Olá galera! O capítulo de hoje está bem
tenso. Depois da festa, Bella decide se encontrar com Brad e acaba passando por
uma grande reforma...
Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Um Selvagem Diferente
By Lunah
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como impróprio para
menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero
continuar!"
Capítulo 12 - Acorde, Reaja e
Lute
Com certeza estava pagando por meus pecados.
– ALICEEEEEEEE! - olhei para trás
e vi que as pestes continuavam me caçando. Meu tornozelo começou a reclamar e
isso prejudicou minha fuga. Na lateral da casa, não aguentei mais e me
entreguei. - Eu me rendo! Eu me rendo! - ergui o sorvete acima da minha cabeça.
- Eu já disse que adoro vocês? - agi como se estivesse falando com bebês. -
Menininhooos binitos da tia. Que menininhos mais menininhos. - as criaturas
ficaram me encarando com os olhinhos do mau.
– Peguem ela! - gritou o capeta
em forma de comedor de meleca.
Ao partirem para cima de mim
fechei os olhos. Os moleques me nocautearam legal, desabei no chão e foi
sorvete para todo lado. Arrancaram minha peruca, morderam minha mão... Me senti
em uma filme de terror.
– PAREEEEM! NÃO MATEM A BRUXA! -
Lice chegou pra me socorrer. - Não façam isso, se comportem! - tirou a
criançada de cima de mim. - Bella? - me encarou assustada. - Você está bem? - fiz
sinal de “joiado” sem conseguir falar. - Vamos dançar pessoal. Vamos! - ela
conduziu as crianças para longe de mim. - Bella, você vai ficar bem? - gritou
quando já estava a vários metros de distância. Só fui capaz de erguer uma mão
trêmula para cima.
Fiquei cerca de dois minutos
estatelada no chão procurando me recuperar, depois criei coragem e fiquei de
quatro para me erguer. Foi ai que o vi.
Lá estava ele. Jogadinho no chão,
cintilante e valioso. Imediatamente peguei diamante e o admirei com os olhos
arregalados.
– Meu precioso. - murmurei. Olhei
para os dois lados, em seguida enfiei a pedra dentro do meu sutiã. - Quero ver
você fugir agora. - sorri satisfeita.
Mesmo suja de sorvete voltei para
a festa em busca de Jasper. Ele estava casado com uma estoniana doida, mas
mesmo assim ainda era meu irmão. O procurei em todos os lugares possíveis, mas
não o encontrei e tive que desistir. Era provável que já estivesse a caminho do
México.
Totalmente exausta, me encostei à
mesa de doces e enfiei alguns brigadeiros na boca. De repente, uma mão
misteriosa agarrou meu tornozelo fazendo-me sobressaltar.
– Shhhh! - Jazz colocou a cabeça
para fora de seu esconderijo.
– O que está fazendo embaixo da
mesa?
– Dããããã! Tem certeza que não
sabe a resposta? Vem aqui agora. - pediu aflito.
Disfarçadamente, ergui a toalha
da mesa e me meti embaixo dela. Sentei-me no gramado de olho no duende.
– O que tá pegando? - questionei.
– Socorro. - disse simplesmente.
– Está tudo numa boa. Vamos
mandar a dona Bogdanov embora.
– Jasper receia que não seja tão
fácil, além disso precisamos de um cozinheira para quando os novos hóspedes
chegarem. Mão de obra nessa época do ano é muito caro.
– Quanto está pagando a ela?
Ele refletiu.
– Até agora nada.
– É, tem razão, não podemos abrir
mão disso.
– Plano B?
– Bem... - arquitetei com
vontade. - Só existe um jeito de tirá-la do seu pé e mantê-la na cozinha.
– Qual?
– Vamos dizer que você é gay.
– O quê? Sem chance! Jasper é
muito macho! - engrossou a voz. - Jasper é muito... muito...
– Duende? - olhei para sua
fantasia com desdém.
– Isso não vale, Bella. Jasper
não vai abrir mão de sua masculinidade. As mulheres precisam de Jasper.
– Então você escolhe. Pode ir
consumar o seu casamento com sua esposa amorosa e mentalmente desequilibrada,
ou pode fingir que é gay por algumas semanas. Acho que ela usa dentadura. Como
vai ser?
Ele estremeceu com os olhos
marejados.
– Jasper é uma bicha louca
amancebada.
Prendi o riso.
– Eu sabia que ia fazer a escolha
certa, Jaspe... rita.
– Então você que vai contar para
a louca que Jasper... - estremeceu novamente. - Dá o caneco.
– Beleza. Vou perguntar a Edward como
falo isso em estoniano. - saí de debaixo da mesa.
– Ei! - meu irmão sussurrou de
olho na saída da cozinha, onde sua esposa o esperava. - Vai até T-zed
disfarçando, a véia não pode sacar que estou aqui.
– Ok, disfarçando. - concordei.
Não pude deixar de notar Emmett
dançando com a molecada no meio do gramado. Sinceramente, não sabia dizer o que
o motivou a colocar Black Eyed Peas para acalmar as crianças.
– Vai! - Jazz falou por entre
dentes.
E eu fui...
Disfarçando... Disfarçando... Cantarolei
baixinho ao som de Pump It. Disfarçando...
Disfarçando... Disfarçando... Fui
cruzando o jardim dançando.
Quando a dona Bogdanov olhou para
mim, parei, coloquei as mãos na cabeça e mexi o quadril. Os movimentos eram
mecânicos e definitivamente contra minha vontade, mas eu precisava fingir que
estava só curtindo música. O problema é que qualquer coisa que eu dançasse com
aquela fantasia era pagação de mico total.
Disfarçando... Disfarçando...
Disfarçando... Assim
que a maníaca parou de me olhar segui meu caminho.
Disfarçando... Disfarçando... Disfarçando... Chacoalhando
as mãos para o alto consegui chegar até o banco onde Ed e Jully estavam.
Bufei antes de perguntar:
– Edward, como se diz: seu marido é gay?
– Hã... - analisou-me. - Acho que
não se diz, espera a pessoa descobrir sozinha.
– Não! - bati o pé no chão,
impaciente. - Como se diz isso em estoniano?
Deu de ombros.
– Tema abikaasa on õeke - Jully
respondeu devagar para que eu assimilasse.
– Ótimo. - vibrei.
Me preparei para voltar à mesa,
mas percebi que a dona Bogdanov estava de olho em tudo.
Vai lá Bella!
Disfarçando... Disfarçando...
Disfarçando... Fui
dançando em direção à mesa.
No meio do caminho peguei a barra
do vestido e sacudi de um lado para o outro. Eu estava puta da vida e com o
baita mau humor. Jazz tinha sorte de eu amá-lo tanto.
– Quanta animação, Bella! -
Emmett gritou mostrando os polegares. - É isso aí! Agita!
Tive vontade de assassiná-lo ali
mesmo.
Assim que pude, me aproximei da
mesa de doces. Meu irmão colocou a cabeça para fora e indagou:
– Conseguiu?
– Sim. Jully me ensinou uma frase
em estoniano.
– E como é?
Parei de dançar e respirei fundo
para não perder o controle.
– Esqueci. - confessei tendo
certeza de que estava fincando vermelha.
– Volta lá e anota. - quase
gritou.
– Jasperina, esse é o último
favor que te faço na vida.
Tentei relaxar e voltei a dançar.
Disfarçando... Disfarçando...
Disfarçando...
Joguei o cabelo de um lado para
outro. Dei dois passinhos para o lado, dois pacinhos para o outro e voltei a
andar. Passei por Alice, e pela minha visão periférica, notei sua expressão
chocada com minha péssima dança improvisada. Não deixei que isso me distraísse e
fui direto ao alvo.
– Jully, anota aquele troço em
estoniano pra mim.
Ela prontamente me atendeu,
tirando de sua bolsa um bloco de notas.
– Aqui. - entendeu-me o papel.
– O que está fazendo? - Edward me
fitou desconfiando.
– Nada.
Disfarçando... Disfarçando...
Disfarçando...
Voltei para a mesa saltitando no
ritmo. Cansada de ficar disfarçando ergui a toalha da mesa e falei alto.
– Sai da toca, duende, é hora de
virar princesa.
Ele se encolheu, acovardando-se.
Tive que puxá-lo pelo braço, e nós fomos até a cozinha encontrar com sua
esposa. Imediatamente estranhamos a ausência da doida.
– Cadê ela? - ele perguntou tão
confuso quanto eu.
– Não faço idéia. - voltei para o
jardim.
Jasper e eu procuramos a
cozinheira por toda a mansão e seu sumiço só serviu para prolongar o sofrimento
do meu irmão.
– E agora? - ele questionou com
medo da resposta.
– Eu não sei. De qualquer forma,
comece a soltar a franga, pois podemos precisar da Jasperita a qualquer
momento.
A festa seguiu tranquila. A pior
parte havia passado e conseguimos esconder da tia de Alice nossos vacilos. A
mulher apreciou nosso trabalho e agendou um novo evento.
Acomodei Jully na suíte de meu
pai e evitei lhe contar o que estava acontecendo. Precisava pensar bem nos
argumentos que a manteriam de bico fechado. Minha prima era muito bacana, ela
só não gostava de enganar Charlie.
(...)
No dia seguinte, o pessoal passou
a maior parte do dia dormindo. Os últimos dias tinham sido exaustivos, mas eu
não consegui descansar tanto quanto desejava. Durante a tarde, fiquei um bom
tempo deitada na cama admirando meu diamante. Ele não brilhava tanto quanto um
diamante lapidado, mas cintilava o suficiente para prender minha atenção.
Sentia que meus problemas
financeiros estavam resolvidos, no entanto, isso era o que mais me incomodava.
Depois de tanto sofrer, correr e passar vergonha para recuperar aquela pedra,
agora era quase impossível me livrar dela.
Sentia-me vitoriosa segurando o
diamante. Achei que ficaria com raiva dele e desejaria nunca mais vê-lo, mas
estava enganada. Eu me apegara àquela pedra de uma forma surpreendente.
Passei vários minutos presa ao
dilema. Então, decidi que eu trabalharia mais do que qualquer um e conseguiria
o dinheiro para pagar o agiota. O diamante devia voltar para as mãos de seu
ex-dono. Ele estaria mais seguro com Edward do que comigo.
Coloquei a pedra em cima do
criado mudo e automaticamente minha mente se prendeu a outra questão: Brad
McFadden. Olhei para o relógio e já marcava 17:25h. Foi inevitável não me
perguntar se ele realmente iria ao tal encontro. Expulsei a imagem dele da
minha cabeça e tentei dormir.
# 17:30h #
Ele não vai, eu não vou e o
idiota continuará me importunando. É isso que vai acontecer, Bella.
# 17:40h #
É claro que ele vai! Brad não é
besta. O que será que ele quer falar comigo? Talvez eu devesse saber de uma vez
por todas.
# 17:55h #
Não, não e não! Se convença de
que se você colocar o pé para fora dessa casa ele vai achar que é por causa dele.
Não vai te dar paz. Dorme desgraçada.
# 18:12h #
Está se acovardando, idiota.
Precisa enfrentar isso. Enquanto tiver medo de ficar perto de Brad não vai
conseguir superá-lo.
# 18:25h #
Quero que ele sofra! Quero que
ele sofra! Quero que ele sofra! Quero que ele sofra! Quero que ele sofra! Odeio
o Brad!
# 18:38h #
Talvez devesse perdoá-lo e seguir
em frente. Não pode ficar presa a essa mesquinharia.
# 18:46h #
Because of you i never stray too far from the sidewalk.
Because of you i learned to play on the safe side so I don't get hurt.
Because of you i find it hard to trust, not only me, but everyone around
me.
Because of you...I am afraid.
(Por sua causa eu nunca me
afasto muito da calçada.
Por sua causa eu aprendi a
jogar do lado mais seguro para não me machucar.
Por sua causa eu acho difícil
confiar, não somente em mim, mas em todos a minha volta.
Por sua causa... Eu tenho
medo.)
PÁRA DE CANTAROLAR ESSA DROGA,
SACO!
Ai, não... Entrei no último
estágio de demência. Quando será uma boa hora pra começar a tomar remédios?
# 18:53h #
Preciso bater de frente com Brad.
Vou saber o que ele ainda quer de mim e dar um ponto final a toda essa
história. É isso!
Levantei rápido da cama, abri a
gaveta da cômoda e peguei meu modesto cofrinho. Joguei as cédulas amassadas e
de pouco valor em cima do móvel. Depois corri para colocar um vestido qualquer.
Saí da mansão como se estivesse
fugindo. Se eu fosse barrada por alguém, certamente não teria coragem de
concluir meu plano. Por sorte, ou azar, ninguém me viu. Na esquina, peguei um
táxi e fui para a lanchonete encontrar-me com Brad.
Quando atravessei a porta da
lanchonete, já estava há vários minutos atrasada. Percorri o local com os olhos
e logo avistei meu ex, sentado em uma das mesas do fundo. Assim que ele me viu,
abriu um sorriso largo e aliviado, em seguida engoliu em seco. Fui até lá
sentindo meu estômago revirar.
– Está atrasada. - bebeu um pouco
da cerveja que mais gostávamos.
– Você pode esperar. - retruquei.
– Obrigado por ter vindo.
– Eu não ia vir.
– Por isso mesmo estou
agradecendo. - sorriu.
Olhei à nossa volta e senti um
misto de saudade e repulsa daquele lugar.
– Aqui não mudou muito. - falei
tamborilando os dedos nervosos na mesa.
– Verdade. Bells, vamos sair
daqui. Esse local nos traz algumas lembranças ruins. - disse, já colocando seu
casaco de couro.
– Mesmo? - ironizei. Afinal, fui
eu que levei um fora ali. - Não vou a lugar algum.
– Por quê?
– Não confio em você.
Brad suspirou contrariado, então
me estendeu as chaves do seu carro.
– Você dirige.
Peguei as chaves e saí na frente.
Se era para resolver nossas diferenças, que fosse em um lugar neutro.
Entrei no Mustang e bati a porta
com força. Brad ao meu lado apenas sorria, observando-me. Dei a partida e saí
do estacionamento com calma, porém não tive pena de pisar no acelerador quando
chegamos à avenida. Baixei a capota e o vento em meu rosto logo me tranquilizou.
Em uma pista mais vazia, passei um pouco dos 80 km/h. Brad pegou uma garrafa de
vinho no banco traseiro e entornou boa parte. Ligou o som, pendeu a cabeça para
trás e relaxou.
Por bastante tempo, dirigi sem destino. Segurar o volante era a única coisa que me passava um pouco de confiança. Eu precisava ganhar tempo para equilibrar meu lado emocional com o racional. Desejava muito ter uma conversa franca, uma conversa que mudasse os meus sentimentos.
Em certo momento, Brad ficou
impaciente e eu precisei arranjar um lugar para estacionar. Guiei o Mustang até
o estacionamento do Museu Central de Orlando. Ficava há poucas quadras da minha
casa e o local estava completamente vazio àquela hora da noite.
– Não quer ir a um restaurante ou
coisa do tipo? - McFadden indagou assim que desliguei o motor.
– Não. - respondi olhando para o
volante.
– Você quem sabe. - saltou para
fora do carro quando outra música começou a tocar.
Também saí do veículo e me
encostei no capô. Brad, totalmente desinibido e contagiado pelo rock, passou a
dançar ali mesmo, no estacionamento deserto, segurando a garrafa de vinho.
Ele girou pelo local, sentindo as
batidas da bateria como se brotassem de dentro dele. Como um bom músico, o cara
tinha ritmo, ginga e, droga... era muito sexy. – Dança comigo, Bells. - pediu,
gesticulando com uma mão. - Vem.
– Não. - cruzei os braços com a
cara fechada. - Precisamos conversar.
Brad ignorou o que falei e tirou
seu casaco, jogando-o para cima do capô. Em seguida, se afastou, sacudindo a
cabeça como se estivesse tocando sua guitarra. Ele já havia bebido mais da
metade da garrafa e não dava sinais de que ia parar por ali.
– Vamos curtir, Bells. Você
adorava isso. - falou alto abrindo os braços.
– Eu mudei.
– Só uma dança. - pediu, fazendo
sua carinha de inocente.
– Não.
Ele colocou a mão no peito e caiu
para trás como se tivesse sido alvejado.
– Eu já não sofri o suficiente? -
gritou.
– Nunca será o suficiente. - meu
lado rancoroso predominou.
Brad levantou-se rapidamente e
correu em minha direção. Espremi-me contra o carro, tensa. Ele parou há
centímetros de mim. Achei que me tocaria, mas não o fez.
– Tão doce e tão má. - mordeu o
lábio inferior.
– Por que isso? O que você quer?
- franzi o cenho.
– Tudo. - lançou-me seu sorriso
mais sensual. - Quero tudo relacionado a você. Preciso admirar cada olhar, sorriso
e gesto seu. - colocou o vinho em cima do carro. - Tudo. - repetiu, voltando a
dançar.
– Rá. - ironizei. - Você sempre
quer tudo de tudo.
- peguei a garrafa e dei um grande gole.
– O que preciso fazer pra ter
outra chance?
– Abandone o Link 69. - debochei
sabendo que o feriria.
Brad gemeu não gostando da
resposta.
– Vou viver do que?
– Pede esmolas. - bebi mais um
pouco de vinho. - Use esse seu sorriso falso. Garanto que consegue uma grana.
McFadden gargalhou, inclinando a
cabeça para trás. De olhos fechados, curtiu o refrão da música e, ainda
embalado por ela, ajoelhou-se. Ele colocou as mãos na minha cintura e
encarou-me com intensidade.
– Você me tem a seus pés se
quiser. - seu sorriso era tão debochado, sexy e ousado que não tinha como
passar confiança. - Não sente esse fogo? - sua palma deslizou por minha barriga
indo ao encontro de meus seios. Imediatamente o detive.
– Pára com isso. - o puxei para
cima. Seu rosto quase roçou no meu e ambos ofegamos.
Então, seu sorriso desapareceu
dando lugar à mistificação de uma seriedade perturbadora.
– Não vê que somos iguais? Que
somos perfeitos um para o outro?
Não consegui desviar o olhar,
muito menos me mover quando Brad passou a roçar seus lábios na minha bochecha.
Sua sensualidade esmagadora e seu talento para conduzir minhas emoções
fizeram-me cair em um estado de semi-inconsciência.
Correnteza.
Eu só conseguia pensar nisso. Me
sentia sendo arrastada pela correnteza, por forças maiores e mais fortes que
meus braços e pernas. Dentro de mim, eu sabia que estava prestes a me afogar.
(...)
Eu acordei.
Uma lágrima escorreu pelo canto
do meu olho conforme minha consciência se estabelecia.
Deus, o que eu fiz?
Eu estava deitada com Brad no
banco de trás do Mustang. Podia sentir sua respiração em minha nuca e seu braço
em volta da minha cintura. Inclinei a cabeça e vi que, em seu relógio, marcavam
04:03h da manhã.
Desvencilhei-me e levantei
rapidamente. Minha cabeça bateu na capota, deixando-me ainda mais atordoada.
Solucei alto, mas McFadden não percebeu minha agitação e continuou dormindo.
Curvada e tremendo muito, arrumei meu vestido, que tinha uma das alças rompida.
Busquei por meus sapatos, mas
meus olhos focaram apenas a garrafa de vinho vazia e a embalagem de um
preservativo. Imediatamente, saí do carro, deixando Brad sozinho com seus
sonhos.
Desorientada, fitei o
estacionamento vazio e tive vontade de gritar, gritar até que ficasse sem voz,
só que não fui capaz de abrir a boca.
A sensação de impotência e culpa
me atingiram. Sentia-me como uma alcoólatra na sarjeta admirando sua pior
recaída, ou como um drogado que injetara em si seu amado veneno e agora não
podia conter o fogo em suas veias. Retardei as lágrimas o máximo que pude, mas
diante dos fatos, não havia mais como contê-las. Então, elas escorreram por
minha face envergonhada.
Não tive coragem de olhar para
trás e, descalça, fugi. A dor no meu tornozelo se tornou insignificante diante
da dor em meu peito e, por mais rápido que eu corresse, não parecia ser o
suficiente.
Pelas ruas escuras e quase
desertas do meu bairro, corri desesperada para deixar todas as lembranças para
trás. O pior é que eu sabia que não adiantava, pois não estava fugindo de Brad,
e sim de mim mesma.
Eu havia passado mais de um ano
evitando recordar os momentos que tive com meu ex. Por muitas vezes, fui
torturada pela vontade de lhe telefonar e não o fiz. Lutei cada maldito dia
desde que ele se fora para superá-lo. Disse milhares de vezes a todos que eu
estava bem, que Brad era uma página virada e, agora, o que me restava? A
vergonha de aceitar que falhei comigo mesma?
Não foi apenas sexo. Eu lancei
meu orgulho e amor próprio aos pés de um homem que adorava me manipular.
McFadden arrancou-me o resto de respeito que eu tinha por mim mesma,
mostrando-me o quanto eu era fraca e dependente dele. Nada, nada no mundo
poderia me causar mais dor que isso, pois trair a si mesma é definitivamente o
pior tipo de traição.
Continuei correndo. Rua após rua,
esquina após esquina, lágrima após lágrima. Ao chegar à mansão, disparei ainda
mais rápido pelo jardim e invadi meu quarto, buscando alívio. Fechei a porta e,
exausta, caí de joelhos.
Coloquei as mãos na cabeça e o
choro explodiu misturado a soluços. Eu não só tinha vergonha do que fiz como
também tinha vergonha de mim. Isso é o que tornava tudo pior. Se aquilo
houvesse acontecido com outra pessoa, eu seria a primeira a discriminá-la e lhe
dizer: como você é idiota! Não se valoriza? Gosta de ficar sofrendo por um
homem que nem te ama?
Gemi sabendo que era exatamente
isso que eu ouviria dos meus amigos e irmão, mas somente eu sabia o quanto era
difícil conviver com uma paixão doentia. Nada do que eles falassem podia me
magoar mais do que as lembranças do que aconteceu no carro.
Soquei o chão com força, sentindo
o cheiro de Brad em minha pele, vendo sua expressão de satisfação ao me ter e
ouvindo seus gemidos ecoarem em minha cabeça. Parecia que eu ainda podia sentir
as mãos dele em meu corpo, sua respiração contra meu rosto e isso pilhou a
sanidade que ainda me restava.
Levantei-me revoltada e derrubei
tudo que havia sobre a cômoda. Desarrumei a cama, desejando destruir qualquer
coisa que não fosse a mim mesma, mas foi diante do espelho que meu coração
pareceu sangrar.
Olhando o meu rosto borrado,
molhado e torturado, pude ouvir aquilo que Brad mais falou durante a
madrugada...
Você é minha. Só minha.
O ódio explodiu dentro de mim e
eu avancei no espelho. Em prantos, o soquei com toda a força, gritando:
– EU NÃO SOU SUA! EU NÃO SOU SUA!
- O espelho estilhaçou em vários pedaços e, mesmo sentindo o ardor do corte em
minha mão, não fui capaz de parar. - EU NÃO SOU SUA! NÃO SOU... NÃO SOU!
– Bella. - a voz que soou atrás
de mim era de Edward. Fechei os olhos e contive o choro. - O que aconteceu? - larguei
o espelho e virei-me para encará-lo. Edward me fitou preocupado e confuso,
porém não tive coragem de lhe contar o que fiz. - O que aconteceu? - repetiu
ainda mais preocupado.
– Nunca realmente acaba. - murmurei.
Imediatamente, ele entendeu o
motivo de minha aflição. Edward analisou meu estado deplorável e, sem dizer uma
palavra, fez com que eu me sentisse a mais tola das mulheres. Preferia mil
vezes que tivesse me chamado de burra, pois qualquer ofensa seria melhor do que
enfrentar aquela repreensão em seus olhos. Ele internamente me julgava e, por
outro lado, parecia sentir pena da pessoa descontrolada que eu era.
Não mais suportei e o empurrei
para fora do quarto.
– Bella. - tentou resistir.
– Me deixa em paz! - gritei,
batendo a porta em sua cara.
Eu não podia lidar com o meu
julgamento e o dele. Era difícil ouvir sermões de alguém que entendia de
relacionamentos só na teoria. Edward nunca ia compreender totalmente o que é
amar aquilo que não lhe serve.
O tremor em minhas pernas me fez
sentar no chão, encolhi-me desejando que o gosto de Brad sumisse da minha boca.
Só que havia vestígios dele em tudo, e eu não tinha dúvidas de que aquele era o
seu objetivo.
Tendo dificuldades para respirar,
olhei para minha mão e vi o sangue escorrer por meus dedos. Observei algumas
gotas tocarem o solo e foi nesse momento que me dei conta de que havia chegado
ao fundo do poço. Primeiro meu tornozelo, depois a mão... O que viria a seguir?
Eu não estava destruindo só o meu interior, estava subjugando meu corpo e alma
àquela maldita paixão.
– Isso não é jeito de viver. - falei
com a voz embargada. - Não é jeito de viver, Isabella. - fechei os olhos e
respirei fundo. - Basta!
Em um impulso, levantei rápido e
peguei uma caixa embaixo da cama. Nela, havia recordações da época que namorei
com Brad. Objetos dos quais, antes, não conseguia abrir mão. E não parei por
aí, decidi me livrar de tudo que me ligasse ao nosso passado. No armário,
peguei as roupas que ele mais gostava de ver em mim. Da estante, arranquei os
CDs que me lembravam o idiota e carreguei tudo para o quintal.
Larguei a caixa perto da lata de
lixo e corri até a cozinha. Lá, peguei álcool etílico e uma caixa de fósforos.
Totalmente decidida, voltei para o quintal e joguei na lata tudo que alimentava
meu sentimento mórbido por McFadden. Primeiro foram as fotos, depois os
bilhetinhos, ingressos de shows, poesias, roupas e, por último, os CDs.
Derramei quase todo o álcool em
cima das coisas e ascendi o fósforo. Suspirei olhando para os objetos antes de
deixar cair sobre eles o fogo. Não me afastei quando as labaredas subiram. Não
desviei o olhar, eu precisava assistir cada segundo daquilo. Transferi todas as
minhas amarguras para o fogo e deixei que ardessem, para que, assim, eu pudesse
ressurgir das cinzas.
E foram as chamas que me fizeram
enxergar que o grande problema não era necessariamente Brad, e sim eu, pois no
momento que passei a amá-lo mais do que a mim mesma, condenei-me. Quanto tempo
passei fugindo dessa conclusão...
Como uma pessoa ferida, por
muitas vezes repudiei o amor, mas era exatamente dele que eu precisava.
Encontraria uma forma de resgatar meu amor próprio, acharia um meio de conviver
comigo mesma em paz.
Foi um erro tolo e inconsequente
fingir que namorava Edward para mostrar a McFadden que eu estava feliz. Eu
nunca deveria tê-lo colocado como o centro dos meus planos ou de minha vida,
porque o centro de tudo era eu mesma. Tarde demais descobri que fazê-lo sofrer
ou humilhá-lo não me salvaria.
E o que me salvaria? A resposta
sempre esteve diante de meus olhos, mas me enganei sem sentir.
Aquele começo de manhã era o
momento de recolher todos os pequenos pedaços de mim e recomeçar. Não apenas
existir ou resistir, mas viver. Eu não precisava de um homem para me completar,
eu necessitava era de ousadia e coragem para me fazer feliz.
Quando as chamas consumiram todas
as banalidades a que dei demasiada importância, apaguei o fogo e voltei para o
quarto. O local refletia meu interior: bagunçado, triste, sujo e por isso
limpei o quarto com todo o carinho. Coloquei cada coisa em seu devido lugar,
juntei o vidro quebrado, tirei o pó, varri e perfumei.
Aquela simples tarefa me trouxe
de volta o juízo e a razão que há tanto tempo havia perdido. E, pela primeira
vez, eu realmente sabia o que fazer. Tinha consciência de que as mudanças de
minhas atitudes e hábitos não ocorreriam do dia para a noite. Era necessário
tempo, trabalho e vontade. Precisava passar a cuidar de mim como ninguém fizera
e respeitar os meus limites.
Para fortalecer meus novos ideais
e não me deixar perder o rumo peguei uma caneta piloto e comecei a escrever
mensagens para mim mesma nas paredes. Algumas delas eram trechos de músicas,
outras eram poesias e algumas das frases surgiram de minha mente regenerada.
“Cortei todas as minhas ervas
daninhas, mas mantive as flores.”
“A vida, acredite, não é um
sonho tão negro quanto os sábios dizem ser. Frequentemente uma manhã cinzenta
prenuncia uma tarde agradável.”
"É possível mudar nossas
vidas e a atitude daqueles que nos cercam simplesmente mudando a nós
mesmos."
“A vida é uma tragédia quando
vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe.”
“Existem apenas duas maneiras
de ver a vida. Uma é pensar que não existem milagres e a outra é que tudo é um
milagre.”
“Meu coração é como uma estrada
aberta.”
“Que eu tenha forças para mudar
o que posso e humildade para aceitar o que não posso.”
“Acorde, reaja e lute. Não há
um caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho.”
Ao terminar de escrever, fiquei
de pé no meio do quarto e girei lentamente olhando para as mensagens nas
paredes. A dor em meu peito dissipou-se e já não me importava com meu erro da
noite passada. Não existia mais culpa, pois consegui perdoar a mim mesma. Não
fazia sentido prender-me ao arrependimento e carregá-lo comigo dificultando
minha caminhada. Eu estava determinada a não deixar aquilo me afundar. Era um
novo dia e eu precisava fazer com que fosse também um novo começo.
– Bella, você nunca mais irá se
preocupar em esquecer Brad. - suspirei, deliciando-me com o momento. - Seu
objetivo agora é ser a heroína da sua própria história.
Então, um sorriso honesto,
esperado e libertador cintilou em meu rosto. Agora eu podia ser o tipo de
pessoa que diz: dentro do meu pior momento foi que tive minha maior vitória.
Ri alto, uma risada tão gostosa
que fez-me sentir uma garotinha e, ao mesmo tempo, uma mulher poderosa.
Fui para o banheiro e tomei um
banho demorado. Não fiquei desesperada esfregando meu corpo para me livrar do
cheiro de McFadden. Apenas aproveitei a água, o cheirinho bom do sabonete e
cantalorei minha música favorita. Depois, fiquei em frente ao espelho do
banheiro, onde sequei o cabelo com o secador e o deixei bem bonito.
Passei uma maquiagem leve. Um
pouco de base, blush e um batom rosado. Coloquei meus brincos favoritos e fiz
algumas caras sexys na frente do espelho.
Fui para o quarto e procurei no
armário um jeans bacana. Também peguei uma regatinha branca e calcei meus
tênis. O visual descontraído e despojado refletiu meu estado de espírito.
Resgatei uma antiga bolsa traspassada e coloquei nela tudo o que eu achei que
poderia precisar.
Quando já estava saindo do
quarto, me lembrei de pegar um caderno e uma caneta. Sentindo-me incrivelmente
animada, fui para o jardim. Já passavam das 8:00h e o sol brilhava no céu limpo
da minha querida Flórida.
Fiquei surpresa em ver Emmett e
Jasper fazendo flexões no gramado. Eles estavam mesmo levando a sério o tal treinamento.
Rapidinho, fui até eles e joguei-me no chão.
– 45! - Emm contou subindo e
descendo.
– 46! - Jasper revirou os olhos,
sem forças.
– 47! - falei me juntando a eles.
- Vamos lá, pessoal. Força! - com esforço, fiz a flexão.
– 48! Não vem zoar, Bella. - meu
amigo ofegou.
– 49! Não estou. Eu sei que vocês
serão os próximos Chuk Norris. - ri.
– 50! - Jazz se jogou no chão,
mortinho nas calças.
– Emm, preciso do seu jipe. - sorri.
– Aonde vai? - estranhou, tirando
as chaves do bolso da bermuda.
– Curtir o meu dia, baby. - tomei
as chaves de sua mão e levantei-me. - Malhando, malhando, vão ficar gostosos. -
cantarolei batendo palmas. Meu irmão, sem conseguir tirar a cara do gramado,
mostrou-me o dedo do meio.
Deixei os malucos se exercitando
e quase corri para a casa da árvore. Precisava me desculpar com Edward. Fui
estupidamente grosseira com ele na noite passada. O cara estava preocupado
comigo e eu só conseguia pensar nos possíveis julgamentos que fazia ao meu
respeito. Como eu podia saber o que ele realmente estava pensando? Respondo,
não podia. Me precipitei. E era por isso que precisava reverter o quadro.
Diante da casa, assobiei alto.
Depois, gritei:
– Edwaaaaard! - novamente
assobiei. - Edward!
Ele colocou a cabeça na pequena
janela e me fitou confuso. Rapidamente, rabisquei no caderno e, com as duas
mãos, o ergui acima da minha cabeça. Ansiosa, esperei que lesse o “DESCULPA?”.
O selvagem bufou e eu temi que
seu rancor prevalecesse. Então ele se afastou da janela e eu baixei as mãos.
Parecia que eu tinha perdido aquela parada.
Me preparei para ir embora, mas
Edward retornou exibindo uma folha de papel, na qual estava escrito: “SIM!”. Ele
sorriu revirando os olhos e não consegui conter minha gargalhada. Havia um
início de desenho na folha dele, apenas um rabisco, só que não consegui
entender o que era.
Explorei seu bom humor e em outra
folha escrevi: “Quer
tomar café comigo?”
Edward escondeu o rosto atrás do “SIM!”. Intimamente vibrei por
ter conseguido acertar os ponteiros com ele. O cara era legal e era de pessoas
assim que eu devia ficar rodeada.
Continua...
Nossa quanta emoção rolou nesse
capítulo. Adorei o processo de purificação da Bella, era exatamente disso que
ela precisava pra se livrar do encosto do Brad. E que ótimo que ela pediu
desculpas para o Edward, por que, coitado, só queria ajudar e foi praticamente escorraçado
por ela. Tomara que agora ela consiga olhar pra ele com outros olhos e os
sentimentos comecem a aflorar. Beijos e até amanhã.
aii amiga eu to aqui na torcida por meu casal predileto.e cada dia essa fic ta melhor e pegando fogo!agora tomara que eles se acertem.
ReplyDeleteOiii moms!!! Adoreii gostei muito dessa nova bella amei amei amei ela! Beijusculo ate amanha cedo!!
ReplyDeleteAuuuuunt *-*
ReplyDeleteAdorei esse cap! Mesmo com a parte do sofrimento da Bella... foi um grande passo pra ela... literalmente virou a pág e ta começando uma vida nova!!! Esquecendo o Brad e se aproximando do Ed! hehe :P Espero q o clima entre eles cresça mais e mais! ♥
ReplyDeleteBeijoos :*
Amei muito esse cap, realmente um dos melhores que já li, a atitude de bella foi muito bonita, amei mesmo. Beijinhos!
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