Um
Selvagem Diferente
By Lunah
Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Atenção: Este conteúdo
foi classificado
como impróprio para
menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero
continuar!"
Capítulo 33 - Na Contramão II
Mesmo não percebendo, o tempo
passou e, quando dei por mim, já era sábado.
Por volta das nove da noite, meus
amigos eu e nos reunimos na sala. Na formatura, combinamos de montar um álbum
de recordações com as melhores fotos que tiramos no decorrer dos anos. Agora
com tempo e disposição para finalmente realizar a tarefa, nos divertimos
revendo as dezenas de fotos que ficaram esquecidas em caixas e envelopes no
fundo do meu armário.
— Tenho certeza de que a foto de
Jasper só de sunguinha e pochete está aqui. — Lice esvaziou mais um envelope sobre
a mesa de centro, aumentando consideravelmente a bagunça.
— Nem vem, era moda na época. —
Ele embaralhou as fotos para dificultar a busca dela.
Estávamos sentados em volta da
mesinha e eu tratei de encher a taça do pessoal com vinho. Após uma breve insistência
minha, o selvagem aceitou uma taça mesmo não esquecendo que da última vez que
tomou vinho confessou até o que não devia.
— Jasper quer aproveitar a
reuniãozinha pra dividir os lucros entre os brilhantes empreendedores. —
Chacoalhou acima da cabeça quatro envelopes. — Claro que as despesas
ultrapassaram o previsto e torrei uma grana pra enterrar a estoniana. E, cara,
foi um dinheiro bem gasto! — Distribuiu os envelopes.
— Que empolgante. — Peguei minha
parte e voltei a sentar entre as pernas de Edward, apoiando as contas em seu
peitoral.
— Será que dá pra escutar o som
da caixa registradora da loja dos meus sapatos novos? — Lice colocou seu
envelope junto ao ouvido.
— Nem acredito que ralamos um mês
inteiro por essa grana. — Emmett sorriu satisfeito, em seguida cheirou o
envelope.
— Bora, galera, abre aí. — Meu
irmão ficou impaciente.
— No três? — Sugeri ansiosa.
Abrimos os envelopes ao mesmo
tempo, mas foi Emm que verbalizou o pensamento coletivo:
— Que foda!
Houve um momento de silêncio.
— Diz que é brincadeira... —
Fulminei Jazz com o olhar. — Um vale pizza da pizzaria Irmãos Bolonhesa?
Trabalhamos duro pra ganhar só esses vales?
— Tão pensando o quê? Jasper fez
o que pôde. — Ranzinza, cruzou os braços. — Até parece que Jasper tem culpa.
Bando de gentinha sem noção.
— Com licença. — O selvagem
chamou a nossa atenção. — Alice está bem?
Só aí notamos que ela fitava o
vazio, pálida e com o lábio inferior tremendo. Estaria catatônica?
— Lice? — Preocupada, a cutuquei.
A louca tomou fôlego, arregalou
os olhos e então...
(...)
— Meu ouvido está sangrando? —
Pedi a Edward para dar uma olhada.
— Não. Espero que o meu também
não esteja. — O coitado ainda estava meio desorientado.
— Ai minha cabeça... — Emmett
massageou a testa.
Alice soltou uma risadinha envergonhada,
então começou a se desculpar.
— Acho que posso ter exagerado um
tiquitinho de nada nos gritos de desespero e agonia. — Timidamente tamborilou
os dedos sobre os lábios. — Minha mãe sempre disse que tenho uma garganta
potente.
— Tudo bem, Jazz, respira. Já
acabou. — Rastejei para afagar os cabelos do meu irmão, que ainda estava
deitado encolhidinho no chão cobrindo os ouvidos com as mãos. — Agora está
seguro, pense em coisas bonitas.
De repente, a campanhinha tocou.
— Pizza! — Alice levantou num pulo
e foi correndo atender a porta.
Vários minutos se passaram até
nos recuperarmos completamente. Sem alternativas, aceitamos o fato de que não
lucramos nadica, mas que apesar dos pesares realizamos nosso sonho de infância
de gerir um minúsculo resort. E quer saber? Não foi nada ruim. Nada mesmo!
— Vou te contar... — Limpei a
boca após devorar outro pedaço de pizza. — Essa foi a pizza mais gostosa que já
comi em toda minha vida. Eu juro!
— E a mais cara... Se é que me
entendem. — Emm riu de boca cheia.
Ela quase tinha um gostinho de
realização.
— Deixa Jasper provar da sua. —
Meu irmão ousou meter a mão na pizza de Alice e levou um tremendo puxão de
cabelo. — Aiiiêêê! Que diabo é isso, mulher?!
— Esse é o fruto do meu suor, não
vou dividir justo com você. — Ergueu a caixa sem perceber que estava com o
queixo sujo.
— Tem uma coisa que não entendo.
Por que vão para universidades diferentes? — Edward se manifestou mudando o
foco da conversa.
Involuntariamente suspiramos ao
mesmo tempo. Aquele era um assusto que por bastante tempo nos torturou.
— Jasper vai para a Niagara
University, porque sempre quis morar em Nova York. Sabe como é... Lutar pela
sobrevivência na grande maçã. — Meu irmão bancou o tal e o corrigi.
— É que ele só foi aceito lá.
— Bella! — Me repreendeu.
— Só estou dizendo a verdade. —
Zombei.
— Meu avô e meu pai estudaram em
Northeastern. É meio que uma tradição familiar. Eu nem tive muita escolha. —
Emm entornou o vinho.
— Logo estarei em Princeton. —
Lice colou mais uma foto no nosso álbum. — Uma das minhas tias mora lá. Ficar
com ela me fará economizar a grana que nem tenho.
Edward inclinou a cabeça para me
fitar, esperando que eu me pronunciasse.
— Ah, você sabe que vou para
Yale.
— E qual a justificativa? —
Insistiu.
— Minha mãe está bancando, então
ela que escolheu. Cavalo dado não se olha os dentes. — Dei de ombros. — E
considere um milagre, porque minhas notas... — Gemi alto.
— Gente, notaram que essa pode
ser a última vez que nos reunimos aqui, relaxando como pré-universitários?
Quero dizer, depois tudo vai mudar. Nos veremos esporadicamente... — Lice
viajou olhando para o teto. — Então um dia desses nos formamos e talvez
casemos. Vamos colocar alguns pirralhos no mundo e...
— Engordar e morrer. — Jasper
completou.
— Vocês animam legal, hein?! —
Emm nos serviu mais vinho.
— Pelo menos já sabemos quem
engordará primeiro. — Jazz encarou Alice e ele não estava brincando.
— Sua vontade de apanhar me
impressiona. — Ela rosnou bastante ofendida.
— Tirando o desbravador, quem
será que vai casar primeiro? — Emm levantou a questão.
— Talvez nunca nos casemos. —
Brinquei para não ter que pensar em nossos desfechos. — Então quando tivermos
uns 50 anos, largamos tudo para vir morar aqui.
— Tenho o forte pressentimento de
que Jazz já terá batido as botas. — Alice não deixou passar. — Provavelmente
overdose de viagra.
— Tem gente que leva tudo pro
lado pessoal. — O idiota comentou com Edward, fazendo-o rir.
Ainda estava nos imaginando com
50 anos quando Emmett começou a zombar de mim.
— Woohoo... Que fotinha é essa,
dona Bella? — Gargalhou olhando-a de perto.
— Do que está falando? — Me
perdi.
— T-zed, você precisa dar uma
olhada. Belita está sentada aqui com o cofrinho todo aparecendo. — Tentou
passar a foto pra ele.
— É mentira! É mentira! — Claro
que não era. Morrendo de vergonha, me esforcei para impedir que a foto chegasse
a Ed, mas infelizmente ela rodou na mão de todo mundo até chegar às dele. —
Odeio vocês. — Baixei a cabeça para não vê-lo analisando meu mico.
Só depois de alguns segundos foi
que senti a ausência de sua risada. Resolvi lhe encarar e me surpreendi ao
vê-lo sério, só que um tanto vermelho e comprimindo os lábios. Daí concluí que
tinha gargalhado sim, só que em silêncio e ainda tentou disfarçar quando o
fitei.
— Dissimulado. — Estreitei os olhos.
— Bem, como vocês dizem... —
Enfiou a foto no bolso da coxa. — Altamente coisativo.
Não deu outra, rimos loucamente,
pois nunca, nunca imaginamos que o “rei da floresta” falaria aquilo. Animados,
abrimos outra garrafa de vinho e nos empenhamos na escolha das fotos para
impedir que Lice colasse só as que ela queria por estar bonita nelas.
Mais uma vez, a campainha tocou,
só que agora não podia ser entregador de pizza. Emmett foi intimado a atender a
porta, mas nossa atenção se voltou para ela no momento em que a voz dele abafou
nossa conversa.
— Rosalie? — Surpreso, ainda
mantinha a mão na maçaneta.
— Oi. — A loira sorriu
timidamente. — Tudo bem?
Não pude deixar de notar a mala
ao pé da vagaba. Imediatamente Alice e eu trocamos um olhar de desgosto.
— O que aconteceu? — Emm não
pareceu entender as intenções da mulher.
— Posso falar com você a sós?
Emmett virou o rosto, relanceando
os olhos sobre nós. Ficamos quietos, dispostos a aceitar e apoiar suas
decisões.
— Pode falar. Não tenho segredo
com o pessoal.
Rosalie gemeu baixo, visivelmente
insatisfeita com a exposição.
— Senti saudades, Pudim. —
Sussurrou sensualmente. — Por isso decidi voltar.
Emmett balançou a cabeça
mostrando que a entendia. No entanto, não deixou de perguntar:
— No bilhete que deixou disse que
ia correr atrás de alguém que pudesse lhe abrir caminhos, achei que estaria...
— As coisas não acontecem como
planejo. — O interrompeu, tocando-lhe o braço. — Sei que às vezes sou meio
estúpida, mas a verdade é que gosto de você, querido. Seria uma boa ficarmos
juntos
— Tem razão, Rosalie.
— Tenho? — Ela sorriu exibindo
seus dentes perfeitos.
— Você é estúpida. — Emm riu sem
humor, porém logo deu a sua voz e expressão a seriedade necessária. — Traiu
minha confiança e a de meus amigos nos roubando. Mesmo depois de termos te dado
um teto e comida. Me fez sentir um nada porque eu não tinha grana pra te
bancar. Daí agora volta achando que é só estalar os dedos que vou lamber seus
pés?
— Não, amor. Não está
entendendo...
— Posso não ter dinheiro, mas
tenho o meu valor. — Alinhou a postura.
— Eu sinto muito. — Tentou
persuadi-lo com a voz chorosa.
— Não, Rosalie. Eu é que sinto
muito por isso. — Emmett simplesmente bateu a porta na cara da interesseira. Ao
virar-se para nós, salientou a decisão com um sorriso debochado. — Que se foda!
Sou mais feliz solteiro.
Esse era um daqueles momentos em
que ninguém consegue esboçar reação devido ao espanto. Nosso amigo já não era o
mesmo molecão carente de sexo do colégio. Emmett se tornara um homem consciente
de que não é qualquer uma que o merece.
Explodindo de orgulho dele,
rapidamente levantei e corri para dar-lhe um abraço apertado, claro que Alice
imediatamente se juntou a nós. Estava feliz de vê-lo superar a mulherzinha que
só nos trouxe desgraça.
— Aê, maneiro. — Jazz ficou de
pé. Meio sem jeito, enfiou as mãos nos bolsos. — Jasper até te daria um abraço
de apoio, irmão. Só que esse lance é muito gay.
Lice e eu encaramos o idiota lhe
enviado ameaças silenciosas.
— Ah, tá bom... Que se dane! —
Contente, ele chegou com tudo para o abraço coletivo.
Definitivamente éramos jovens
dando seus primeiros passos no mundo dos adultos, porém ainda refletíamos as
quatro crianças que construíram a casa da árvore. Éramos os sonhos do passado e
as promessas do futuro.
— Vem, T-zed! Não é tão gay
quanto parece. Além disso, a gente sempre precisou de um quinto Power Ranger. —
Jazz tirou onda.
— Não se preocupe, entendo que é
um momento de vocês. — Respondeu ainda sentado.
Meus amigos e eu trocamos um
rápido olhar de cumplicidade, em seguida disparei pela sala e joguei-me em cima
de Edward. Jasper veio e se lançou fatalmente sobre mim. Alice fez o mesmo, até
que por fim Emmett chegou bancando o astro de luta livre e resolveu esmagar
todo mundo. Houve risadas, xingamentos e empurrões.
Quando finalmente liberamos o
coitado do selvagem do “esmagamento”, Alice propôs um brinde.
— Vem. — Gargalhando, ajudei meu
namorado a ficar de pé. — Está vivo?
— Sobreviverei. — Rindo pôs a mão
nas costelas.
Emm encheu rapidamente nossas
taças e fechamos um circulo para brindar.
— Ao que brindaremos? — Edward
indagou já recomposto.
Meio indecisos quanto a isso,
outra vez trocamos olhares. Foi aí que tomei a frente para falar meia dúzia de
palavras, erguendo minha taça com vontade.
— Um brinde a tudo! Às inúmeras
mancadas que demos nessas semanas; às pessoas que hospedamos; aos que ficaram e
aos que se foram... — Me referi respeitosamente a Bogdanov. — Aos acontecimentos
absurdos que nos uniram ainda mais... — Sorri mordendo o lábio. — Enfim, a tudo
que fez dessas férias as melhores e mais piradas de nossas vidas!
— Woohoo! — Alice agitou a
cabeça, descontrolada. — Conseguimos!
A concordância foi unânime, estávamos
enchendo nossas bagagens com boas recordações, e aquela se transformava em mais
uma. Ainda que a grande comemoração estivesse marcada para o domingo, foi
naquela hora, entre assobios de empolgação e risadas, que verdadeiramente
brindamos ao encerramento das férias.
— Wooohoooo! — Jazz berrou
também. — Agora bora todo mundo correr pelado por aí! — Enojados, o encaramos .
— É, não soou legal. — Ele admitiu baixando a bola.
Seguindo mais uma sugestão de
Lice, Emmett ligou o micro system e deixou o som rolar.
Nós sempre fomos muito
bagunceiros e desavergonhados, então sair dançando pela sala era fichinha.
Somente Edward mantinha certa timidez, por isso Alice me empurrou pro lado e
abordou o cara, obrigando-o a dançar com ela.
Emmett e eu improvisamos um tango
esquisito, fazendo caras e bocas, girando atrapalhadamente. Meu irmão mandou
tudo às favas, dançando break como se fosse um robô. Trocamos os parceiros e
Lice foi parar nos braços de Jasper, quanto a mim...
— Feliz fim de férias. — Desejei
ao selvagem, pendurada em seu pescoço.
Após soltar sua charmosa risada,
respondeu:
— Feliz fim de férias pra você
também, Bella. — Colocou uma mão em minha nuca, envolvendo os dedos em meus
cabelos.
Eu já sabia o que ele queria,
então entreabri os lábios, permitindo que Edward sugasse sensualmente um deles.
(...)
O que começou entre mim e o
selvagem na sala, “terminou” no escritório. Um pouco influenciados pelo vinho,
nos beijamos e nos acariciamos deitados no sofá. Eu estava louca para voltar
pra nossa caminha na casa da árvore, mas antes tinha que encontrar meu irmão e
lhe pedir para me chamar quando estivesse reunindo os hóspedes para ir à praia.
Quando saí do escritório com o
vestido todo amassado e as pernas bambas, não encontrei ninguém no cômodo. Meus
amigos tinham evaporado. Olhei para o relógio digital no aparelho de som e só
aí percebi que já era quase meia-noite.
Morrendo de preguiça, subi a
escadaria e percorri o corredor até alcançar o quarto de Jasper. Sem bater na
porta, invadi o lugar dizendo:
— Jazz, você precis... —
Paralisei de olhos arregalados. Estava tendo um reboliço na cama, embaixo das
cobertas.
Meu irmão colocou a cabeça pra
fora, todo vermelho e descabelado.
— Sai fora, Bella!
— Quem está aí com você? —
Temendo a resposta, engoli em seco.
Já imaginando Alice toda suada e
bêbada escondida em baixo do edredom, me aproximei da cama a fim de pegá-la no
flagra. Ignorando as ameaças de morte do meu irmão, puxei vagarosamente parte
do edredom e acabei encontrando o que não devia.
— Oi. — Falou envergonhada uma
das moças que hospedávamos.
— Com licença. — Pediu a outra
moça, voltando a se cobrir com o edredom.
Abismada e constrangida até o
último fio de cabelo, dei alguns passos atrás e tive que ouvir Jazz se
explicar.
— Elas estão ajudando Jasper a
superar a morte da estimada esposa. — Fingiu estar arrasado, atingindo altos
níveis de dissimulação.
Não suportando mais, corri pro
corredor e fechei a porta atrás de mim com muita força. Precisei de um minuto
para digerir o que vi, e concluí que o mundo está mesmo perdido. Justo Jasper
com duas mulheres?
Confesso que de certa forma foi
um alívio não pegar Lice caindo na sacanagem. Às vezes sexo destrói amizades
sólidas como a nossa. O pensamento de que nosso círculo de amizade continuava
intacto me sorrir confortada. Consegui até esquecer parte da parada bizarra que
acabara de presenciar. E foi exatamente nesse momento que a porta do meu quarto
escancarou, fazendo com que o casal que estava escorado nela, caísse
praticamente aos meus pés.
— AAAAAAAAAAHHHHHHHHHH! — Berrei
histérica, com vontade de correr de um lado para o outro.
Alice estava só de lingerie em
cima de um Emmett sem camisa. Extremamente bêbados, riam descontroladamente da
minha cara.
— O que estão fazendo? —
Vociferei sem saber se tapava os olhos, ou os ouvidos.
— Fala sério... — Emm ergueu o
punho fechado. — Tamo “mandando ver”!
— AH, MEU DEUS! — Bati o pé no
chão. — Mas são amigos!
— Amigos... com benefícios, Bella. — Lice piscou o
olho, mais impossivelmente desavergonhada do que nunca.
(...)
Cheguei à casa da árvore mais
parecendo um zumbi. Nem conseguia fechar a boca. Edward me perguntou o que
houve, e contar-lhe os últimos e surreais acontecimentos me ajudou a sair do
estado de choque.
Depois de um tempinho
simplesmente aceitei que por serem nossos últimos dias em Orlando, meus amigos
e irmão também tinham o direito de meter o pé na jaca. Com tanto que todo mundo
sobrevivesse...
A noite não estava nada
silenciosa. Certa hora o Link 69 chegou à mansão e eles se instalaram no jardim
falando alto, tocando violão e bebendo. Da janela conseguia vê-los em volta da
piscina. Quis ir até lá e reclamar, mas Edward insistiu para que eu os
ignorasse. Por fim, concordei com ele. Não valia a pena bater boca com Brad e
os outros parasitas. Graças a Deus, pretendiam ir embora depois da festa na
praia.
Coloquei um CD com músicas
românticas no mini system e isso foi o suficiente para esquecermos as
inconveniências. Na madrugada adentro, nuvens densas surgiram para encobrir a
lua e a temperatura caiu. Ventos mais intensos do que os de costume fizeram as
copas das árvores chacoalharem. O farfalhar das folhas se misturou à melodia
suave da música, e assim fomos nocauteados pelo sono. Afinal, dormimos quase
nada nas últimas noites.
Ao contrário de mim, Edward ficou
um pouco inquieto. Mesmo entorpecida pelo sono, sempre que ele se movia eu
percebia. Era como se algo em seu subconsciente o incomodasse.
Não sei dizer quanto tempo dormi,
mas quando abri os olhos ainda nem era dia. Devia ser entre 4h e 5h da manhã.
Por causa da festa de despedida, tinha que estar 100% ativa dentro de algumas
horas, então levantei para tomar um banho demorado e repor as energias com algo
nutritivo. Antes de sair da casa da árvore, dei um suave beijo na testa de
Edward e o deixei com seus sonhos misteriosos.
Após descer o último degrau, há
uns dez metros de distância, avistei entre as sombras azuladas o Link 69 em
torno da jaula do puma. Embriagados, riam apoiando-se uns nos outros.
Em uma reação instintiva, corri
até lá irada por estarem perturbando o animal. Mesmo antes de alcançá-los,
vociferei exigindo explicações.
— Que merda estão fazendo?
— Ei, Bella... — Com sarcasmo, o
baixista virou-se para mim erguendo as mãos em rendição. — Já chega com quatro
pedras na mão.
Arfando e com frio, parei a alguns
passos deles.
— Estamos só olhando. — Brad
lançou fora uma garrafa vazia de whisky e passou a bloquear minha visão do
puma.
— É. Só olhando, garota. — Tom, o
baterista, gargalhou me filmando com seu Iphone.
— Vou dizer só uma vez: vocês têm
três segundos para dar o fora daqui. — Me impus de modo ríspido.
McFadden balançou a cabeça com
deboche. As bordas de seus olhos estavam vermelhas e ele exalava um asqueroso
cheiro de álcool misturado a suor. O cruzar de braços com a arrogância de quem
estava se lixando para as minhas ordens, tirou-me o resto da paciência.
— Espera, vamos dar um closezinho
nela. — Tom aproximou o Iphone do meu rosto e com um tapa derrubei o aparelho
no chão.
Por conta do impacto, o Iphone
começou a reproduzir um vídeo do puma cambaleando devagar dentro da jaula,
chegando a cair sobre as próprias patas. Alarmada, soltei um palavrão ao
empurrar Brad para alcançar a jaula.
— Calminha aí, Bells. — Ele se
afastou o suficiente, rindo como se tudo fosse uma piada.
Confusa e enraivecida, cheguei a
me atrapalhar ao destravar os ferrolhos da jaula. O mais rápido que pude, me
aproximei do animal. O encontrei deitado de lado, respirando debilmente. Meu
primeiro palpite foi de que tinham dado whisky a ele.
Reprimi as ofensas contra o Link
69 e apenas me ajoelhei ao lado do puma para me certificar de que ele ficaria
bem. Esquecendo-me de que um dia já tive pavor dele, passei a mão suavemente
por sua barriga.
— Vai ficar tudo bem. — Disse-lhe
em um fio de voz.
Surpresa por senti-lo
extremamente quente, deslizei as mãos por suas patas, constatando que os
músculos estavam impossivelmente rígidos. Havia algo de muito errado ali.
— O que deram a ele? — Perguntei
em voz alta, sem conseguir tirar os olhos do puma.
— Ué... Nada, Bells. — McFadden
tentou falar num tom sério, mas seus amigos o delataram com risadas abafadas.
— Brad, por favor, isso não é
brincadeira. — Fitei-lhe angustiada.
Por breves segundos ele sustentou
o meu olhar, então sua expressão de deboche foi esmorecendo. Ao recobrar parte
do senso de realidade, McFadden começou a se justificar.
— Tudo bem. — Bufou contrariado.
— A gente tava zoando, cara. Queríamos só fazer o bicho ficar doidão pra gravar
um vídeo engraçado pro youtube. — Deu de ombros.
— O que deram a ele? — Perguntei
ainda mais alto.
— Colocamos umas cápsulazinhas de Ice num bife grande. — Respondeu o
baixista fazendo pouco caso. — Esse bicho é muito viadinho, fala sério! Até um
gato aguentaria o tranco.
Até onde eu sabia, Ice era só mais um apelido para
metanfetamina, que é dez vezes mais potente do que a cocaína.
Nos primeiros três segundos,
gelei inteira sem nem conseguir fazer a saliva descer pela garganta. Mas foi
quando o felino começou a expelir sangue pelas narinas que o desespero de fato
abateu-se sobre mim.
Desequilibrei-me ao tentar ficar
de pé, mas consegui fazer minhas pernas destravarem. Rompi jaula afora e Brad
tentou me deter, porém fui mais ágil ao me desvencilhar. Sem ter certeza do que
fazer, disparei com todas as minhas forças rumo à casa. O jardim nunca pareceu tão
grande, meus pés nunca pareceram tão lentos.
Minha única convicção naquele
momento era de que precisávamos tirar o puma da mansão, pois em algum lugar
tinha que existir um veterinário que pudesse ajudá-lo.
Abri a porta da frente com
violência, depois corri para o pé da escadaria gritando a ponto de minha
garganta arder.
— Emmett! Emmett tira o carro da
garagem agora! É uma emergência, rápido!
Incapaz de raciocinar
devidamente, coloquei as mãos na cabeça, relanceando os olhos pela sala,
tentando me lembrar onde estavam as chaves do carro do meu pai. Enquanto ouvia
a correria vinda do andar superior, lancei-me em uma busca descontrolada por
elas.
Na mesinha do telefone, dentro de
um velho cinzeiro, encontrei o molho de chaves, mas infelizmente minhas mãos trêmulas
o deixaram cair no tapete. Rapidamente lancei a mão novamente sobre o molho de
chaves e meus amigos surgiram, apavorados com minhas ações.
— O que foi, Bella? — Alice ficou
pálida.
— É o puma... — Joguei as chaves
para Emmett. — Pega o carro!
Outra vez atravessei a porta
correndo. Agora torcia pra que me restasse fôlego para gritar por Edward. Emm
disparou para a garagem e Jasper junto com Alice tentaram me acompanhar.
Não demorei a perceber que não
seria necessário chamar Edward, pois ele já estava lá, dentro da jaula com o
puma. Forcei meus pés um pouco mais para eliminar os metros que nos separavam.
O problema é que essa distância, ao invés de diminuir, só parecia aumentar.
Quando finalmente consegui
alcançar a jaula, Brad e os outros já estavam mais afastados, só observando a
merda que fizeram. Sem fôlego, me agarrei às barras da jaula com o coração
martelando perigosamente no peito.
— Edward... vamos.... — Balbuciei
o mais alto que pude.
Ele não moveu um músculo.
Continuou apoiado em um joelho só, com a mão na cabeça do felino e o rosto
virado para o outro lado. Imediatamente senti um desagradável arrepio na
espinha.
— Não fica aí parado... Rápido! —
Gritei, odiando minha impotência. Não entendia por que ele não reagia.
Alice pousou a palma sobre o meu
ombro e com delicadeza me apresentou a realidade que eu tanto rejeitava. O puma
já estava morto.
Olhando fixamente para o animal,
comecei a sentir a atmosfera à minha volta mudar. Meu coração se encheu de
pesar, meus amigos ainda se perguntavam o que tinha acontecido, mas era Edward,
com seu gélido silêncio, quem carregava a maior parte da dor. Vê-lo tão quieto
me afligiu profundamente, pois não havia palavras em mim para consolá-lo,
principalmente porque me sentia indiretamente culpada por Brad existir em
nossas vidas.
Quando Emmett chegou, não
conseguiu arrancar da banda mais do que as justificativas ridículas que me
deram. Continuavam insistindo que tinha sido só uma brincadeira e não mostraram
remorso algum.
— Que merda, Brad. Tu passou dos
limites. — Jasper também se indignou com a falta de caráter dele.
— Foi mal... Paciência. — Ele
revirou os olhos, acreditando que estávamos exagerando.
— Esse escroto fez isso de
propósito. — Lice não conseguiu ficar calada e partiu para enfrentá-lo. — Todo
mundo aqui sabe que decidiu atingir Edward por Bella ter escolhido ficar com
ele e não com você. — Deu-lhe um empurrão e o maldito riu junto com os amigos.
— Calma aê... Claro que não foi
por causa da Bells. Foi acidente, pô. Falam como se ela valesse o trabalho de
matar qualquer coisa. Vamos parar com esse drama, já está virando palhaçada. —
McFadden ajeitou a gola da jaqueta fechando a cara.
Quando pensei em abrir a boca
para revidar, Edward ficou de pé, roubando a nossa atenção. Sem erguer a
cabeça, se inclinou sobre o puma e o colocou em seus braços. Talvez alheio ao
que se passava à sua volta, respirou fundo antes de dar o primeiro dos vários
passos que o levaram para fora da jaula.
Observá-lo abatido, nos dando as
costas para se isolar no final do jardim me fez derramar as lágrimas que
McFadden não merecia ver. Meus amigos também não conseguiram reagir, pois,
assim como eu, não sabiam como lidar com aquele Edward parcialmente ausente.
— Já chega. Vamos embora. — Brad
fez um sinal para a sua banda e eles se direcionaram para os portões. Ainda a
uns três metros de mim, McFadden comentou em voz alta, para sair com última
palavra. — Sério, agora estou até com pena desse cara. — Pigarreou
escarnecendo. — Principalmente porque pegou a Bella já bem usadinha.
O que não podia acontecer de modo
algum aconteceu: Edward, que ainda não tinha chegado ao final do jardim, também
ouviu o insulto e imediatamente largou o puma. Vagarosamente voltou-se para
nós, com os olhos vermelhos, mergulhados numa ira que o deixou irreconhecível.
Seu peito e narinas inflaram com a respiração descontrolada e, despido de seus
valores morais, disparou rápido demais na direção de Brad.
Tentamos detê-lo quando passou
por nós. Os rapazes se esforçaram, meus dedos chegaram a deslizar por seu braço
direito, só que não fomos capazes de segurá-lo, pois habilmente desviou de
nossas mãos. Corremos atrás dele, mas Edward alcançou McFadden no momento em
que ele olhou para trás. Com um forte soco o derrubou no chão e os caras do
Link 69 revidaram, abatendo-lhe com semelhante violência. Foi preciso Emmett e
Jasper interferirem, agravando a situação ao transformar uma briga em três.
Com muitas coisas acontecendo ao
mesmo tempo, só consegui acompanhar McFadden erguendo-se do chão e Edward fez o
mesmo.
— Isso não foi muito esperto, meu
amigo. — Brad massageou o canto da boca extremamente irritado. — Se você quer
brigar, vamos brigar.
— Brad, cala essa boca! —
Vociferei a ponto de quase partir pra cima dele, então Alice segurou-me pela
cintura.
O selvagem esperou o idiota se
aproximar e desferir um soco para só então barrar o antebraço dele com as duas
mãos e lhe chutar no joelho. Brad logo despencou e com um rápido movimento
Edward o imobilizou, mantendo o braço dele colado às costas. Ignorando meus
apelos, enfiou o rosto de McFadden na terra e com fúria esmurrou-lhe
incontáveis vezes nas costelas.
Tremendo de tão nervosa, olhei
para os lados e vi meu irmão e Emm rolando no chão entre socos com os imbecis
do Link. Jazz mesmo com o lábio cortado conseguiu imobilizar o baixista e
Emmett acabara de dar um chute em Tom. Intimamente agradeci a Edward por ter
ensinado aos dois a se defenderem.
O gemido alto que ouvimos veio de
Brad, que pareceu ter o pulso deslocado quando tentou se desvencilhar. Edward
manteve um dos joelhos sobre as costas dele e lhe socou na nuca. Comecei a
acreditar que meu namorado não via ou escutava nada além de McFadden.
O Sr. Jones despontou na entrada
da casa e, para o meu alívio, rapidamente veio em nosso socorro. Ele agarrou
Edward por trás, mantendo um braço em volta do pescoço e o outro no peito. O
homem usou toda a sua força para tirar Edward de cima de Brad. Eles tombaram
porque Edward debatia-se violentamente, não aceitando ser contido. Nesse meio
tempo, Brad conseguiu rastejar para longe, cuspindo uma grande quantidade de
sangue.
A expressão retorcida de Edward
só não era mais assustadora do que seus rosnados altos e enraivecidos. Aquilo
chegou a me dar calafrios. Mais uma vez, clamei por ele na esperança de que
minha voz o trouxesse à racionalidade, mas isso de nada adiantou. Não podendo
mais só assistir, corri e joguei-me de joelhos no gramado junto a ele.
No segundo em que segurei seu
rosto, os braços do Sr. Jones falharam e já não foram capazes de deter
totalmente Edward. Ele girou o corpo, se debruçando no solo. O pai de Toby
tentou retardá-lo segurando-lhe pelo cós do jeans e eu fiz o mesmo. Edward
cravou firmemente as unhas na terra, deixando escapar por entre os dentes mais
rosnados de fúria. Ele focava unicamente Brad, o qual finalmente se
conscientizou do risco que corria.
Definitivamente aquele não era o meu Edward. Nem mesmo parecia um homem. Em
suas ações ferozes não havia vestígios de humanidade.
Projetando-se para frente, ele se
soltou com extrema truculência. Ao ficar de pé, partiu novamente pra cima de
McFadden, que já nem tinha condições de revidar por causa das costelas
fraturadas. Edward o pegou pelos cabelos, obrigando-o a ficar de joelhos. A
impetuosidade com que lhe esmurrou o rosto me fez chorar por não saber como
fazê-lo parar. O punho ensangüentado de Edward começou a deixar o rosto de Brad
desfigurado. Aquilo estava sendo a coisa mais horrível que já presenciei na
vida.
— Alguém faça alguma coisa! —
Gritei para os rapazes em pura aflição. Eles se separaram ao notar que a
estúpida briga ultrapassara todos os limites. — Por favor, façam alguma coisa!
— Minha voz ecoou no silêncio produzido pelos segundos de inércia.
Em um impulso, forcei minhas
pernas. Ergui-me, correndo na direção de Edward, cujo punho no ritmo de
marteladas castigava a face de Brad. Não havia tempo para pensar, apenas agir.
Eu precisava deter Edward antes que fosse tarde demais. Meu senso de
responsabilidade sobre ele era maior do que a cautela, por isso fingi não ouvir
os gritos de alerta dos meus amigos.
Determinada a salvar Edward de si
mesmo, lhe agarrei por trás como o Sr. Jones fez. Imediatamente ele reagiu,
golpeando minha face com o cotovelo.
A dor alucinante fez-me cambalear
para trás. Parecia que minha cabeça ia explodir. Desorientada, perdi
completamente o equilíbrio. Depois disso, só houve escuridão e um zunido fraco
em meus ouvidos.
(...)
Meus olhos pesavam feito chumbo.
Só foi possível mantê-los abertos após algumas piscadelas. Tinha dificuldade
até para respirar.
— Ah, graças a Deus. — Lice
afagou minha testa. — Você está bem? — Ela parecia demasiadamente tensa.
— Apaguei? — Percebi que estava
deitada no sofá da sala. — Por quanto tempo?
— Não tenho certeza. Por vários
minutos.
Quando me sentei, comecei a
sentir o lado esquerdo do meu rosto inchado e gelado. A dor horrível me fez
soltar um gemido entrecortado.
— Me deixa continuar pondo
compressa. — Alice encostou a bolsa de gelo no meu rosto e reprimi outro
gemido.
— O que aconteceu? — Murmurei
vasculhando minhas lembranças.
— Depois que Edward te atingiu,
ele finalmente voltou a si. Brad ficou um bagaço e os caras da banda o
colocaram no carro e o levaram pro hospital. Emmett foi junto pra saber se o otário
vai ficar bem.
— E Edward?
Lice suspirou ruidosamente.
— Está lá no fundo do jardim com
o puma e não deixa ninguém chegar perto. Não se preocupe, Jazz está de olho
nele. — Ao afastar a compressa, continuou. — Bella, foi uma tremenda burrice o
que você fez.
— O importante é que serviu para
deter Edward. Se fosse preciso, eu faria tudo novamente. — Coloquei uma mão na
testa que não parava de latejar. — Me passa o telefone, preciso falar com Emm.
Assim que peguei o aparelho,
disquei o número do celular de Emmett e ele atendeu ao primeiro toque.
— Fala.
— Sou eu. Como está o Brad?
Ele demorou a responder e deduzi
que se afastava do Link.
— Mal. — Falou baixo. — Até agora
o que tenho certeza é de que está com duas costelas fraturadas e o nariz
quebrado em dois lugares. O rosto dele ficou medonho.
— Acha que ficará bem? — McFadden
pediu por aquilo, mas, sinceramente, eu não queria que a situação tivesse
chegado àquele ponto.
— É... Depois de um tempo ele vai
ficar bem. Agora o nosso problema é outro.
— Do que está falando? — Fiquei
confusa.
— Os caras aqui estão só
esperando um laudo para ir ao distrito mais próximo dar queixa de Edward.
Bella, eu não entendo muito dessas coisas, mas estamos falando de lesão
corporal grave. Sei lá, acho que isso dá de um a cinco anos de reclusão.
— Merda! — Xinguei com minha
cabeça pesando toneladas.
— Olha, eu acho melhor ligar pro
pai do T-zed.
— Farei isso. — Fechei os olhos,
bufando de desgosto. — Se tiver novidades me telefona.
— Ok. — Desligou.
Ao me levantar a fim de ir para o
escritório, tive vertigem. Foi preciso Alice me ajudar a recobrar o equilíbrio.
Trancada no escritório, necessitei de alguns minutos para pensar em como contar
ao Dr. Carlisle o que aconteceu. Sem sucesso, tive que aceitar que nada poderia
amenizar as más notícias.
Liguei para o meu pai e ele
prontamente atendeu. Sem ânimo para responder suas habituais perguntas, apenas
lhe pedi que passasse o celular para o Dr. Carlisle. Obviamente ele estranhou,
mas parou de me questionar quando ressaltei que Edward era o motivo do
telefonema.
Esperei uns três minutos até meu
pai cruzar o corredor do hotel em que estavam hospedados e bater na porta da
suíte do Dr. Carlisle, o qual logo me cumprimentou parecendo sonolento.
No início minha língua travou,
mas a gravidade da situação exigiu de mim um pouco mais de coragem. Comecei
contando que Edward se envolveu em uma briga e perdeu totalmente o controle,
depois acrescentei que o homem que o provocou ficou muito machucado e pretendia
dar queixa por lesão corporal grave.
O silêncio do outro lado da linha
me deixou ainda mais tensa. Tinha certeza de que a frase “perdeu o controle”
foi suficiente para fazê-lo entender a complexidade do incidente. Por conhecer
Edward melhor do que ninguém, o Doutor conseguiu ouvir até o que não cheguei a
pronunciar.
— Bella, ele está ferido?
— Não.
— Estou em Daytona, alugarei um
carro e estarei aí em no máximo três horas. Por favor, peça a Edward para
arrumar a mochila dele. Pegaremos um avião ainda hoje.
— Tem certeza? — Falei sem
querer.
— Para evitar maiores
complicações, acho melhor partirmos logo para Malaita. Acredite, ele vai ficar
bem quando chegar lá. — Claro que o Doutor sabia como seu filho se sentia por
dentro.
— Está certo. — Não consegui
disfarçar minha tristeza. — Até daqui a pouco.
(...)
Quando saí do escritório, a
primeira coisa que fiz foi ir ao banheiro ver como meu rosto ficou. Diante do
espelho, me deparei com a meia lua rosada, quase atingindo tons azulados, que
ia do canto do olho esquerdo até perto da boca. Não havia maquiagem no mundo
capaz de disfarçar aquilo.
Dispensando qualquer tipo de
auto-piedade, saí do cômodo determinada a fazer o que o Dr.Carlisle me pediu.
Fui direto para o jardim em busca de Edward. No trajeto, dei-me conta de que
meu pai também retornaria e os hóspedes só iam embora na segunda-feira. Ou
seja, tudo que podia dar errado deu errado.
Encontrei Edward no canto mais
afastado do jardim. Um local úmido aonde o sol não chegava e a grama era mais
vasta. Ele estava sentado cabisbaixo, com a calça suja de sangue por ter
limpado as mãos nela. A seu lado ficou largada a pá que usou para enterrar o
puma a um metro dali. Não pude deixar de notar que alguns nós de seus dedos estavam
em carne viva.
Com o coração entalado na
garganta, me aproximei devagar. Letárgica, simplesmente caí de joelhos a
centímetros dele. Então, com o fôlego que tinha, balbuciei:
— Seu pai está vindo te buscar.
Relutante, Edward ergueu a cabeça
lentamente e me encarou. O conjunto de traços que o fazia tão belo estava
totalmente sem vida. A palidez de sua pele contrastava com a vermelhidão de
seus olhos. Incapaz de continuar me encarando, ele baixou a vista.
— Você... está bem? — Perguntei
entrecortadamente. Esperei um minuto e não obtive resposta. — Por favor... Fala
alguma coisa. Não faz isso comigo. — Seu silêncio me magoava.
De repente, Edward puxando-me
para si e com um forte abraço, enterrou o rosto no meu peito. O envolvi em meus
braços querendo protegê-lo de tudo que lhe afligia. Lutei desesperadamente para
ser forte, mas então ele começou a tremer chorando silenciosamente.
Edward não estava conseguindo
lidar com tudo ao mesmo tempo. Eu sabia que sobre ele havia o peso esmagador
gerado pelo abandono do autocontrole exigido pelo rito de passagem, a
indignação pela morte do puma, a repulsa pelo que fez com o meu rosto... E a
tristeza pela volta prematura para a ilha.
Parecia que meu coração ia parar
de bater por vê-lo naquele estado. Clamei a Deus para me manter firme ali. Se
eu começasse a chorar também, só agravaria a culpa que Edward carregava.
Angustiada, pousei meu rosto no topo da cabeça dele sem conseguir esquecer que
em poucas horas nos separaríamos definitivamente.
— Bella... Bella, preciso de você...
— Ele murmurou com a voz embargada. — Preciso que me diga o que fazer. Achei
que eu sabia de tudo... — Gemeu se torturando. — Por favor, só me diga...
— Está tudo bem. — Sussurrei sem
nenhuma convicção. — Você deve ir... Deve ir para casa, Edward. Vai ficar bem
quando chegar lá. — Repeti as palavras de seu pai.
Com delicadeza, ergui a cabeça de
Edward para lhe fitar e deslizei os dedos pelas laterais do seu rosto. Ele
então fechou os olhos, deixando escapar mais uma lágrima.
Buscando se redimir, passou a
roçar os lábios em meu rosto machucado. Entreguei-me ao carinho, esperando que
aliviasse todas as minhas dores, mas intimamente não parava de me perguntar o
que tínhamos feito para merecer o infortúnio de sermos obrigados a romper antes
do esperado.
De onde eu ia tirar forças para
suportar o que estava por vir?
Continua...
Coitadinhos
ReplyDelete~~>Brad bem que mereceu, matar o puma de depois chamar a Bella de bem usada... Pediu pra apanhar
~~>Amigos com beneficios ashuashuas'
~~>E o zoologico do puma ??
~~>Não quero ver Bellard separado '-'
Ass: Crazy
Nossa esse Brad e um retardo msm ne! q ideia de girico dar droga pra um animal indefeso ele tava precisando msm dessa surra. pena q agora o Ed vai ter q voltar pra casa coitadinha da Bella. amei♥ Beijusculo
ReplyDeleteTenso...
ReplyDeleteAI JA TO CHORANDO ATE AGORA,COMO FICARA A BELINHA SEM O EDWARD!! ESSE BRAD BEM QUE PEDIO PRA APANHA,
ReplyDeletechorei com o final desse capitulo morri de raiva pelo que os caras do link 69 fizeram com o puma e adoreii edward batendo no McFadden mereceu pena q eles vao ter qe se separar antes do inesperado chorei d+com esse capitulo mt emocionante
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