, entrava e saia da empresa, terminando o meu dia tão cansado que só tinha energia para um banho e então ir para a cama. E era esse o meu maior problema.
Gosto de trabalhar, muito. Eu sempre amei a empresa e sempre gostei de participar disso, apesar de haver dias em que não me sinto disposto. Mas havia algo que estava me incomodando profundamente: eu mal via Bella. Eu não sabia o que ela estava sentindo com relação ao nosso afastamento, mas eu estava muito aborrecido. Eu acordava bem cedo, antes de Bella acordar. Dificilmente a via na empresa, pois eu estava sempre atarefado com algo. Ao anoitecer Bella já estava dormindo quando eu chegava. Às vezes eu a acordava só para conversar, mas era impossível tal coisa, pois Bella estava tão cansada que dizia coisas desconexas. Eu sentia uma terrível falta dela, nem mesmo as muitas mensagens e telefonemas que trocávamos eram o suficiente para mim. Desejava voltar aos dias de ouro que compartilhamos em nossa primeira (e verdadeira) lua de mel, quando não existia mais nada além de Bella e eu e uma macia cama para fazer todo o tipo de coisas excitantes e...
–Senhor Cullen? Está me ouvindo? – era a minha secretária, tirando-me de meu devaneio. Justo agora que eu teria fantasias eróticas com Bella... Que saco!
–Ah, sim. O que dizia senhora Slater? – tentei me recompor da melhor forma que pude. Ela apontou para a porta, onde um grupo de empresários esperava para uma audiência comigo.
–Este grupo de executivos tem uma hora marcada com o senhor.
–Ah, sim. Deixe-os entrar. – e voltei ao trabalho.
Definitivamente eu queria férias!
Se meu pai estivesse vivo, eu perguntaria a ele como conseguiu conciliar tanto trabalho com a vida promiscua regada a prostitutas que levava.
...
–Bella, está acordada? – perguntei sem, porém, obter resposta. Bella estava no último sono, o tipo de sono impossível de acordar. Ela parecia tão cansada, devia estar trabalhando arduamente como eu estava. Continuei sentado em minha cama, olhando-a dormir tranquilamente. Ergui uma mão, acariciando seus cabelos cor de mogno, graciosamente em desalinho em cima de meu travesseiro. Eu me inclinei, fazendo com que meus lábios ficassem próximos ao seu ouvido.
–Sinto sua falta. – murmurei, beijando sua bochecha direita. Eu não iria importuná-la, pois me bastaria, nessa noite, dormir ao seu lado.
...
Sim eu estava muito mal humorado. Além de não passar muito tempo com Bella, vendo-a ocasionalmente, eu iria viajar.
–Será por cinco dias em Dubai. Sua presença é muito importante. Se expandirmos nossos negócios para Dubai, a empresa certamente lucrará mais do que o esperado. – Aro falava empolgado. Se estava tão empolgado com a viagem, por que ele não ia no meu lugar? Eu queria ficar em casa com minha mulher, assistir a alguma sit.com estúpida com ela enquanto comíamos bobagens e então levá-la para cama. Simples assim.
–Diga-me: quando eu viajarei? – perguntei, olhando alguns papéis que estavam em minha mesa.
–Depois de amanhã senhor.
–O QUE? MAS ESTÁ CEDO DEMAIS! – esbravejei, enfurecido. Aro ficou surpreso com minha explosão. A senhora Slater me olhava como se eu fosse algum sociopata. Eles não entendiam que o que eu mais queria era ficar e não viajar quando as coisas já estavam tão tediosas para Bella e eu.
–Será por pouco tempo, cinco dias. E o senhor precisa ir. Eu o substituirei na empresa. – ele, Aro, sorria como se suas palavras me fizessem feliz. O que esse velho tinha na cabeça afinal? Por que ele não ia no meu lugar? E a resposta era simples: por que ele não poderia ser Edward Cullen. Eu era foda, mas isso, pela primeira vez, não me animou.
–Que seja. Não há outra alternativa, eu sei bem. – murmurei enquanto me afundava em lembranças desagradáveis. De um pai ausente, entregue as funções que lhe cabiam na empresa, deixando de lado a mulher e os filhos. Eu desejava ardentemente não acabar como o meu pai.
As horas se passaram comigo afogado em trabalho, cercado por um mar de rostos, todos de funcionários ou clientes. Queria ver o rosto da minha esposa, pensei. Durante esses dias eu mal a vi, e quando a via Bella dormia. Eu não queria apenas vê-la, eu queria ouvir sua voz e, por que não, os seus gemidos enquanto fazíamos amor.
Eu bem sabia que querer não era poder. Eu não poderia fugir de minha nova posição, por mais que quisesse. Eu só rezava para ter a oportunidade de conciliar a minha vida pessoal com a profissional. E eu realmente pensei que demoraria a isso, principalmente hoje em que eu sairia ao tarde e...
–Senhor Cullen, o último cliente do dia não virá. – a senhora Slater me informou.
–Por quê? – perguntei numa voz calma, mas por dentro eu estava eufórico. A simples idéia de voltar mais cedo para casa, para Bella, me deixava assim. Levantei de minha poltrona, pegando meu paletó que estava em cima da mesa e colocando-o.
–O senhor Batwin sofreu um acidente de carro. Um dos seus assessores ligou informando o ocorrido. – a minha secretária falava com num tom pesarosamente profissional. Ignorei isso.
–Ótimo! Estou indo. – saquei as chaves do meu carro enquanto caminhava apressado para o estacionamento. Dona Slater falou mais alguma coisa, tentando me passar a agenda de amanhã, mas eu a ignorei. Eu só queria chegar em casa e ter a minha esposa. Não havia nada melhor do que isso.
Murmurei boa noite aos poucos funcionários que encontrei pelo caminho, apenas o pessoal da limpeza, e peguei o meu carro no estacionamento. Dirigi mais rápido do que deveria, ignorando os sinais de trânsito. Peguei o meu celular do bolso do paletó, pensando em ligar para Bella e avisar que eu estava chegando cedo e que ela não deveria dormir ainda. Desisti enquanto me aproximava rapidamente da nossa casa, faria uma surpresa.
Cumprimentei Erick, que saía para ser substituído pelo segurança do turno da noite, e fui para os elevadores. Com o celular em mãos, contei os instantes em que entraria pela minha porta, o que não demorou a acontecer. Caminhei apressado, mas silencioso, pelos corredores escuros. O silêncio era absoluto e temi que Bella estivesse dormindo. Disquei para o seu celular, que certamente estava próximo a ela. Bella atendeu no primeiro toque.
–Jess, amanhã você me conta tudo o que tem para contar. Eu realmente preciso...
–Amor? – fiquei em dúvida, tentando entender o que Bella havia dito tão rapidamente. Ela estava me confundido com aquela sua amiga?
–Oi! Pensei que fosse a Jessica. Acabei de falar com ela. Onde você está? – sua voz que antes tinha um tom cansado pareceu mais animada. Fiquei feliz por isso.
–Eu estou aqui! – anunciei entrando no quarto, pegando Bella de surpresa. Minha esposa pulou pálida e temi ter feito uma grande burrice assustando-a.
–EDWARD! QUE SUSTO! – tentou se recompor. Enquanto ela desligava o celular e sentava na cama, eu a olhava, fascinado. Vestida muito informalmente, com pijama de flanela, e com os cabelos em completo desalinho ela era tão linda! Como resistir a uma mulher dessas?
–Desculpe. – após desligar meu celular, retirei o paletó e afrouxei a gravata. Eu estava tão radiante em vê-la desperta, parecendo um menino. – Finalmente encontro minha linda mulher acordada! Não mereço nada em comemoração a esse momento?
Não perdi tempo, ansioso para senti-la como antes. Joguei-me sobre ela, tendo o cuidado para não machucá-la. Rimos diante da situação cômica, e quando não estávamos rindo nós nos beijávamos ansiosos, para não perder um minuto sequer. Meus lábios foram para outras partes do corpo, famintos por ela toda.
–Por que chegou cedo? Geralmente chega depois de meia noite. – sua voz, sem potência, disse. Senti suas mãos em meus cabelos, correspondendo a mim.
–Tive um fortuito imprevisto que me liberou mais cedo. O último cliente do dia sofreu um acidente enquanto ia para a reunião na minha empresa.
–Edward! – bateu em meu ombro. – Como pode comemorar uma tragédia dessas? Não tem vergonha? – e eu podia ver a diversão em sua atitude.
–Pelo menos ele sofreu um acidente por uma boa causa. Deus quis nos unir e o usou. Agora não vamos desperdiçar essa chance.
E eu não desperdicei. Envoltos naquele momento único e excitante, minhas mãos não paravam de acariciá-la enquanto meus lábios a exploravam mais e mais, sentindo aquele seu gosto doce. Quase enlouqueci quando Bella tentava a todo custo me despir, tão desesperada quanto eu de fazermos amor e aplacarmos a saudade de dias sem nos tocarmos. Vendo sua ansiedade que ao invés de me despir tornava a tarefa mais complicada, eu me afastei.
–O que foi? – Bella perguntou, contrariada pelo meu “chega para lá”.
–Vamos fazer isso certo. Vou tomar um bom e demorado... Quero dizer, um bom e rápido banho. Você fica aqui deitadinha me esperando. Mas nada de dormir! – levantei, despindo-me de minhas roupas enquanto entrava no chuveiro.
Mesmo com a água do chuveiro fria, eu me sentia quente, muito quente. Meu corpo todo gritava pelo calor daquela mulher e, felizmente, eu iria me satisfazer. A tensão do trabalho, pouco a pouco, foi se dissolvendo enquanto eu me banhava naquelas águas. Eu queria me purificar de tudo para aproveitar uma noite de prazeres com Bella.
Após acabar o banho, vesti um roupão e segui para o quarto. Bella estava de pé, parecendo distraída. Eu a abracei por trás, notando a rigidez de seu corpo e a pele bonita, mais branca do que o normal.
–Amor? O que foi? – seu corpo tombou para trás e prontamente eu a amparei. Bella não estava bem, isso era visível. – Hei, você está pálida! – eu a levei até a cama, ajudando minha esposa a se sentar. Toquei seu rosto notando a frieza do mesmo.
–Aconteceu alguma coisa? Você está tão pálida! Parece até que viu um fantasma ou algo assim. – tentei lê-la e descobrir pela sua postura o que se passava, já que Bella passou uns bons minutos calada, desorientada. Eu estava prestes a questioná-la novamente quando ela falou:
–Não é nada. Acho que me levantei rápido demais. Estou zonza. – havia algo nos seus olhos, porém, que me fazia duvidar de suas desculpas. O que poderia estar acontecendo a minha mulher?
–Você tem se alimentado bem? Isso parece uma fraqueza. Talvez eu deva chamar um médico...
–Eu estou bem. Eu só preciso... Preciso de uns minutos. – pediu. Fiquei segurando suas mãos, procurando me acalmar. Não era nada, um mal estar apenas. Isso acontece, não é? Ainda assim fiquei preocupado. Bella parecia ser tão frágil e eu temia que algo acontecesse a ela. Comigo afastado, não tinha como cuidar dela e isso me aterrorizava.
–Melhor? – ela assentiu. – Tem certeza de que não precisa de um médico?
–Não. Eu estou bem. Eu só... Deve ser por que eu não comi bem nos últimos dias. – bingo! Ela não estava cuidando de si, focada apenas no trabalho.
–Você não comeu bem, não dormiu bem... Está deixando tudo de lado pelo trabalho. Isso não é bom. Bella eu sou ocupado, mas não descuido de mim. Eu pensei que você estivesse se cuidando por isso fiquei despreocupado. –Desabafei, tentando enfiar algum juízo naquela cabecinha que eu tanto amava. Não era possível que Bella fosse fazer uma tolice grande como deixar a saúde de lado.
–Me desculpe. – murmurou, reconhecendo o erro e a bobagem que estava fazendo, parecendo até envergonhada.
–Tudo bem. Eu cuidarei para que isso não se repita. Vou garantir que você não se sobrecarregue. – eu garantiria sua saúde a começar por um bom descanso. O sexo? Isso poderia acontecer quando ela estivesse bem e eu esperaria, claro. Mesmo que isso significasse me satisfazer só no pensamento, o que não é lá algo agradável para um homem ávido por sexo como eu. Eu a deitei na cama, cobrindo-a com o edredom.
–É melhor você descansar. – e quando ela me ouviu, pareceu revoltada.
–Descansar? Por um acaso se esqueceu o que nós iríamos fazer? – e eu entendi o porquê de sua revolta ao ouvir sua declaração. Minhas carícias antes do banho a haviam despertado e Bella queria saciar seu desejo, assim como eu. Eu não poderia ignorar o chamado do seu corpo.
–Claro que eu me lembro! Lembro perfeitamente... – provei dos seus lábios como se fosse à única coisa no mundo e, pouco a pouco, meu corpo foi tomado pelo desejo de possuí-la por completo. As mãos brancas e macias dela me despiram do roupão enquanto eu tentava despi-la. Peças de roupa foram sumindo, dando lugar apenas a pele macia e perfumada em contato com a minha. Eu me afastei, cheirando o perfume de seus cabelos sedosos.
–Estou viciado em você. Tem idéia do que eu passei enquanto estivemos separados? – eu a beijei e beijei e beijei... Beijar não bastava então apelei para o toque. Tocá-la também não bastou... Percebi, tarde demais, que nada bastaria. Eu sempre seria viciado nela toda e um único toque, um único beijo, nunca bastariam.
–Eu amo você. Eu te amo... – murmurei em seu ouvido, mordiscando sua orelha. Bella arfou, puxando-me para beijá-la, mostrando com atos o quanto ela me amava.
...
Cansados e suados, apenas o barulho dos nossos batimentos cardíacos e respirações aceleradas preenchiam o cômodo. Havíamos feito todo o tipo de loucuras, exigindo o máximo possível dos nossos corpos. Entregues aquele momento, foi difícil parar. Eu teria continuado por horas se Bella não aparentasse estar cansada.
–Cansou? – perguntei.
–Preciso dormir. Muito. Amanhã vai ser um dia atribulado. – aconchegou-se a mim, exausta. Beijei sua mão, vendo sua respiração ficar mais e mais lenta. Lembrei-me que tinha um anúncio a fazer a respeito da tediosa viagem a Dubai.
–Espere, tenho um comunicado a fazer antes de você dormir.
–Qual seria? – murmurou.
–Viajarei depois de amanhã. Será minha primeira viagem de negócios. Ficarei alguns dias em Dubai. – e me ocorreu que Bella poderia ir comigo, fazendo a viagem bem mais divertida. Claro que para isso Bella teria de faltar ao trabalho, algo que ela dificilmente aceitaria.
–Amanhã vou sair com Jess e Ângela depois do trabalho. Não posso me dar ao luxo de negar ou ela transformará minha vida um inferno.
Ela já tinha planos? Sair com as amigas para algum lugar, cercada de homens? Isso definitivamente não era nada bom.
–Você pode ir, mas... Escuta, talvez eu... – talvez eu possa ir com você, eu ia dizer. Patético, eu sei, mas eu não conseguia conter o meu ciúme. E não era apenas ciúme, era aquela sensação de que eu sempre estava de fora da vida dela. Um mero espectador, que só poderia ser dela e ela minha quando estávamos sós.
–Quer ir comigo? – ela disse, arrancando-me de meu devaneio.
–Está falando sério? Quer que eu vá com você? – eu tinha ouvido direito? Bella me convidando para sair com ela? Não era algo comum, ela sempre me mantinha longe de seus amigos por eles não gostarem de mim. Bom, eu também não gostava deles.
–Por que não? Acho que já está mais do que na hora de incluí-lo efetivamente na minha vida. Além disso, você precisa ampliar o seu círculo de amizades... Não que você tenha um. – Bella queria que eu fizesse parte da sua vida, mesmo que isso desagradasse os amigos. Eu não poderia querer algo melhor do que isso!
–De fato eu não tenho amigos, mas querer que meus primeiros amigos sejam os seus amigos que me odeiam é realmente estranho. Ainda assim eu aceito. Agora durma. – eu a assisti dormir, empolgado com o programa que teríamos juntos.
...
Bella ainda dormia. Não perdi tempo. Peguei o meu celular e disquei para a mesma agência de empregos onde consegui Tânia. Eu tinha uma idéia e seguiria com ela.
Bella andava cansada, debilitada, devido ao excesso de trabalho. Ela precisava de ajuda, mas eu daria mais do que isso. Eu daria a ela uma funcionária que faria todo o trabalho. Loucura? Sim, eu sabia, mas tudo era válido para mantê-la bem, até manipulá-la de um jeito que Bella odiaria. Por isso eu fiz o que fiz. Contratei uma nova contadora e pedi para que ela se apresentasse hoje mesmo, ocupando a antiga mesa de Jess. Após a contratação via telefone, me arrumei para mais um dia de trabalho.
...
–... E deve assinar estes papéis. Sua próxima reunião será daqui a pouco. – minha secretária me lançou um maço grosso de documentos e eu prontamente os assinei, entediado. Logo atendi aos clientes, sabendo que teria o triplo de incumbências do dia anterior. Ainda assim eu não estava tão mal humorado por que, afinal, consegui ficar ontem com Bella depois de dias afastados. Mas ela era como uma droga, quanto mais eu a tinha, mais eu a queria.
–Bom dia senhor Cullen. É um prazer estar diante de sua pessoa. –disse Elliot enquanto seu assistente assentia. Sentaram-se a minha frente e logo o assunto principal foi colocado em pauta, afinal de contas meu tempo era precioso demais para conversinhas sem sentido. Verdade seja dita a reunião durou apenas alguns minutos por que logo fui interrompido pela senhora Slater.
–Senhor, sua esposa está a sua espera. Deseja conversar com o senhor.
–Ah, sim! Senhores, eu encerro este encontro. Tenho um assunto importante a tratar. – não era importante, apenas um encontro com uma Bella furiosa. Ela provavelmente encontrou sua funcionária e veio reclamar, disso eu tinha certeza. E ela entrou a passos firmes, com uma expressão sisuda.
–Sabia que viria aqui, só não achei que viesse tão cedo. – levantei da mesa, pronto para abraçá-la. Bella tinha uma expressão cômica no rosto e tive de me segurar para não rir. – Olá meu amor! – tentei abraçá-la, mas como eu imaginei, minha esposa se esquivou.
–Não vem com essa para cima de mim! O que deu em você? Por que contratou alguém para trabalhar por mim? – numa postura agressiva, um dedo seu foi ao meu peito enquanto discursava. Seu rosto, mesmo contorcido de raiva, era belo.
–Amor, calma! Eu fiz isso por você. – segurei sua mão, apreciando o pouco contato oferecido. – Você não parecia bem ontem e reclamou do excesso de trabalho. Liguei para uma agência ontem e eles enviaram essa nova garota. – justifiquei, sabendo que minha boa ação não seria vista da forma como eu queria.
–Não me importo de dividir o trabalho, mas deixá-la fazer a minha parte é inaceitável!
–Como quiser desde que você se cuide. – a diversão se foi enquanto eu me lembrava do seu mal estar de ontem. Uma Bella vulnerável. – Bella, se eu perceber novamente que sua saúde está comprometida pelo excesso de trabalho, eu faço algo pior do que contratar alguém para trabalhar no seu lugar enquanto você recebe seu salário.
Era uma ameaça, mas eu não fazia isso por mal. Eu me preocupava demais com ela, mais do que comigo mesmo. Eu não queria vê-la debilitada de forma alguma e faria o que fosse necessário para garantir sua saúde, mesmo que isso a contrariasse. Bella pareceu entender e procurou se acalmar.
–Tudo bem. Eu vou me cuidar. Voltarei ao trabalho agora. – surpreendentemente ela me beijou e seguiu para a porta. Fiquei abismado com sua atitude. Ela achava mesmo que depois de vir até mim, numa postura defensiva e sexy, eu a deixaria ir?
Impedi sua passagem, mantendo-a em minha sala. Bella ficou surpresa e tentou protestar quando eu a prensei na parede, mas eu a calei rapidamente com um beijo. Abracei seu corpo pequeno, apreciando nosso contato apesar das roupas. Soltei um baixo gemido quando Bella começou a reagir a mim, permitindo que eu aprofundasse o beijo mais e mais.
Não sei como consegui a proeza de nos deitar, mas assim que o fiz eu fui ainda mais afoito nela. Meu corpo queimava pelo desejo e sensações que Bella me transmitia. Eu quis, mais do que qualquer coisa, me afundar naquela mulher, marcando-a como minha novamente.
Senti um leve empurrão, apenas para eu me lembrar que outras partes do corpo da minha esposa precisavam ser beijadas.
–Pára! Aqui é o local de trabalho! – sua voz, raivosa, disse. A voz parecia distante, tão distante para ser de fato compreendida. Eu continuei as carícias, algo quase beirando a agressão, de tão tomado pela luxúria e desejo por aquela mulher. E faltava pouco, tão pouco para eu estar dentro dela que... Que eu fui empurrado. Eu me afastei, estranhando aquele ato e já estava pronto para questioná-la.
–O que foi? – minha respiração aos arquejos. Bella procurou ajeitar as roupas enquanto continuava a se afastar.
–Não vou transar com você aqui! – anunciou. Eu a olhei espantado a frustrado. Não havia motivos para pararmos, ou para ela se aborrecer. Estávamos apenas curtindo, como fazemos sempre...
–Qual é Bella! Para pessoas que têm um relacionamento, fazer coisas proibidas em locais públicos é normal. – eu não acreditava que, depois de tudo, Bella me privaria de certas coisas sem motivo. Nós já havíamos feito tantas coisas, criado tanta intimidade, que era inaceitável ela me negar um pouco mais de intimidade e...
–Não me confunda com aquela vadia que você costumava agarrar aqui no escritório! Eu não sou a Tânia, nunca serei como ela! – ela gritou, assustando-me. Fiquei parado enquanto ela se afastava mais e mais de mim, como se eu fosse um leproso. Marchou para fora sem olhar para mim, movida pela raiva de ser comparada... Comparada com Tânia.
Eu havia percebido, tarde demais, a besteira que havia feito.
...
Mesmo cheio de incumbências, minha mente não conseguiu deixar de lado o incidente com Bella. Enquanto atendia clientes, assinava contratos e revisava relatórios, fui compreendendo o que havia acontecido.
Bella soube de alguma forma, sobre mim e Tânia... E sabia também que nós fizemos algumas coisas impróprias no escritório. Ela associou o que tentei fazer com ela a uma tentativa de reviver meus momentos com Tânia?
–Senhor Cullen, suas reuniões do dia se encerraram.
–Mas já? Pensei que meu dia seria completamente atarefado, como os outros dias. – resmunguei com a senhora Slater, enquanto meus olhos fitavam uma fotografia minha e de Bella na minha mesa. A foto fora tirada durante nossa viagem as montanhas, Bella estava linda naquela manhã, olhando a paisagem gelada enquanto segurava uma xícara de chocolate quente.
–Houveram alguns adiamentos de última hora. Poderá ir para casa mais cedo. – sorriu, acreditando que era isso o que eu mais queria. Eu abraçaria aquele momento feliz, se Bella e eu estivéssemos bem. Mas não era esse o caso. De qualquer forma eu precisava me entender com ela.
Enquanto me levantava da poltrona, lembrei de minha viagem. Hora errada para ir, com Bella desapontada comigo. Eu precisava adiar, não queria deixar as coisas como estavam e resolver quando chegasse. No passado eu adiei dizer a Bella o quanto eu a amava e quase a perdi por isso.
–Onde está Aro? Você sabe? – minha secretária assentiu enquanto seus olhos estavam em minha agenda.
–Acredito que esteja em sua sala. Deseja falar com o senhor Volturi? Quer que eu o convoque?
–Não, senhora Slater. Irei até ele. – segui para a saída em direção a sala de Aro, entrando sem nem ao menos esperar a secretária dele me anunciar. Felizmente ele estava desocupado, cuidando de algum assunto com menos importância do que o meu. Pareceu surpreso quando me viu.
–Edward, o que há? – seu tom de voz imediatamente tornou-se preocupado. Ele sabia, eu não o procuraria se não fosse algo sério. Minha expressão facial também me denunciava.
–Sei que deveria viajar para Dubai amanhã, mas eu não poderei ir. – e pela sua expressão, eu sabia exatamente qual seria a reação de Aro. Balançou a cabeça, voltando a se sentar em sua poltrona.
–Edward, eu lamento, mas você precisa ir a esta viagem.
–Não estou dizendo que não irei! Quero penas adiar. Adie por pelo menos um dia. Tenho um assunto pendente que precisa de minha atenção. – minha voz me traia, eu estava desesperado para ficar. Meu ato deve ter tocado o Volturi, pois ele suspirou parecendo derrotado.
–Posso adiar para depois de amanhã. Nem um dia a mais.
–É o suficiente. Eu preciso ir. – me apressei em sair, deixando de lado as regras de etiqueta que me exigiam cumprimentá-lo e agradecê-lo pelo adiamento. Esperava encontrar Bella e assim começar a implorar o seu perdão.
Saí da sala de Aro seguindo direto para o setor contábil. Tive esperanças de encontrá-la em sua sala, mas Heidi me informou que minha mulher havia saído.
Ela foi se encontrar com os amigos – eu pensei. O encontro a que eu fora convidado, antes de nossa briga. Poderia segui-la como fizera tantas vezes, mas optei por voltar para casa. Eu não queria enraivecê-la ainda mais e certamente ir sem ser convidado não iria agradá-la.
O apartamento estava vazio. Segui para o meu quarto, retirando meu paletó quando entrei. Enquanto mais peças de roupas eram retiradas, peguei o meu celular e liguei para ela, mas Bella não me atendeu. Minha preocupação aumentou exponencialmente enquanto as horas se passavam e meus telefonemas eram ignorados. Nem mesmo um demorado banho, seguindo de um drink, aplacou minha angústia.
Bella ficou magoada com o meu ato e ela teve motivos. Como eu pude ser tão insensível com ela, ignorando suas vontades? Como eu pude pensar que ela se equiparava a mulheres vulgares como Tânia?
Agora Bella estava triste, magoada, com raiva... Tantos sentimentos negativos a atormentavam! Procurava, agora, a única forma que encontrou de esquecer o incidente: ficando longe de mim.
Sentado na cama enquanto me remoia pelos meus atos imprudentes, mantive o celular próximo a mim. Talvez ela me ligasse, aplacando a insegurança que me tomava.
O relógio continuava a tiquetaquear ensurdecedor, aumentando minha apreensão. Não me contive e liguei novamente. Para a minha surpresa ouvi o seu celular tocando bem próximo do meu quarto, indicando que ela já estava em casa. Meu coração bateu descompassado com a descoberta e resolvi apurar meus sentidos para saber o que ela faria. Viria até mim? Eu queria que isso acontecesse, mas para o meu desapontamento eu ouvi a porta do seu quarto ser aberta e em seguida fechada.
Ótimo, ela provavelmente estava com raiva. Eu teria que me aproximar e implorar pelo seu perdão. Eu faria isso sem titubear. Levantei, ficando de frente para a minha porta. Depois de alguns minutos inesperadamente longos eu entrei em seu quarto.
Bella estava deitada de lado com o rosto virado para a parede. Não conseguia saber se ela estava acordada ou dormindo.
–Bella, está acordada? – perguntei. Nada aconteceu. Ou Bella estava dormindo, ou eu estava claramente sendo ignorado. Olhei para a saída, cogitando a possibilidade de deixar as desculpas para amanhã.
–Eu não estou dormindo. – sua voz era baixa, talvez nem fosse sua intenção que eu ouvisse. Para mim suas palavras eram um convite. Entrei devagar, sem querer ser muito intrusivo, deitando na cama ao seu lado. Eu a abracei, apreciando aquele contato que me fora negado o dia todo.
–O que eu fiz hoje... Eu peço... – perdão. Desculpas. Eu fui um idiota. Você pode me chutar... Sim, eu tinha muito a dizer.
–Não precisa pedir desculpas Fui eu que errei e não você. Eu não deveria ter feito uma tempestade em um copo de água como eu fiz. Não sei o que deu em mim, eu só... – Bella parou de falar, parecendo emocionada demais. Como ela poderia achar que era a culpada? Isso era inaceitável!
–Não, eu preciso me desculpar. O que eu fiz foi errado. Eu me deixei levar pelo momento e só pensei em mim. Eu deveria ter avaliado sua reação, percebido que você não queria e me afastado. Mas eu quero que saiba que não era minha intenção tratá-la como uma qualquer. – a verdade saiu num jato, enquanto o sentimento de angústia me tomava. Eu queria, precisava, que Bella me entendesse e me perdoasse. Eu não havia feito por mal, não quis compará-la com Tânia, embora meus atos sugerissem isso.
–Eu sei. – foi tudo o que Bella disse. Nenhuma palavra precisava ser dita, eu sabia. Ela virou-se para mim, escondendo seu rosto em meu peito. Eu a abracei, sabendo que teria de tocar em um assunto que a entristecia, algo necessário para mostrar a ela que Tânia não era ninguém.
–Eu traí você com Tânia... – pude sentir a tensão em seu corpo quando comecei. – e com prostitutas. Eu achava que não estava fazendo nada demais na época, mas agora me arrependo amargamente. Se eu pudesse voltar, você teria sido a única mulher com quem eu faria amor desde que eu a conheci. – e eu voltaria, Deus, como voltaria para ser outra pessoa! Eu faria de tudo para fazê-la feliz.
–Edward, eu não quero... – ela não queria ouvir, protestaria, mas eu não deixaria o assunto em suspenso nunca mais.
–Escute! Eu preciso esclarecer tudo! Eu fiz tantas coisas de que me envergonho e não posso mudar, mas posso me arrepender Bella. Eu amo você. Eu quero você sempre comigo. Você será a única para mim agora, ninguém pode ocupar o seu lugar.
A intensidade dos meus sentimentos... Eu nunca imaginei que seria tão verdadeiro com uma mulher, assim como imaginei que nunca amaria tanto alguém como amo Bella. As coisas aconteceram de forma inesperada, mas aconteceram. Eu era grato por ter tudo isso, mesmo não sendo merecedor.
O corpo de minha mulher foi relaxando à medida que minhas palavras a atingiam. Acreditei que ela dormiria assim, nos meus braços, de tão quieta que estava, mas sua voz soou em alto e bom som pelo aposento.
–Vai viajar amanhã, não é? – e naquela pergunta retórica, eu pude detectar uma pontada de tristeza. Ela não queria que eu fosse... Eu não queria ir sem ela.
–Não. Eu adiei a viagem para depois de amanhã. Queria permanecer por mais tempo, mas não consegui. Eu não viajaria brigado com você, Bella. – seu toque em meu rosto foi doce, beijei sua mão em agradecimento a carícia.
–Não quero, nunca mais, brigar com você. – não era um pedido. Eu estava implorando para que isso não acontecesse. Estava cansado demais de brigar, dessa tensão que sempre estava à espreita, pronta para acabar com o clima de romance. Bella também estava cansada, eu sentia. Enxuguei as lágrimas que insistiam em sair de seus olhos e a abracei forte, com a promessa de que tudo ficaria bem.
...
Dormia tranquilamente em sua cama, abraçando um travesseiro. Ajeitei melhor o edredom para melhor aquecê-la. Já era manhã e eu estava pronto para mais um dia de trabalho, estava pronto e alimentado. Eu estava bem por que Bella e eu estávamos bem, mas havia algo, um pressentimento, de que alguma coisa iria acontecer.
Bobagem, eu pensava enquanto saía do nosso apartamento, seguindo para meu escritório. E como eu imaginei, ao chegar lá, fui recepcionado por um bando de puxa-sacos e por minha secretária louca para encher o meu dia de tarefas. Eu as aceitei como de praxe, usando minha já conhecida paciência e profissionalismo para lidar com os problemas diários. Ainda sim, uma parte da minha mente teimava em relembrar a noite e me punir pelos erros do presente e passado. Provavelmente eu viveria assim pelo resto de meus dias.
Em meio a um turbilhão de atividades, eis que minha secretária me interrompe. Eu pretendia passar aquele sermão por entrar em minha sala durante uma importante ligação, mas o que ela disse calou-me.
–A senhora Cullen deseja falar com o senhor. – disse. – Ela pode entrar?
–Claro! – quase gritei as palavras. Bella me procurando na minha sala? Era algo incomum. Teria acontecido alguma coisa? Fiquei tenso, esperando pela sua figura que logo passaria pela minha porta. Temia vê-la abatida ou qualquer coisa parecida com isso, mas o que eu vi realmente me tirou o fôlego.
Bella sempre foi bonita, uma pena que eu só tenha percebido isso quando ela mudara o visual, meses atrás. O que eu vi, no entanto, era mais do que estar bonita.
“Sexy...”, eu pensei excitado. Maquiagem mais pesada, roupas simples, mas muito mais curtas e provocantes, assumindo o estereótipo “secretária fatal”.
–Bella, por que você...? – eu tentei me atentar as roupas, a ela toda, mas eu não conseguia. Levantei da poltrona, contornando a mesa, desejando estreitar a distancia entre nós.
Bella também não me deu espaço para tentar observá-la. Caminhou rapidamente até mim, obrigando-me a sentar. Sentou em um colo e me cobriu de beijos, deixando-me desnorteado por alguns instantes. Quando consegui acordar, foi só contentamento. Eu a apertei contra mim, correspondendo ao beijo com loucura. A vontade de possuí-la veio com força devastadora, por isso acabamos deitados no chão tentando tirar a roupa do outro. Tentei tocá-la mais intimamente, infiltrando uma mão dentro de sua saia...
–Senhor Cullen, a reunião de duas horas. - minha secretária. PORCARIA!
–Vou cancelar a reunião. – eu estava bufando! Bella cede, realizando uma fantasia sexual minha e então somos interrompidos? Eu não me permitiria parar, não enquanto não estivesse plenamente saciado.
–Continuamos depois. – minha esposa sugeriu para o meu desapontamento. Eu estava queimando de desejo, algo que não poderia ser ignorado.
–Nem pensar! – esbravejei. Ela não poderia me deixar daquele jeito! Era desumano! Eu pretendia persuadi-la, afinal de contas eu sabia seduzir tão bem quando ela me mostrava ser capaz, mas a voz estridente de minha secretária, chamando-me para novas incumbências, quebrou o clima.
–Senhor Cullen? – repetiu a senhora Slater, impaciente.
–Vá para o trabalho. Hoje à noite o compensarei. – ela me beijou, afastando-se e tentando consertar o caos que estava suas roupas. Eu não poderia contestar, sei que nada conseguiria fazê-la mudar de idéia. Eu precisava de um plano, algo que mantivesse aceso aquele clima de luxúria e, por que não, amor e cumplicidade.
–Vamos jantar hoje. Eu providenciarei tudo. Após o seu expediente, espere-me. – um abraço e um beijo enquanto meu corpo ainda reclamava pelo dela. Nunca fui paciente, teria que ser agora. Não poderia atacá-la como fiz ontem, magoando-a. Mas olhando para minha mulher agora, que me olhava com desejo, eu desconfiei que ela aceitaria numa boa ser atacada.
...
Feita as reservas do restaurante, adiei boa parte dos meus compromissos para ficar livre. Bella me esperava em frente a minha sala, sorria. Peguei sua mão, guiando-a até o meu carro enquanto distribuía beijos aqui e ali em seu rosto e pescoço.
Conversamos sobre bobagens enquanto seguíamos para um restaurante chique na parte nobre da cidade. Bella parecia feliz, o incidente de ontem à tarde, esquecido. Mas eu já deveria saber que não teríamos paz fazendo algo tão simples.
–Ah, senhor Cullen! É um prazer encontrá-lo! – aquele foi o primeiro da noite a nos interromper. Muitos outros, funcionários e principalmente clientes, nos cumprimentaram.
Eu não poderia destratá-los, eram pessoas importantes. Confesso que enquanto sorria para eles, eu tinha pensamentos como “filho de uma puta”, “bastardo”, “viadinho” e outros bem mais depreciativos aos meus ouvintes. Bella estava aborrecida, olhando ao redor com tédio. Eu queria me desculpar, mas eu o fiz apenas com o olhar, sentindo-me amordaçado pelas convenções sociais. Às vezes aqueles que me cumprimentavam lembravam que eu estava acompanhado e cumprimentavam Bella. Ela era educada, mas era algo tão forçado que deixava o clima estranho.
Eu precisava salvar a nossa noite, o problema era como eu faria tal façanha...
–Vamos sair daqui. – ela disse com firmeza. Eu a olhei confuso.
–Sair?
–Que tal um programa mais simples, porém muito mais divertido? Assinado por Isabella Cullen. – o brilho nos seus olhos castanhos me despertou. Eu me vi eufórico como ela para deixar aquele lugar chato, cheio de pessoas esnobes.
–Você é o meu guia. Leve-me aonde quiser. – disse enquanto um sorriso malicioso brotava em meus lábios.
Seguimos para fora, apressados para o divertimento que Bella tinha em mente. Eu me vi como um pré-adolescente prestes a ter o seu primeiro encontro com a garota dos seus sonhos. Eu não sabia para onde iríamos, mas não me importava. Eu estava com Bella. Ir para o inferno seria como ir ao paraíso se ela estivesse comigo, segurando minha mão.
–Edward, pare o carro! – ela pediu e estacionei sem titubear. – Vamos para aquele festival.
Segui seu dedo indicador e vi: um festival. Balões, muita gente, música alta, comida gordurosa e de caráter duvidoso... Quando sugeri o inferno, eu estava só brincando. Deveria dizer a Bella que a idéia de estar num local lotado onde provavelmente afanariam minha carteira não me agradava?
–Quer ir para lá? – eu queria que ela dissesse não. Preferiria ir para casa e começar uma noite louca com ela na escuridão do meu quarto do que ser alisado por um monte de machos suados naquela festa da classe média.
–Claro. Vamos! Você vai gostar. – ela saiu, empolgada. Suspirei. Eu não poderia demovê-la. Eu era a favor de tudo o que a fizesse feliz.
Fomos para lá de mãos dadas e fiquei temeroso em deixar meu carro naquele beco, alguém poderia arranhar a pintura com um pedaço de prego. O barulho foi tornando-se mais e mais insuportável enquanto nos aproximávamos. Bella segurou fortemente minha mão enquanto minha outra mão estava no bolso onde eu tinha meus pertences de valor.
Com o passar dos minutos eu fui relaxando, afinal havia policiamento no local. Fizemos de tudo um pouco, até comer aquelas comidas preparadas por mãos nada higiênicas - definitivamente eu marcaria uma consulta com o meu gastroenterologista. Para a minha surpresa eu me diverti a valer, principalmente por que Bella estava radiante. Eu até comprei aquelas bugigangas Made in China que provavelmente são biodegradáveis de tão vagabundas, só para ampliar seu lindo sorriso. E no final daquela loucura de música e cheiro de churrasco queimado, além de uma dancinha com Bella, eu descobri que posso me divertir no meio dos favelados... Quero dizer, dos menos favorecidos.
–Está cansada? – eu praticamente a carreguei até o carro. Não deve ser fácil para uma mulher caminhar para lá e para cá com um salto daqueles, e ainda desviar do assédio de tantos operários necessitados querendo apalpar uma gostosa.
–Eu estou. – confessou. Não demorou a chegarmos ao nosso apartamento. Eu me perguntei se depois de uma noite tão intensa e, para ela, cansativa, Bella iria querer tomar um banho e dormir. Se fossem esses os seus planos... Eu tentaria persuadi-la, não estuprá-la.
Nossas compras foram deixadas em cima de um sofá e no outro Bella sentou-se. Estava cansada, maquiagem borrada, descabelada, simplesmente linda. Eu não poderia resisti-la, não agora. Sentei ao seu lado, olhando-a com fome. Eu me ajoelhei diante dela, contemplando-a como uma deusa, antes de me afundar nela e prová-la, como fizera antes.
Minhas mãos tocaram sua pele e foram subindo sua saia, subindo, subindo... Não resisti a olhá-la com aquela expressão de ansiedade e prazer e ergui meu corpo para beijá-la com sofreguidão. Minhas mãos retiraram suas roupas com ânsia e quando ela estava ali nua diante de mim, eu não me segurei. Abaixei minha cabeça e a beijei na sua feminilidade sem nenhum pudor, amando sua voz enquanto gemia meu nome.
Não permiti que gozasse, não agora. Bella protestou quando eu me afastei, mas pareceu se acalmar ao ver que não acabaríamos. Eu a peguei no colo e colei meus lábios nos dela, explorando com a língua cada canto do interior da sua boca. Ao chegar ao meu quarto, eu a deitei gentilmente. Mais roupas, as minhas, foram tiradas com pressa e suspirei quando minha pele nua entrou em contato com a pele dela.
A penetração demorou muito mais do que o habitual. Eu não estava interessado apenas nisso, queria estender o momento e proporcionar prazer a Bella das mais variadas formas. No entanto, me afundar dela, sentindo seu corpo me aceitar, era o frenesi.
Como eu amava essa mulher!
...
–Que horas você vai viajar amanhã? – perguntou, sonolenta. Lembrei que consegui adiar por um dia e havia sido algo bom. Infelizmente não poderia adiar mais.
–Cedo. – disse.
–Me acorda amanhã. Quero ir até o aeroporto com você. – eu acordaria. Eu queria me despedir adequadamente dela. E também queria levá-la comigo.
...
Bella estava calada e avoada. Eu sabia o motivo: ela não queria que eu partisse. Desde que nos reconciliamos, eu me mantive próximo a ela. Esta seria a primeira vez que nos separaríamos. Eu queria levá-la comigo, mas Bella não estava disposta a deixar o trabalho de lado por mim.
Conversamos pouco ao chegar, culpa também das poucas horas de sono. O momento chegou antes do esperado e nos despedimos no portão de embarque. Um funcionário estava ao meu lado, ele iria comigo.
–Eu preciso ir. Ligarei todos os dias e mandarei mensagens. – prometi, beijando-a com ímpeto. Bella correspondeu animadamente ao beijo, enchendo-me de contentamento.
–Ligue-me e eu vou atender. Não importa o horário. Edward fique bem em Dubai. Cuide-se. – seus olhos estavam marejados. Toquei seu rosto, sentindo uma sensação ruim que tentei ignorar.
–Digo o mesmo para você. Qualquer problema procure Alice, ela vai atender o celular se você ligar. Ligue-me também, eu sempre atenderei. – tive uma idéia, ligaria para Alice e pediria para que ela ficasse de olho em Bella. Sugeriria também para acompanhá-la à noite, levando-a a um lugar legal para jantar. Não queria que Bella passasse os dias saindo com as amigas e encontrando outros homens ao acaso. Não que eu não confiasse nela, mas...
E então chegou a hora. Senti um aperto no coração enquanto embarcava no avião. Um pressentimento ruim me tomava e não consegui ignorar. Olhei para a plataforma de embarque uma última vez e vi minha esposa acenar.
É, definitivamente os dias em que passaria em Dubai seriam longos!
–O que? Você quer que eu jante com Bella?
–Isso mesmo Alice. Não a quero sozinha. Procure ficar por perto, está bem? – eu estava temeroso de deixar Bella sozinha. E se acontecesse algo? Bella provavelmente não me contaria, tentando me poupar, e eu estaria longe para acudi-la. Não era próximo dos amigos dela para pedir ajuda, mas poderia pedir auxilio da minha irmã.
–Farei isso por que Bella é uma ótima companhia. Graças a ela eu posso brincar de ter uma Barbie em tamanho família! – a baixinha falava com alegria. Ela amava comprar roupas e vesti-las em Bella, algo que minha mulher repudiava, mas aceitava em prol de um bom relacionamento com a cunhada.
–Qualquer coisa ligue-me. Bella, diante de um problema, não me ligaria, querendo me poupar. Espero que você faça isso por ela. Até mais. – desliguei. Mandei uma mensagem para a minha esposa. Dali a algumas horas eu estaria em algum hotel luxuoso de Dubai, ocupado com trabalho.
...
Um resumo dos dois primeiros dias em Dubai: Trabalho, comidas esquisitas, noites mal dormidas e tédio. A única diversão que eu tinha era Dr. House pelo pay-per-view e falar com Bella, ou por mensagem de texto ou ligações. Ela dizia sempre que estava bem e fazia varias perguntas sobre mim, como eu estava, o que eu havia feito, o que estava comendo...
Ela era a melhor esposa que alguém poderia ter e me surpreendi ao notar que a antiga Bella voltara. Antes de mudar por causa do meu comportamento, ela era muito atenciosa e carinhosa. Cheguei a pensar que havia perdido isso, mas não perdi. Essa Bella estava escondida e finalmente havia se libertado.
–Então só fizeram isso? Você viu Bella ir direto para casa? – perguntei a Alice, a minha última ligação do dia. Alice me reportava como estava sendo passar as noites com Bella.
–Sim. Ela está bem, não precisa se preocupar. Credo Edward pare com essa desconfiança! – minha irmã esbravejou.
–Só quero garantir que ela fique bem durante a minha ausência.
–Você fala com ela todos os dias. Ela certamente reporta o que houve no seu dia. Ela pode contar com mais detalhes do que eu. Não precisa ficar me ligando e fazendo perguntas! – eu entendia sua raiva, eu provavelmente a acordei com essa ligação, não que eu me importasse com isso.
–Ok, mal humorada, eu vou... – ela desligou. Sorri. Procurei relaxar, pois logo teria uma reunião de trabalho.
...
Bella não estava atendendo o seu celular. Isso era estranho, ela sempre atendia as minhas ligações e respondia as minhas mensagens.
Era meu terceiro dia fora de casa, transitando pelas ruas bonitas de Dubai enquanto fazia minha empresa lucrar. Como em todos os dias a primeira coisa que fiz ao acordar foi ligar para ela, mas não consegui conversar.
“Talvez esteja ocupada...” – pensei. Dei prosseguimento aos meus compromissos, mas uma parte de mim se questionava do porque de Bella não ter me atendido.
Uma hora se passou e nada. Duas horas, três, tantas horas e minha apreensão crescia. Não era normal.
–Senhor Cullen? – meu secretário pediu a minha atenção. Tentei me abstrair daquele contratempo e consegui, por alguns instantes no decorrer do dia, me ocupar com o trabalho. Mas falar com Bella era a única coisa do meu dia que me deixava feliz então não era algo que eu poderia ignorar.
Ligações, mensagens de texto, e-mails... Resolvi ligar para o chefe do departamento do setor contábil e assim falar com Bella, ela deveria estar na empresa agora. Foi naquele momento que eu percebi a gravidade do negócio.
–Ela não veio, senhor Cullen. Não justificou sua falta também. – a voz do homem era monótona e profissional, como um robô.
–Como assim? Tem certeza? Bella não falta. – minha voz estava estridente, nervosa. Trocamos mais algumas palavras, mas ele não me disse nada que valesse a pena. Só havia mais uma pessoa para ligar, alguém que certamente a viu pela última vez.
Alice.
O problema era que, assim como Bella, Alice não atendeu. Pensei que poderia estar acontecendo uma conspiração das duas, a mando de Alice, para me infernizar. Não, minha irmã me conhece, sabe como eu fico instável quando sou contrariado. Ela poderia me contrariar, mas envolver Bella seria ultrapassar todos os limites. E depois de vários minutos, horas eu arriscaria dizer, ela retornou.
–Alice, é você?
–Claro que sou eu seu cabeção! Por que ligou para mim tantas vezes seu psicopata? – sua voz era de falsa raiva, ela devia estar se divertindo com o meu desespero.
–Eu não teria ligado tantas vezes se você tivesse atendido o seu maldito celular! Sabe há quanto tempo eu estou ligando? Por que não me atendeu? – descontei nela toda a raiva e confusão que eu estava sentindo. Ela não se magoaria, estava acostumada ao meu lado estúpido.
–Calma! O que você quer? – finalmente percebeu que o negócio era sério! Ela era a minha única esperança, ela tinha que me ajudar a falar com minha esposa.
–Não consegui falar com Bella o dia todo. Estou preocupado. Você ainda está na empresa? Você a viu? – por favor, diga que a viu e que ela está bem! Eu não queria ouvir notícias ruins!
–Ela não veio trabalhar. Eu soube pela colega de trabalho dela e pelo chefe da parte contábil. Estou indo ao seu apartamento para ver se ela está bem e saber por que cortou comunicação com o mundo. – então ela não sabia de nada também. Além disso, ela estava me confirmando à notícia dita pelo chefe do departamento. Eu cheguei a duvidar das suas palavras, confesso.
–Faça isso, por favor. Bella sempre atende as minhas ligações, não importa a que horas eu ligue. Além disso, ela não costuma faltar. Liguei para o seu celular e para o telefone residencial do meu apartamento, mas ninguém atende. Eu também falei com o chefe do departamento dela, ele disse que ela não havia aparecido, mas como ele é muito ocupado talvez não a tivesse notado. – eu estava com medo. Nada do que estava acontecendo a Bella parecia normal. Nunca fui de rezar, mas eu fiz uma prece rápida enquanto falava com a transloucada da minha irmã.
–Acalme-se. Eu vou até lá e ligo para você. Até mais. – desligou. Agora vinha a parte ao qual eu não estava acostumado: esperar. E eu esperei. Os pensamentos a mil enquanto fazia uma e outra coisa.
Fiquei tentado a ligar para Alice de cinco em cinco minutos em busca de notícias, mas me controlei. Eu teria que dar um tempo para ela chegar ao meu apartamento e procurar pela minha mulher. Transpareci meu nervosismo e constantemente algum funcionário perguntava se eu estava bem. Dizia que sim, mas em momento algum convenci alguém. Chequei diversas vezes às horas no meu relógio de pulso, sabendo que logo seria noite para mim, final do expediente, enquanto lá continuava de manhã.
...
Alice não atendia o celular. O que estava acontecendo do outro lado do oceano? Seria a brincadeira “irrite o Edward” dando-lhe um gelo? Bella não atendia, Alice não atendia, até Jasper não estava atendendo! Eu poderia esperar e ligar para o número da empresa no outro dia, mas eu estava impaciente demais para isso. Adiei todos os meus compromissos e comprei passagens para o outro dia.
Voltaria para casa e dane-se se não cumpri com todas as minhas tarefas. O que eu não poderia era ignorar toda a estranheza de perder contato com todos do outro lado e deixar por isso mesmo. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas eu conhecia minha esposa e sabia que ela não sacanearia comigo. Alice sim, ela não.
Na manhã seguinte, contrariando todos os envolvidos no novo negócio que eu estava fechando, segui para os Estados Unidos. Tentei várias vezes falar com alguém do outro lado, mas tudo continuava na mesma. Eu sabia o que faria assim que pisasse em terra, seguiria para casa e procuraria por Bella. Ou deveria procurá-la na empresa? Ela ainda não atendia minhas ligações.
Cheguei bem tarde no país, seguindo de táxi para a empresa onde provavelmente Bella estaria. Liguei para Alice, por hábito, pensando que ela não me atenderia. Ela atendeu.
–Edward...
–O QUE DIABOS VOCÊ FEZ? POR QUE NÃO ATENDEU A MERDA DAS MINHAS LIGAÇÕES? – gritei, enlouquecido. Eu queria esganá-la! Felizmente eu veria Bella antes e certamente matar a saudade aplacaria a raiva que sentia de minha irmã e, até, do meu cunhado.
–Olha, longa história. – ela estava com uma voz estranha e estava falando pouco, algo atípico dela.
–Eu cheguei de Dubai. Estou indo para a empresa encontrar minha mulher. Ela provavelmente está lá trabalhando. – comentei, instruindo o taxista onde se localizava a empresa.
–Edward, venha para sua casa antes. Precisamos conversar. Além disso, Bella pode não estar na empresa. – seu tom de voz era muito estranho e tive a certeza de que algo muito sério estava acontecendo. Eu não conseguia raciocinar e assim descobrir o que estava acontecendo, para isso precisaria da ajuda de alguém e, no momento, apenas a minha irmã eu sabia localizar.
–Tudo bem. Estou indo para casa agora. – desliguei o celular, informando ao taxista a mudança de rota. Tentei, sem sucesso, falar com Bella através do seu celular, mas não fui atendido.
Um misto de preocupação e medo me tomou durante toda a viagem para casa. Lembrei que a tática de me ignorar era nova para Bella, mas não para Alice. Minha irmã era assim, sempre que queria fugir de uma situação complicada evitava a todos, especialmente a pessoa que ainda não sabia o que estava acontecendo. Foi assim com a nossa mãe. Ela foi a primeira a encontrar o corpo, mas fugiu ao invés de avisar a alguém.
Estaria acontecendo a mesma coisa agora? Ela estaria me evitando para não contar o que realmente estava acontecendo?
–Chegamos. – a voz rouca do taxista me assustou, tirando-me a força do meu devaneio. Joguei algumas notas a ele, muito mais do que me cobrara e, com sua ajuda e posteriormente a ajuda do porteiro Erick, segui para a porta do meu apartamento com as minhas malas.
Meu celular tocava frenético, provavelmente as pessoas que eu deixei em Dubai sem maiores explicações. Aro me daria uma bela bronca quando nos encontrássemos e provavelmente seria taxado de incompetente, mas isso não me importava. Bella era a minha prioridade agora, por isso deixei tudo e voltei para casa, por isso vim até o meu apartamento a fim de saber o que se passava. Eu esperava encontrá-la lá, talvez doente demais para falar comigo, – a explicação perfeita para não ter atendido meus telefonemas – mas quem eu encontrei foi...
–Alice, onde ela está? – perguntei, deixando minhas malas em frente ao apartamento enquanto adentrava furioso meu apartamento. Eu me detive ao olhar melhor para minha irmã, ela estava sentada no sofá da sala, olhando seriamente para mim. Aquela expressão, o modo como mexia freneticamente as mãos, denunciou seu nervosismo.
Nada bom, pensei. Tudo, o silêncio no apartamento, Alice vestindo roupas sem graça e sem maquiagem e até os estranhos comportamentos dela e Bella indicavam algo mais do que uma brincadeira.
–Edward... – ela hesitava. MERDA! – Uma coisa aconteceu ontem com a Bella... – Alice não me olhava nos olhos. O que eu tinha nas mãos caiu e soou alto demais ao encontrar o chão.
–Me diga que ela está bem. – murmurei. Se ela sofreu um acidente e estivesse mal em algum lugar eu...
–Ela está bem, em algum lugar.
Eu percebi.
–Onde ela está? O que exatamente aconteceu? – dei um passo hesitante em direção ao corredor, mas meus olhos ainda estavam em Alice.
–Tânia a visitou ontem. Ela sabe de tudo agora. – sua voz era firme, mas seus olhos. Os seus olhos...
–Não... NÃO! É MENTIRA! MENTIRA! – gritei, correndo para o interior do apartamento. Rapidamente cheguei ao quarto de Bella. Liguei a luz e olhei para os lados, esperando vê-la lá. Nada.
–BELLA! – gritei inutilmente. Nada no banheiro. Abri o seu closet, mas não havia nada. Absolutamente nada no quarto inteiro.
Eu estava errado, havia sim algo. Em cima da cama, jogado de qualquer jeito, uma pilha de documentos que logo reconheci: o testamento do meu pai.
Como um leproso, caminhei lentamente até a cama, pegando o papel e olhando-o. Era o testamento, o original que deveria estar no cofre na sala da presidência. Tânia entregara isso a ela? Como havia conseguido o documento?
–Isso não pode ser verdade. Não havia forma de ela conseguir esse documento. – minha voz estava embargada. Eu sabia que estava entrando em estado catatônico. Isso tudo só podia ser um pesadelo!
–Tânia trabalhou com você durante um tempo e você contava muita coisa para ela. Tenho certeza de que ela já estava com esse documento antes de ser chutada da empresa. Fez isso para se vingar e isso é só um palpite meu. – ela havia dito tudo sem perceber. Eu poderia imaginar a cena... Tânia furtando o documento e colocando um papel qualquer em seu lugar, prevendo minha traição. Assim que eu a chutei ela ficou me observando, esperando pelo momento em que valeria a pena usar aquele documento contra mim. Ela deve ter percebido o amor que eu sentia por Bella – eu deixei muito óbvio tantas vezes! – e então...
–Eu vou matar aquela vadia! Mas antes preciso vê-la. Onde ela está? Você sabe? – levantei já determinado a encontrar Bella e conversar com ela. Eu faria de tudo, possível e impossível, para recuperar a minha esposa.
–Acho que ela está na empresa, falo da Bella. – não perdi mais tempo e segui para a saída. Peguei as chaves do meu carro e fui para a Cullen publicidade.
Enquanto eu dirigia, os últimos acontecimentos me esmagaram. Eu fui ficando ainda mais ciente da catástrofe que estava se abatendo sobre mim. Parece que foi ontem Bella e eu, tranquilos, curtindo nosso casamento. Eu não poderia acreditar que não seria mais assim.
“Respire Edward! Vai ficar tudo bem. Você explicará tudo e ela vai acreditar.” – pensei. Dirigi feito um louco pela avenida, ganhando multas e mais multas e posso apostar que também ganhei um arranhão na pintura do meu carro. Não importava. Nada disso estava importando. A única coisa que importava era me explicar a Bella.
Muitas pessoas mostraram surpresa a me ver pelos corredores da empresa. Todos sabiam que eu deveria estar em Dubai fechando um importante negócio. Logo Aro saberia que eu voltei e não me deixaria em paz. Fui diretamente ao cubículo onde Bella trabalha, mas só encontrei sua colega Heidi.
–Hei, onde está minha esposa? – eu perguntei ofegante pela corrida até aquele andar. Heidi se assustou e após se recompor resolveu falar.
–Ela foi para o RH.
Eu corri ainda mais rápido àquele setor. Por que ela iria ao RH? Ah, pergunta idiota! Se minha esposa está me odiando agora, a ponto de sair de casa, provavelmente pretende deixar o seu cargo de contadora. E a situação estava pior a cada momento, a cada nova descoberta minha.
Eu me lembro do medo que senti quando caminhei até o banheiro onde estava o corpo da minha mãe, após ser informado do que havia acontecido. Senti um medo tremendo do que iria encontrar, mesmo sendo avisado previamente. Eu estava vivendo novamente esse medo. Eu sabia que ela devia estar me odiando, a visão dos fatos exposta por Tânia deve ter sido deturpada, mas isso não mudava nada. Eu esperá-la vê-la irada, querendo me socar até a morte e evitando o meu toque. E mesmo sabendo de tudo isso, eu temia tanto!
Meus pés foram caminhando mais lentamente enquanto eu estava de frente para o RH. Como num passe de mágica a porta foi aberta, saindo então uma moça que olhava para o chão enquanto caminhava.
Eu a vi. O meu coração batia tão apressado, tão descompassado, que temi sofrer um ataque do coração. Eu olhei em seus olhos, mas algo em minha mente bloqueou a visão. Eu não queria ver ódio em seus olhos.
Bella continuou a caminhar em minha direção, casualmente, seus olhos fixos em mim, mas não me via. Era como se eu não estivesse ali. As mãos nos bolsos da calça, fones nos ouvidos... Ela teria passado diretamente por mim se eu não tivesse, em uma atitude ousada, ficado na sua frente.
Durante alguns instantes ficamos parados diante do outro. Bella tinha os olhos vazios, ela estava tão ferida! Poderia não demonstrar, em seu rosto não havia traços de lágrimas, não havia nada. Mas eu podia sentir. Eu podia sentir a sua dor mesmo que Bella fosse tão fria.
–Bella... – murmurei com a voz embargada. Eu queria dizer tudo, dizer o quanto eu a amava e o quanto eu sentia muito. Eu não poderia perdê-la. Bella tinha que me entender, ouvir a minha versão e me aceitar!
Eu ergui minha mão trêmula e tentei tocar o seu rosto. Bella sabia de minha intenção e não tentou se afastar, mas o que ela fez foi certamente pior. Olhou bem nos meus olhos, uma faísca de ódio visível e então...
Cuspiu em mim.
Eu fiquei atônico. Eu não esperava por isso, definitivamente não esperava.
–Eu tenho nojo de você. – falou fortemente. Suas palavras me magoaram, mas ela não se importava. Por que Bella sabia a verdade e por que, agora, eu era a pessoa que ela mais desprezava.
Continua...
E o inferno começa para o Edward. Era exatamente isso que ele poderia ter evitado se tivesse contado antes sobre o contrato. Agora vai ser muito difícil conseguir o perdão dela. Vamos torcer para que ele consiga. Beijos e até amanhã.
+ FANFICS ROBSTEN E BELLARD
amei esse capitulo!! Eu acho que o edward devia pegar a bella a força e leva-la para algun lugar e nao deixar ela sair até que ela tenha ouvido toda a história. Seria o que eu faria se eu fosse o edward. Mas, acho que vou ter que esperar até amanha para saber o resto.
ReplyDeletexoxo
Oii moms!! Nossa agora q ferrou tudo msm!! Vai penar muito se ele estivesse falando ne! Beijusculo ate.
ReplyDeleteBem todos sabem que adoro Edward, mais amo de paixão o Jake. Mas se Bella se encontrasse com Jake só o faria sofrer mais então Edward tem que forcar sua presença agora, nao pode se fazer de morto.
ReplyDeleteOh ansiedade pra chegar amanha as 17h.
Beijocas!!
Oi meninas! Meu Deus... Não acredito que ela cuspiu nele, mas bem que ele mereceu.
ReplyDeleteBeijinhos!
eu n esperava pelo cuspe
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