Um Selvagem Diferente
By Lunah
Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance,
Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Violência
Atenção:
Este conteúdo foi classificado
como
impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"
Capítulo 28 - Momentos Como Esse - Especial II
— É,
foi divertido. — Toby saiu da Kombi batendo a porta.
Edward
levou o puma cheio de tranqüilizante para dentro da mansão e meus amigos o
seguiram. Quanto a mim, fiquei esparramada no banco do carona, totalmente
desolada por causa do encontro que teria em dois dias.
Pois
bem, meu ridículo pesadelo estava se tornando realidade...
Logo
depois do almoço, fui descansar um pouco em meu quarto e dei por falta das
coisas de Edward. Foi fácil concluir que ele voltara a se isolar na casa da
árvore por minha causa, mas foi difícil cruzar o jardim e subir na casa para
ter outra conversa franca com ele.
Ao
adentrar o local, o encontrei desenhando. Não deu pra ver o que desenhava, mas
devia ser mais um belo desenho de sua casa em Malaita.
— Oi.
— Dei uma batidinha na parede, pois não havia porta.
— Oi,
Bella. — Respondeu guardando o desenho em sua agenda.
Eu
tinha me preparado para lhe dizer que não havia necessidade dele dormir ali.
Planejava ressaltar que nada precisava mudar entre nós e que a cama auxiliar
ainda estava disponível, no entanto, o smoking dentro de uma enorme caixa da
Hugo Boss desalinhou meus pensamentos.
— O
que é isso? — Apontei para a caixa perto dele.
Edward
olhou de relance o smoking, em seguida tirou de sua agenda um envelope médio e
o estendeu para mim. Abri o envelope e vi que junto com um contive havia também
uma carta. Meu amigo gesticulou para que eu seguisse adiante e li a cara com
atenção.
“Olá,
Edward.
Espero que sua viagem tenha sido agradável.
Querido, sei que não tenho o direito de te pedir nada, mas seria uma
grande honra e alegria para mim se comparecesse à minha festa de aniversário.
Ela estava programada para o final de semana passado, mas como acompanhei desde
o início sua pequena jornada no Me Azare, achei por bem adiá-la.
Tendo em mente que seria mais fácil pra você aceitar meu contive se a
festa fosse realizada em Orlando, pedi à minha assistente que tomasse todas as
providencias cabíveis para transferir a festa de Los Angeles para Orlando. O
grande contratempo foi o fato de que o salão de eventos do Continental Plaza
Hotel só tinha uma data disponível, então a festa ocorrerá amanhã, às 20h.
Sei que fui precipitada, mas não me perdoaria se não fizesse todo o
possível para tê-lo como meu convidado de honra. Por favor, aceitei o convite.
Mandarei alguém buscar você e sua acompanhante às 19h.
Carinhosamente,
Sarah Ryan.
PS: Acredito que o smoking lhe cairá bem.”
Bastante
surpresa, sorri ao indagar:
— Vai
à festa?
Edward
demorou um pouquinho para responder.
— Por
que não? Refleti sobre o que me falou outro dia e cheguei à conclusão de que
estava certa. É tarde demais para Sarah assumir o papel de mãe, mas podemos ao
menos tentar ser amigos.
— Que
máximo! — Me empolguei. — Você tem noção das super estrelas de Hollywood que
estarão lá? Caramba, o evento sairá em todas as revistas. Será extraordinário
conhecer todo aquele povo que a gente só vê pela tela do cinema e da TV. Se o
Tom Cruise estiver lá, juro que caio durinha no chão. — Precisei me abanar com
o convite. — Alice vai pirar total quando eu contar.
Ao
notar o selvagem cabisbaixo demais, meu entusiasmo evaporou, dando lugar ao
constrangimento. Vagarosamente virei o envelope e, no canto esquerdo, havia
escrito:Edward Cullen e Jullyana Melanie Lewis.
Minha
ridícula ingenuidade fez-me acreditar que, por termos passado por altos e
baixos juntos, nossa parceria seria mantida. Eu devia ter presumido desde o
início que Sarah enviaria o contive para Jully, pois ela e todo o país acreditavam
que os dois estavam namorando.
Querendo
sumir da face da Terra, engoli a saliva com dificuldade e forcei um sorriso.
—
Precisa contar a novidade pra Jully.
—
Bella, tenho certeza de que Sarah não se importará se você for.
—
Imagina... — Devolvi o convite. — Eu só estava exagerando para você ficar
empolgado com a festa. — Cocei a nuca. — Até porque nesse tipo evento se deve
levar a namorada e não uma amiga. E Jully é sua namorada, certo? — Senti
necessidade de confirmar e ele demorou a responder.
—
Certo... — Estalou os dedos da mão. — Mas, Bella...
— Tudo
bem. — O interrompi com um sorriso mecânico. — Você só tem que contar logo as
boas novas pra Jully, porque ela tem que arranjar algo pra vestir. — Deslocada,
evitei encará-lo. — Preciso arrumar uma... coisa. Até mais. — Se eu não saísse
logo da casa da árvore, voariam pedacinhos de mim por todo lado.
De
volta à mansão, sentei no sofá da sala e procurei recuperar o fôlego. Havia uma
dor provocada pela decepção enclausurada em meu peito e por mais que a mandasse
embora, ela não ia.
Eu me
agarrei à esperança de que minha relação com Edward não mudaria, o problema é
que ela já havia mudado. Não foi só porque confessei meus sentimentos, mas
também porque agora ele tinha uma namorada.
(...)
Coloquei
Lice a par dos acontecimentos enquanto arrumávamos os quartos dos hóspedes. Ela
ficou ainda mais revoltada com Edward e precisei salientar que eu só estava
deitando na cova que eu mesma cavei.
Quando
fomos limpar a suíte do Sr.Bruce, minha prima nos interceptou no corredor e
Alice foi logo perguntando:
— Ei,
Jully. Você sabe quem é Ashton Kutcher?
— Não.
— Ela ficou confusa. — É algum... cantor?
Alice
imediatamente me fuzilou com o olhar. Acontece que a maluca considerava Jully
indigna de ir à festa, pois ela nunca a desfrutaria como nós. Infelizmente, eu
concordava.
— Está
tudo bem? — Coloquei o balde com os utensílios de limpeza no chão.
—
Estou com um problema. — Minha prima ficou bastante sem jeito. — Eu não tenho
nada pra ir à festa de aniversário da mãe do Edward.
— Não
diga. — Alice destilou sarcasmos.
—
Compra um vestido. — Sugeri.
— Esse
é o problema. — Jully baixou o olhar. — Eu não sei como me arrumar para esse
tipo de ocasião.
Um
enorme silêncio tomou conta do corredor e fui eu quem teve que quebrá-lo.
— Está
pedindo nossa ajuda?
Por favor, não. Por favor, não.
— Sim.
— Respondeu ruborizada.
— Só
um segundo. — Puxei Alice para a suíte e fechei a porta.
— Você
não é nem louca! — A esquentada sussurrou apertando meu braço.
— Acha
que estou feliz? — Sussurrei de volta. — Edward não pode enfrentar aquelas
pessoas malucas de Hollywood sozinho. Apesar de tudo, ele ainda é nosso amigo.
Nunca deixamos um dos nossos na mão, lembra? Façamos isso por ele e não por
Jully.
Alice
refletiu por alguns segundos, então respondeu um sonoro:
— Não.
Ela me
abandonou na maior cara de pau e logo depois minha prima adentrou a suíte com
olhar de pidona.
—
Então?
—
Vamos às compras. — O sorriso que precisei dar me revirou o estômago.
(...)
No
trajeto de casa até o shopping, coloquei mil obstáculos chegando a usar o
trânsito como desculpa para voltarmos. A essa altura já havia me arrependido
amargamente de me dispor a ajudar Jully. Por isso, assim que chegamos ao
shopping, esquematizei um plano para sabotar a alegria dos nerds. Levei minha
prima a uma boutique ridiculamente cara para que a frustração de não poder
pagar pelo vestido servisse de combustível para sua desistência.
Enquanto
a atendente nos mostrava algumas peças de liquidação, involuntariamente minha
consciência transportou-me para a época em que Edward fingia ser meu namorado.
Por
mais que tentasse voltar minha atenção para outro assunto, sempre ficava me
colocando em seu lugar e consequentemente ficava sentindo remorso por tê-lo usado
com propósitos tão baixos. Até pouco tempo, Edward era só um cara meio perdido
em uma terra completamente estranha. Ele precisava de amigos, mas na época eu
só conseguia pensar em mim e em como tirar proveito dele. Muitas vezes exigi do
selvagem mais do que ele podia dar, o colocando em situações embaraçosas só
para impressionar o imbecil do Brad.
Poxa...
Por que eu não podia dobrar meu orgulho e suportar um pouco do que ele
suportou? Ed sempre torceu por mim. Ficou feliz quando eu estava feliz, ficou triste
quando eu estava triste. Ele estava vivenciando as experiências que tanto
queria, tinha feito sua escolha e, se eu agisse como uma hipócrita ciumenta e
egoísta, eu não seria melhor que McFadden.
—
Esquece esses vestidos liquidação, Jully — Respirei fundo pra afastar qualquer
sentimento mesquinho. — Você tem que ficar absolutamente linda amanhã, por isso
vamos arregaçar as mangas pra que isso aconteça.
—
Mesmo? — Desajeita, ela seguiu-me pela loja enquanto eu caçava o vestido
perfeito.
Por
cerca de uma hora e meia, minha prima experimentou as peças mais bonitas da
loja, mas foi um vestido acetinado azul escuro que mais combinou com seus olhos
e pele. O decote em V era comportado, porém a abertura nas costas ia até quase
a cintura, deixando-a sensual na medida certa.
— Você
pode pagar por ele? — Perguntei recolocando a peça no cabide.
— Vou
precisar parcelar em dois cartões.
Rimos
juntas.
— Pode
deixar, vou espernear por um desconto. — Entreguei-lhe o vestido.
(...)
Ao
chegar em casa, ajudei Alice a servir o jantar dos hóspedes e mandei a
estoniana desequilibrada vazar, pois ela não parava de tagarelar coisas que eu
não entendia.
Eu
estava louca para dormir porque ainda não tinha me recuperado completamente do
porre de vinho, só que alguém precisava limpar a piscina. Ao terminar a tarefa,
joguei-me em uma espreguiçadeira e depois disso não lembro de mais nada, exceto
acordar em minha cama às 6:15h da manhã.
De volta à rotina do resort, após
servimos o café da manhã, Alice, Jazz e Emmett saíram com os hóspedes. Eu
fiquei para trás, pois não queria me estressar com a maldita Kombi.
Por
volta das 8:30h, o telefone tocou e era ninguém mais ninguém menos que Sarah
Ryan. Imediatamente levei o telefone sem fio para Edward, que se encontrava
perto da piscina com o puma. Ele agradeceu a gentileza e voltei para a casa.
Terminei
minhas tarefas da manhã mais cedo do que esperava e fui para a piscina, só que
o selvagem já não estava lá. Jully, vendo-me desocupada, veio me mostrar o par
de brincos que pretendia usar na festa. Sentamo-nos nas espreguiçadeiras e
tentei lhe dar atenção, só que não conseguia tirar os olhos do Mercedes preto
estacionado em frente à mansão.
—
Aquele não é o carro da Sarah? — Questionei.
Antes
que minha prima pudesse desmistificar a questão, Edward veio até nós.
— Oi.
— Nos cumprimentou com um breve sorriso.
—
Sarah veio te visitar? — O encarei.
— Na
verdade, eu é que vou visitá-la.
—
Sério? — Não consegui disfarçar a surpresa.
—
Tenho um assunto de grande importância a resolver, então aceitei o convite de
passar o dia com ela. Voltarei quando anoitecer.
Como
não esperava essa súbita aproximação dos dois, apenas falei:
—
Divirta-se. — Sentia como se ele estivesse me deixando por fora de algum fato
importante.
Edward
se despediu com um aceno de mão e se foi.
Durante
a tarde, me empenhei em cumprir minha promessa. Fiquei um tempão queimando
acidentalmente meus dedos na droga do babyliss só para modelar cachos nos
cabelos de Jully. Prendi os cachos com grampos e lhe fiz um penteado simples.
Entre
uma cerveja e outra, maquiei minha prima da melhor forma possível. Ela ficou
quase o tempo inteiro calada, quanto a mim, também não tinha muito a dizer.
Quando
a noite caiu, finalmente lhe ajudei a colocar o vestido. A garota ficou exatamente
como eu prometi: absolutamente linda.
—
Uau... Essa sou eu? — Ela murmurou de frente para o espelho.
— Eu é
que não sou. — Brinquei sem querer.
—
Muito obrigada, Bella.
— Me
promete uma coisa? — Suspirei.
— Qualquer coisa.
— Não
conta pro Ed que fui eu que te ajudei, tá? — Não queria pousar de vitimazinha,
não era minha praia. Eu só queria que ele tivesse a noite que merecia.
Intrigada,
Jully estudou minha expressão por um breve momento e me afastei com a desculpa
de arrumar a bagunça que fizemos.
(...)
Já
eram quase 19h quando, exausta, desci as escadas e fui direto para a sala. O
problema é que não esperava encontrar Edward lá, impecavelmente lindo no
smoking. Ele combinava tanto com o traje quanto eu com o azar. Seus cabelos
estavam bem penteados e a barba feita.
—
Alice me ajudou com a gravata. — Ele disse, exalando um cheiro muito gostoso.
—
Desculpa ter apertado demais naquela hora. — O sarcasmos dela me fez supor que
havia tentado estrangulá-lo.
— Está
elegante, Ed. — Elogiei levemente desconcertada.
—
Obrigado. — Fez uma longa pausa. — Como foi sua tarde? — Perguntou por
educação.
Só o que me faltava. Agora vamos nos tratar com essa estúpida
formalidade?
— Boa.
— Que
bom.
Atrás
do selvagem, Alice fingiu que sua mão era uma arma fogo e atirou na própria
cabeça.
—
Realmente boa. — Repeti, me perguntando se Lice me emprestaria sua arma
imaginária.
Ao
ouvir passos na escada, me dei conta de que Jully estava chegando e resolvi me
retirar pra não me torturar à toa.
—
Vamos resolver aquela parada lá no escritório? — Encarei minha amiga.
— Que
parada? — Ela arqueou uma sobrancelha.
— A
parada. — Murmurei por entre dentes.
—
Hein? — A dissimulada queria era ver como Jully ficou.
— Te
espero lá. Divirta-se na festa, Ed.
Passei
por ele e invadi o escritório fechando a porta atrás de mim. Imediatamente
levei a mão ao peito, deslizando lentamente até cair sentada no chão.
Outra
vez, como uma sina, teria que levantar dali e seguir adiante sem ficar me
martirizando por não ter valorizado Edward quando ele ainda não tinha se
envolvido com ninguém.
Eu
precisava aprender a conviver com minha paixão platônica, pois eu sabia que um
dia... Um dia eu seria amada como merecia e, por mais que a
vida me provasse, jamais perderia a esperança.
(...)
Como
Emmett ainda estava com dor de cotovelo, saiu para tomar umas cervejas com
Jasper, mas prometeu que não demoraria.
Sem
opções, fiquei empoleirada no sofá da sala com Alice. O canal Romance exibia
uma maratona com os melhores filmes de romance dos anos 90 e, claro, não podiam
faltar alguns trabalhos da queridinha da América: Sarah Ryan.
Por
incrível que pareça, as peripécias da mocinha do filme levantaram um pouco meu
astral. Sarah sempre ficava hilária em comédias românticas e os finais felizes
alimentavam a esperança de garotas naturalmente azaradas como eu.
Quando
o filme acabou, já eram quase 21h e Lice caíra no sono sem que eu percebesse.
Desliguei a TV e deixei a dorminhoca sozinha para realizar minha última boa
ação.
Com
vassoura e lanterna na mão, subi na casa da árvore para tirar a poeira e as
folhas que acumularam durante o final de semana. Como o selvagem não ia mais
ficar em meu quarto, que ao menos a casa da árvore estivesse limpa o suficiente
para se dormir.
Determinada
a não demorar mais do que 5 minutos ali, coloquei a lanterna em um canto de
parede e comecei a varrer. Confesso que enquanto empurrava as folhas porta
afora, meus olhos permaneceram fixados no lado da casa onde o selvagem dormia,
mais precisamente em sua mochila.
Nunca
havia bisbilhotado seus pertences, só que estar sozinha com eles era tentador
demais. Não conseguia parar de imaginar o que ele guardava ali e se havia algo
que me faria compreendê-lo melhor.
Em um
ímpeto, larguei a vassoura, peguei a lanterna e resolvi dar uma espiada.
Ergui
a pesada mochila pela alça e, com a lanterna na boca, comecei a vasculhar um
dos muitos bolsos. Encontrei alguns objetos de uso pessoal, nada de incomum,
isso até partir para outro bolso e achar dois grossos maços de notas de 100
dólares. Estupefata, olhei para o dinheiro me perguntando onde o “Sr.
antimaterialismo” conseguira aquela grana.
Confusa,
continuei vasculhando o bolso e achei um extrato de banco. Apontei a lanterna
para ele e vi que o dinheiro havia sido sacado de uma poupança no nome de
Edward naquele mesmo dia. A partir daí, o que me deixou embasbacada nem foram
as notas de 100, e sim o saldo da poupança. Acontece que o selvagem era um
riquinho e nunca contara absolutamente nada para nós.
— Que
droga, agora é que Jully nunca mais vai largar o osso. — Sem
saber direito o que pensar, coloquei o dinheiro e o extrato de volta no lugar.
Ao
abri o zíper principal, fui logo puxando uma camiseta que estava atrapalhando a
busca, só que tinha algo preso nela e só percebi isso quando uma pasta preta
caiu no chão espalhando alguns papéis.
Imediatamente
larguei a mochila e me ajoelhei, pousando a lanterna no chão para recolocar os
papéis na pasta, no entanto, o que vi roubou-me o fôlego e os movimentos.
Fiquei
um tempo apenas olhando para os desenhos de Edward, então comecei a espalhá-los
pelo chão, formando um grande leque à minha volta.
Era
uma dezena... Não, algumas dezenas de desenhos do meu rosto de
todos os ângulos e com diversas expressões. No rodapé das páginas havia datas e
percebi que os desenhos do começo do mês não pareciam muito comigo. O cabelo e
alguns traços faciais de fato eram meus, porém não me enxergava ali.
Com
atenção, fui acompanhando as datas e fiquei extremamente surpresa ao notar que
conforme os dias iam passando, Edward se aproximava cada vez mais de minha real
imagem e seus desenhos tornaram-se mais elaborados.
Hesitante,
peguei o último desenho feito e o analisei. Tive dificuldades em aceitar que
aquela mulher linda era eu. Sua cabeça estava um pouco inclinada para a direta
e, com um sorriso, ela tentava tirar algumas mechas de cabelo que cobriam seu
olho esquerdo. Os traços e sombras do retrato beiravam a perfeição. Nenhum
detalhe foi esquecido, tornando aquele desenho o mais impressionante que já vi
na vida.
Com
cuidado, coloquei o desenho no chão e, ainda perplexa, cobri a boca com as
mãos, questionando-me:
O que isso significa?
Ninguém
poderia me dar uma resposta, exceto o próprio Edward. Por que razão ele havia
me tornado sua musa?
Cansada
de decepções, preferi não fazer suposições precipitadas. Infelizmente, ninguém
consegue mandar no coração e, de dentro dele, brotou um imenso sorriso de
satisfação.
Com os
olhos brilhando, fiquei apreciando os desenhos sem tocá-los. Todas as minhas
facetas estavam presentes, desde a Bella infeliz à brincalhona. Da garota
turrona que ele conheceu no início do mês à companheira que arriscou a própria
vida para salvá-lo.
Contendo
a empolgação, voltei a olhar para a mochila e avistei a agenda de Edward.
Muitas vezes o flagrei fazendo anotações, mas nunca a curiosidade me levou a
perguntar-lhe o que escrevia.
Sem
querer desperdiçar a chance, estiquei o braço para tirar agenda de dentro da
mochila e, quando as pontas dos meus dedos tocaram-na...
—
BELLA!
Sobressaltei
com o grito de Alice.
—
Bella, você está aí? — Ela continuou berrando ao pé da árvore. — Desce daí. A
mãe do T-zed está aqui.
— O
quê? — Nervosa, rapidamente guardei os desenhos de volta na pasta e a enfiei
dentro da mochila. — Já estou indo! — Fechei a mochila e peguei a lanterna.
Toda
atrapalhada, desci as escadas e dei de cara com a estonteante Sarah Ryan, a
qual trajava um vestido vermelho belíssimo.
— Está
tudo bem? — Ofeguei, afinal ela não devia estar ali. — O que aconteceu com o
Edward?
— Ele
está bem. — Sorriu simpática. — Ainda está no Plaza.
Lice e
eu trocamos um olhar, sem entender absolutamente nada.
—
Feliz aniversário. — Falei sem jeito e cutuquei minha amiga.
—
Feliz tudo. — Alice apertou a mão da super estrela.
— Por
favor, não se ofenda, mas por que está aqui? — Fui direito ao ponto.
— Vim
me desculpar por não tê-las convidado formalmente para minha festa, então
espero que convidá-las pessoalmente conte a meu favor.
Ficamos
olhando para Sarah, como nossas típicas caras de otárias.
— Você
está brincando, né? — Murmurou Lice.
— Mas
nem nos conhece... Direito. — Franzi o cenho.
—
Muito obrigada, estou aceitando o convite. — Minha amiga apertou novamente a
mão da mulher.
— Não,
não... Desculpa. Sei que Ed pediu que fizesse isso, mas realmente não precisa.
Ficamos lisonjeadas, só que é melhor a senhora voltar para sua festa. — Fui o
mais educada possível.
— Em
primeiro lugar, ele nem sabe que estou aqui. Em segundo lugar, estou ficando um
ano mais velha, então se me chamar de senhora outra vez, vou
começar a ter convulsões de desespero. Juro. — Fez uma pausa para desligar o
celular que a interrompeu. — Edward me falou bastante de vocês hoje. Seria
ótimo se pudessem se juntar a nós.
—
T-zed falou de nós? — Alice estranhou.
—
Sim... — Sarah sorriu pra mim. — Especialmente de você, Bella.
Oh, meu Deus, ela decorou meu nome? Que diabos o cara falou?
— Que
interessante. — Lice me encarou, já maquinando.
—
Ainda não são nem dez horas, vamos aproveitar o resto da noite. — Sarah
insistiu.
— Não
vai dar mesmo. Não temos nem o que vestir. Fica pra próxima. — Sugeri.
Sarah
colocou as mãos na cintura, estudando meu corpo de um jeito super estranho.
(...)
(...)
Meu pai costuma dizer que tudo que fazemos de bom ou ruim nessa vida volta em dobro para nós. Depois do meu dia com Jully, começava a entender essa “lei” universal.
Assim
que as portas do elevador do Continental Plaza se abriram, ergui a cabeça e,
com esforço, saí do elevador acompanhada por Alice e Sarah. Nós havíamos
acabado de sair do quarto da atriz.
Se eu
contasse, dificilmente alguém acreditaria, mas eu estava usando um dos vestidos
de minha ídola. Era um Versace em tons de bege e pêssego. O tomara que caia com
lindas camadas entrelaçadas era tão justo que fazia minha cintura parecer fina
e elegante. Abaixo do quadril, o vestido se expandia em uma cascata de camadas
irregulares que iam até a pequena calda. Quanto às sandálias, eram altíssimas e
intimidavam. Mesmo ficando um pouquinho apertadas, calcei-as rezando com fé pra
não pagar nenhum mico.
A mãe
de Ed também me emprestou uma bolsa Ferragamo e jóias Van Cleef. Na verdade, eu
não conhecia bem essas marcas, mas pela cara de espanto que Alice fez... O
importante é que a bolsa era num tom bem próximo do cobre e os brincos de
diamantes eram longos, tornando dispensável o uso de colar.
Juro
que fiquei abobalhada quando a própria Sarah prendeu meu cabelo rapidinho em um
coque propositalmente desarrumadinho. Ficou muito legal e descolado. A
maquiagem eu mesma fiz às pressas. Usei sombra escura, bastante lápis preto e
rímel. Para não ficar com o rosto carregado, nos lábios passei apenas um gloss
rosado muito sutil.
Atravessamos
o suntuoso hall do hotel cinco estrelas com um pouco de pressa e seguimos para
um corredor largo que nos levaria ao salão de festas. Eu estava tão nervosa que
nem prestei muita atenção ao hotel. Até Alice, que sempre é tagarela, ficou
muda de apreensão.
Cara,
a maluca estava linda! Seu vestido preto possuía alças finas e um bordado
magnífico no busto. A barra de seda ondulava enquanto ela caminhava. Quem não a
conhecia podia jurar que ela também era uma celebridade. Ainda assim, Lice não
estava dando a mínima para o vestido. Ela queria era cair na gandaia e, se
fosse preciso, viria à festa até com roupas feitas de saco.
Quando
finalmente chegamos à entrada do salão, minhas mãos começaram a produzir um
suor frio. Eu não sabia o que esperar.
— Não
se preocupem, barrei a entrada da impressa. Só convidei alguns amigos e mesmo
assim nem todos puderam vir. — Sarah tentou nos acalmar, cumprimentando os
seguranças à nossa frente com um sorriso.
— Por
gentileza. — Um dos seguranças abriu as portas e Alice “partiu pro abraço”.
Esperei
Sarah atravessar as portas e logo em seguida adentrei o local.
Estagnada
entre duas enormes colunas, não consegui descer os poucos degraus que se
opunham à minha frente. Apertando a bolsa com força, embasbaquei diante do
pomposo salão.
O piso
era revestido de mármore e o espaço contava com doze colunas. Apensar dos
lustres de cristal colocados em pontos estratégicos para valorizar o ambiente,
o que chamava a atenção era a cúpula dourada que descia do centro do teto.
Pelas
imensas vidraças do lado esquerdo do recinto, se podia ver a piscina iluminada.
A decoração gritava requinte desde as mesas com arranjos florais e toalhas de
linho ao buffet digno de muitos elogios. Já no final do salão, a banda ditava o
tom da festa, fazendo com que os convidados praticamente flutuassem sobre a
pista de dança abaixo da cúpula.
Os
“poucos” convidados de Sarah, na verdade, passavam dos 200. Rostos conhecidos e
desconhecidos davam vida ao lugar em seus trajes Black-tie, fazendo-me sentir
em uma festa do Oscar.
— Não
faz essa cara de caipira. — Lice cochichou em meu ouvido.
—
Meninas, já encontro vocês, preciso muito retornar uma ligação. Por favor,
fiquem à vontade. — Sarah sorriu e praticamente foi arrastada pelo que pareceu
ser sua assistente.
— É
isso aí, vamos encontrar o seu princeso e agitar. — Lice deu uma dançadinha,
fazendo cara de que ia tomar todas.
Respirei
fundo, ergui um pouco a barra do vestido e desci os degraus, deixando a maior
parte da insegurança para trás.
Segui
Alice “cegamente” e serpenteamos pelo salão mantendo a pose necessária, mas por
dentro berrávamos de empolgação a cada celebridade que reconhecíamos.
Nunca
possuí uma beleza óbvia. Nunca me destaquei na multidão e a sorte nunca foi
minha melhor amiga. No entanto, contrariando a expectativa de muitos, eu estava
ali, pilhando olhares de homens elegantes e despertando admiração em algumas
mulheres.
O que
fazia de meu sorriso uma declaração sutil de confiança não era o vestido caro,
ou as jóias exclusivas, mas sim a inquestionável sensação de que eu estava no
lugar certo, na hora certa.
Alice
e eu vagamos pelo salão por mais alguns minutos, até que, de longe, reconheci a
silhueta de quem eu buscava. Edward, por algum motivo, estava sozinho diante de
uma vidraça observando a piscina. Parecia alheio à multidão atrás de si.
Por
minha amiga estar entornando uma taça de espumante, não viu o mesmo que eu. Não
consegui lhe alertar, porque meus pés moveram-se automaticamente por sobre uma
linha invisível que aos poucos foi me aproximava de Edward. Algumas pessoas
passaram por mim, mas meus olhos não perderam o foco.
A
poucos passos de Edward, minha mente trouxe à tona lembranças dos desenhos onde
minhas muitas facetas estavam retratadas. Com a memória fresca aumentando o
ritmo de minhas batidas cardíacas, parei a uns 4 passos dele e pensei no que
falar. Antes mesmo que eu conseguisse juntar palavras, talvez sentido alguém
parado atrás de si, ele virou-se lentamente e me viu.
Seu
peito inflou ao inspirar, mas não expeliu o ar, mesmo com os lábios
entreabertos. Com a sobrancelha esquerda levemente arqueada, não conseguiu
esconder a surpresa e finalmente soltou todo o ar contido. No segundo seguinte,
seus olhos me esquadrinharam, contemplando-me da cabeça aos pés.
Novamente apertando a bolsa, dei um
passo hesitante, depois outro, e assim continuei até ficar a centímetros de
Edward. Ele piscou vagarosamente os olhos e finalmente sorriu torto, como se
nem soubesse o que perguntar primeiro.
Involuntariamente
umedeci os lábios, em seguida, obriguei-me a retribuir o sorriso na mesma
proporção. Ele, por sua vez, balançava a cabeça, rindo sem produzir som algum.
Em resposta, meu sorriso se expandiu, fazendo-me inclinar a cabeça um pouco
para trás.
— Como?
— Ele indagou.
— Sua
mãe. — Dei de ombros.
Edward
franziu o cenho, mas não fez nenhum comentário. Logo sua expressão suavizou e
voltou a sorrir.
—
Alguém tem uma caneta aí? — Alice chegou segurando duas taças de espumante. —
Só vou sair daqui quando o Ashton Kutcher autografar o meu traseiro.
A essa
altura era difícil saber se ela estava só brincando.
—
Alice? — O selvagem se surpreendeu ao vê-la.
— Não,
é o tal pintinho que explodiu na ridícula piada do Toby e veio ciscar aqui pra
te assombrar. — Empurrou uma taça para mim. O selvagem riu e eu fiz careta.
Não
tive tempo de mandar minha amiga calar a boca, pois avistei Jully caminhando a
passos largos em nossa direção. Ela provavelmente vinha do banheiro e devia
voltar pra lá para se recompor, pois sua expressão de espanto ameaçava
deixar-nos constrangidos.
— Olha
só, sempre chegando de surpresa. — Ela tentou esboçar um sorriso, mas ficou tão
decepcionada quanto no dia em que aparecemos em Miami.
— Pois
é, Sarah praticamente nos obrigou a vir. Fazer o quê, né? — Alice respondeu por
mim.
—
Estão bonitas. — Elogiou se colocando ao lado do selvagem.
—
Bonitas são minha mãe e minha vozinha acordando de manhã. Nós estamos é
espetacularmente lindas! — Lice piscou o olho pra mim e quase sussurrei: Menos,
pelo amor de Deus.
— Diz
aí, em que mesa estão? — Mudei de assunto.
Continua...
Alguem me frita, q estou passada na manteiga!! Caraka adorei a Sarah indo convidar elas pessoalmente essa Jully ta cici ne!! Ta cissentindo a ultima batata do pacote!!! Ela vai se ferrar! Amei Beijusculo
ReplyDeleteameiiiiiiiiiiiiiiiii o cap
ReplyDeleteKKKKKKKKKKKKKK ESSA ALICE E DAS MINHAS E QUEM DIRIA QUE O ED TEN DINDIN GUARDADO.AI ESSA JULLY SEMPRE ATRAPALHANDO O MEU CASAL LINDO!!
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