Boa tarde galera! Vamos descobrir o
motivo para Edward ficar todo esse tempo sem falar? E de quebra vamos dar mais
algumas boas gargalhadas com as loucuras da Alice...
Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Um Selvagem Diferente
By Lunah
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menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero
continuar!"
Capítulo 6 - Explicações e Armações
– Eu não podia falar, agora posso. Só isso. - Edward sentou-se perto do fogo.
– Só
isso? - fiquei chateada. - Acho que nos deve uma boa explicação. Nos fez passar
por idiotas.
– Não.
Vocês é que agiram como idiotas.
–
Aiiii... Essa doeu. - Alice sorriu. - O ex-mudinho tem a língua ferina.
Também
achei. Coloquei as mãos na cintura e o enfrentei.
– Qual
é a sua, cara? Fala pra mim! Estou começando a achar que toda essa história de
“garoto criado numa ilha” é mentira.
– Não
é mentira. - veio até mim. Já não tinha medo dele, por isso continuei a
desafiá-lo.
– Tudo
bem, pessoal. - Alice se pôs entre nós querendo quebrar a tensão. - Edward, por
favor, só nos conte o que está acontecendo. Estamos confusas.
O
pedido de minha amiga o fez ceder. Edward voltou a sentar-se diante do fogo.
Alice me impediu de pressioná-lo, então tivemos que esperar ele se manifestar.
Um minuto se passou e fui torturada pela curiosidade. Outro minuto correu e
minha ansiedade começou a se dissipar. No terceiro minuto senti-me tola por
exigir explicações, era nítido que Edward achava que não o compreenderíamos.
Sentei-me
no chão e perguntei com a voz branda:
– Por
que não falou comigo antes?
– Por
causa da Lua. - respondeu. Alice sentou-se do meu lado. - Só podia falar na
primeira Lua cheia do mês.
– Por
quê? É algum tipo de magia ou feitiço? - indaguei.
– Não.
- deu um meio sorriso. - É só o fechamento de um ciclo. O que o meu pai falou sobre
mim é verdade. Cresci na ilha Malaita e gosto muito de lá. Faz alguns anos que
estudo e admiro a tribo Waibirir. Para pessoas leigas eles podem parecer
estranhos e selvagens, mas na verdade são um povo íntegro e com uma cultura bem
consolidada.
– Você
e seu pai moram com eles? - perguntei chocada.
– Não,
a aldeia fica a alguns quilômetros de nossa casa. Como eu disse antes, admiro
muito os Waibirir e levei bastante tempo para convencer os anciãos da tribo a
me deixarem participar de uma cerimônia especial, um rito de passagem.
Geralmente é aplicado quando os garotos da tribo têm 15 anos, mas como eu
demorei a conquistar a confiança deles, só agora me concederam essa honra.
– Isso
é sério? - ri. Aquele papo de tribo e ritual era muito louco.
–
Rituais de passagem são muito comuns em praticamente todas as culturas.
Estabelece a transição da adolescência para a idade adulta. É como as festas de
debutantes, só que não são fúteis. É a transformação de um estado de
consciência para outro. - respondeu bem sério.
– Tá
certo. - Não era o momento de expor minha opinião. - Então, não falar faz parte
do ritual?
– É a
primeira fase e encerrou com a chegada da Lua cheia. Os anciãos acreditam que
todos em algum momento da vida devem ficar 30 dias sem falar, deve-se apenas
ouvir. E não é só porque se aprende muitas coisas, mas também é uma forma de
praticar o autocontrole.
–
Ficou trinta dias sem falar? - Alice embasbacou. - Minha nossa, como conseguiu?
– No
início foi fácil, só se tornou difícil quando vim para cá.
– É,
até imagino por que. - ela baixou a cabeça, constrangida.
– Não
entendo. Você podia ter falado comigo horas atrás, conversei com você na
cozinha. E mais... podia simplesmente ter nos avisado de seu ritual. Teria me
poupado muitos vexames. - de onde veio esse súbito rancor?
–
Precisava primeiro ficar sozinho e refletir sobre as coisas que aprendi antes
de falar qualquer coisa. Além disso, foram vocês que chegaram à conclusão de
que eu era surdo e mudo. Ninguém se deu ao trabalho de me perguntar.
Bufei
contrariada.
– Ed,
você falou que ficar mudo era a primeira fase. Quais são as outras? - Lice
ficou interessada.
–
Ainda não quero falar sobre isso.
–
Quando isso tudo acabar, o que ganha como prêmio? A aborígine mais bonita da
tribo? - ri.
Edward
balançou a cabeça como se eu tivesse falado uma grande estupidez. Eu bem sabia
que era grosseria fazer chacota da cultura que ele respeitava, mas não
conseguia evitar.
–
Posso confessar uma coisa? - Alice tratava tudo com naturalidade. Ela era tão
louca quanto ele.
– Sim.
- respondeu meio surpreso.
–
Achei que você era meio... burro. - riu envergonhada. - Desculpa. Agora vejo
que é bastante inteligente, no entanto, você sempre parece tão... perdido.
– É
porque estou perdido. - Edward riu. - Existem muitas coisas que não entendo.
Alguns costumes de vocês ainda são enigmas para mim.
– Como
foi sua criação? - a baixinha se aproximou dele.
–
Bem...
– Eu
preciso acordar cedo. - interrompi levantando-me. - Vou tentar dormir um pouco.
Vamos Alice.
– Vou
ficar mais um pouco. O papo está bom.
Fique
surpresa. O que tinha dado na criatura?
–
Então... tá. - respirei fundo, depois me arrastei até a casa.
Dormi
apenas três horas. Pela manhã me senti exausta e cheia de remorso. Não queria
ter sido rude com Edward, porém eu estava tão estressada com os desastres que
aconteceram comigo que acabei descontando um pouco nele. Não tinha o direito de
culpá-lo por não nos avisar que falava. O cara só estava se resguardando.
Levantei
da cama disposta a reverter a situação, afinal ainda precisava muito dele.
Sonolenta, cambaleei até o banheiro, lavei o rosto na pia, enxuguei-o com uma a
toalha de rosto e olhei para o espelho.
–
AAAAAAAAHHHHHHHHHH! - gritei assustada.
– O
que foi? - Emmett entrou correndo, acompanhado por Alice.
–
Bella, você está bem? - indagou Lice.
Eu me
virei para eles e indiquei a gigantesca espinha no meio da minha testa.
–
Caraca, o que é isso no teu rosto? - Emm parecia meio enojado.
– Que
espinha enorme. - Alice se aproximou. - Deixa eu espremer.
– Não!
- me afastei dela. - Vai deixar uma cicatriz, é pior.
–
Cara, você parece um unicórnio. - meu amigo gargalhou.
– Como
isso é possível? - me revoltei. - Que merda, Alice! Cadê minha sorte? Sua prima
é uma pilantra safada, nos enganou.
–
Calma Bel, sua sorte não vai voltar da noite para o dia. Pode ser que seja aos
poucos.
– Aos
poucos é a forma como vou matar você e a guru careca.
–
Vamos passar um remedinho aí no seu... furúnculo. - a cretina riu.
– Isso
não é um furúnculo! - quase chorei. Emmett tentou aproximar o dedo da espinha
querendo cutucá-la. - Como vou ficar andando por aí com isso na minha testa? -
dei um tapa na mão do idiota, impedindo-o de tocar a anomalia. - Vou falar com
os hóspedes e eles só vão conseguir prestar atenção à espinha.
–
Vamos passar uma pomadinha, você coloca uma bandana para disfarçar e fica tudo
numa boa. - respondeu Alice.
–
Bandana? - quase a estapeei.
(...)
Saí da
casa e fui à busca de Ed. Meu uniforme não estava combinando em nada com a
bandana vermelha na minha cabeça. Só faltava um tapa-olho para eu ficar
parecendo um pirata.
Edward
estava cuidando do puma na parte mais afastada do jardim. O animal não estava
enjaulado, por isso temi me aproximar demais.
– Ei,
psiu. - sorri acenando. Precisava ser simpática. - Bom dia. - o puma rugiu, não
gostando de minha presença. - Coloca ele na jaula. Isso é perigoso. - o homem
me ignorou e continuou acariciando a cabeça do animal. - Está chateado comigo,
não é? - ele fingiu que eu não estava ali. - Desculpa. Às vezes eu sou um pé no
saco. Você tem todo o direito de não gostar de mim. - pigarreei. - Ainda é meu
“namorado”, certo? - se ele tirasse o corpo fora ia ser desastroso.
– É a
segunda vez que se desculpa. - murmurou sem olhar para mim. Ainda não havia me
acostumado com Edward falando. Sua voz era rouca e ao mesmo tempo macia e
melódica. - O engraçado é que é boa nisso.
Boa nisso? Ainda estávamos falando de mim?
–
Emmett e Jasper já sabem das novidades? – perguntei.
– Não.
– Está
a fim de contar?
– Não
sei. - deu de ombros como se aquilo não importasse.
– Que
tal tomar café comigo? Preciso sair dessa mansão ou vou enlouquecer. Conheço a
melhor cafeteria da cidade. - Percebi que ele ficara na defensiva, por isso
insisti. - Não vou esquecer você em lugar algum. Prometo. - lancei-lhe meu
sorriso mais persuasivo.
(...)
O sol,
o vento no rosto e a linda paisagem de Orlando trouxeram meu bom humor de
volta. Após comprar os cafés, levei Edward novamente ao supermercado. Mesmo
curtindo a manhã, ainda precisava cumprir minhas tarefas.
–
Estava pensando... Se vamos passar por namorados preciso saber algumas coisas
sobre você e você também precisa saber sobre mim. - falei empurrando o carrinho
de compras por uma das seções.
– Acho
que já sei o suficiente sobre você.
– Não
sabe nada. - era impossível.
– É
alérgica a abelhas, tem 19 anos, bastante azarada, sua comida favorita
provavelmente é pizza de calabresa, mente compulsivamente, é inteligente, mas
não é muito perspicaz. E diria que é um tanto desatenta.
Paralisei.
– Quem
falou de mim pra você? – perguntei estreitando os olhos. - Conta logo! Foi a
Alice, né?
Edward
gargalhou.
– Só
sou observador.
– Não
é muito perspicaz... – murmurei pelo canto da boca e voltei a empurrar
o carrinho. Não gostei da forma como me descreveu. - Não sou desatenta.
–
Cuidado.
– Hã?
- bati o carrinho em uma pilha de latas de leite em pó. A torre até balançou,
mas por sorte não desabou. - Por que eles têm que colocar essas coisas no
caminho da gente? - bati o pé no chão, revoltada. - Que bom que não caiu. - sorri.
Tirei uma lata do meio da pilha e a coloquei com minhas compras. - Vamos para
outra seção. - assim que nos afastamos, a torre inteira desabou. Foi leite para
todo o lado. - O selvagem olhou para mim como se perguntasse “como consegue?”.
–
Gostou do café? - mudei de assunto.
(...)
Na
seção de frutas e verduras coloquei o cara contra a parede.
–
Preciso saber mais sobre você.
–
Pergunte. - brincou com uma maçã.
– Onde
estudou?
– Em
casa.
– Por
correspondência?
– Não.
Meu pai me deu aulas todos os dias até os meus 19 anos.
– Deve
ter sido um saco. - ri.
– Não
tanto.
– O
que aprendeu?
–
Tudo.
– Tudo
o quê?
– Tudo
de tudo.
Eu o
encarei incrédula.
– Fala
sério. Eu não vou cair nessa. Sei que seu pai é um cientista, mas o máximo que
ele conseguiria te ensinar é a ler e a escrever.
– Se tem
dúvida, me pergunte algo.
Coloquei
as mãos na cintura aceitando o desafio.
–
Quanto é 8 x 9?
– 72.
– Quem
foi o primeiro presidente dos EUA?
–
George Washington em 1789. - respondeu automaticamente.
–
Estou fazendo perguntas fáceis. - pensei em algo que nem eu sabia a resposta. -
Quando o homem pisou na Lua?
– 20
de Julho de 1969.
Puta merda! Precisava pesquisar no Google.
– Que
longa metragem ganhou o Oscar de melhor filme no ano passado?
– Não
sei. - franziu o cenho.
– Rá!
- debochei. - Não sabe de tudo.
– Tudo
que aprendi veio dos livros do meu pai.
–
Então não é nenhum gênio da selva. - era um consolo. Fez-me sentir menos burra.
- Assuntos da atualidade não são o seu forte.
–
Exato. - ele refletiu. - Quem ganhou o Oscar?
– Todo
Mundo em Pânico 2. - eu lá sabia. - Vamos andando. - mudei de assunto. - Posso
te fazer mais algumas perguntas?
– Sim.
– O
lance de nunca mentir é brincadeira, certo? Você só não queria me ajudar.
– É
sério.
–
Cara, corta essa!
–
Cortar o quê? - arqueou as sobrancelhas.
– Pára
de me zoar!
– O
que é zoar?
– Não
entende as minhas gírias?
– Não.
– Está
me dizendo que se eu te chamar de mané não vai sacar?
– Hã?
- ficou confuso.
–
Edward. - ri. - Você é realmente um grande mané. - dei-lhe um tapinha nas
costas.
– O
que é um mané?
– Uma
pessoa legal. - menti contendo o riso. - Precisamos voltar para a mansão.
Passei
as compras no caixa e dessa vez fiquei de olho no cara da selva para não
esquecê-lo. Depois de ajudar a colocar as sacolas no carro, ele se aproximou de
um vira-lata que estava sentado na calçada.
–
Como? - colocou o ouvido perto do focinho do cão.
– O
que está fazendo?
–
Shhh... - colocou o indicador junto aos lábios. - O cachorro está falando.
–
Sério? - arregalei os olhos.
– Não.
- gargalhou. - Estou brincando. Vocês da cidade são tão bobos. - foi para o
carro.
– Não
teve graça. - fiz careta.
Voltamos
para a mansão, mas assim que cruzei os portões avistei Brad na piscina agarrado
à sua lambisgóia. O restante da banda estava junto, fazendo a maior algazarra.
– Ed,
pode entrar. Vou ficar um pouco aqui. - voltei para a calçada.
Para
chegar a casa eu precisava passar perto da piscina. Desejava ignorar meu ex,
porém não conseguia. Vê-lo de beijinhos com a gêmea me fazia agonizar. Preferia
esperar horas até que eles saíssem a ser obrigada a cumprimentá-los. Não sabia
se era capaz de fingir que estava tudo bem. Meu bom humor rapidamente se
dissipou e senti o peso da frustração sobre meus ombros.
– Você
está bem? - Edward percebeu a melancolia que se apossou de mim.
– Sim.
- fiz-me de forte.
– Não
precisa cumprimentá-los. - ele era mesmo observador.
– Se
não o fizer vai ser pior. Vai parecer que me importo. - baixei a cabeça.
– Você
só quer passar pelo jardim sem ter que falar com ninguém, certo?
–
Certo.
– Mas
isso é simples.
Ele me
jogou sobre seu ombro e andou despreocupado até a casa. Fiquei tão chocada, que
até me esqueci do porque de estar evitando cruzar o jardim. Mesmo dentro da
mansão, Ed não me colocou no chão. Será que estava esperando que eu pedisse?
– Ei,
ei, ei! - Emm e Jazz desceram as escadas correndo. - Véi, ela não é uma mulher
das cavernas. Não pode pegá-la assim. Jasper não gostou! - até parece que Jazz
era um irmão valentão.
– É,
mas se for lutar por ela - Emmett se afastou. - Pode ficar. Nós compramos
outra.
– Calem
a boca. Ed, me põe no chão. - pedi e ele obedeceu. - Jazz, vai pegar as compras
no carro.
–
Pronto para tirar novas fotos, T-zed? - Emmett tirou a câmera do bolso.
– Sim.
–
AAAAAAAAAHHHHHHHHHH! - os idiotas gritaram super alto.
– Por
que sempre fazem isso? - o cara da selva se aborreceu.
Ele
teve que repetir toda a história do rito de passagem para os rapazes, que
obviamente ficaram perplexos. Percebi que os babacas continuavam a maquinar
algo.
(...)
Na
parte da tarde, meu irmão e eu acompanhamos os hóspedes em uma excursão ao
museu de história natural. O restante do pessoal ficou no resort.
Após o
jantar, Lice e eu convencemos os rapazes a participarem de uma pequena
investigação. Queríamos saber o que Brad estava achando do meu suposto namoro e
aproveitar para colocar mais caraminholas na cabeça dele.
Jasper
ligou para mim e deixou o celular no viva-voz. Estava louva pra ouvir todo o
“papo de homem” deles. A única desvantagem é que, para Alice e eu ouvirmos bem
a conversa, também tivemos que deixar o meu telefone no viva-voz. Bem quietas,
ficamos com o ouvido perto do aparelho esperando a investigação começar.
– E aí, Mcfoden. O que está fazendo? – reconheci a voz de Emmett.
– Trocando as cordas do meu violão.
– Está pronto para tocar no final de semana? – questionou Jazz.
– Sempre estou.
– É bom estar mesmo, seria mó mico se Ed-Rei-da-Floresta desse mais
lucro que você. – Emm
brincou.
– Não nos compare. Eu sou um músico, ele é uma... aberração de
circo. – fez
uma longa pausa. – Qual é a daquele cara?
Alice
e eu trocamos olhares.
– Como assim? – meu
irmão tentou fazê-lo desabafar.
– O sujeito é uma piada. Mora na casa da árvore que vocês
construíram quando crianças? Qualé! Bella está tão desesperada por um namorado
que resolveu se jogar nos braços do primeiro vagabundo que apareceu?
Rosnei
baixinho e Lice me cutucou.
– Hã... o cara... sabe lutar. Ela sempre gostou dos bad
boys. – Emm me
justificou.
– Sabe lutar? – Brad
riu.
– É, nós levamos ele no cinema e Ed quebrou o nariz de um
grandalhão num piscar de olhos.
Que
papo era aquele?
– Tenho quase certeza de que ele é ninja. – Emmett avacalhou. Já começaram a
meter os pés pelas mãos. Ódio!
– Ninja, alpinista, nudista, domador de pumas... a lista está
crescendo? Quanta baboseira! – Alice prendeu o riso. – Jazz, se sua irmã está tão
desesperada por sexo, diga a ela que me procure. Não precisa namorar aquele
anormal.
Emputei!
Me preparei para xingá-lo, mas Lice me impediu, tapando minha boca. Ainda
consegui grunhir um palavrão.
– O que foi isso? – questionou
Brad.
– Isso o que? – meu
irmão pareceu tenso.
– Vocês ouviram um... grunhido?
– Não. – os
rapazes responderam ao mesmo tempo.
– Eu acho que Ed e Bel combinam. – Emmett mudou de assunto.
– Não mesmo. Parecem dois estranhos, quase não se olham, muito
menos se tocam. Aposto meu violão que esse namorinho, se é que realmente
existe, acaba antes do final de semana. Eles não têm química ou futuro.
Fitei
Alice e ela estava pensando o mesmo que eu: Brad estava completamente certo.
E
agora? O que eu ia fazer?
De
repente, minha sócia começou a fazer careta como se fosse espirrar. Cobri o
rosto dela com as duas mãos, deixando o celular cair no chão.
–
Segura. - sussurrei.
– Vou
explodir. - murmurou contra minhas mãos.
– Porque está tão incomodado com Ed? – perguntou Jazz.
Alice
gesticulou pedindo para que a soltasse, e assim o fiz.
– Não estou incomodado.
Quando
eu menos esperava, ela espirrou alto.
Desvairada,
joguei-me no chão cobrindo o celular com as mãos. Então, a filha da mãe
espirrou outra vez.
– Atchim! – Emmett
tentou disfarçar. – E lá vem a gripe.
Na
hora mais inapropriada, minha amiga teve uma crise de riso. Fiz sinal para ela
ficar calada, infelizmente a maldita explodiu em uma gargalhada alta.
Rapidamente desliguei o telefone.
– Eu
devia te encher de porrada. - ameacei.
–
Desculpa. - fez carinha de cachorro abandonado.
–
Cara, eu tou ferrada! Brad já está quase descobrindo nossa mentira. É
impossível fazer o selvagem parecer meu namorado. Não combinamos e não agimos
como um casal apaixonado.
–
Verdade.
– Vou
fingir que terminei. É melhor do que ser desmascarada.
–
Espera até amanhã. Vou tentar pensar em algo. - ela me abraçou. Eu precisava de
consolo, tudo estava contra mim. - Quer espremer seu furúnculo agora? - empurrei-a
para longe.
(...)
No dia
seguinte...
– ACORDA,
ACORDA, ACORDA, ACORDA, ACORDA, ACORDA!
Desorientada,
levantei da cama rápido e acabei com a cara no chão.
– O
que aconteceu? - entrei em pânico.
– EU
SOU UM GÊNIO! TIVE UMA IDEIA, EU ADORO MINHAS IDEIAS. VOCÊ ADORA? EU SIM! TODO
MUNDO DIZ QUE SOU MALUCA, MAS EU NÃO SOU MALUCA! AI, QUANTA MALUQUICE! - Alice
tagarelou aos berros. - Passei a madruga inteira pensando e tomando muito café.
Encontrei a solução para os seus problemas. - ficou pulando no mesmo lugar.
–
Ok... - falei devagar, morrendo de medo dela. - Vá para casa dormir.
– Uma
ova! Vai buscar o T-zed e me encontrem no escritório. A propósito, seu
furúnculo sumiu.
– O
quê? - tateei minha testa e a espinha não estava ali.
– Anda
logo, sua molenga. Vou tomar um cafezinho. - saiu pulando numa perna só.
(...)
Minha
amiga ficou andando de um lado para o outro, totalmente elétrica. Edward e eu a
observávamos, sentados no sofá do escritório.
–
Minha gente, Brad está quase descobrindo a farsa. Vamos precisar nos esforçar.
Só dizer que são um casal não basta. Precisam agir como um.
– Eu
já esperava por isso. Esse tipo de coisa não dá pra fingir. - o selvagem se
manifestou.
– Está
enganado. O problema é que fingem mal, mas euzinha vou resolver isso. - Pegou
um livro que estava em cima de uma cadeira. - apresento-vos o livro de
auto-ajuda “APRENDENDO A NAMORAR”.
– Que
porcaria é essa? - não me contive.
–
Roubei da minha tia. - sorriu.
–
Odeio sua família. - suspirei. - Me tirou da cama por causa disso?
–
Nesse livro existem explicações, dicas, conselhos... Enfim, tudo que precisam
saber sobre um namoro. Se praticarem algumas coisas que estão aqui, logo o
relacionamento de mentirinha vai parecer real e perfeito. Nunca mais Brad vai
ousar duvidar de nós.
–
Peraí, está me dizendo que vamos treinar para um namoro que nem existe? - levantei-me.
–
Caramba, você já sacou tudo! Menininha inteligente. - bateu palmas. - E tem
outra coisa. McFadden falou que antes do final de semana estariam separados.
Vamos fazê-lo morder a própria língua. Essa impressão de que parecem dois
estranhos tem que acabar até lá, por isso precisam ficar o máximo de tempo
juntos. É necessário que pareçam ao menos amigos chegados. Tem que fluir uma
intimidade natural. Então... - a louca estava eufórica. - Ficarão grudados até
lá, e quando falo grudados, quero dizer que comerão juntos,
trabalharão juntos, pensarão juntos, acordarão juntos e... dormirão juntos.
Gente, faltam só três dias.
Demorei
para acompanhar tanta asneira. Lice esperou eu digerir a idéia.
– O
café que tomou tinha... cocaína dentro? - murmurei. - ESSA FOI A IDÉIA MAIS
ABSURDA QUE JÁ OUVI! - fiquei uma fera. - Não vou fazer nada disso. É
humanamente impossível. Pense em outra coisa! - exigi cruzando os braços.
A
garota ficou irada.
– Olha
aqui, sua mal agradecida, Edward e eu estamos nos esforçando para te ajudar.
Nenhum de nós tem a obrigação de entrar nessa roubada por você. Não precisamos
ficar aqui ouvindo seus chiliques. Estamos sendo mega legais e compreensivos,
então, por que não cala essa boca e colabora antes que todo mundo desista de te
ajudar?!
O
desabafo de Alice me atingiu como um tapa na cara. Voltei a sentar bem
caladinha, feito um cão com o rabo entre as pernas.
A
psicótica respirou fundo, concentrou-se e perguntou com delicadeza:
– Ed,
querido, vai colaborar, não é? Agora tudo depende de você. - piscou os
olhinhos.
O
fitamos cheias de esperança. Ele pigarreou, se ajeitando no sofá como se
estivéssemos colocando uma faca em sua garganta.
(...)
– Capítulo
Um – Alice sentou numa cadeira bem na nossa frente. Os corações na capa do
livro me deixaram inquieta. - Flertar. - pigarreou antes de
começar. - Aqui é onde tudo começa. O flerte é o primeiro passo para o
namoro. Flertar, cortejar, galantear, namoricar... Tudo isso significa tentar
conquistar alguém. Para isso você precisa de algumas dicas. Mulheres e homens
são como tribos diferentes. Isto é um fato. Eles falam línguas diferentes. Mas,
apesar da infinita dificuldade de comunicação entre essas duas espécies, homens
e mulheres entendem facilmente uma coisa: mímica. Como assim? Vou explicar.
Mímica é uma forma de comunicação através de gestos, são expressões corporais
que dificilmente são transmitidas através de palavras. Muito complicado ainda?
Então que tal: olhares cheios de segundas intenções, piscadelas, rebolados... Isso
diz alguma coisa pra você? Se não diz, acho que você precisa de um pouco de
convívio social, mas não se preocupe, pois ainda há esperança. Preste atenção
agora, porque é sobre isso que vamos falar neste capítulo. – Lice fez
uma pausa e perguntou. - Empolgados?
– Não.
- Edward e eu respondemos simultaneamente.
– Relaxem.
Só estamos começando. - voltou a se concentrar na leitura. - O olhar é
praticamente o fator principal de um bom flerte. A “mímica” através dos olhos,
a forma como uma pessoa olha para outra às vezes é capaz de dizer muito mais do
que um discurso bem elaborado. Sendo assim, se você está interessado em alguém,
pode e deve mostrar isso através do seu olhar. Cuidado pra não parecer um velho
babão sem dentes com vontade de morder uma maçã fresca. Intensidade não
significa exagero. Não apele para vulgaridade, a menos que queira apenas uma
noite de sexo. Às vezes, o melhor é ser discreto, faz com que o(a) paquerado(a)
te ache misterioso(a). Isso o impulsiona a querer desvendá-lo. Em alguns casos,
os olhos semi-cerrados são uma boa pedida. Uma piscadinha de um olho também
ajuda a clarear as intenções. Uma levantadinha de sobrancelha para as mulheres
também cai bem. Cuidado pra não arquear demais e parecer assustada ao invés de
interessada. – Lice virou a página. - Gente, aqui dá mais algumas dicas
sobre postura, comportamento e beleza, mas vamos pular alguns trechos para não
perdermos o foco. - virou outra página. - Essa parte é interessante: Agora
uma informação importante pra finalizar esse capítulo. Namoros começam com
pequenas conquistas. E namorados bons são namorados que flertam sempre. Ou
seja, um casal que realmente está apaixonado sempre vai manifestar os sinais de
recém “flertados”. Quem vê com atenção um casal que se ama percebe a profundidade
que existe no relacionamento deles pela forma como se comportam. Portanto,
aprenda a flertar, conquiste seu par e mantenha o domínio do seu território
renovando seus flertes. – ela fechou o livro. - O que acharam?
–
Hmmm. - gemi sem saber o que dizer.
–
Vamos à prática. - ela sorriu.
–
Como? - Edward pareceu ligeiramente assustado.
(...)
Minha
amiga, entupida de café, nos colocou sentados um de frente para o outro. O pior
eram as suas frases de motivação.
–
Lembrem-se, vocês são dois gostosos que se sentem muito atraídos. Deixem fluir
a tensão sexual.
– O
que quer dizer com gostosos? - Ed ficou perdido.
– Ele
não entende nossas gírias. - expliquei.
– Não
percam o foco. Se encarem! - ela vociferou.
Obedecemos.
Nenhum de nós conseguiu sustentar o olhar por muito tempo. Estávamos nos
encarando por encarar. Não aguentei e acabei rindo. Alice teve um chilique
daqueles...
– Que
horrível! Horrível! Acho que vou morrer só de observar vocês. Não estão se
esforçando. Pelo amor de Deus, se concentrem em algum ponto do rosto do outro.
Não fiquem com essas caras de bananas.
– Vou
te jogar a real. Isso não está dando certo. - falei.
– Que
merda, Bel, você já paquerou antes. Por que não está fazendo direito?
–
Alôou... É diferente. - apontei para o selvagem. Mesmo ele sendo bem
civilizado, não conseguia mais parar de chamá-lo assim.
– Não
quero saber. Vão treinar até fazerem direito, mesmo que isso demore horas. - cruzou
os braços.
A
louca insistiu que Ed me olhasse de forma mais intensa. Até lhe deu algumas
dicas de como se portar. Já eu, ficava me esforçando para não pensar na palavra
“mendigo” quando o fitava. A coisa que mais ouvi durante exatos 67 minutos foi:
TENTEM NOVAMENTE!
Em
certo momento, desisti de nadar contra a maré e mergulhei no nosso projeto. A
maior interessada em fazer aquele namoro parecer real era eu, por isso,
precisei tomar as rédeas da situação.
Agora
Edward e eu estávamos de pé, no meio do escritório, nos esforçando para trocar
olhares no mínimo charmosos.
–
Alice está certa. Se concentre em algum ponto do meu rosto. - falei suavemente.
– É
difícil. - respondeu Edward.
– Eu
sei. Estamos meio tensos. Não precisa parecer que gosta de mim, só me olhe com
interesse ou... simpatia. Vamos tentar mais uma vez? - sorri.
– Tudo
bem.
Repetimos
os mesmos gestos que estávamos ensaiando há um tempão. Baixamos a cabeça,
depois a erguemos lentamente buscando a face um do outro. Quando nossos olhares
se encontraram, involuntariamente rimos de nós mesmos.
–
Outra vez? - questionou e eu assenti.
Respiramos
fundo para relaxar, em seguida, repetimos todo o esquema. Dessa vez nem deu
tempo de nos encararmos, pois logo começamos a rir de nossas expressões quase
desesperadas e cansadas.
– Tá
bom, tá bom. Vou melhorar. - dei um pulinho me aquecendo. Balancei os braços,
relaxando os músculos. Voltamos ao ponto de partida.
Assim
que baixamos a cabeça, a risada fluiu naturalmente.
–
Estamos piorando? Dessa vez nem deu tempo de fazer nada. - perguntou Ed.
– Acho
que sim. Vamos continuar - pedi procurando ficar séria.
Recomeçamos.
Exaustos, erguemos lentamente a cabeça. Edward conteve a risada, que se
transformou em um sorriso torto. Sua sobrancelha direita estava levemente
arqueada e seus olhos fixaram-se nos meus, me ajudando a manter a serenidade.
Instintivamente, passei a mão pelo cabelo e mordi meu lábio inferior. Aqueles
pequenos gestos pareceram naturais e sinceros. Então, desviei o olhar em
reflexo e ele fez o mesmo. Voltei a encará-lo pressionando os lábios para não
rir. Edward bagunçou ainda mais seu cabelo e franziu o cenho. Aos poucos a
seriedade foi se formando em nossas expressões e nos limitamos a nos encarar.
Não havia tanta cobrança ou julgamentos. Só estávamos... observando um ao
outro.
Ficamos
assim por cerca de dez segundos, então Ed falou:
– O
que achou, Alice?
Fitamos
o sofá onde ela estava e a encontramos dormindo de boca aberta. Gargalhei alto
e sem querer a acordei.
–
TENTEM NOVAMENTE! - berrou desorientada.
(...)
Na
parte da tarde, exigi que Jazz devolvesse meu diamante.
–
Jasper receia ter esquecido no bolso da calça que usou no dia da festa. -
Cobriu o rosto como se eu fosse lhe bater, e realmente faltava pouco para isso.
– É
melhor a pedra estar na roupa suja, do contrario você será um hippie extinto. -
ameacei furiosa.
Na
área de serviço, vasculhamos todas as roupas do cesto e nem sinal da maldita
calça preta. Então, fomos perguntar à dona Bogdanov.
– Kus
püksid - Jazz indagou segurando um dicionário bilíngüe.
– Jäta
mind rahule! - respondeu exasperada, com uma faca na mão.
– É
melhor não contrariar. - sussurrei para meu irmão.
Demos
um passo atrás e a mulher continuou berrando. Ela cortava o ar com a faca de
forma ameaçadora.
– Jäta mind
rahule! Jäta mind rahule!
– O
que você disse pra ela? - arquei uma sobrancelha.
(...)
Ao
chegarmos ao jardim, passei o maior sermão no meu irmão.
– Não
é possível! Você não tem idéia do quanto ralei para recuperar aquela pedra. - quase
o esganei. - Ela deve estar em algum lugar dessa mansão. Dê um jeito de achar.
–
Jasper está em choque. - murmurou olhando para a calçada.
– O
que foi?
Ele
apontou para o hóspede italiano, o qual quase saía da mansão para entrar em um
táxi.
– O
homem está usando a sua calça? - reconheci, pois ela tinha alguns detalhes em
branco.
Não
foi difícil concluir que o italiano rabugento estava “passando a mão” no meu
diamante. Talvez ele tivesse me visto engatinhando atrás dele no dia da festa.
Corri
até ele e o abordei antes que entrasse no táxi.
– Olá.
- ofeguei.
– Oi.
- respondeu estranhando.
–
Senhor, por acaso não viu uma pedra cintilante? É um tipo incomum de cristal
que uso em minhas meditações. - tinha esperança de ele que não soubesse o valor
da pedra. - Não é nada de valor, só um pequeno cristal. - sorri. Não podia acusá-lo,
afinal, nem sabíamos se estava mesmo usando a calça de Jazz.
– Não.
- desviou o olhar. Podia sentir a mentira em sua voz.
– Tem
certeza? - fitei a calça.
–
Absoluta! - se ofendeu. - Porque está olhando para a minha roupa?
–
Achei sua calça muito bonita. - fui irônica.
– Não
gosto dela, mas não tenho mais nada para vestir, pois o serviço de lavanderia
desse resort é precário. Estou indignado com tanta incompetência!
–
Lamento. Cuidarei disso, senhor.
– Acho
bom.
– E
minha pedra? - insisti.
– Ora,
já disse que não vi. Está me fazendo perder tempo. Tenho uma reunião. - entrou
no táxi.
Assim
que o carro desceu a rua, Jasper se aproximou.
–
Então?
– Ele
está com o diamante. Tenho certeza.
– E
agora?
–
Faremos o mesmo que ele. Vamos pegar a pedra de volta e fingir que não sabemos
de nada. Vai buscar a chave extra do quarto 6. - estreitei os olhos
arquitetando.
Colocamos
Alice de vigia no início do corredor, próximo a escadaria. Ela estava
encarregada de nos alertar caso o italiano ou sua esposa, Rosalie, se aproximassem.
– Tem
certeza que você viu a mulher se exercitando no deck? - indaguei.
– Sim.
- Lice bocejou. - Eu estava com os olhos bem abertinhos.
–
Jasper está com medo. - meu irmão roeu as unhas.
– Pelo
amor de Deus, só vamos fazer uma busca. Deixa de ser covarde. - o arrastei até
o quarto.
Abrimos
a porta e lentamente adentramos o local. O cômodo estava vazio, por isso mandei
meu irmão trancar a porta e comecei a vasculhar as gavetas do criado mudo.
Jasper procurou no armário quase vazio e não achou nada que nos servisse de
pista.
– Será
que me enganei? - sussurrei.
–
Embaixo da cama. - ele indicou.
Ambos
nos baixamos e eu passei o braço por debaixo do móvel. Arregalei os olhos ao
sentir algo. Puxei o objeto e sorri ao ver que tinha achado uma maleta.
Trocamos
olhares, ansiosos. Abri a maleta com cuidado e dentro dela havia vários papéis,
algumas jóias, uma pistola e incontáveis maços de dinheiro.
–
Jasper nunca viu tanto cascalho. - balbuciou. - Olha sua pedra ali. - indicou
meu presente, que estava no cantinho.
Peguei
o diamante e rapidamente coloquei a maleta de volta no lugar. Nos aproximamos
da janela aberta em busca de luz. Eu precisava checar a pedra e ver se estava
intacta.
De
repente, Rosalie e Emmett saíram do banheiro pelados e molhados.
– AAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH!
- todos nós gritamos.
Jazz
se sobressaltou, pisando no meu pé. A dor me fez soltar a pedra que
praticamente voou janela afora.
– Ai,
que foda! - o empurrei para longe.
–MEU
DEUS! MEU DEUS! MEU DEUS! - a hóspede continuou berrando. Ela tentava tapar
suas intimidades, pois meu irmão, secão, estava de olho.
–
Emmett, eu não acredito nisso! - com força joguei um travesseiro nele.
– Só
estou divertindo a hóspede. - justificou-se usando o travesseiro para esconder
“seus documentos”.
Como
se já não bastasse, ouvimos batidas nervosas na porta.
–
Pessoal, o homem tá vindo. Ele tá vindo! - pelo tom de voz, Alice ia enfartar.
–
Sujou! O corno chegou. O corno chegou. - Jazz correu de um lado para outro com
as mãos na cabeça. - Ele vai matar todo mundo!
– Por
Deus, se escondam! - Rosalie estava pálida.
–
Onde? - perguntamos ao mesmo tempo.
– Em
qualquer lugar!
Zanzamos
feito baratas tontas. Nenhum lugar parecia um bom esconderijo.
–
Rápido, no armário. - a mulher ficou histérica.
Os
rapazes se jogaram dentro do móvel, quase não deixando espaço para mim.
Espremi-me entre eles e fechei a porta. No segundo seguinte ouvimos o ranger da
porta do quarto, anunciando a chegada do corno.
–
Amore, esqueci minha arma.
Emmett
começou a chorar. Eu estava com tanto ódio dele que quase o chutei para fora do
armário.
–
Querido... - Rosalie riu certamente disfarçando o nervosismo. - Você sempre
esquece essas coisas.
– Tudo
bem, ela está dentro da maleta.
Meu
coração quase parou de bater. E se o homem desse falta do diamante e resolvesse
procurar no quarto inteiro? Meu irmão juntou as mãos e começou a rezar.
–
Pegou a arma, – ela deu ênfase a palavras, nos alertando. -
querido?
– Sim.
Por que está aqui nua? Achei que fosse malhar nas próximas duas horas, estava
tão ansiosa.
–
Eu... - involuntariamente prendemos a respiração. - Eu não pude continuar, a
esteira quebrou. Esse resort é horrível, precisamos fazer algumas reclamações.
–
Realmente. Não trouxeram nossa roupa limpa e agora isso? Francamente. Falando
em roupa, vou aproveitar para trocar essa calça. Uma das garotas idiotas
percebeu que a calça não é minha.
Ouvimos
passos se aproximando. Jasper simplesmente desmaiou. Por sorte o segurei antes
que fosse ao chão e revelasse nosso esconderijo.
– NÃO!
- Rosalie gritou. - Não, querido. Essa calça está ótima.
– Tem
certeza? - o italiano abriu a porta do armário, porém continuou olhando para
esposa sem notar nossa presença.
Agora
quem estava chorando era eu. Emmett paralisou, branco feito uma estátua de
gesso.
–
Sério, amore, está lindo. Vem aqui. Ela te deixou bem mais jovem.
– Se é
você quem diz, minha ninfeta... - fechou a porta.
Revirei
os olhos quase tendo um AVC. Meu amigo metido a “Ricardão” continuou imóvel, e
era possível que ficasse assim para sempre.
Ouvi
sons que me pareceram serem de beijos, depois o corno falou:
– Vou
indo. Não quero me atrasar.
–
Tchau, amore.
Não
estava mais conseguindo suportar o peso do meu irmão, fiz todo o esforço
possível, mas fiquei fraca por conta dos tremores. Sem avisos, Rosalie abriu o armário
e despencamos em cima dela.
Caída
no chão, falei:
– Sua
conta vai ficar mais cara.
– O
que aconteceu com o Emmett? - já de toalha, se levantou assustada.
O
maluco ainda estava congelado cobrindo sua masculinidade com o travesseiro. O
coitado nunca comia ninguém, e quando conseguiu foi flagrado por seus amigos e
quase morreu? Seria cômico, se não fosse trágico.
(...)
Após o
alvoroço, fui em busca do meu diamante no local em que era pra ter caído,
infelizmente não o encontrei. Perguntei-me onde ele estaria e em quantas
confusões ainda precisaria me meter para recuperá-lo. Será que aquilo era praga
do “cara da selva”?
A
noite logo chegou e Edward trouxe sua modesta bagagem para o meu quarto. Ainda
achava que era loucura, no entanto loucura maior seria deixar meu ex pensar que
meu namoradinho não era bem-vindo na minha cama.
A
idéia de ficar grudada em Ed não era má. O problema é que eu estava relutante
por não me sentir preparada pra partilhar minha intimidade com um quase
estranho. Mas eu pagaria qualquer preço pra mostrar a Brad que eu estava bem e
feliz. E se o justo a pagar fosse ficar pendurada no pescoço do selvagem...
bem, eu faria com prazer.
O
carinha ficou parado perto da porta, totalmente deslocado. Às vezes me
questionava o porquê dele estar aceitando tudo com certa facilidade. No início
se negou com tanta firmeza, mas agora... Estava ali, topando tudo. Será que se
sentia na obrigação de ajudar por estarmos lhe dando casa e comida? Teria um
outro motivo?
–
Fique à vontade. - falei cortês. Como continuou quieto, resolvi lhe mostrar
onde dormiria. Puxei a cama auxiliar, a qual era embutida na minha caminha de
solteiro. - Não é grande coisa, mas é melhor do que a casa na árvore.
–
Obrigado. - colocou sua mochila em um canto.
– O
banheiro é ali. - indiquei.
– Ok.
Ficamos
calados e o silêncio foi bastante incomodo.
–
Posso tomar banho?
– Sim.
Ele
foi para o banheiro e me sentei na cama. Só quando ouvi o barulho da água, foi
que realmente me dei conta de que tinha um homem bizarro no meu quarto. Obviamente
fiquei nervosa.
Aproveitei
que Edward estava fora de vista e coloquei meu pijama em tempo recorde.
Enfiei-me inteira embaixo das cobertas e apaguei a luz deixando só o abajur
ligado. Era melhor evitar conversas naquela primeira noite, afinal nenhum de
nós estava confortável com a situação.
Mesmo
com edredom cobrindo minha cabeça, ouvi com nitidez o selvagem sair do banheiro
e se aproximar da cama. Nesse momento, pensei nas asneiras e maluquices que eu
disse e fiz acreditando que ele era surdo e subitamente ri. Tentei abafar com o
travesseiro, só que não deu pra disfarçar.
– Está
tudo bem?
Coloquei
a cabeça para fora, muito séria.
– O
quê? - me fiz de desentendida.
–
Estava rindo? - ficou confuso.
– Não.
Boa noite.
– Boa
noite.
–
Durma vestido. - ordenei antes de voltar a me cobrir. Novamente abafei o riso
com o travesseiro.
Cerca
de vinte minutos depois, ainda não tinha conseguido pregar o olho. Desisti de
me esconder embaixo do cobertor e fitei o teto. Precisava descansar, só que
ainda estava tensa por causa de todo o estresse daquele dia.
Distraída,
balbuciei baixinho:
– Um
carneirinho, dois carneirinhos, três carneirinhos... - desisti da
infantilidade.
–
Quatro carneirinhos. - a voz rouca de Edward ecoou.
– Está
acordado? - fiquei surpresa.
– Sim.
Sentei-me,
e logo senti uma fisgada na minha panturrilha.
– AI!
- gemi alto. - Cãibra! - mal consegui raciocinar por causa da dor. - Aaaahhhh!
Quando
dei por mim, Ed já estava perto.
–
Shhh... - sentou na cama e ergueu a perna da minha calça. Ele apertou minha
panturrilha.
– Ah,
meu Deus! - reprimi um grito.
– Vai
passar. - massageou suavemente.
Fiz-me
de forte e aos poucos a dor foi se esvaindo.
– Que
horrível. Faz tempo que não sinto cãibra. - ofeguei. - Não sei explicar a causa
disso. - ele ficou calado, concentrado na massagem. - Obrigada. - vagarosamente
puxei a perna.
– Como
conseguiu aquela cicatriz? - ele se referia ao corte perto do tornozelo.
–
Tenho várias. Já me acidentei muitas vezes.
– Eu
também.
– Que
nada! Você não possui o meu azar. Olha isso. - mostrei-lhe o recente machucado
no meu cotovelo.
– Não
é grande coisa. - esnobou tirando a camiseta velha. - Vê? - indicou uma
cicatriz grande perto das costelas.
–
Nossa, você venceu. - precisei admitir. - Mas essa minha tem uma história
melhor. - mostrei-lhe meu joelho direito. - Tentei escapar da detenção pela
janela e caí em cima de uns arbustos. Depois peguei mais uma semana de
detenção.
– Essa
aqui... - mostrou a coxa. - Ganhei em uma escalada. Um dos mosquetões se soltou
e derrapei.
– Você
realmente é alpinista? - arregalei os olhos.
– Não.
Quero dizer, não sou profissional. Só faço por diversão, existem muitos lugares
legais na ilha para escalar.
Uau,
Lice ia gostar de saber daquilo.
– Olha
só. - fiquei de joelhos na cama e puxei um pouco o pijama para que ele visse
meu ombro. - Eu tinha uns 15 anos quando ganhei essa cicatriz.
– Não
tem nada aí.
– Tem
sim!
– Não
estou vendo.
– É
que já está meio apagada, mas é das grandes.
– Não
vejo. - ficou de joelhos também.
– Vê?
- apontei.
– Não.
– Deve
ser porque está escuro, mas está aqui.
Edward
aproximou bem o rosto do meu ombro.
– É,
ela está aqui. Quase não dá pra notar. - tocou o local com a ponta do dedo
indicador. - Tenho algo parecido.
–
Cadê?
–
Aqui. - indicou o abdome, um local perto do umbigo.
–
Desculpa, mas você está inventando.
– É
como a sua, quase não dá pra ver.
Fiz um
esforço para enxergar e consegui notar a cicatriz na pele levemente bronzeada.
– É
aqui? - toquei seu abdome e era tão... duro. - Agora estou vendo. - sorri.
Nossa, ele realmente não mentia.
Continua...
Esse negócio de apalpar o outro pra
descobrir novas cicatrizes... sei não hein... acho que eles vão acabar com uma
cicatriz de queimadura se a situação esquentar. E essa Alice é mesmo uma figura
com essa história de Aprender a Namorar... Algo me diz que esse “namoro” vai
dar panos pra manga. Beijos e até amanhã.
KKKKKKKKKKKKK A EDIZINHO SI VC QUIZER EU DEIXO VC VER AS MINHAS TBM KKKKKK ESSA FIC E MASSA DUDO DE BOMMMMMMMMMM
ReplyDeleteOi moms!! Adorei esse negocio vai pegar fogo..." Era tao... Duro". Sei!!! Amei amei amei beijusculo ate amanha cedo.
ReplyDeleteKKKKKKKKKKKKK Alice é uma figura mesmo ... Acho q esse namoro ñ vai ficar só na mentirinha por muito tempo ñ hein hmmmmmmmmmmmmmmmm ... Já tão compartilhando cicatrizes ...kkkkkkkkkkkk é um avanço! sauhsuahusah
ReplyDeleteBeijoos
Ja li essa fic,é uma das mais perfeitas que ja li.Sério *-*
ReplyDeleteUau! Fiquei tão feliz de ler os comentários! Que bom que estão curtindo esse T-zed! Obrigada por postarem minha fanfic aqui! \o/
ReplyDeleteVoltarei para ler, sorridente, os comentários dos próximos capítulos!
Beijos,
LUNAH
estou endoidando por favor faça ele se barbear só de imaginar... mais a historia esta fantastica!!!!!!quando eles vao comesar a namorar esto muito anciosa!!!!!!!
ReplyDeletekd a continuação? estou superrrrrrrrr anciosa para continuar me aventurando nessa maravilhosa fic!
ReplyDeleteChorei de rir aqui kkk
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