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Wednesday, May 30, 2012

FANFIC - UM SELVAGEM DIFERENTE - CAPÍTULO 33


Um Selvagem Diferente
By Lunah

Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: 
Álcool, Linguagem Imprópria, Violência

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


Capítulo 33 - Na Contramão II

Mesmo não percebendo, o tempo passou e, quando dei por mim, já era sábado.
Por volta das nove da noite, meus amigos eu e nos reunimos na sala. Na formatura, combinamos de montar um álbum de recordações com as melhores fotos que tiramos no decorrer dos anos. Agora com tempo e disposição para finalmente realizar a tarefa, nos divertimos revendo as dezenas de fotos que ficaram esquecidas em caixas e envelopes no fundo do meu armário.
— Tenho certeza de que a foto de Jasper só de sunguinha e pochete está aqui. — Lice esvaziou mais um envelope sobre a mesa de centro, aumentando consideravelmente a bagunça.
— Nem vem, era moda na época. — Ele embaralhou as fotos para dificultar a busca dela.
Estávamos sentados em volta da mesinha e eu tratei de encher a taça do pessoal com vinho. Após uma breve insistência minha, o selvagem aceitou uma taça mesmo não esquecendo que da última vez que tomou vinho confessou até o que não devia.
— Jasper quer aproveitar a reuniãozinha pra dividir os lucros entre os brilhantes empreendedores. — Chacoalhou acima da cabeça quatro envelopes. — Claro que as despesas ultrapassaram o previsto e torrei uma grana pra enterrar a estoniana. E, cara, foi um dinheiro bem gasto! — Distribuiu os envelopes.
— Que empolgante. — Peguei minha parte e voltei a sentar entre as pernas de Edward, apoiando as contas em seu peitoral.
— Será que dá pra escutar o som da caixa registradora da loja dos meus sapatos novos? — Lice colocou seu envelope junto ao ouvido.
— Nem acredito que ralamos um mês inteiro por essa grana. — Emmett sorriu satisfeito, em seguida cheirou o envelope.
— Bora, galera, abre aí. — Meu irmão ficou impaciente.
— No três? — Sugeri ansiosa.
Abrimos os envelopes ao mesmo tempo, mas foi Emm que verbalizou o pensamento coletivo:
— Que foda!
Houve um momento de silêncio.
— Diz que é brincadeira... — Fulminei Jazz com o olhar. — Um vale pizza da pizzaria Irmãos Bolonhesa? Trabalhamos duro pra ganhar só esses vales?
— Tão pensando o quê? Jasper fez o que pôde. — Ranzinza, cruzou os braços. — Até parece que Jasper tem culpa. Bando de gentinha sem noção.
— Com licença. — O selvagem chamou a nossa atenção. — Alice está bem?
Só aí notamos que ela fitava o vazio, pálida e com o lábio inferior tremendo. Estaria catatônica?
— Lice? — Preocupada, a cutuquei.
A louca tomou fôlego, arregalou os olhos e então...

(...)

— Meu ouvido está sangrando? — Pedi a Edward para dar uma olhada.
— Não. Espero que o meu também não esteja. — O coitado ainda estava meio desorientado.
— Ai minha cabeça... — Emmett massageou a testa.
Alice soltou uma risadinha envergonhada, então começou a se desculpar.
— Acho que posso ter exagerado um tiquitinho de nada nos gritos de desespero e agonia. — Timidamente tamborilou os dedos sobre os lábios. — Minha mãe sempre disse que tenho uma garganta potente.
— Tudo bem, Jazz, respira. Já acabou. — Rastejei para afagar os cabelos do meu irmão, que    ainda estava deitado encolhidinho no chão cobrindo os ouvidos com as mãos. — Agora está seguro, pense em coisas bonitas.
De repente, a campanhinha tocou.
— Pizza! — Alice levantou num pulo e foi correndo atender a porta.
Vários minutos se passaram até nos recuperarmos completamente. Sem alternativas, aceitamos o fato de que não lucramos nadica, mas que apesar dos pesares realizamos nosso sonho de infância de gerir um minúsculo resort. E quer saber? Não foi nada ruim. Nada mesmo!
— Vou te contar... — Limpei a boca após devorar outro pedaço de pizza. — Essa foi a pizza mais gostosa que já comi em toda minha vida. Eu juro!
— E a mais cara... Se é que me entendem. — Emm riu de boca cheia.
Ela quase tinha um gostinho de realização.
— Deixa Jasper provar da sua. — Meu irmão ousou meter a mão na pizza de Alice e levou um tremendo puxão de cabelo. — Aiiiêêê! Que diabo é isso, mulher?!
— Esse é o fruto do meu suor, não vou dividir justo com você. — Ergueu a caixa sem perceber que estava com o queixo sujo.
— Tem uma coisa que não entendo. Por que vão para universidades diferentes? — Edward se manifestou mudando o foco da conversa.
Involuntariamente suspiramos ao mesmo tempo. Aquele era um assusto que por bastante tempo nos torturou.
— Jasper vai para a Niagara University, porque sempre quis morar em Nova York. Sabe como é... Lutar pela sobrevivência na grande maçã. — Meu irmão bancou o tal e o corrigi.
— É que ele só foi aceito lá.
— Bella! — Me repreendeu.
— Só estou dizendo a verdade. — Zombei.
— Meu avô e meu pai estudaram em Northeastern. É meio que uma tradição familiar. Eu nem tive muita escolha. — Emm entornou o vinho.
— Logo estarei em Princeton. — Lice colou mais uma foto no nosso álbum. — Uma das minhas tias mora lá. Ficar com ela me fará economizar a grana que nem tenho.
Edward inclinou a cabeça para me fitar, esperando que eu me pronunciasse.
— Ah, você sabe que vou para Yale.
— E qual a justificativa? — Insistiu.
— Minha mãe está bancando, então ela que escolheu. Cavalo dado não se olha os dentes. — Dei de ombros. — E considere um milagre, porque minhas notas... — Gemi alto.
— Gente, notaram que essa pode ser a última vez que nos reunimos aqui, relaxando como pré-universitários? Quero dizer, depois tudo vai mudar. Nos veremos esporadicamente... — Lice viajou olhando para o teto. — Então um dia desses nos formamos e talvez casemos. Vamos colocar alguns pirralhos no mundo e...
— Engordar e morrer. — Jasper completou.
— Vocês animam legal, hein?! — Emm nos serviu mais vinho.
— Pelo menos já sabemos quem engordará primeiro. — Jazz encarou Alice e ele não estava brincando.
— Sua vontade de apanhar me impressiona. — Ela rosnou bastante ofendida.
— Tirando o desbravador, quem será que vai casar primeiro? — Emm levantou a questão.
— Talvez nunca nos casemos. — Brinquei para não ter que pensar em nossos desfechos. — Então quando tivermos uns 50 anos, largamos tudo para vir morar aqui.
— Tenho o forte pressentimento de que Jazz já terá batido as botas. — Alice não deixou passar. — Provavelmente overdose de viagra.
— Tem gente que leva tudo pro lado pessoal. — O idiota comentou com Edward, fazendo-o rir.
Ainda estava nos imaginando com 50 anos quando Emmett começou a zombar de mim.
— Woohoo... Que fotinha é essa, dona Bella? — Gargalhou olhando-a de perto.
— Do que está falando? — Me perdi.
— T-zed, você precisa dar uma olhada. Belita está sentada aqui com o cofrinho todo aparecendo. — Tentou passar a foto pra ele.
— É mentira! É mentira! — Claro que não era. Morrendo de vergonha, me esforcei para impedir que a foto chegasse a Ed, mas infelizmente ela rodou na mão de todo mundo até chegar às dele. — Odeio vocês. — Baixei a cabeça para não vê-lo analisando meu mico.
Só depois de alguns segundos foi que senti a ausência de sua risada. Resolvi lhe encarar e me surpreendi ao vê-lo sério, só que um tanto vermelho e comprimindo os lábios. Daí concluí que tinha gargalhado sim, só que em silêncio e ainda tentou disfarçar quando o fitei.
— Dissimulado. — Estreitei os olhos.
— Bem, como vocês dizem... — Enfiou a foto no bolso da coxa. — Altamente coisativo.
Não deu outra, rimos loucamente, pois nunca, nunca imaginamos que o “rei da floresta” falaria aquilo. Animados, abrimos outra garrafa de vinho e nos empenhamos na escolha das fotos para impedir que Lice colasse só as que ela queria por estar bonita nelas.
Mais uma vez, a campainha tocou, só que agora não podia ser entregador de pizza. Emmett foi intimado a atender a porta, mas nossa atenção se voltou para ela no momento em que a voz dele abafou nossa conversa.
— Rosalie? — Surpreso, ainda mantinha a mão na maçaneta.
— Oi. — A loira sorriu timidamente. — Tudo bem?
Não pude deixar de notar a mala ao pé da vagaba. Imediatamente Alice e eu trocamos um olhar de desgosto.
— O que aconteceu? — Emm não pareceu entender as intenções da mulher.
— Posso falar com você a sós?
Emmett virou o rosto, relanceando os olhos sobre nós. Ficamos quietos, dispostos a aceitar e apoiar suas decisões.
— Pode falar. Não tenho segredo com o pessoal.
Rosalie gemeu baixo, visivelmente insatisfeita com a exposição.
— Senti saudades, Pudim. — Sussurrou sensualmente. — Por isso decidi voltar.
Emmett balançou a cabeça mostrando que a entendia. No entanto, não deixou de perguntar:
— No bilhete que deixou disse que ia correr atrás de alguém que pudesse lhe abrir caminhos, achei que estaria...
— As coisas não acontecem como planejo. — O interrompeu, tocando-lhe o braço. — Sei que às vezes sou meio estúpida, mas a verdade é que gosto de você, querido. Seria uma boa ficarmos juntos
— Tem razão, Rosalie.
— Tenho? — Ela sorriu exibindo seus dentes perfeitos.
— Você é estúpida. — Emm riu sem humor, porém logo deu a sua voz e expressão a seriedade necessária. — Traiu minha confiança e a de meus amigos nos roubando. Mesmo depois de termos te dado um teto e comida. Me fez sentir um nada porque eu não tinha grana pra te bancar. Daí agora volta achando que é só estalar os dedos que vou lamber seus pés?
— Não, amor. Não está entendendo...
— Posso não ter dinheiro, mas tenho o meu valor. — Alinhou a postura.
— Eu sinto muito. — Tentou persuadi-lo com a voz chorosa.
— Não, Rosalie. Eu é que sinto muito por isso. — Emmett simplesmente bateu a porta na cara da interesseira. Ao virar-se para nós, salientou a decisão com um sorriso debochado. — Que se foda! Sou mais feliz solteiro.


Esse era um daqueles momentos em que ninguém consegue esboçar reação devido ao espanto. Nosso amigo já não era o mesmo molecão carente de sexo do colégio. Emmett se tornara um homem consciente de que não é qualquer uma que o merece.
Explodindo de orgulho dele, rapidamente levantei e corri para dar-lhe um abraço apertado, claro que Alice imediatamente se juntou a nós. Estava feliz de vê-lo superar a mulherzinha que só nos trouxe desgraça.
— Aê, maneiro. — Jazz ficou de pé. Meio sem jeito, enfiou as mãos nos bolsos. — Jasper até te daria um abraço de apoio, irmão. Só que esse lance é muito gay.
Lice e eu encaramos o idiota lhe enviado ameaças silenciosas.
— Ah, tá bom... Que se dane! — Contente, ele chegou com tudo para o abraço coletivo.
Definitivamente éramos jovens dando seus primeiros passos no mundo dos adultos, porém ainda refletíamos as quatro crianças que construíram a casa da árvore. Éramos os sonhos do passado e as promessas do futuro.
— Vem, T-zed! Não é tão gay quanto parece. Além disso, a gente sempre precisou de um quinto Power Ranger. — Jazz tirou onda.
— Não se preocupe, entendo que é um momento de vocês. — Respondeu ainda sentado.
Meus amigos e eu trocamos um rápido olhar de cumplicidade, em seguida disparei pela sala e joguei-me em cima de Edward. Jasper veio e se lançou fatalmente sobre mim. Alice fez o mesmo, até que por fim Emmett chegou bancando o astro de luta livre e resolveu esmagar todo mundo. Houve risadas, xingamentos e empurrões.
Quando finalmente liberamos o coitado do selvagem do “esmagamento”, Alice propôs um brinde.
— Vem. — Gargalhando, ajudei meu namorado a ficar de pé. — Está vivo?
— Sobreviverei. — Rindo pôs a mão nas costelas.
Emm encheu rapidamente nossas taças e fechamos um circulo para brindar.
— Ao que brindaremos? — Edward indagou já recomposto.
Meio indecisos quanto a isso, outra vez trocamos olhares. Foi aí que tomei a frente para falar meia dúzia de palavras, erguendo minha taça com vontade.
— Um brinde a tudo! Às inúmeras mancadas que demos nessas semanas; às pessoas que hospedamos; aos que ficaram e aos que se foram... — Me referi respeitosamente a Bogdanov. — Aos acontecimentos absurdos que nos uniram ainda mais... — Sorri mordendo o lábio. — Enfim, a tudo que fez dessas férias as melhores e mais piradas de nossas vidas!
— Woohoo! — Alice agitou a cabeça, descontrolada. — Conseguimos!
A concordância foi unânime, estávamos enchendo nossas bagagens com boas recordações, e aquela se transformava em mais uma. Ainda que a grande comemoração estivesse marcada para o domingo, foi naquela hora, entre assobios de empolgação e risadas, que verdadeiramente brindamos ao encerramento das férias.
— Wooohoooo! — Jazz berrou também. — Agora bora todo mundo correr pelado por aí! — Enojados, o encaramos . — É, não soou legal. — Ele admitiu baixando a bola.
Seguindo mais uma sugestão de Lice, Emmett ligou o micro system e deixou o som rolar.
Nós sempre fomos muito bagunceiros e desavergonhados, então sair dançando pela sala era fichinha. Somente Edward mantinha certa timidez, por isso Alice me empurrou pro lado e abordou o cara, obrigando-o a dançar com ela.
Emmett e eu improvisamos um tango esquisito, fazendo caras e bocas, girando atrapalhadamente. Meu irmão mandou tudo às favas, dançando break como se fosse um robô. Trocamos os parceiros e Lice foi parar nos braços de Jasper, quanto a mim...
— Feliz fim de férias. — Desejei ao selvagem, pendurada em seu pescoço.
Após soltar sua charmosa risada, respondeu:
— Feliz fim de férias pra você também, Bella. — Colocou uma mão em minha nuca, envolvendo os dedos em meus cabelos.
Eu já sabia o que ele queria, então entreabri os lábios, permitindo que Edward sugasse sensualmente um deles.

(...)

O que começou entre mim e o selvagem na sala, “terminou” no escritório. Um pouco influenciados pelo vinho, nos beijamos e nos acariciamos deitados no sofá. Eu estava louca para voltar pra nossa caminha na casa da árvore, mas antes tinha que encontrar meu irmão e lhe pedir para me chamar quando estivesse reunindo os hóspedes para ir à praia.
Quando saí do escritório com o vestido todo amassado e as pernas bambas, não encontrei ninguém no cômodo. Meus amigos tinham evaporado. Olhei para o relógio digital no aparelho de som e só aí percebi que já era quase meia-noite.
Morrendo de preguiça, subi a escadaria e percorri o corredor até alcançar o quarto de Jasper. Sem bater na porta, invadi o lugar dizendo:
— Jazz, você precis... — Paralisei de olhos arregalados. Estava tendo um reboliço na cama, embaixo das cobertas.
Meu irmão colocou a cabeça pra fora, todo vermelho e descabelado.
— Sai fora, Bella!
— Quem está aí com você? — Temendo a resposta, engoli em seco.
Já imaginando Alice toda suada e bêbada escondida em baixo do edredom, me aproximei da cama a fim de pegá-la no flagra. Ignorando as ameaças de morte do meu irmão, puxei vagarosamente parte do edredom e acabei encontrando o que não devia.
— Oi. — Falou envergonhada uma das moças que hospedávamos.
— Com licença. — Pediu a outra moça, voltando a se cobrir com o edredom.
Abismada e constrangida até o último fio de cabelo, dei alguns passos atrás e tive que ouvir Jazz se explicar.
— Elas estão ajudando Jasper a superar a morte da estimada esposa. — Fingiu estar arrasado, atingindo altos níveis de dissimulação.
Não suportando mais, corri pro corredor e fechei a porta atrás de mim com muita força. Precisei de um minuto para digerir o que vi, e concluí que o mundo está mesmo perdido. Justo Jasper com duas mulheres?
Confesso que de certa forma foi um alívio não pegar Lice caindo na sacanagem. Às vezes sexo destrói amizades sólidas como a nossa. O pensamento de que nosso círculo de amizade continuava intacto me sorrir confortada. Consegui até esquecer parte da parada bizarra que acabara de presenciar. E foi exatamente nesse momento que a porta do meu quarto escancarou, fazendo com que o casal que estava escorado nela, caísse praticamente aos meus pés.
— AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! — Berrei histérica, com vontade de correr de um lado para o outro.
Alice estava só de lingerie em cima de um Emmett sem camisa. Extremamente bêbados, riam descontroladamente da minha cara.
— O que estão fazendo? — Vociferei sem saber se tapava os olhos, ou os ouvidos.
— Fala sério... — Emm ergueu o punho fechado. — Tamo “mandando ver”!
— AH, MEU DEUS! — Bati o pé no chão. — Mas são amigos!
— Amigos... com benefícios, Bella. — Lice piscou o olho, mais impossivelmente desavergonhada do que nunca.

(...)

Cheguei à casa da árvore mais parecendo um zumbi. Nem conseguia fechar a boca. Edward me perguntou o que houve, e contar-lhe os últimos e surreais acontecimentos me ajudou a sair do estado de choque.
Depois de um tempinho simplesmente aceitei que por serem nossos últimos dias em Orlando, meus amigos e irmão também tinham o direito de meter o pé na jaca. Com tanto que todo mundo sobrevivesse...
A noite não estava nada silenciosa. Certa hora o Link 69 chegou à mansão e eles se instalaram no jardim falando alto, tocando violão e bebendo. Da janela conseguia vê-los em volta da piscina. Quis ir até lá e reclamar, mas Edward insistiu para que eu os ignorasse. Por fim, concordei com ele. Não valia a pena bater boca com Brad e os outros parasitas. Graças a Deus, pretendiam ir embora depois da festa na praia.
Coloquei um CD com músicas românticas no mini system e isso foi o suficiente para esquecermos as inconveniências. Na madrugada adentro, nuvens densas surgiram para encobrir a lua e a temperatura caiu. Ventos mais intensos do que os de costume fizeram as copas das árvores chacoalharem. O farfalhar das folhas se misturou à melodia suave da música, e assim fomos nocauteados pelo sono. Afinal, dormimos quase nada nas últimas noites.
Ao contrário de mim, Edward ficou um pouco inquieto. Mesmo entorpecida pelo sono, sempre que ele se movia eu percebia. Era como se algo em seu subconsciente o incomodasse.
Não sei dizer quanto tempo dormi, mas quando abri os olhos ainda nem era dia. Devia ser entre 4h e 5h da manhã. Por causa da festa de despedida, tinha que estar 100% ativa dentro de algumas horas, então levantei para tomar um banho demorado e repor as energias com algo nutritivo. Antes de sair da casa da árvore, dei um suave beijo na testa de Edward e o deixei com seus sonhos misteriosos.
Após descer o último degrau, há uns dez metros de distância, avistei entre as sombras azuladas o Link 69 em torno da jaula do puma. Embriagados, riam apoiando-se uns nos outros.
Em uma reação instintiva, corri até lá irada por estarem perturbando o animal. Mesmo antes de alcançá-los, vociferei exigindo explicações.
— Que merda estão fazendo?
— Ei, Bella... — Com sarcasmo, o baixista virou-se para mim erguendo as mãos em rendição. — Já chega com quatro pedras na mão.
Arfando e com frio, parei a alguns passos deles.
— Estamos só olhando. — Brad lançou fora uma garrafa vazia de whisky e passou a bloquear minha visão do puma.
— É. Só olhando, garota. — Tom, o baterista, gargalhou me filmando com seu Iphone.
— Vou dizer só uma vez: vocês têm três segundos para dar o fora daqui. — Me impus de modo ríspido.
McFadden balançou a cabeça com deboche. As bordas de seus olhos estavam vermelhas e ele exalava um asqueroso cheiro de álcool misturado a suor. O cruzar de braços com a arrogância de quem estava se lixando para as minhas ordens, tirou-me o resto da paciência.
— Espera, vamos dar um closezinho nela. — Tom aproximou o Iphone do meu rosto e com um tapa derrubei o aparelho no chão.
Por conta do impacto, o Iphone começou a reproduzir um vídeo do puma cambaleando devagar dentro da jaula, chegando a cair sobre as próprias patas. Alarmada, soltei um palavrão ao empurrar Brad para alcançar a jaula.
— Calminha aí, Bells. — Ele se afastou o suficiente, rindo como se tudo fosse uma piada.
Confusa e enraivecida, cheguei a me atrapalhar ao destravar os ferrolhos da jaula. O mais rápido que pude, me aproximei do animal. O encontrei deitado de lado, respirando debilmente. Meu primeiro palpite foi de que tinham dado whisky a ele.
Reprimi as ofensas contra o Link 69 e apenas me ajoelhei ao lado do puma para me certificar de que ele ficaria bem. Esquecendo-me de que um dia já tive pavor dele, passei a mão suavemente por sua barriga.
— Vai ficar tudo bem. — Disse-lhe em um fio de voz.
Surpresa por senti-lo extremamente quente, deslizei as mãos por suas patas, constatando que os músculos estavam impossivelmente rígidos. Havia algo de muito errado ali.
— O que deram a ele? — Perguntei em voz alta, sem conseguir tirar os olhos do puma.
— Ué... Nada, Bells. — McFadden tentou falar num tom sério, mas seus amigos o delataram com risadas abafadas.
— Brad, por favor, isso não é brincadeira. — Fitei-lhe angustiada.
Por breves segundos ele sustentou o meu olhar, então sua expressão de deboche foi esmorecendo. Ao recobrar parte do senso de realidade, McFadden começou a se justificar.
— Tudo bem. — Bufou contrariado. — A gente tava zoando, cara. Queríamos só fazer o bicho ficar doidão pra gravar um vídeo engraçado pro youtube. — Deu de ombros.
— O que deram a ele? — Perguntei ainda mais alto.
— Colocamos umas cápsulazinhas de Ice num bife grande. — Respondeu o baixista fazendo pouco caso. — Esse bicho é muito viadinho, fala sério! Até um gato aguentaria o tranco.
Até onde eu sabia, Ice era só mais um apelido para metanfetamina, que é dez vezes mais potente do que a cocaína.
Nos primeiros três segundos, gelei inteira sem nem conseguir fazer a saliva descer pela garganta. Mas foi quando o felino começou a expelir sangue pelas narinas que o desespero de fato abateu-se sobre mim.
Desequilibrei-me ao tentar ficar de pé, mas consegui fazer minhas pernas destravarem. Rompi jaula afora e Brad tentou me deter, porém fui mais ágil ao me desvencilhar. Sem ter certeza do que fazer, disparei com todas as minhas forças rumo à casa. O jardim nunca pareceu tão grande, meus pés nunca pareceram tão lentos.
Minha única convicção naquele momento era de que precisávamos tirar o puma da mansão, pois em algum lugar tinha que existir um veterinário que pudesse ajudá-lo.
Abri a porta da frente com violência, depois corri para o pé da escadaria gritando a ponto de minha garganta arder.
— Emmett! Emmett tira o carro da garagem agora! É uma emergência, rápido!
Incapaz de raciocinar devidamente, coloquei as mãos na cabeça, relanceando os olhos pela sala, tentando me lembrar onde estavam as chaves do carro do meu pai. Enquanto ouvia a correria vinda do andar superior, lancei-me em uma busca descontrolada por elas.
Na mesinha do telefone, dentro de um velho cinzeiro, encontrei o molho de chaves, mas infelizmente minhas mãos trêmulas o deixaram cair no tapete. Rapidamente lancei a mão novamente sobre o molho de chaves e meus amigos surgiram, apavorados com minhas ações.
— O que foi, Bella? — Alice ficou pálida.
— É o puma... — Joguei as chaves para Emmett. — Pega o carro!
Outra vez atravessei a porta correndo. Agora torcia pra que me restasse fôlego para gritar por Edward. Emm disparou para a garagem e Jasper junto com Alice tentaram me acompanhar.
Não demorei a perceber que não seria necessário chamar Edward, pois ele já estava lá, dentro da jaula com o puma. Forcei meus pés um pouco mais para eliminar os metros que nos separavam. O problema é que essa distância, ao invés de diminuir, só parecia aumentar.
Quando finalmente consegui alcançar a jaula, Brad e os outros já estavam mais afastados, só observando a merda que fizeram. Sem fôlego, me agarrei às barras da jaula com o coração martelando perigosamente no peito.
— Edward... vamos.... — Balbuciei o mais alto que pude.
Ele não moveu um músculo. Continuou apoiado em um joelho só, com a mão na cabeça do felino e o rosto virado para o outro lado. Imediatamente senti um desagradável arrepio na espinha.
— Não fica aí parado... Rápido! — Gritei, odiando minha impotência. Não entendia por que ele não reagia.
Alice pousou a palma sobre o meu ombro e com delicadeza me apresentou a realidade que eu tanto rejeitava. O puma já estava morto.
Olhando fixamente para o animal, comecei a sentir a atmosfera à minha volta mudar. Meu coração se encheu de pesar, meus amigos ainda se perguntavam o que tinha acontecido, mas era Edward, com seu gélido silêncio, quem carregava a maior parte da dor. Vê-lo tão quieto me afligiu profundamente, pois não havia palavras em mim para consolá-lo, principalmente porque me sentia indiretamente culpada por Brad existir em nossas vidas.
Quando Emmett chegou, não conseguiu arrancar da banda mais do que as justificativas ridículas que me deram. Continuavam insistindo que tinha sido só uma brincadeira e não mostraram remorso algum.
— Que merda, Brad. Tu passou dos limites. — Jasper também se indignou com a falta de caráter dele.
— Foi mal... Paciência. — Ele revirou os olhos, acreditando que estávamos exagerando.
— Esse escroto fez isso de propósito. — Lice não conseguiu ficar calada e partiu para enfrentá-lo. — Todo mundo aqui sabe que decidiu atingir Edward por Bella ter escolhido ficar com ele e não com você. — Deu-lhe um empurrão e o maldito riu junto com os amigos.
— Calma aê... Claro que não foi por causa da Bells. Foi acidente, pô. Falam como se ela valesse o trabalho de matar qualquer coisa. Vamos parar com esse drama, já está virando palhaçada. — McFadden ajeitou a gola da jaqueta fechando a cara.
Quando pensei em abrir a boca para revidar, Edward ficou de pé, roubando a nossa atenção. Sem erguer a cabeça, se inclinou sobre o puma e o colocou em seus braços. Talvez alheio ao que se passava à sua volta, respirou fundo antes de dar o primeiro dos vários passos que o levaram para fora da jaula.
Observá-lo abatido, nos dando as costas para se isolar no final do jardim me fez derramar as lágrimas que McFadden não merecia ver. Meus amigos também não conseguiram reagir, pois, assim como eu, não sabiam como lidar com aquele Edward parcialmente ausente.
— Já chega. Vamos embora. — Brad fez um sinal para a sua banda e eles se direcionaram para os portões. Ainda a uns três metros de mim, McFadden comentou em voz alta, para sair com última palavra. — Sério, agora estou até com pena desse cara. — Pigarreou escarnecendo. — Principalmente porque pegou a Bella já bem usadinha.


O que não podia acontecer de modo algum aconteceu: Edward, que ainda não tinha chegado ao final do jardim, também ouviu o insulto e imediatamente largou o puma. Vagarosamente voltou-se para nós, com os olhos vermelhos, mergulhados numa ira que o deixou irreconhecível. Seu peito e narinas inflaram com a respiração descontrolada e, despido de seus valores morais, disparou rápido demais na direção de Brad.
Tentamos detê-lo quando passou por nós. Os rapazes se esforçaram, meus dedos chegaram a deslizar por seu braço direito, só que não fomos capazes de segurá-lo, pois habilmente desviou de nossas mãos. Corremos atrás dele, mas Edward alcançou McFadden no momento em que ele olhou para trás. Com um forte soco o derrubou no chão e os caras do Link 69 revidaram, abatendo-lhe com semelhante violência. Foi preciso Emmett e Jasper interferirem, agravando a situação ao transformar uma briga em três.
Com muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo, só consegui acompanhar McFadden erguendo-se do chão e Edward fez o mesmo.
— Isso não foi muito esperto, meu amigo. — Brad massageou o canto da boca extremamente irritado. — Se você quer brigar, vamos brigar.
— Brad, cala essa boca! — Vociferei a ponto de quase partir pra cima dele, então Alice segurou-me pela cintura.
O selvagem esperou o idiota se aproximar e desferir um soco para só então barrar o antebraço dele com as duas mãos e lhe chutar no joelho. Brad logo despencou e com um rápido movimento Edward o imobilizou, mantendo o braço dele colado às costas. Ignorando meus apelos, enfiou o rosto de McFadden na terra e com fúria esmurrou-lhe incontáveis vezes nas costelas.
Tremendo de tão nervosa, olhei para os lados e vi meu irmão e Emm rolando no chão entre socos com os imbecis do Link. Jazz mesmo com o lábio cortado conseguiu imobilizar o baixista e Emmett acabara de dar um chute em Tom. Intimamente agradeci a Edward por ter ensinado aos dois a se defenderem.
O gemido alto que ouvimos veio de Brad, que pareceu ter o pulso deslocado quando tentou se desvencilhar. Edward manteve um dos joelhos sobre as costas dele e lhe socou na nuca. Comecei a acreditar que meu namorado não via ou escutava nada além de McFadden.
O Sr. Jones despontou na entrada da casa e, para o meu alívio, rapidamente veio em nosso socorro. Ele agarrou Edward por trás, mantendo um braço em volta do pescoço e o outro no peito. O homem usou toda a sua força para tirar Edward de cima de Brad. Eles tombaram porque Edward debatia-se violentamente, não aceitando ser contido. Nesse meio tempo, Brad conseguiu rastejar para longe, cuspindo uma grande quantidade de sangue.
A expressão retorcida de Edward só não era mais assustadora do que seus rosnados altos e enraivecidos. Aquilo chegou a me dar calafrios. Mais uma vez, clamei por ele na esperança de que minha voz o trouxesse à racionalidade, mas isso de nada adiantou. Não podendo mais só assistir, corri e joguei-me de joelhos no gramado junto a ele.
No segundo em que segurei seu rosto, os braços do Sr. Jones falharam e já não foram capazes de deter totalmente Edward. Ele girou o corpo, se debruçando no solo. O pai de Toby tentou retardá-lo segurando-lhe pelo cós do jeans e eu fiz o mesmo. Edward cravou firmemente as unhas na terra, deixando escapar por entre os dentes mais rosnados de fúria. Ele focava unicamente Brad, o qual finalmente se conscientizou do risco que corria.
Definitivamente aquele não era o meu Edward. Nem mesmo parecia um homem. Em suas ações ferozes não havia vestígios de humanidade.
Projetando-se para frente, ele se soltou com extrema truculência. Ao ficar de pé, partiu novamente pra cima de McFadden, que já nem tinha condições de revidar por causa das costelas fraturadas. Edward o pegou pelos cabelos, obrigando-o a ficar de joelhos. A impetuosidade com que lhe esmurrou o rosto me fez chorar por não saber como fazê-lo parar. O punho ensangüentado de Edward começou a deixar o rosto de Brad desfigurado. Aquilo estava sendo a coisa mais horrível que já presenciei na vida.
— Alguém faça alguma coisa! — Gritei para os rapazes em pura aflição. Eles se separaram ao notar que a estúpida briga ultrapassara todos os limites. — Por favor, façam alguma coisa! — Minha voz ecoou no silêncio produzido pelos segundos de inércia.
Em um impulso, forcei minhas pernas. Ergui-me, correndo na direção de Edward, cujo punho no ritmo de marteladas castigava a face de Brad. Não havia tempo para pensar, apenas agir. Eu precisava deter Edward antes que fosse tarde demais. Meu senso de responsabilidade sobre ele era maior do que a cautela, por isso fingi não ouvir os gritos de alerta dos meus amigos.
Determinada a salvar Edward de si mesmo, lhe agarrei por trás como o Sr. Jones fez. Imediatamente ele reagiu, golpeando minha face com o cotovelo.
A dor alucinante fez-me cambalear para trás. Parecia que minha cabeça ia explodir. Desorientada, perdi completamente o equilíbrio. Depois disso, só houve escuridão e um zunido fraco em meus ouvidos.

(...)

Meus olhos pesavam feito chumbo. Só foi possível mantê-los abertos após algumas piscadelas. Tinha dificuldade até para respirar.
— Ah, graças a Deus. — Lice afagou minha testa. — Você está bem? — Ela parecia demasiadamente tensa.
— Apaguei? — Percebi que estava deitada no sofá da sala. — Por quanto tempo?
— Não tenho certeza. Por vários minutos.
Quando me sentei, comecei a sentir o lado esquerdo do meu rosto inchado e gelado. A dor horrível me fez soltar um gemido entrecortado.
— Me deixa continuar pondo compressa. — Alice encostou a bolsa de gelo no meu rosto e reprimi outro gemido.
— O que aconteceu? — Murmurei vasculhando minhas lembranças.
— Depois que Edward te atingiu, ele finalmente voltou a si. Brad ficou um bagaço e os caras da banda o colocaram no carro e o levaram pro hospital. Emmett foi junto pra saber se o otário vai ficar bem.
— E Edward?
Lice suspirou ruidosamente.
— Está lá no fundo do jardim com o puma e não deixa ninguém chegar perto. Não se preocupe, Jazz está de olho nele. — Ao afastar a compressa, continuou. — Bella, foi uma tremenda burrice o que você fez.
— O importante é que serviu para deter Edward. Se fosse preciso, eu faria tudo novamente. — Coloquei uma mão na testa que não parava de latejar. — Me passa o telefone, preciso falar com Emm.
Assim que peguei o aparelho, disquei o número do celular de Emmett e ele atendeu ao primeiro toque.
— Fala.
— Sou eu. Como está o Brad?
Ele demorou a responder e deduzi que se afastava do Link.
— Mal. — Falou baixo. — Até agora o que tenho certeza é de que está com duas costelas fraturadas e o nariz quebrado em dois lugares. O rosto dele ficou medonho.
— Acha que ficará bem? — McFadden pediu por aquilo, mas, sinceramente, eu não queria que a situação tivesse chegado àquele ponto.
— É... Depois de um tempo ele vai ficar bem. Agora o nosso problema é outro.
— Do que está falando? — Fiquei confusa.
— Os caras aqui estão só esperando um laudo para ir ao distrito mais próximo dar queixa de Edward. Bella, eu não entendo muito dessas coisas, mas estamos falando de lesão corporal grave. Sei lá, acho que isso dá de um a cinco anos de reclusão.
— Merda! — Xinguei com minha cabeça pesando toneladas.
— Olha, eu acho melhor ligar pro pai do T-zed.
— Farei isso. — Fechei os olhos, bufando de desgosto. — Se tiver novidades me telefona.
— Ok. — Desligou.
Ao me levantar a fim de ir para o escritório, tive vertigem. Foi preciso Alice me ajudar a recobrar o equilíbrio. Trancada no escritório, necessitei de alguns minutos para pensar em como contar ao Dr. Carlisle o que aconteceu. Sem sucesso, tive que aceitar que nada poderia amenizar as más notícias.
Liguei para o meu pai e ele prontamente atendeu. Sem ânimo para responder suas habituais perguntas, apenas lhe pedi que passasse o celular para o Dr. Carlisle. Obviamente ele estranhou, mas parou de me questionar quando ressaltei que Edward era o motivo do telefonema.
Esperei uns três minutos até meu pai cruzar o corredor do hotel em que estavam hospedados e bater na porta da suíte do Dr. Carlisle, o qual logo me cumprimentou parecendo sonolento.
No início minha língua travou, mas a gravidade da situação exigiu de mim um pouco mais de coragem. Comecei contando que Edward se envolveu em uma briga e perdeu totalmente o controle, depois acrescentei que o homem que o provocou ficou muito machucado e pretendia dar queixa por lesão corporal grave.
O silêncio do outro lado da linha me deixou ainda mais tensa. Tinha certeza de que a frase “perdeu o controle” foi suficiente para fazê-lo entender a complexidade do incidente. Por conhecer Edward melhor do que ninguém, o Doutor conseguiu ouvir até o que não cheguei a pronunciar.
— Bella, ele está ferido?
— Não.
— Estou em Daytona, alugarei um carro e estarei aí em no máximo três horas. Por favor, peça a Edward para arrumar a mochila dele. Pegaremos um avião ainda hoje.
— Tem certeza? — Falei sem querer.
— Para evitar maiores complicações, acho melhor partirmos logo para Malaita. Acredite, ele vai ficar bem quando chegar lá. — Claro que o Doutor sabia como seu filho se sentia por dentro.
— Está certo. — Não consegui disfarçar minha tristeza. — Até daqui a pouco.

(...)


Quando saí do escritório, a primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro ver como meu rosto ficou. Diante do espelho, me deparei com a meia lua rosada, quase atingindo tons azulados, que ia do canto do olho esquerdo até perto da boca. Não havia maquiagem no mundo capaz de disfarçar aquilo.
Dispensando qualquer tipo de auto-piedade, saí do cômodo determinada a fazer o que o Dr.Carlisle me pediu. Fui direto para o jardim em busca de Edward. No trajeto, dei-me conta de que meu pai também retornaria e os hóspedes só iam embora na segunda-feira. Ou seja, tudo que podia dar errado deu errado.
Encontrei Edward no canto mais afastado do jardim. Um local úmido aonde o sol não chegava e a grama era mais vasta. Ele estava sentado cabisbaixo, com a calça suja de sangue por ter limpado as mãos nela. A seu lado ficou largada a pá que usou para enterrar o puma a um metro dali. Não pude deixar de notar que alguns nós de seus dedos estavam em carne viva.
Com o coração entalado na garganta, me aproximei devagar. Letárgica, simplesmente caí de joelhos a centímetros dele. Então, com o fôlego que tinha, balbuciei:
— Seu pai está vindo te buscar.
Relutante, Edward ergueu a cabeça lentamente e me encarou. O conjunto de traços que o fazia tão belo estava totalmente sem vida. A palidez de sua pele contrastava com a vermelhidão de seus olhos. Incapaz de continuar me encarando, ele baixou a vista.
— Você... está bem? — Perguntei entrecortadamente. Esperei um minuto e não obtive resposta. — Por favor... Fala alguma coisa. Não faz isso comigo. — Seu silêncio me magoava.
De repente, Edward puxando-me para si e com um forte abraço, enterrou o rosto no meu peito. O envolvi em meus braços querendo protegê-lo de tudo que lhe afligia. Lutei desesperadamente para ser forte, mas então ele começou a tremer chorando silenciosamente.
Edward não estava conseguindo lidar com tudo ao mesmo tempo. Eu sabia que sobre ele havia o peso esmagador gerado pelo abandono do autocontrole exigido pelo rito de passagem, a indignação pela morte do puma, a repulsa pelo que fez com o meu rosto... E a tristeza pela volta prematura para a ilha.
Parecia que meu coração ia parar de bater por vê-lo naquele estado. Clamei a Deus para me manter firme ali. Se eu começasse a chorar também, só agravaria a culpa que Edward carregava. Angustiada, pousei meu rosto no topo da cabeça dele sem conseguir esquecer que em poucas horas nos separaríamos definitivamente.
— Bella... Bella, preciso de você... — Ele murmurou com a voz embargada. — Preciso que me diga o que fazer. Achei que eu sabia de tudo... — Gemeu se torturando. — Por favor, só me diga...
— Está tudo bem. — Sussurrei sem nenhuma convicção. — Você deve ir... Deve ir para casa, Edward. Vai ficar bem quando chegar lá. — Repeti as palavras de seu pai.
Com delicadeza, ergui a cabeça de Edward para lhe fitar e deslizei os dedos pelas laterais do seu rosto. Ele então fechou os olhos, deixando escapar mais uma lágrima.
Buscando se redimir, passou a roçar os lábios em meu rosto machucado. Entreguei-me ao carinho, esperando que aliviasse todas as minhas dores, mas intimamente não parava de me perguntar o que tínhamos feito para merecer o infortúnio de sermos obrigados a romper antes do esperado.
De onde eu ia tirar forças para suportar o que estava por vir?

Continua...


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5 comments:

  1. Coitadinhos

    ~~>Brad bem que mereceu, matar o puma de depois chamar a Bella de bem usada... Pediu pra apanhar

    ~~>Amigos com beneficios ashuashuas'

    ~~>E o zoologico do puma ??

    ~~>Não quero ver Bellard separado '-'


    Ass: Crazy

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  2. Nossa esse Brad e um retardo msm ne! q ideia de girico dar droga pra um animal indefeso ele tava precisando msm dessa surra. pena q agora o Ed vai ter q voltar pra casa coitadinha da Bella. amei♥ Beijusculo

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  3. AI JA TO CHORANDO ATE AGORA,COMO FICARA A BELINHA SEM O EDWARD!! ESSE BRAD BEM QUE PEDIO PRA APANHA,

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  4. chorei com o final desse capitulo morri de raiva pelo que os caras do link 69 fizeram com o puma e adoreii edward batendo no McFadden mereceu pena q eles vao ter qe se separar antes do inesperado chorei d+com esse capitulo mt emocionante

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Forever

É difícil às vezes olhar para trás e ver quanto tempo passou. As amizades conquistadas e algumas perdidas no caminho. A maturidade que inevitável atinge nossas vidas e altera nossos rumos. Aquilo que nos atingiu não podemos mudar, apenas aproveitar para encher nossa história de belos momentos vividos e aprendidos.
Twilight Moms Brasil é parte de mim e espero que seja de você também, Forever.

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