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Thursday, May 24, 2012

FANFIC - UM SELVAGEM DIFERENTE - CAPÍTULO 27


Um Selvagem Diferente
By Lunah
Título: Um Selvagem Diferente 

Autora(o): Lunah.

Shipper: Bellard

Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo

Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Violência

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"

Capítulo 27 - Momentos Como Esse - Especial I

Edward observou minha expressão de choque por uns três segundos e esse foi o tempo necessário para ele se dar conta do que acabara de falar.
— Na minha cabeça não soou tão inapropriado. — Engoliu em seco. — Acho que vinho e eu não fomos feitos um para o outro. — Empurrou a garrafa para o meio da mesa.
Mais alguns segundos se passaram até eu ter condições de fechar a boca, piscar os olhos e falar:
— Uau...
Eu sei, não foi uma grande frase.
— Me desculpe. Achei que nosso novo nível de amizade permitia esse tipo de conversa... — Pendeu a cabeça para o lado, refletindo. — Mas agora vejo que me enganei.
— Não, Ed. Que é isso?! — Me fingi de ofendida. — É por isso que estou aqui! É pra isso que servem os amigos! A gente tem que contar sempre tudo um para o outro... — Descarada, me inclinei em sua direção. — Principalmente os detalhes mais sórdidos. — Pigarreei.
— Por favor, esqueça o que eu disse.
— Não, não, não... Deitou, agora rola.
— O quê?
— Começou a falar, então continua. — Esclareci.
Edward suspirou, visivelmente arrependido.
— Primeiro me diz como foi seu sonho.
— Que tipo de negociação é essa? — Cruzei os braços, mas logo cedi. — Ah, vai... Tudo bem. — Resolvi resumir meu pesadelo. — Alice tinha virado uma Hare Krishna, Jasper virou gente, Emm virou mulher e você um babaca superficial e metido. Agora é sua vez.
— Como assim? — Franziu o cenho.
— Edward! — Protestei. — Não enrola. — A curiosidade era violenta.
— Só sonhei que... — Passou a estalar os dedos da mão esquerda. — Que Brad não tinha nos interrompido naquela madrugada. — Parou pra me analisar e eu escondi o espanto como pude. — E continuamos nos beijando.
Fica calma, fica calma...
— Mesmo? — Fiz minha melhor cara de paisagem. — Nos beijamos muito? — Minha voz tremeu um pouquinho no “muito”.
Edward fixou seus olhos na mesa e murmurou:
— Não faz idéia.
Ainda com os pés sobre o móvel, passei a chacoalhar o pé esquerdo freneticamente em uma tentativa desesperada de manter a linha.
— O que mais... — Medi as palavras. — Aconteceu?
Ed soltou um sutil grunhido ao fitar o teto.
— Aconteceu mais uma, ou duas coisas.
Dessa vez, gargalhei em silêncio e só parei quando ele me encarou.
— Interessante. — Respondi seriíssima. — Por favor, continue.
Extremamente desconfortável, Edward coçou a testa, cruzou os braços e, por fim, desembuchou rápido:
— Te toquei em alguns lugares, você me tocou em outros e acordei. — Aliviado,
puxou uma cadeira e sentou do outro lado da mesa. — Foi só.
Precisei fechar os olhos e me concentrar para não rir, afinal, o “rei da floresta” tinha tido um sonho proibidão comigo.
— Podemos mudar de assunto? — Ele pediu.
— Claro. — Respirei fundo.
— Ótimo.
Houve um momento de silêncio.
— Então... — Me espreguicei. — Quer dizer que você ficou excitado?
Gemendo de desgosto, encostou a testa na mesa.
— Não fica grilado não, isso acontece com todo mundo. — Banquei a especialista. — Pode perguntar a quem quiser.
O selvagem ergueu a cabeça.
— Sério?
— Com certeza. — Fitei a garrafa de vinho. — Quer mais um vinhozinho pra se soltar de vez? — Sorri matreira.
— Não, obrigado. — Finalmente riu de si mesmo. — Não acredito nas coisas que falei. — Pendeu a cabeça para trás.
— Eu sei. — Também gargalhei.
— O melhor foi sua expressão de espanto.
— Ás vezes fico meio histérica.
— Meio? — Riu ainda mais. — Obrigado por não me considerar um tarado.
— Quem disse que não considero? — Brinquei.
— O sonho foi uma bobagem causada por... — Parou pra pensar.
— Por? — Fiquei ansiosa.
Ultimamente Edward estava tendo dificuldades para completar as frases. Que esquisito!
— Por... — Estreitou os olhos. — Meu excesso de imaginação? — A resposta soou como uma pergunta. — Ou... — Gesticulou perdido no próprio raciocínio.
Bella, essa é a deixa! Era isso que estava esperando! É agora que você conta que está apaixonada. Vamos lá! Você consegue!
Edward tinha sonhado comigo após beijar Jully, isso só podia significar que ele também sentia algo por mim, certo? Era isso que ele tentava explicar?
— As garotas já devem estar cansadas de esperar por esse vinho. — Sem concluir nossa conversa, pegou a garrafa e se dirigiu à porta.
Senti que minha chance estava escapando por entre meus dedos. A sensação era horrível. Então, em um momento de puro impulso, me levantei e anunciei:
— Apaixonada!
Edward estagnou, virou-se lentamente e me encarou completamente aturdido. Imediatamente me xinguei por minha total falta de tato.
— O que disse? — Voltou.
— Eu... — Tomei fôlego. — Não sou mais apaixonada por Brad. — Decidi explicar primeiro essa questão.
— Não? — Estranhou.
— Nem um pouco. — Senti um leve tremor nas pernas. — Ontem conversamos e... tudo que precisava ser dito foi dito. — Sorri torto. — Edward, você sabe que, antes, tudo que eu queria era “virar a página”, mas descobri... — Fixei meus olhos nos dele. — Que já estou lendo outro livro.
Nervosa, esperei ele digerir a informação e demorou mais tempo do que eu esperava.
— Confesso que estou um pouco surpreso. Pra falar a verdade, senti algo diferente em você quando a vi, mas não imaginava que fosse isso. Agora entendo por que está aqui.
— Entende? — Engoli em seco.
— Sim. Você veio me contar a novidade. — Exibiu um lindo sorriso. — Parabéns, Bella. — Afagou meu rosto. — Alcançou seu objetivo. Estou realmente orgulhoso de você. — Beijou minha bochecha esquerda e involuntariamente fechei os olhos.
Sabe quando você sente como se seu coração estivesse prestes a sair pela boca e as pontas de seus dedos ficam geladas? Nossa, era exatamente assim que me sentia.
— Não quer comemorar? — Afastou o rosto e pegou minha mão. — Aposto que Alice pensará em algo. — Tentou me levar para a sala, mas só consegui dar dois passos, desvencilhando-me logo em seguida.
— Edward, tenho que te perguntar uma coisa. — Me afastei.


O sorriso dele sumiu ao perceber a seriedade da pergunta através de minha expressão.
— Pergunte.
Não foi fácil obrigar as palavras a saírem.
— Sei que ainda não se decidiu quanto a Jully, mas... — Ofeguei. — Ela é mesmo a única que combina com você?
A pergunta o pegou de surpresa e ele nada pôde fazer além de baixar a cabeça e refletir sobre ela.
Não existe um meio fácil de expor seus sentimentos a alguém. Não existe um manual indicando a melhor forma de contar a um amigo que está apaixonada por ele. Nesses momentos, até as pessoas mais confiantes se sentem andando na corda bamba.
Diante da mudez de Edward, percebi que estava colocando muitas coisas em risco. Ele não era um carinha qualquer, era alguém que conquistou minha amizade com sua inacreditável sinceridade e compreensão. Edward tinha o dom de enxergar as pessoas além do que elas aparentam ser. Eu sabia que ele me enxergava, assim como também aprendi a enxergá-lo, por isso a idéia de perder essa conexão era mais do que apavorante.
— Por favor, senta. — Pedi baixinho e ele me atendeu.
Meu grande temor naquele momento era Edward se sentir constrangido com minha confissão e começar a me tratar diferente em uma vã tentativa de não me magoar. Não queria que perdêssemos a espontaneidade ou cumplicidade. Por outro lado, não havia mais como esconder o que eu sentia, pois já não conseguia ser covarde a ponto de não me arriscar pelo que eu queria.
Revestida com toda a ousadia que adquiri durante as férias, peguei na gaveta do armário duas facas e um garfo, em seguida alinhei as duas facas em cima da mesa bem diante dele e deixei o garfo de lado.
O selvagem ficou olhando para os talheres sem falar nada, porém eu tinha muito a dizer:
— Edward, quando você chegou à mansão, acreditei que era um completo idiota. Te julguei de todas as formas possíveis e imagináveis. O problema é que eu te via, mas não te enxergava... Meus olhos preconceituosos e limitados não alcançavam muito além da aparência. — Não consegui disfarçar o remorso. — Sinto muito.
— É passado. — Deu de ombros.
— Hoje, depois de tudo que vivenciamos, quer saber o que enxergo?
— Sim.
— Enxergo essas duas facas. — As toquei suavemente. — Elas são perfeitas. Afiadas, de metal nobre e brilham. Não há dúvidas de que são úteis e belas, mas... são idênticas. Geralmente acreditamos que peças iguais combinam. Que foram feitas para ficarem juntas. Entretanto... — Fiz uma breve pausa. — O que uma faz a outra também faz. Elas não trabalham bem juntas, pois não há equilíbrio ou utilidade. Não há nada a acrescentar.
Edward continuou fitando os talheres e não consegui ler seus olhos. Por mais estúpida que fosse a metáfora, foi o único jeito que encontrei de lhe mostrar a verdade.
— Mas sabe... Essa faca aqui não precisa ficar sozinha. — Com receio, indiquei a da direita. — Embora esse garfo nunca, nunca vá ser uma faca..., — Toquei a peça. — ele também pode ser bom e útil. Na verdade..., — Um nó se formou em minha garganta. — acho que ele já é. Sei que são opostos, mas eles funcionam tão bem juntos, Edward. — Precisei ser muito forte para não derramar nenhuma lágrima. — Não enxerga isso?
Podia ouvir as vozes de Alice e minha prima ao longe, só que na cozinha o silêncio afetava toda a atmosfera, fazendo minhas mãos ficarem frias e meus olhos arderem.
Mesmo vendo que meu discurso não atingira meu amigo como eu esperava, fui até o fim.
— Edward, eu sou esse garfo. É por isso que estou aqui.
Ele finalmente ergueu a cabeça e me encarou. Não havia alegria em seus olhos, apenas tristeza. Sua face estava carregada com um lamento que me alcançou e derrubou-me com um só golpe.
— Não sei o que dizer. — Ele murmurou baixando a vista. — Desculpe.
— Não se desculpe. — Gemi, apoiando-me em uma cadeira. Ouvir Edward se desculpar era pior do que ouvir uma rejeição explícita, pois nesse caso havia um tom de pena. — Sendo assim, por favor, só diga que precisa ir. Só diga isso. — Não sabia por quanto tempo ainda conseguiria manter meu rosto seco e minha voz firme.


No fundo, eu sabia que Ed também não queria que as coisas entre nós mudassem, mas até ele entendia que depois do que falei nossa relação nunca mais seria a mesma.
— Preciso ir. — Sussurro o que pedi e se foi sem olhar para trás.
Edward deixou um vazio no cômodo que me engoliu vagarosamente. Tudo que conseguia ouvir era o som da minha própria respiração enquanto eu lutava para não me arrepender do que fiz. Infelizmente, aquela já era uma batalha perdida.
— Meu Deus, o que mais posso fazer? — Inconformada, coloquei as mãos na cabeça e tive vontade de gritar.
Fiz o que era aparentemente correto. Fui honesta com Edward e nem assim o amor me sorriu. Nada pra mim era fácil!
— O que aconteceu? — Alice invadiu a cozinha. — Por que T-zed passou por mim com cara de velório?
— Me abri com ele. — A fitei com os olhos marejados.
— E?
— O que você acha, Alice? — Aumentei o tom de voz.
— Shhh. Vamos sair daqui.
Lice, vendo que eu estava seriamente abalada, me rebocou para fora da casa tão rápido que mal percebi. Ficamos na praia, apenas com a lua, o mar e a garrafa de vinho como testemunhas de minha revolta.
— Por que isso?! — Não conseguia ficar quieta. — O que há de errado? Me sinto em uma Montanha Russa, hora estou em cima, hora estou embaixo. Às vezes parece que tudo vai dar certo, mas simplesmente dou com a cara em um muro. Eu não entendo! — Minhas mãos tremiam. — Ontem me senti uma vitoriosa, mas hoje tenho que lidar com essa derrota. Por que tudo tem que ser tão difícil?
— Fica calma, as coisas vão se ajeitar. — Alice tentou me consolar em vão.
— Sabe o que é pior? — Bebi mais vinho. — Eu sei que agora ele ficará pisando em ovos só para não acontecer nenhum mal entendido que possa me magoar. Toda a intimidade que tínhamos antes simplesmente vai desaparecer.
— Conversa com ele sobre essa questão.
— Não importa o que eu diga, Alice. É do feitio de Edward agir assim, pois ele sempre procura fazer a coisa “certa”. — Sentei no chão e joguei o corpo para trás sem me importar com a areia em meu cabelo. — Está feito, não há volta. — Balbuciei com uma lágrima escorrendo no canto do olho.
— Achei que T-zed estava super na sua. — Ela murmurou sem jeito.
— Fui a primeira a beijá-lo. Isso pode ter mexido um pouco com a cabeça dele, mas não o suficiente para ele querer ficar comigo.
Diante dos fatos, Alice nada pôde fazer para me animar.
O tempo correu e, aos poucos, a revolta foi se dissipando. O que restou foram quatro dedos de vinho na garrafa, milhões de estrelas no céu e alguns pensamentos rodeando minha mente.
A essa altura já não me arrependia do que fiz, na verdade, começava a compreender que ter feito uma escolha foi melhor do que me esconder atrás das dificuldades. Eu não queria mais ser o tipo de pessoa que arranja mil desculpas para não se arriscar.
O que disse a Lice era verdade, tinha a sensação de estar em uma Montanha Russa emocional. Porém, conforme refletia sobre isso, percebia que era inevitável não me sentir assim. Eu estava aberta a tudo, não ficava alheia a dor, vergonha, paixão, coragem, alegria ou tristeza. Sempre fui uma pessoa naturalmente emotiva e rejeitar isso seria o mesmo que rejeitar a mim mesma.
Quando aprendi a me valorizar, não adquiri o poder de ficar imune às adversidades. Eu estava sujeita a vitórias e derrotas, erros e acertos, como qualquer um. A diferença é que agora eu tinha a fibra para levantar, sacudir a poeira e dar a volta por cima sem nunca retroceder. E essa fibra é que separa quem eu fui de quem eu sou.
— Alice, o dia logo irá amanhecer. Vamos tomar um banho, comer algo e voltar para casa. — Fiquei de pé.
— Como se sente? — Coçou os olhos.
— Estou bem. — Sorri para a sonolenta. — E isso me basta.

Pink - Crystal ball

Bebendo vinho e achando que a solução está no fundo da garrafa
Só preciso de uma bússola e de um companheiro
E todas as dúvidas que enchem minha mente se confundem de novo
Pra cima e pra baixo, de um lado pro outro de novo
Oh, eu tive minhas chances e eu aproveitei todas
Apenas pra acabar deitada aqui no chão
Pra acabar deitada no chão
Moedas num poço,
Um milhão de dólares na fonte do hotel
O vidente diz: talvez não vá para o inferno
Mas não estou nem um pouco assustada
Mmm mmm mmm mmm mmm
As rachaduras na bola, rachaduras na bola de cristal
Às vezes você pensa que tudo se baseia em um anel de diamantes
O amor precisa de testemunhos e de um pouco de perdão
muita paciência, e um ritmo mais calmo
E assim eu aprendi a ser forte com meus próprios erros
Oh, eu senti o fogo, e eu, eu me queimei
Mas eu não trocaria a dor pelo que aprendi
Não trocaria a dor pelo que aprendi
Moedas num poço,
Um milhão de dólares na fonte do hotel
O vidente diz: talvez não vá para o inferno
Mas não estou nem um pouco assustada
Mmm mmm mmm mmm mmm
As rachaduras na bola, rachaduras na bola de cristal
Ironia é odiar o amor
Pelo que ele fez comigo, pelo que foi feito comigo
O que foi feito, foi feito
(refrão)

(...)

Logo que foi possível Alice e eu caímos na estrada. Não nos despedimos de Edward e Jully porque estavam dormindo e julguei desnecessário, afinal, dentro de algumas horas nos reencontraríamos na mansão.
Enquanto Lice cochilava no banco traseiro, procurei me manter atenta ao volante. As músicas que tocavam no rádio foram minhas únicas companheiras por horas. Muitas das canções falavam sobre decepções amorosas e paixões avassaladoras. Foi impossível não pensar em Edward.
Confesso que fiquei tentada a disputar ele com Jully, mas nossa relação estava acima disso. Ridículos joguinhos de sedução só distorceriam o sentimento honesto e intenso que estava me fazendo sentir tão viva. Eu preferia manter esse sentimento intacto a banalizá-lo só para conseguir uma noite de sexo, ou um pouco mais de atenção.
Eu estava determinada a não mudar com o selvagem e torcia para que ele fizesse o mesmo, do contrário, ambos perderíamos. Claro que não estava exatamente pronta para esse desfecho, mas se fosse necessário, enfrentaria de cabeça erguida. Não tinha motivos para me envergonhar, pois meu erro mais embaraçoso foi justamente não ter percebido antes o quanto eu gostava dele.

(...)

Ao chegarmos a Orlando, minha amiga e eu tratamos de tomar banho e trocar de roupa. Só depois é que fomos procurar Jazz e Emmett, mas como não os encontramos, fomos até a sala perguntar a Toby.
— Onde está meu irmão? — Indaguei vendo o pancinha se entupir de chocolate.
— Por quê? — Lambeu os dedos gordinhos.
— Não é da sua conta, moleque. — Lice retrucou.
Ao ouvir nossas vozes, Brad desceu as escadas correndo e invadiu o cômodo.
— O que vocês têm na cabeça? — Já chegou berrando. — Cara, falta pouco pra eu matar vocês! Juro! — Ficou vermelho. — Cadê meu carro?
— Êpa, abaixa a bola, meu filho. — Lice deu um passo à frente. — Só pegamos o brandidomóvel emprestado, não precisa dar chilique. — Tirou as chaves do bolso. — Vai querer mais um beijinho pra se acalmar? — Ironizou e McFadden arrancou as chaves de sua mão.
— Fique longe das minhas coisas. — Lançou seu olhar mais ameaçador para ela.
— Acho bom não ter nenhum arranhão no meu carro.
— Quer que eu diga onde pode enfiar seu carro?
— Vai à merda! — Deu-lhe as costas e se direcionou para a porta da frente.
— Tchauzinho, querido casca de ferida. — Alice acenou sorridente e o cara foi verificar se o Mustang estava inteiro.
— Muito bem... — Bufei impaciente. — Cadê Jasper e Emmett? — Encarei Toby.
— Não faço a menor idéia. — Apontou para o escritório.
— Como é? — Boiei.
— Eu tou dizendo que não sei, pau-de-virar-tripa! — Berrou usando as duas mãos para indicar a porta do escritório.
— Ai, meu Pai, dá-me paciência. — Me arrastei até o escritório e logo percebi que a porta estava trancada. — Dá pra abrir aqui ou tá difícil? — Dei uma batidinha.
— É você, Bella? — Emmett perguntou baixinho.
— Não... É o cabelo do sovaco da sua mãe. — Grunhi.
— T-zed está aí com você? — Jasper questionou.
— Quem me dera. — Revirei os olhos.
Eles destrancaram a porta e abriram-na lentamente. O idiota do meu irmão colocou a cabeça para fora e estudou o ambiente.
— A barra tá limpa? — Emm escondia-se atrás dele.
— Falando em Rei da Selva, olha ele aí. — Alice anunciou a chegada do casalzinho.
— Oi. — Ed colocou a bagagem no sofá e Jazz bateu a porta na minha cara.
— Isso sempre acontece comigo... — Comentei lembrando da Godzilla. — Qual o problema de vocês? — Chutei a maldita porta.
— Está tudo bem? — Jully perguntou.
— Emm e Jazz estão se amancebando no escritório. — Lice riu.
— Não estamos não! — Emmett se ofendeu.
— Gente, estou ficando velha pra isso. — Colei a testa na madeira. — Tenham dó.
— Espera um minuto. — Meu irmão estava tramando algo.
Cerca de meio minuto se passou até empurrarem um papel por debaixo da porta. Desanimada, baixei-me para pegar o bilhete e comecei a lê-lo com voz arrastada.
— “De: Emmett e Jasper. Para: Prezados amigos” — Olhei rapidamente para todos. —“Gente boa, a casa caiu! Como Rosalie levou o dinheiro do agiota, o malandro mandou os homens dele aqui pra pegar a grana. A gente até tentou se safar, mas a lata-velha do Charlie não cobre o valor que devemos. Resumindo... T-zed, por obséquio, que nossa morte seja rápida e indolor...”
— Não entendi? — O selvagem franziu o cenho.
Li o final do bilhete de olhos arregalados e todos ficaram na expectativa.
— Edward... — Respirei bem fundo. — Tenho duas notícias pra te dar, mas a sua digníssima pessoa tem o direito de escolher a notícia. Quer primeiro a notícia boa ou a ruim?
Ele gemeu de desgosto.
— E a minha digníssima pessoa tem o direito de morrer?
— Só depois de ouvir a notícia.
— Qual é a ruim? — Fitou-me.
— Levaram o puma.
Não tirei os olhos do selvagem enquanto Alice e Jully expressavam surpresa e revolta. O cara ficou quieto, mas perigosamente carrancudo.
— Qual a notícia boa? — Arqueou uma sobrancelha.
— A porta não é de madeira maciça, fique à vontade. — Me afastei um pouco, ouvindo os xingamentos de Emm e Jazz.

(...)

Edward acabou não matando os rapazes ainda, mas os forçou a sair do escritório e explicar melhor a história.
Acontece que os paus-mandados do agiota se ligaram de que o puma valia uma grana alta no mercado negro e confiscaram o animal com a promessa de devolverem o carro. O problema é que no momento não tínhamos nem a lata-velha, nem o animal, e Ed estava a ponto de ter um colapso.
Depois de muito blá-blá-blá, sugeri que fôssemos até o agiota pedir alguns dias de prazo e pegar o puma de volta. Não seria fácil passar a lábia no cara, porém não tínhamos escolha.
Ordenei que Jasper ficasse tomando conta do resort com Jully enquanto eu, Ed, Alice e Emmett íamos pôr o nosso na reta. Só com a cara e a coragem, entramos na Kombi e Emm se dispôs a nos levar até seu “amiguinho”.
Sentada no banco do carona, permaneci calada. Atrás de mim ficaram Edward e Lice, que também não tinham nada a dizer devido às circunstâncias. Às vezes eu olhava de relance para Alice e a pegava encarando o selvagem com indignação. Ele, por sua vez, fingia não perceber.
De repente, ouvimos uma risadinha.
— O que foi isso? — Olhei para trás.
— A Kombi riu? — Lice se assustou e buscou a origem do som. Ela ficou de joelhos no banco e levantou o forro que cobria o porta-malas.
— Ah, cara! Fui pego! — Toby praguejou sendo puxado por Alice.
— Que merda está fazendo aí? — Me chateei.
— Hãm... — Ficou olhando para o teto. — Brincando de esconde-esconde. —Retorceu a boca.
Lice notando o volume na jaqueta do moleque enfiou a mão dentro dela e lhe tomou a revista Playboy.
— Que horrível! — Revoltada, ela passou a espancá-lo com a revista. — Existe um nome pra isso, sabia?
— Puberdade? — Tentou se proteger. — Cara, não sei como isso veio parar nas minhas mãos. — Riu até suas bochechas ficarem vermelhas.
— Droga... Vamos voltar. — Bufei de desgosto.
— De jeito nenhum. Se eu parar essa Kombi não sei se ela vai pegar de novo. — Emmett emburrou.
— Nesse caso, quem concorda em atirar o hematoma-de-baleia pra fora do carro? — Ergui a mão e meus amigos fizeram o mesmo.
— Peraí, gente. — Todo desajeitado, Toby pulou para o banco à sua frente e quase caiu no colo de Edward. — Pra onde nós vamos? Tou com fome. Alguém tem um forra-bucho aí, um doce, um chocolate?
— Fica quieto, pelo amor de Deus. — Pedi morrendo de vontade de abandoná-lo na próxima esquina.
— Ei, T-zed... — Alice atirou a Playboy nele. — Tá aí, enlouqueça. — Chacoalhou as mãos próximas ao rosto pra dar ênfase à sugestão.
Eu pensei que nesse momento teríamos um minutinho de silêncio. Ledo engano...
— Pessoal, deixa eu contar uma parada. E essa vai especialmente pra Bella. — O pancinha estava brincando com fogo. — Era uma vez uma galinha que botou dois ovos, deles nasceram dois pintos, um nasceu sem um pé, foi ciscar e caiu, o outro nasceu entupido, foi peidar e explodiu.
Juro que vi tudo vermelho na minha frente.
— Essa foi a gota d´água! — Gritei pisando no pé de Emmett para obrigá-lo a frear.

(...)

— Achei que nunca chegaríamos. — Lice foi a última a sair da monstrenga e fechou a porta atrás de si.
— Sabe, estou pensando em ficar aqui fora... Só pra vigiar a Kombi. — Emmett se acovardou.
— Pode deixar, esse trabalho é do Toby. — Dei uma batidinha no vidro da janela para provocar o pancinha, o qual estava com boca e mãos envoltas na fita adesiva que encontrei no porta-luvas. — Não explode, não. A gente já volta. — O garoto grunhiu até ficar vermelho.
Adentramos a pequena loja de penhores sem saber o que esperar. O local era empoeirado e havia eletrodomésticos antigos nas prateleiras fixadas nas paredes. A poucos metros da entrada, encontrava-se o balcão, onde dois grandalhões nos estudavam por trás de seus óculos escuros. Um deles era careca e tinha tatuagens no pescoço, já o outro era negão com pinta de assassino.
— Deixa que eu falo. — Sussurrei, em seguida me direcionei até os supostos meliantes.
— Bom dia. — Sorri tentando ser simpática. — Podemos falar com o dono da loja?
Não moveram um só músculo.
— Como é o nome do agiota? — Lice cutucou Emm.
— Eu sei lá, dizem que se chama Arnold. — Respondeu intimidado. — Um conhecido foi que serviu de ponte entre nós.
— Por favor, dá pra chamar o Sr.Arnold aqui? — Insisti.
Em um ato estranhíssimo, o carecão tirou os óculos escuros e, com olhos arregalados, indagou:
— Duke Doidão?
Confusa, olhei para trás e notei que ele encarava o selvagem.
— Duke Doidão da favela? — O outro cara também tirou os óculos.
Edward imediatamente olhou por cima de seu ombro esperando ver o tal do Duke. Ao finalmente perceber que falavam com ele, fez sua típica cara de perdido.
— Meu irmão, como saiu da prisão? — O negão engoliu em seco.
Ed assumiu à frente para esclarecer o mal entendido, mas os grandalhões se assuntaram, espremendo-se contra a parede, quase derrubando as prateleiras acima de suas cabeças.
— Desculpem, mas...
— Ele não pode contar. — Interrompi o selvagem, apertando seu ombro. — Vocês sabem como é. — Pisquei o olho. — Agora, por favor, podemos falar com o Sr. Arnold?
Receosos, pensaram no pedido por um momento.
— Tudo bem, podem falar com o chefe. Ele está no escritório. — O tatuado Indicou a porta esquerda, bem ao lado do balcão. — Mas vou dar um conselho: Hoje ele está de ovo virado, é melhor não irritarem o homem. É perigoso.
— Pode deixar. — Assenti.
Alice deu uma batida na porta e adentrou o local sendo seguida pelos rapazes. Quando eu também fui entrar no escritório, um dos grandalhões segurou-me pelo braço e tive que encará-lo.
— Moça, só vou dizer uma vez: Corre pra longe do Duke Doidão. Ele não é peça boa. — Sussurrou, e o outro marmanjo fez o sinal da cruz.
Sem entender nada, me juntei à galera.
Lá estávamos nós, dentro do escritório ridiculamente luxuoso porém brega do agiota. Eu me sentia em um filme de gangster, tendo que suportar as cabeças de animais empalhados nas paredes me encararem e a névoa do charuto do homem me intoxicar.
— Bom dia, Sr.Arnold. Me chamo Bella. — Novamente tomei a frente das negociações.
Estava sendo difícil ser simpática com as costas da enorme poltrona. O homem sequer virou-se para nos encarar e eu temi que nossa proposta lhe fosse insignificante. Em cima da gigantesca mesa, havia uma pistola cromada e tomei ciência do risco que corríamos.
— E aí, tudo bem? — Lice tentou usar seu jogo de cintura. — Estamos aqui pra negociar a dívida que temos com o senhor.
— Trouxeram meu dinheiro? — A voz de trovão do homem me fez recuar.
— Infelizmente... Não. — Emmett lutou contra sua covardia. — Mas...
— Então vão embora.
— O puma está bem? — Edward se pronunciou.
— Vão embora. — Repetiu, impregnando ainda mais o ar com sua fumaça.
— A gente vai arranjar a grana, juro. Por favor, nos devolva o puma. — Implorei.
— Eu já disse pra saírem! — Ele gritou e minhas pernas vacilaram.
— Então, tá. Tchau.— Emm tentou fugir e Edward o impediu.
— Tenho certeza de que, se o senhor olhar para nós, vai ver que temos cara de honestos e vai saber que vamos pagar cada centavo. Por favor. — Implorei mais uma vez.
Enchi-me de esperança quando o agiota não recusou imediatamente o pedido.
— Só mais alguns dias. — Lice usou seu tom de voz mais persuasivo.
Surpreendendo-nos, o agiota começou a girar a poltrona lentamente e, por instinto de preservação, dei um passo atrás. Quando o homem finalmente ficou cara a cara conosco, literalmente perdemos a voz.
— Que fofo. — Alice ficou mesmo alegrinha. — É um anão, gente!
Pior que ela tinha razão. O homenzinho moreno não devia ter mais de um metro e vinte. Ele mantinha a sobrancelha arqueada, dentro de seu terninho vermelho berrante.
— Véi, devolve o puma. — Emmett ficou repentinamente corajoso.
— Vamos negociar. — Incrível como a voz do anão era grossa.
— Que bonitinho. — Alice falou fininho como se ele fosse um bebê. — Olha o dentinho de ouro dele. — Gargalhou.
— Olha o bonitinho aqui. — Apontou a arma pra ela e a maluca riu ainda mais.
— Vamos negociar, então. — Precisei intervir. — O que o senhor quer?
O anão desceu da poltrona e ainda armado veio até nós. Ele primeiro me rodeou estudando-me, em seguida, respondeu:
— Tenho uma proposta.
— Deixa eu pegar você, pequetitito. — Lice ria sem medo da morte.
— Eu vou meter uma bala na cara dessa doida, estou avisando. — O agiota resmungou e Emmett teve que segurá-la.
— Qual a proposta? — Edward perguntou.
— Eu quero ela. — O anão apontou a arma pra mim.
— Odeio a minha vida... — Choraminguei.
De repente, ouvimos uma gargalhada alta e espalhafatosa. Ao viramos na direção do estardalhaço, demos de cara com ninguém menos que o Toby sem as fitas adesivas.
— Que diabo é isso? — Ele apontou para o agiota, debochando. — Se eu soubesse que a gente vinha pra um circo, eu tinha trazido uma pipoca, valeu? Olha a roupinha de viado dele. Faz um truque aí, toco de amarrar bode.
O agiota direcionou a pistola para Toby e Edward precisou se colocar entre eles, dizendo:
— Vamos renegociar.
O tal Arnold analisou o selvagem dos pés a cabeça.
— Duke Doidão da favela?
Edward revirou os olhos, mas antes que pudesse responder qualquer coisa o anão fez sua exigência.
— Eu lhes devolvo o puma e também dou mais alguns dias para me pagarem se a moça aqui topar sair comigo. — Seu dente de ouro cintilou ao sorrir pra mim.
Por incrível que pareça, meus falsos amigos ficaram me encarando à espera de uma resposta.
— Vocês só podem estar brincando! — Me irritei.
— Só uma saidinha, Bella. — Emmett incentivou.
— Eu nunca vou sair com esse pigmeu! — Esbravejei carrancuda.

Continua...



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1 comment:

  1. Boa tarde moms :) Adorei esse cap o sonho dela esta comecando a se realisar. Amei Beijusculo

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Twilight Moms Brasil é parte de mim e espero que seja de você também, Forever.

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