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Saturday, May 26, 2012

FANFIC - UM SELVAGEM DIFERENTE - CAPÍTULO 29


Um Selvagem Diferente
By Lunah


Título: Um Selvagem Diferente 
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Violência

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


Capítulo 29 - Momentos Como Esse - Especial III

A assistente de Sarah encaminhou nós quatro para uma mesa perto do buffet e eu pude relaxar e curtir o ambiente. A anfitriã se desdobrou para dar atenção a todos os convidados, mas ela não deixava de vir à nossa mesa sempre que possível para conversar um pouco.
— Por que Emmett e Jasper não vieram? — Ed perguntou.
— Alguém tinha que ficar tomando conta do resort, além disso, Emm bebeu um pouco mais do que devia. — Respondi olhando para o palco. — Espero que não aprontem mais nada.
— Já que tocou nesse assunto... Consegui o dinheiro para pagar o agiota.
Não diga...
— Fomos nós que colocamos a corda no pescoço. Pode deixar que arranjaremos a grana.
— Quando ela fala “arranjaremos”, significa que arranjaremos com você. Muito obrigada. — Lice me fuzilou com o olhar.
Custava ela me deixar “fazer um pouco de doce”?
Quando minha prima começou a usar palavras esquisitas para descrever a arquitetura do hotel, juro que tive vontade de quebrar uma garrafa na cabeça dela. Felizmente, Sarah a interrompeu com sua chegada.
— Já provaram o coquetel de camarão? Eu particularmente adoro. — Sentou-se na cadeira vaga ao lado de Edward.
— Se eu comer qualquer coisa, esse vestido vai explodir. — Ri me referindo ao fato de ser muito justo na cintura.
— Garanto que uma boa parte dos homens presentes não achará isso ruim. — Falou baixinho só pra mim, mas acho que a mesa toda ouviu. Sem saber o que dizer, apenas assenti com um sorriso.
— Sua festa está muito linda, Sarah. — Jully se incluiu na conversa.
— Obrigada. Fico feliz que estejam gostando. — Virou-se para Ed, analisando seu rosto. — Agora está bem mais descontraído, temi que estivesse odiando a festa.
Meu Deus, que Lice não fale nada. Que não fale nada.
— É porque nós chegamos. — Ela disse rindo e eu entornei uma taça de espumante. — T-zed gosta é da zoação.
Sarah achou o que Alice falou tão engraçado que gargalhou alto. Só não bati em minha amiga porque, de certa forma, o que disse era verdade.
A atriz papeou conosco por mais alguns minutos e nos apresentou a alguns de seus amigos. Talvez para não deixar o selvagem desconfortável, evitou apresentá-lo como seu filho.
Logo que Sarah precisou se retirar, sentei-me em sua cadeira e me inclinei para Ed, surrando:
— Não vai convidá-la para dançar?
— Jully não gosta muito de dançar. — Sussurrou de volta.
— Estou falando de sua mãe. Ela está se esforçando tanto para agradá-lo. Não acha que isso é o mínimo que poderia fazer?
Edward baixou a vista e refletiu por um breve momento.
— Não sei... Além do mais, não danço bem.
— É claro que dança. Não é difícil. Vou te mostrar. — Coloquei-me de pé.


Senti o olhar das garotas sobre mim, mas tentei ignorá-las. Edward, que até aquele momento não estava bebendo, pegou da mesa minha taça e bebeu todo o espumante de uma só vez.
Contendo um sorriso, voltei a ficar nervosa quando ele levantou-se. Sem prestar explicações às garotas, o selvagem caminhou ao meu lado até a pista de dança.
Colocamo-nos embaixo da cúpula, rodeados por casais que desfrutavam a suave canção. Edward ficou parado diante de mim sem saber o que fazer. Então com aquele frio na barriga que nos faz sem querer prender a respiração, ergui a mão direta na altura do meu ombro, dizendo:
— Precisa chegar mais perto. — Com a cabeça, indiquei que ele deveria juntar sua palma à minha.
Guiando-se pela forma como os outros casais dançavam, Ed vagarosamente colocou sua mão esquerda em minha cintura e juntou nossas palmas como eu pedi.
Apesar da postura de valsa, apenas nos movemos de um lado para o outro bem devagar, no ritmo da música.
— Tem razão. Não é difícil. — Ele murmurou com os olhos fixos nos meus.
Sem ter o que o dizer, mordi suavemente o lábio inferior lutando contra o impulso de prender a respiração.
— Não consegue respirar direito com esse vestido? — Edward apertou um pouco minha cintura e esse simples ato mexeu com meu interior.
— Hahãm.
— Obrigado por vir. — Havia muita sinceridade em sua voz.
— Às vezes coisas inesperadas simplesmente acontecem.
— Eu sei. — Sua mão subiu pelas minhas costas.
— Edward... — Fechei os olhos buscando coragem pra falar. — Não quero perder sua amizade.
— Eu também não. — Respondeu em um gemido. — Sinto saudades. — Sabia que se referia a como éramos antes de Miami.
— O que faremos? — Voltei a lhe fitar.
— Não sei... — Roçou os dedos em minha bochecha ao afastar uma mecha de cabelo que escapara do coque. — Que tal sermos só Edward e Bella?
Tentei ler seus olhos. Neles havia receio, melancolia e algo mais... Algo que não conseguia definir.
— E quem são esses? — Meus dedos foram derrapando por seu ombro.
— Dois indivíduos propensos a se distanciarem por causa das diferenças..., mas que adquirem afinidades ao tentar ajudar o outro.
— Sendo assim... — Meu sorriso tremeu sutilmente. — Acho que quero ser “Edward e Bella”.
Paramos de dançar e um milhão de coisas não ditas foram caindo ao chão conforme ele colocava as mãos em minha cintura. Edward simplesmente me pressionou contra si e colou a testa na minha. Havíamos feito isso antes de saltarmos do penhasco e mais uma outra vez quando ele foi para a TVK pela primeira vez.
— Obrigado. — Murmurou rouco.
Naquela hora desejei beijá-lo, pois seu hálito era muito convidativo. A distância entre nossos lábios era tão curta... Contudo, havíamos acabado de nos acertar e eu não ia estragar as coisas.
Com delicadeza, me afastei e voltamos a dançar. Agora havia uma liberdade maior e não precisávamos mais nos reprimir. A sensação de estar “pisando em ovos” foi desaparecendo e a noite se tornou ainda melhor.
Ainda guiando-se pelos outros casais, Edward segurou minha mão e me girou com certa elegância, em seguida, voltou a colocar a palma em minha cintura.
Para quem não tinha o hábito de dançar, ele estava se saindo muito bem.
— Acho que está pronto para convidar sua mãe.
O selvagem gemeu retorcendo a boca.
— Precisamos voltar para a mesa agora?
— Não. — Respondi com uma risada. — O que quer fazer?
— Vamos fazer seu vestido explodir. — Puxou-me pela mão.
— Hã?
Fomos direto para a buffet e ficamos beliscando uma delícia e outra. Edward aproveitou para me perguntar quem eram os convidados que Sarah nos apresentou. Dois ou três eu não conhecia nem de vista, mas os outros eram diretores e produtores com quem ela costumava trabalhar.
Quando fomos para o final da mesa, não conseguimos mais sair de lá, pois ficamos gargalhando em frente a uma escultura de gelo. Só que não era uma escultura qualquer, era replica perfeita de Davi de Michelangelo.
— Muito apropriado. — Disfarçadamente tapei a boca para não rir alto. — E deprimente. — Fitei a genitália minúscula da escultura.
O selvagem riu tanto que quase engasgou com o espumante.
— Não ria alto, Alice pode querer vir aqui e vai acabar colando a língua na droga da escultura. — Pedi baixinho.
Como o selvagem sabia que ela era mesmo capaz de fazer isso, riu ainda mais.
— É melhor sairmos daqui.
Caminhamos lado a lado pela lateral do salão. De repente, pisei acidentalmente na barra do vestido e me desequilibrei. Felizmente, Ed segurou meu braço e evitou um desastre.
— É melhor prevenir do que remediar. — Ofereceu seu braço direto para que eu me apoiasse.
— Se você diz... — Aceitei a oferta e pude caminhar com mais tranqüilidade.
Vários minutos se passaram até eu voltar a insistir para Edward convidar sua mãe para dançar.
— Acho que está mesmo na hora convidá-la. — Ele se mostrou decidido, porém, relaxado.
Sarah estava a uns cinco metros de nós conversando com um casal.
— Ok, mas espere meu sinal.
— Que sinal?
— Você vai saber. — Pisquei o olho ao deixá-lo.
Antes de volta à mesa, passei pelo palco e consegui trocar uma palavrinha com o vocalista.
Acreditei que teria que enfrentar uma Alice sorridente e uma Jully irritada, mas nenhuma delas estava na mesa. Olhei à minha volta e não encontrei nem rastro das duas. Com medo do que aquilo podia significar, sentei em uma cadeira e esperei.
Pouco tempo depois, a banda começou a tocar Total Eclipse of the Heart. Meu amigo não deixou de reconhecer o sinal e caminhou lentamente até sua mãe. Ela havia se distraído com a música, talvez recordando o passado.
Abri um largo sorriso ao vê-lo convidando Sarah para dançar, mas meu sorriso até pareceu fraco diante do dela. Minha ídola ficou simplesmente radiante e, claro, vibrei por dentro.
Enquanto os observava na pista de dança, fiquei tentando imaginar o que se passava pela cabeça deles.
Edward me contara uma vez que Sarah sempre cantava Total Eclipse of the Heartquando ele era criança. Devia estar sendo emocionante para ela dançar com seu filho já adulto.
O que Edward estaria sentido? Seria ele capaz de ficar alheio àquele momento tão especial? Não era possível que tivesse o coração de pedra a ponto de não se comover com sua mãe tentando conter o choro. Até eu fiquei com os olhos úmidos.
Sarah cochichou algo no ouvido do filho. Talvez outro pedido de perdão, talvez uma palavra de carinho... Seja lá o que tenha dito, a fez verter algumas lágrimas e abraçá-lo.
Inicialmente Edward não retribuiu o abraço. Ele ficou um pouco sem jeito, mas graças a Deus acabou por colocar as palmas nas costas de sua mãe, confortando-a.
Até pouco tempo me arrependia constantemente de ter inscrito o selvagem no Me Azare. Foi uma idéia muito estúpida, mas por causa dela meu amigo reencontrou sua mãe. Pela primeira vez, senti orgulho das trapalhadas que nos levaram até ali.
Mais do que contente, levantei da mesa e resolvi procurar por Lice. Temia que a maluca estivesse com as mãos no pescoço de minha prima. Como não a encontrei no salão nem no banheiro, parti para a área da piscina.
A colossal piscina era cercada por espreguiçadeiras e velas flutuantes iluminavam a água. Perto dali, havia um jardim e mesas com guarda-sol se espalhavam pelo gramado. Alguns convidados desfrutavam de drinks no bar próximo às mesas.
Desconsiderando a possibilidade de Alice estar matando minha prima, seguia para o jardim. A conhecia desde criança, por isso sabia que se ela não estava no bar, só havia um lugar ali onde podia estar.
Atrás das mesas vazias tinha uma parede de arbustos bem cuidados. Afastei alguns arbustos e, com dificuldade, atravessei a parede. O local estava escuro e mal dava para ouvir os sons que partiam do salão e do bar.
— Alice? — Chamei ao enxergar duas silhuetas a uns três metros de mim.
Mesmo temendo estar atrapalhando um casal qualquer, dei alguns passos à frente e vi um homem escapando pelos arbustos. Não deu para ver o rosto dele, já estava muito escuro.
— Puta que pariu, Bella. — Lice xingou vindo ao meu encontro.
— O que está fazendo? — Me bateu uma crise de riso.
— Posso beijar em paz nessa vida? Também sou gente.
— Era alguém famoso, sua safada? — Embasbaquei.
— Mistério, minha amiga, mistério... — Limpou o queixo que estava sujo de batom.
— Cadê Jully?
— Saiu da mesa com cara de pouco amigos quando você beijou o T-zed.
— O quê? — Arregalei os olhos. — Não nos beijamos.
— Não? Pelo ângulo que vimos parecia que sim.
— Droga! Só encostamos as testas.
— Xi... Ela ficou mesmo magoada. Deixa a chata acreditar que se beijaram.
E agora? Como eu ia explicar o mal entendido?
De repente, ouvimos vozes conhecidas e paralisamos.
— Shh... — Fiquei alerta.
— Essa voz é do T-zed. — Lice sussurrou.
Sem mexer nos arbustos, ficamos paradas perto de onde acreditávamos virem as vozes.
— Desculpe-me por tirá-lo da festa. Eu precisava muito conversar com você a sós. — Por um momento achei que fosse Jully, mas a dicção era de Sarah.
Não tinha certeza, mas parecia que estavam sentados em uma mesa muito perto dos arbustos, pois ouvimos com clareza.
— Edward, sei que estou extrapolando nos meus pedidos de aniversário, ainda assim, preciso perguntar. Não gostaria de passar seus últimos dias no país em Los Angeles comigo?
Era só o que me faltava...
— Obrigado, mas não. — Ele foi cortês, ainda que decidido.
— Eu meio que já esperava por essa resposta. — Sarah soltou uma tímida risada. — Compreendo seus motivos.
— A família do Sr. Swan e seus amigos têm sido gentis comigo.
— Eu sei, você me contou. São boas pessoas. — Ela voltou a rir baixinho. — Também entendo que é por causa da moça.
Edward ficou em silêncio e Sarah se desculpou.
— Lamento, não estou querendo ser intrometida.
— Tudo bem. Por causa do Me Azare acredito que já saiba o suficiente sobre meu... namoro com Jully.
Coloquei uma mão sobre os olhos para não gemer alto de desgosto.
— Querido... — Ouvi o que pareceu ser um tamborilar de dedos na mesa. — Sabe, muito da minha vida foi construído em cima da ficção. Para muitos, os filmes são meras válvulas de escape e devo admitir que estou incluída nesses “muitos”. Quando abandono uma personagem e meus fãs saem do cinema, tocamos nossas vidas cientes de que o mundo é outro. Nem sempre as pessoas ruins têm o final que merecem. Nem sempre o tempo pode ser compensado. — Ela suspirou e tive certeza que se referia aos anos que desperdiçou longe do filho. — E nem sempre as pessoas certas permanecem ao nosso lado. Você terá algumas oportunidades únicas em sua vida. Por favor, não as desperdice.
— Não desperdiçarei.
— Vou ser mais clara. Espero que perdoe minha franqueza. — A voz de Sarah soou compreensiva. — Já fui muitas mulheres em uma única vida e é com toda essa bagagem de experiência que te digo: está com Jully à toa, pois não é dela que você gosta. Até um cego enxergaria a forma como fica perto de Bella.
Alice apertou meu braço e fiquei totalmente sem ação. Provavelmente, o selvagem também.
— Err... Bella e eu somos só amigos. — Senti desconforto em seu tom de voz.
— Edward, há tanto sinais... — Sarah riu delicadamente. — Os reconheço porque adoro essa “pequena magia” dos sinais. Por exemplo, hoje quando estávamos na sala de espera do banco, te perguntei como estava sendo sua estadia em Orlando. Contou-me sobre de seus amigos com tranqüilidade, mas ao falar de Bella, passou a estalar os dedos das mãos, igualzinho a seu pai quando fica nervoso. No início da noite, você estava muito entediado. Jully conversou sobre assuntos relativamente interessantes, no entanto houve momentos em que parecia que você ia tapar os ouvidos. Querido, depois que Bella chegou, seu semblante se transformou. Eu os vi dançando. A forma como a olha e a toca é completamente diferente de como olha e toca Jully.
A falta de resposta do selvagem quase me fez ter um aneurisma. A tensão no ambiente subiu a níveis absurdos.
— Desculpe, não quero deixá-lo constrangido. — Sarah parecia se sentir mal por isso.
Fechando os olhos, eu sussurrei baixíssimo:
— O que você sente?
Não sei dizer o que motivou Edward, não sei o quão difícil foi para ele, mas simplesmente falou:
— Sinto... Uma coisa. Algo... difícil de descrever. — Pude ouvir um grunhido inquieto.
— A moça está apaixonada. Isso se vê há quilômetros de distância. A meu ver, o sentimento é recíproco. — Sarah disse mansinho.
Agora sabia de onde ele tinha herdado o lado observador.
— Não posso estar... apaixonado. — Parecia que consegui vê-lo franzindo o cenho e baixando a cabeça. — Jully e eu somos compatíveis. Isso é...
— Desculpa interromper... Só que as pessoas que considero compatíveis comigo são aquelas que eu adoro ficar perto. Querido, imagino que esteja sendo muito difícil pra você reconhecer algo que nunca sentiu. Algo que nunca presenciou. Meu Deus, deve estar tão confuso. — Ouvi o ranger de uma cadeira, talvez Sarah tivesse se aproximasse do filho. — Sei que Carlisle te educou de forma extraordinária, mas isso que está sentido não se aprende através de livros. Acredite em mim, literalmente vivo de romance. Estar apaixonado e, principalmente pela primeira vez, é confuso mesmo. Ficamos nervosos, com medo, cometemos erros... Parece que somos sugados pelo olho de um furacão. É conturbado e maravilhoso. Sente tudo isso?
— Sim. — Ele murmurou.
Coloquei a mão no peito com medo de todos estarem ouvido as potentes batidas do meu coração.
— Então por que, querido? Por que escolheu ficar justamente com Jully?
Outra maré de silêncio.
— Eu não sei... Quando não uso a razão, chego a pensar que talvez seja porque Jully não parece em nada com Bella. Porque ela não me deixa simplesmente louco e vibrante quando está perto e quando está longe. Porque... não me faz querer ter outra vida. — Soltou um suspiro alto. — Uma vida que nem eu nem Bella poderíamos manter por muito tempo.
— Precisa contar a Bella o que sente. Está sendo injusto com você, com ela e com Jully. Uma vez li: A verdade se corrompe tanto com a mentira quanto com o silêncio.Estar omitindo o que me confessou é estar corrompendo a verdade. Entenda que tenho a obrigação de lhe dizer que pouquíssimas vezes na vida nos apaixonamos pra valer. Dispense os subterfúgios.
— Tem razão. — Gemeu. — Obrigado por...
— Não agradeça. Só espelhei o que no fundo você já sabia, então não perca tempo, vá atrás dela. Vá!
— Com licença.
— Toda. — Ela riu baixinho.
Nervosa e absorvendo lentamente tudo que foi dito, abri a boca para gritar por ele, só que Alice imediatamente tapou minha boca.
— Vai pegar muito mal sermos flagradas ouvindo escondido. — Cochichou em meu ouvido. — Vem comigo. — Puxou-me pela mão.
Corremos até o final dos arbustos e tentamos sair deles sem danificarmos os vestidos. Assim que atravessamos a parede, olhei na direção das mesas e já não havia ninguém lá.
— Essa ala do hotel é enorme. Vamos nos dividir e procurar o T-zed. — Alice estava com um sorriso de orelha a orelha.
— Tudo bem, se o encontrar não o largue! — Minhas mãos voltaram a suar.
— Vai dar tudo certo. — Mostrou os polegares antes de caminhar às pressas para o salão.
Por vários minutos perambulei por entre os convidados, até avistar uma silhueta muito parecida com a de Edward à beira da piscina. Só não corri até lá porque meu salto não permitia, mas felizmente o alcancei em pouco tempo e toquei-lhe o ombro na expectativa de que se virasse para mim.
— Pois não? — O estranho me fitou com curiosidade.
— Desculpa, o confundi com outra pessoa.
Frustrada, me virei. Depois disso, tudo que senti foi minha cabeça pender para direita e minha bochecha arder com o tapa estalado que Jully me deu.
Absolutamente chocada, coloquei a mão na bochecha e a encarei.
— Vou lhe dizer com todas as letras por que fiz isso. — Seu rosto estava fechado em ódio.
Embaraçada, senti o peso do olhar de alguns convidados. Precisei conter o impulso de revidar, pois se fizesse isso íamos acabar nos engalfinhando no meio da festa. Depois de tudo que Sarah fez por mim, preferia morrer a envergonhá-la na frente de seus convidados.
— Vamos conversar em outro lugar. — Pedi.
— Será que não entende, Bella? Não! Não! É claro que não entende. — Falou alto, gesticulando e suando. Ela estava totalmente fora de si.
— Jully, pelo amor de Deus. Vamos conversar lá fora. Vem comigo. — Marchei pela beirada da piscina.
— Por que está fazen...
De repente, o que não podia acontecer, aconteceu. Minha prima pisou na calda do meu vestido e desequilibrei-me completamente, caindo em seguida na água.
Após o breve momento de confusão, emergi desejando com todas as minhas forças que aquilo não tivesse acontecido. Trêmula, nadei até a borda o mais rápido que pude. Sair da piscina só foi possível porque a própria Jully e um convidado me ajudaram, pois a vergonha e o vestido pesavam como chumbo.
Sem coragem de olhar para ninguém, mantive-me de cabeça baixa. Porém saí arrastando apressadamente minha prima pela mão. Deixando rastros de poças de água, atravessamos a área da piscina, passamos pelo salão e rompemos porta afora. Minha fuga desenrolou-se rápido o suficiente para não estragar a festa.
Funcionários e seguranças do Plaza tentaram me barrar quando passei pelo hall principal. Sem parar nem um minuto, os dizia freneticamente que já estava saindo e quando atravessei a saída principal, deixaram-me em paz.
Já passavam das três da madrugada, a rua estava pouco movimentada e nos afastamos da entrada do hotel.
Frente a frente, trocamos um olhar carregado de mágoa.
— O que a fez pensar que tinha o direito de me bater na frente de toda aquela gente? — Bufei de raiva.
— O que a fez pensar que tinha o direito se ser desleal comigo? — Revidou. — Estou cansada de ser calminha, estou cansada de você pisar em mim.
— Jully, juro que não o beijei.
— Por que está fazendo isso comigo? — Começou a chorar. — Por que quer tanto estragar minha felicidade?
— Não quero estragar a felicidade de ninguém. — Amargurada, desfiz o coque.
— Bella, pedi sua permissão para me aproximar de Edward.
— Eu sei... — Vê-la passar aquilo na minha cara doía demais.
— Como pode ser tão egoísta e mesquinha? Você não estava nem aí pra ele. Ficava passando mal por causa de Brad. Só que quando nos viu juntos... — Verteu mais lágrimas. — Não é justo! Só por que agora Edward está todo bonitão e tem uma mãe rica e famosa resolve roubá-lo de mim? Ficou lá em Miami agindo feito uma menininha estúpida e invejosa. Meu Deus, nunca pensei que diria isso, mas eu te odeio!
O vestido pareceu ficar ainda mais justo e agora eu mal conseguia respirar.
— Jully, não estou aqui por inveja. Te garanto isso. Não tenho a menor intenção de te magoar.
— Não é o que parece.
— Sei que fui muito, muito idiota por não valorizar Edward antes... — Meus olhos também ficaram marejados. — Só que eu não posso evitar o que estou sentindo. — Fechei a mão sobre o peito. — Desculpa, mas você está correndo atrás de um trem que já partiu... Embora nem eu, nem ele, tivéssemos consciência disso até pouco tempo.
— Sou perfeita pro Edward de um jeito que você nunca será. — Falou em tom acusatório.
Fechei os olhos por dois segundos e, quando os abri, uma lágrima correu pelo meu rosto. Eu não tinha argumentos, por isso, minha voz ficou presa na garganta e senti uma enorme pressão no tórax.
Jully ficou me encarando cheia de rancor e repulsa, e foi aí que lembrei do que falei para Edward em Miami.

...

— Embora esse garfo nunca, nunca vá ser uma faca... — Toquei a peça. — Ele também pode ser bom e útil. Na verdade... Acho que ele já é. Sei que são opostos, mas eles funcionam tão bem juntos...

...

A recordação renovou minhas crenças na metáfora.
— Você está pouco se lixando para o que eu sinto. — Jully soluçou.
Ela ergueu a mão para me dar outro tapa e segurei seu pulso. Esperei um segundo antes de calmamente lhe dizer:
— Sei o que é ficar decepcionada, frustrada, ressentida... Sei que está doendo. Não estou menosprezando seus sentimentos... — A mágoa finalmente passou. — Espero que um dia consiga me perdoar, mas não tenho como alterar os cursos dessa história. Alguns deles só Edward pode alterar.
Minha prima desvencilhou-se devagar e limpou as lágrimas.
— Ele já alterou. — Suspirou tristonha. — Terminou comigo minutos atrás na suíte de Sarah.
Ela não esperou que eu me recuperasse da surpresa e atravessou a rua para pegar um táxi.
Depois que Jully partiu, me vi completamente sozinha, ensopada e com frio. Não podia voltar para a festa naquele estado e não queria ser expulsa do hotel novamente. Eu nem tinha como ligar para Alice, pois deixei meu celular dentro da bolsa em cima de uma mesa no salão.
Meio desorientada, olhei à minha volta e, após um longo e exausto suspiro, resolvi sair andando até achar um orelhão. Ligar para Jasper vir me buscar era minha única opção.
Por meus pés estarem doloridos, tirei as sandálias e caminhei uns cinco metros até chegar à esquina. Lá coloquei as sandálias em cima do telefone e liguei para casa a cobrar.
Fiquei esperando até a chamada cair. Tentei mais uma vez e ninguém atendeu ao telefone. Depois da quarta tentativa, recoloquei o telefone no gancho e sentei no meio-fio.
Com tantos altos e baixos na minha vida ultimamente, era fácil se perder em um dos momentos. Eu ainda estava perdida na discussão que tive com minha prima e só conseguia pensar nas decisões que não deveriam ter sido tomadas, nas escolhas mal feitas e suas conseqüências.
O triângulo amoroso tortuoso que se desenvolveu nos últimos dias foi alimentado por ilusões e erros. Por causa disso, não dava para evitar que alguém saísse de vítima e outros de culpados.
Atormentada, cobri o rosto com as mãos e gemi.
— Bella. — A voz de Edward fez meu estômago gelar.
Minhas palmas deslizaram pelo rosto e caíram moles em meu colo. Demorei alguns segundos pra levantar e me virar para ele.
O selvagem estava a cerca de dois metros de mim e sua expressão não era melhor do que a minha. Nós estávamos presos em uma encruzilhada.
— Você está bem? — Ele indagou.
— Não. — Era impossível disfarçar.
— Preciso te confessar algo. — Pressionou os lábios e fitou o chão, talvez alinhando os pensamentos. — Nada do que vivi até hoje me preparou para um momento como esse. É muito provável que eu tropece nas palavras, ou não me faça entender corretamente. — Seus olhos encontraram os meus. — Mas eu... penso em você o tempo inteiro. E quando tento não pensar, aí é que penso mais. — Riu sem humor. — Quando estou com você, fico estupidamente distraído como se minha mente estivesse parcialmente bloqueada. Nunca fui assim. Hoje em dia, me pego refletindo sobre assuntos que eu considerava insignificantes e... tenho receio de sentimentos e impulsos que nem sabia que existiam. — Ofegou antes de continuar. — Desculpe não ter dito o que você precisava ouvir em Miami. É que não podia te explicar o que nem eu entendia.
— Eu sei. — Murmurei, dividida entre a alegria e a tristeza. — Sinto muito, meio que sem querer ouvi sua conversa de agora a pouco com Sarah.
Edward não esboçou surpresa. Só que não foi porque já sabia sobre o que lhe contei, mas porque claramente outros sentimentos dominavam suas emoções no momento.
— Não estou conseguindo ficar feliz. — Disse-lhe com a voz trêmula. — Até agora vivi um momento de cada vez justamente por medo de bater de frente com esse.
Ele assentiu, sintonizando o pensamento com o meu.
— Me fala que existe um meio de isso dar certo. — Quase não havia esperança em sua voz.
— Como eu queria... — Subi a calçada de cabeça baixa.
Ambos passamos a enxergamos um muro entre nós muito maior do que qualquer preconceito, erro ou falta de sorte. Era a incapacidade de escapar da realidade. A impossibilidade de fundir nossos mundos.
— Não pode vir comigo para Malaita? — Perguntou ansioso.
— Eu poderia, mas depois de algumas semanas como seria?
Edward passou as mãos pelos cabelos, totalmente ciente da resposta.
Eu ficaria feliz por um tempo, mas não teria vida própria. Não concluiria a faculdade e não teria emprego. Definharia de saudades da minha família e amigos e, por fim, sufocaria.
— Não pode ficar? — Pedi com pouca esperança.
O selvagem refletiu um momento.
— Não posso abandonar meu pai sozinho na ilha. Ele só tem a mim. Além do mais... — Balançou a cabeça, inconformado. — Nem você ficará em Orlando. Sei que irá para Yale. O que eu faria aqui, Bella? Eu não sou assim. — Deu um puxão no blazer. — A maior parte do tempo nem compreendo as normas de conduta que regem essa sociedade. Por você, eu tentaria pelo maior tempo que conseguisse. Arranjaria um emprego e seria como qualquer outro homem dessa terra. Só que não vou te mentir... Por dentro, eu seria como aquele puma na jaula e...
— Como eu, sufocaria. — Completei desolada. — E se tentássemos manter um relacionamento à distância?
— Malaita é uma ilha totalmente isolada no meio da Oceania. Não há meio de nos comunicarmos com frequência. — Com o semblante torturado, se livrou da gravata. — Posso tentar vir aqui uma vez por ano, ou um pouco mais.
Por um minuto considerei a idéia. Mas então a realidade novamente me tomou.


— Nosso relacionamento nunca evoluiria. Seria um sentimento congelado no tempo. Nunca partilharíamos as pequenas e grandes coisas que mantém as pessoas apaixonadas. O companheirismo nos dias difíceis, a felicidade pelas conquistas do outro, o aconchego e... o sonho de um futuro juntos. Podíamos tentar nos enganar, mas na realidade estaríamos sozinhos.
— Tem razão. — Edward pendeu a cabeça para trás, observando o céu.
— Meu Deus, seria maravilhoso se um de nós pudesse abandonar tudo que tem, ou o que um dia poderia ter, por esse sentimento... — Só de falar nele, perdia o fôlego. — Exatamente como nos grandes romances. O problema é que essa idéia é uma utopia... Eu só teria fragmentos de você, assim como você também só teria fragmentos de mim.
— Não quero que seja assim. — Edward falou baixíssimo.
Encaramos-nos clamando silenciosamente pelo outro, mas não podíamos cruzar a linha que separava a tortura de uma tortura ainda maior.
Me encolhendo de frio, de repente recordei a sensação de saltar do penhasco pela primeira vez. O impulso de correr e se lançar em algo arriscado e incerto. A sensação extasiante de liberdade. A ausência de passado, presente e futuro durante os poucos segundos em que o corpo fica totalmente suspenso no ar...
Com pulsação acelerada, como se estivesse novamente diante do penhasco, falei:
— Edward, vamos nos jogar nessa paixão. Vamos extrair tudo dela sem guardar nada para depois, porque não haverá um depois. Esses dias que ainda ficará no país é tudo que temos. — Dei um passo à frente. — Vamos abrir um parêntese no tempo. — Uma energia diferente tomou conta de mim. — Quando tivermos que seguir em frente, seguiremos. Sem arrependimentos, sem cobranças, sem falsas expectativas...
— Não quero voltar para casa sem saber como é tê-la. — O selvagem também deu um passo à frente. — Se tiver que ser assim..., que seja.
— Precisamos esquecer completamente que irá embora. Não vamos ficar nos torturando com o inevitável.
— Então... — Ele respirou fundo, também sentido o curso de nossa história mudar outra vez. — Vamos nos despedir agora. Só será possível pôr em prática o que sugeriu se começarmos pelo final. Uma despedida depois de ficarmos juntos seria... — Balançou a cabeça, sem saber como completar a frase. — No dia que eu for embora, não quero dizer ou ouvir um adeus.
— Sim. — Concordei de imediato.
Encurtamos a distância que nos separava e apertamos as mãos.
— Foi ótimo te conhecer. — Edward deu um meio sorriso. — Você ensinou várias coisas a alguém que acreditava já saber de tudo.
— Também adorei te conhecer. — Um nó se formou em minha garganta. — Você me ajudou a ser uma pessoa melhor. Obrigada. — Lutei para não derramar lágrimas e não conseguimos soltar as mãos.
— Me promete que será feliz? — Os olhos dele ficaram um pouco vermelhos.
— Prometo. — Cobri os meus com a mão para não desabar em choro. — Me promete o mesmo?
— Prometo. — Respondeu rouco.
— Adeus, Edward. — Me obriguei a encará-lo.
Houve um momento de silêncio.
— Adeus, Bella.
Soltamos as mãos bem devagar, selando um momento que nunca mais se repetiria.
O muro da realidade e impossibilidade finalmente ruiu, levantando uma densa poeira de oportunidade.
— Acabou? — Edward suspirou.
— Acabou.
Em um piscar de olhos ele me abraçou pela cintura, fazendo meus pés saírem do chão. No mesmo segundo o senti pressionar os lábios contra os meus. Então, coloquei as mãos firmemente em sua nuca, prendendo-o ainda mais a mim.
Quando a língua de Edward invadiu minha boca, involuntariamente gemi de satisfação. A maciez e o calor dela, roçando e massageando a minha, me provocaram súbitos formigamentos em várias partes do corpo.
A palavra sofreguidão não era suficiente para descrever o desespero com que nos beijamos. Era como se fosse a primeira e a última vez, tudo ao mesmo tempo. Era um sentindo bem completo de “querer e ter”, “correr e alcançar”. Eu jamais tinha sentido aquilo antes.
A forma como Edward me abraçava desafiava a razão, pois parecia que se me soltasse, eu desapareceria. Intimamente lhe agradeci por segurar-me com força o suficiente para me impedir de respirar direito. Não tinha como não adorar aquela sensação.
Inclinando a cabeça para direita, suguei-lhe o lábio inferior saboreando aquela boquinha levemente rosada e bem desenhada. Meus dedos chegaram a tremular ao acariciarem seu maxilar lisinho.
Então Edward começou a rosnar muito baixinho, essa era uma característica tão dele. No fundo, eu sabia que era uma nítida manifestação de seu desejo por mim. Seu corpo declarando que me queria. Podia senti-lo tão inteiro, tão meu. Desde seu sabor a seu calor. Desde sua fome por meus lábios à capacidade de me fazer sentir especial.
De repente, não sentia mais frio, insegurança ou tristeza. Minha intuição gritava que estávamos prontos para aquele tempo. O nosso tempo. Íamos vivenciar todas as experiências mais intensas de um genuíno romance em poucos dias. E eu tinha convicção de que seria extraordinário.

Continua...


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3 comments:

  1. nossa esse foi o primeiro cap q me fez chorar:( e o ultimo neh ja q eles ja se despediram. ♥ate amanha Beijusculo♥

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    1. eu tbm chorei,ai eu queria tanto que eles ficase juntinhos e feliz

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  2. Ai cara...mba até que enfim gentemmmmm...deixa esses dois viverem isso logo, que o coração nao guenta. bjs

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Forever

É difícil às vezes olhar para trás e ver quanto tempo passou. As amizades conquistadas e algumas perdidas no caminho. A maturidade que inevitável atinge nossas vidas e altera nossos rumos. Aquilo que nos atingiu não podemos mudar, apenas aproveitar para encher nossa história de belos momentos vividos e aprendidos.
Twilight Moms Brasil é parte de mim e espero que seja de você também, Forever.

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