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Thursday, May 31, 2012

FANFIC - UM SELVAGEM DIFERENTE - CAPÍTULO 34




Boa tarde pessoal! Ainda estou o corre, corre pós-férias, então a edição foi feita bem rapidinho, mas acho que ficou legal.

Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: 
Álcool, Linguagem Imprópria, Violência

Um Selvagem Diferente
By Lunah

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


Capítulo 34 - Encruzilhadas - Parte 1

Tão tarde me apaixonei por Edward... E tão cedo irei vê-lo partir.
Entregues ao momento de vulnerabilidade, permitimos que o pouco tempo que nos restava se esvaísse. Depois, acompanhei Edward até a casa da árvore, onde ele preferiu ficar sozinho por alguns minutos.
Não sei dizer o que se passava por sua cabeça, mas agora parecia que ele tinha ainda mais certeza de que o mundo onde eu vivia não era o seu lugar. O que doía é que isso estava certo.
Emmett retornou do hospital sem nenhuma novidade, então se uniu a Jasper e Alice no sofá da sala. Eu preferi aguardar junto a uma das janelas que davam para o jardim. As nuvens que surgiram na madrugada agora encobriam totalmente o sol e, mesmo assim, o senhor que hospedávamos ficou perto da piscina, alimentando seu pássaro.
A todo o instante eu implorava a mim mesma para ser forte, no entanto minhas mãos já tremiam levemente e parecia que um buraco se formava no meu estômago.
Antes do que esperávamos, avistei meu pai acompanhado pelo Dr.Carlisle atravessando os portões da mansão. Somente meu pai trazia sua bagagem, fazendo-me entender que o Doutor não havia desistido de ir embora.
No meio do caminho, o Doutor foi abordado por seu filho e eles seguiram na direção da casa da árvore, onde minha vista não alcançava. Já meu pai não deixou de notar a presença do hóspede. Não se detendo, veio para a casa com a expressão carregada de dúvida e chateação.
— Aí vem ele. — Anunciei, me juntando ao pessoal.
Ficamos de pé enfileirados, parecendo confiantes, só que nenhum de nós sabia o que dizer. Assim que meu pai abriu a portar, foi logo perguntando:
— O que aquele senhor está fazendo no jardim? — Diante do nosso silêncio, analisou rapidamente a sala e notou o que acreditamos que nunca notaria. — Pintaram as paredes? — Jogou a mala em uma das poltronas, mais boquiaberto do que chateado.
Eu, que estava de cabeça baixa, tomei a frente dizendo:
— É o seguinte, pai...
— Meu Deus, o que aconteceu com o seu rosto? — Me interrompeu e, em reflexo, dei um passo atrás sem saber o que responder.
De repente, Toby apareceu no topo da escadaria, gritando:
— Aê?! Não vai ter mais festa na praia?
Meus amigos gemeram de desgosto e eu cobri a face com uma mão, xingando-o mentalmente.
— Quem é esse garoto? — Meu pai apontou para Toby, que desceu as escadas e saiu pela porta da frente sem esquentar com nada.
Mais uma vez o silêncio desconcertante se fez presente. Alice e Emmett ficaram por demais constrangidos e sentaram no sofá. Já eu estava com a cabeça latejando e não tinha a mínima condição de lidar com as cobranças do meu pai. Justo nessa hora, ultrapassando nossas expectativas, Jazz interferiu.
— A culpa é minha. Fui eu quem ofereceu hospedagem a essas pessoas. — Segurou o braço do nosso pai. — Por favor, vamos ao escritório que eu explico tudo.
Espantados, o fitamos ao mesmo tempo.
— Deixou de falar na terceira pessoa? — Meu pai murmurou com uma sobrancelha arqueada de incredulidade.
Pasma até o último fio de cabelo, assisti Jasper distrair nosso pai e conduzi-lo até o escritório para assumir a responsabilidade pelo projeto de férias.
— Eu. Tou. Besta. — Disse Alice, sem nem conseguir piscar os olhos.
Os últimos acontecimentos, sem dúvida, obrigaram meu irmão a deixar as infantilidades um pouco de lado. Ainda estávamos sensibilizados com a morte do puma e suas drásticas consequências. Tudo estava ruindo e, pela primeira vez, Jasper não quis se acovardar. Ele sabia que precisava mostrar pulso firme e “segurar as pontas”, pois estávamos completamente desorientados.
Cerca de dez minutos se passaram até o Dr.Carlisle aparecer para se despedir. Chamou por meu pai e ele saiu do escritório junto com Jasper. O Doutor cordialmente apertou nossas mãos e agradeceu por tudo que fizemos por seu filho. As poucas palavras trocadas ali fugiram do meu entendimento. Permaneci com os olhos fixos na porta aberta esperando ansiosamente que Edward a atravessasse, mas isso não aconteceu.
— E Edward? — Perguntei rouca.
— Está esperando lá fora. — Senti os olhos do Doutor sobre mim e confusa o encarei de volta. — Sinto muito pelo machucado. — Apertou novamente minha mão. — Edward ficará bem.
Jasper e os outros, que não tinham feito o pacto de “sem despedida”, rapidamente foram para o jardim dar adeus ao selvagem. Em seguida, o Doutor me lançou um sorriso fraco e, acompanhado por meu pai, também se dirigiu para o jardim. Antes de deixar a sala, meu pai avisou:
— Bella, vou levar Carlisle e Edward ao aeroporto. Não demoro.
O quanto eles sabiam sobre o nosso romance? Concluí que a resposta era irrelevante, tendo em vista que na hora que o selvagem atravessasse os portões da mansão deixaríamos de ser um casal.
Plantada no meio da sala, pude ouvir os murmúrios vindos do jardim. Eu sabia que trocavam abraços, sorrisos melancólicos e certamente Alice deixava cair algumas lágrimas de pesar e saudade.
Fechei os olhos e quase consegui ver Edward apenas maneando a cabeça, enquanto os rapazes agradeciam-lhe pelas instruções de Krav Magá e desejavam muitas felicidades.
Em nenhum momento ouvi a voz dele, por isso automaticamente levei as mãos à cabeça, já sendo torturada pelo vazio que ele deixava. Naquele instante, pensei em abandonar tudo para segui-lo aonde quer que fosse. Até podia me ver sendo mais uma vez impulsiva. Conseguia me imaginar lançando fora minhas expectativas de vida para aderir as dele. Mas daí, lembrei-me de Sarah.
Deus do céu, e se eu não conseguisse?
Covardemente magoaria Edward, rompendo o acordo que eu mesma impus só para ir a Malaita com ele. E talvez depois, ridiculamente cederia a saudade do meu “antigo mundo” e acabaria abandonando o lugar como sua mãe fez. Eu não podia arriscar... Não tinha o direito fazê-lo reviver a história de seus pais.
Quando meus olhos começaram a arder e senti meus pés firmemente fincados no chão, ouvi Alice gritar:
— Tchau, Ed! Não se esquece da gente!


Estava acontecendo mesmo, não era um pesadelo. Edward de fato ia embora sem se despedir de mim. Subitamente, um gemido causado por uma dor que jamais senti antes, levou embora o resto das minhas forças. Em um só fôlego, disparei para a porta e o avistei já chegando aos portões.
Carregando somente a mochila nas costas, não olhou para trás na hora em que meu pai empurrou o portão para que ele passasse. Com total lucidez, finalmente percebi que a despedida antecipada tinha sido uma estúpida ilusão. Do que ela adiantou se nunca o amei tão sinceramente quanto naquele momento?
Cansada de tentar fugir do inevitável sofrimento, corri com todas as minhas energias na direção dos portões. Cheguei a esbarrar em meus amigos quando passei por eles. Com a garganta seca, não fui incapaz de gritar por Edward. Em compensação, antes que ele deixasse os limites da mansão, seu pai sussurrou algo que o fez, enfim, olhar para trás.
Continuei correndo com o rosto já coberto de lágrimas e a pulsação a mil. De longe, vi Edward pronunciar vagarosamente meu nome para si mesmo ao se apressar para me alcançar. Ele veio pra mim com expressão torturada. Quase no meio do jardim, choquei-me contra ele, sendo imediatamente acolhida com um abraço apertado. Senti a respiração acelerada de Edward em meus cabelos, assim como também senti horríveis pontadas no peito.
— Desculpa... — Lutei por ar, tropeçando nas palavras. — Eu não consegui... Sinto muito... não... — Meu choro se tornou mais intenso. — Não podia deixá-lo ir sem falar nada...
— Eu sei, Bella. — Sussurrou igualmente angustiado.
Edward ergueu meu rosto e tentou limpar minhas lágrimas com os polegares, mas eu não conseguia parar de chorar. Precisei de alguns segundos para fixar bem meus olhos nos dele e finalmente dizer:
— Você tem que saber que foi a melhor coisa que já me aconteceu. — Com os dedos trêmulos, toquei seus lábios. — Eu juro...
Ainda que sua respiração desregular denunciasse um conflito interior, nada falou. Fechou os olhos por um breve momento e quando os abriu, tirou a mochila das costas e de lá puxou sua agenda. Ele então olhou rapidamente para ela, em seguida entregou-me.
— Por favor. — Esperou que eu a pegasse. — Quero que fique com isso.
Não entendia por que Edward estava me dando aquilo, mas não o questionei. Não havia tempo para perguntas. Consciente disso, ele voltou a segurar meu rosto e passou a sussurrar tão perto que quase sentia sua boca na minha.
— Sonhei com você noite passada. — Forçou um sorriso. — E você estava feliz. — Encostou a testa na minha, como na vez que saltamos do penhasco. Eu bem conhecia os significados ocultos daquela ação. — Feliz como eu sei que será. — Respirou fundo. — E talvez um dia... — Ele tentou, mas não conseguiu terminar a frase. A pouca crença nela travou sua língua.
Coloquei a mão esquerda em seu peito, temendo esquecer como era tocá-lo.
— Só me beije, Edward. — Sussurrei fechando os olhos.
Com delicadeza ele encostou os lábios nos meus. Diferente de todos os beijos que já trocamos, esse tinha um sabor único. Sabor de lágrimas e adeus. Não foi um beijo desesperador, pelo contrário, foi gentil, doce e quente. Exatamente como foram as melhores partes do meu verão.
Parecia que eu tinha dormido a maior parte da minha vida e agora estava de fato acordada. Sentia absolutamente tudo, desde a forte pulsação na garganta e o roçar da barba de Edward em meu queixo à pressão asfixiante no peito. No entanto, a maior constatação de que eu estava acordada era a certeza de que minha vida nunca mais seria a mesma.
É incrível quando você pensa que já passou por tudo, então um dia alguém surge e modifica sua forma de enxergar o mundo. Ainda que essa pessoa se vá, sua visão permanece clara, até para enxergar melhor a si mesma.
Edward parou de me beijar e continuei de olhos fechados sem me mover. Senti então a ponta de seus dedos deslizando lentamente pelos meus, até que se distanciaram definitivamente. Depois disso, senti apenas o vento da manhã soprando no meu rosto e a esmagadora ausência de Edward.
— Por favor, não vá. — Sussurrei mesmo sem ele poder ouvir. — Não vá.

...

§ OUTONO §

...

§ INVERNO §

...

§ PRIMAVERA §

...

Diário de Bordo - Bella Swan

Orlando, EUA


O verão já está chegando e faz um pouco mais de oito meses que Edward se foi.
Essa é a primeira vez que escrevo no diário dele. Depois de muitas lágrimas resolvi preencher as últimas páginas, mas até chegar a esse ponto, muita coisa me aconteceu.
No dia em que Edward foi embora fiquei completamente desolada. Por sorte, meus amigos permaneceram ao meu lado, não me deixando enlouquecer. Naquela noite descobri finalmente que essa agenda era seu diário.
É até difícil descrever como me senti em relação a isso. Fiquei surpresa, cativada e, em vários momentos, terrivelmente triste. Em contrapartida, foi como conseguir entrar na mente de Edward e assim obter algum consolo por não tê-lo mais comigo. Também consegui compreender muitas de suas ações e me surpreendi ao concordar com seus pensamentos. Alguns são tão belos que eu poderia me apaixonar por ele outra vez... E mais mil vezes!
Na manhã seguinte à sua partida, vesti meu uniforme como de costume. Arrastei-me pelo corredor, desci as escadas e somente quando cheguei à sala foi que o silêncio incomum chamou minha atenção. Não havia ninguém passando para tomar o café da manhã na sala de jantar; do jardim não vinham os típicos murmúrios dos rapazes se exercitando; não ouvia nenhum ruído vindo do andar de cima. A mansão estava completamente vazia, exceto por meu pai, que ainda dormia.
Nos primeiros cinco minutos fiquei parada, apenas digerindo muito lentamente o fato de que o resort oficialmente acabara. Sem minha ajuda, meu irmão e amigos levaram os hóspedes para o aeroporto. Optaram por me resguardar e fiquei grata por isso.
Eu não tinha a menor condição de lidar com outras despedidas, estava fragilizada, por isso aproveitei que estavam todos fora e coloquei minhas coisas em uma mala pequena. Arrastei-a para fora da mansão só com alguns dólares no bolso e muita vontade de dar logo início à nova etapa da minha vida. Naquela hora foi difícil pensar em como minha família e amigos reagiriam à “fuga”, mas tinha esperança de que me entendessem.
Minhas primeiras semanas em New Haven, Connecticut, foram mais difíceis do que imaginei. Yale não se resume a festas, bebedeiras e azaração. É uma universidade que exige muito dos seus alunos, os quais parecem sempre atrasados para alguma coisa.
Minha colega de quarto foi uma esnobe chamada Jéssica. Quase não a via. Às vezes, ela aparecia para trocar de roupa, mas quase sempre passava a noite no apartamento do namorado e eu ficava completamente sozinha.
Infelizmente, não fiz muitos amigos no campus. Agora entendo que o problema era comigo. Ficava suspensa no ar, dentro de uma espécie de bolha invisível. O único que, algumas vezes, atravessava essa bolha era Eric Yorkie, também de Orlando. Muito inteligente, porém, gago. Assim como eu, era um recluso e sua falta de jeito me lembrava Jasper. Compadecendo-me dele, procurei ser como uma temporária irmã mais velha.
Durante o dia eu tentava acompanhar o ritmo frenético da vida universitária, mas durante a maior parte do tempo sentia-me perdida. Constantemente me arrependia de ter deixado minha mãe me convencer a cursar Agronomia.
Já durante a noite, ficava no quarto relendo incansavelmente este diário. Nessas horas não me sentia tão sozinha, pois quase conseguia sentir Edward me olhando. Por vezes, me pegava imaginando se ele também estaria pensando em mim naquele exato momento. Certas noites eu chorava até dormir, outras esperava o dia amanhecer, consolando-me com a idéia de que o tempo ia trazer o beneficio do esquecimento.
Os meses foram passando e se tornou cada vez mais difícil manter contato com meus amigos. No início fazíamos vídeo-conferência três vezes por semana, depois passamos a trocar uns dois e-mails por semana. Eles me perdoaram por ter ido embora sem me despedir, mas evitavam falar de nossas últimas férias para que eu não lembrasse de Edward.
Todos estavam aparentemente bem e se empenhavam em tocar suas vidas da melhor forma possível. Daí quando entramos no período de provas, mais nenhum e-mail chegou à minha caixa de mensagem. Meus pais ligavam quando podiam, no entanto nossas conversas eram rápidas e superficiais. Decidi poupá-los das minhas frustrações, fingindo estar perfeitamente feliz.
Todos os dias eu lutava contra a vontade de voltar pra casa. Minha mãe frequentemente ressaltava que o primeiro semestre é difícil para todos, mas que se eu insistisse iria acabar me adaptando. Eu segui seu conselho e continuei me esforçando para suportar a solidão e falta de ânimo dia após dia.
Não passei os feriados de final de ano com a família. Inventei vários pretextos para ficar em New Haven, porque temia que quando retornasse à faculdade eu tivesse que passar novamente pelas dolorosas etapas de adaptação. Preferi tentar vencer meu primeiro ano longe de casa antes de encarar meus amigos e todo o cenário do meu rápido romance com Edward.
Nesse período, recebi um e-mail de Jully. Com poucas frases se desculpou pelo incidente na festa de Sarah e disse que estava bem. Contou-me também que conseguiu um bom estágio e estava feliz, pois lá conheceu um homem à altura do que sonhava. Por fim, me desejou boas festas e muitas felicidades.
Naquele dia sorri com vontade. Respondi seu e-mail e também me desculpei, pois já não importava quem errou mais. Nós duas tínhamos seguido em frente, passamos por cima do desentendimento. Isso nos bastava.
Durante a primavera, numa sexta-feira nublada, peguei minha mochila cheia de livros e fui para uma lanchonete afastada do campus. Moondance era um lugar pouco movimentado, onde eu sempre sentava à última mesa e tomava café observando a rua através das vidraças. Como vinha fazendo há semanas, deixei o livro de biologia aberto em cima da mesa mesmo sem conseguir olhar pra ele. Eu só gostava de ficar ali, sentido o cheiro de panquecas e ouvindo as músicas melancólicas que tocavam na rádio.
Nesse dia em especial, tocou uma música que até aquele momento nunca tinha ouvido. Uma canção simples, porém significativa, que mexeu profundamente comigo.
A letra é mais ou menos assim:


Essa estrada é tudo, menos simples
Confusa como um enigma, estive em cima e estive embaixo
Tão altas, as vozes de todas as minhas dúvidas
Me dizendo pra desistir, fazer as malas e ir embora da cidade
E mesmo assim, eu tive que acreditar
Impossível não significa nada pra mim,
Então, será que você pode me levantar?
Transformar as cinzas em chamas
Porque eu tenho superado
Muito mais do que as palavras jamais irão dizer
E me deram a esperança
De que há uma luz no fim do túnel
E de que chegará o dia
Em que a luta estará vencida
E eu acho que esse dia acabou de começar
Algum lugar, todo mundo começa por aí
Eu estou contando com uma pequena oração
Perdida em um pesadelo
Mas eu estou aqui, e de repente é tão claro
A luta durante os longos anos
Me ensinou a andar mais rápido que os meus medos
Tudo vale a pena ter
Vem com trilhas que vale a pena suportar
Oh, me levante
Me levante
Para baixo e para fora é superestimado,
E eu preciso ser elevada
Olhar pra cima não é o suficiente
Não, prefiro subir acima

Essa música fala de tropeções, quedas e marcas. Fala de ter que lidar diariamente com as consequências de suas más escolhas, mas nela também há a esperança e a força que surge do coração de quem continua resistindo. E como a letra diz: vem com trilhas que vale a pena suportar.
Continuei refletindo sobre a mensagem passada através da canção. Logo me peguei observando as poucas pessoas dentro da lanchonete.
Havia um homem grande que parecia ser um camioneiro de 50 anos, esperando sua refeição no balcão enquanto lia o jornal. A jovem garçonete que limpava o mesmo balcão enviava mensagens de texto pelo celular. Do outro lado da lanchonete, uma senhora com mais de 70 anos tomava sua sopa sozinha e parecia alheia ao que se passava à sua volta. Então uma mulher com cerca de 30 anos trajando um terninho e segurando uma maleta entrou na lanchonete para comprar cigarros. Ela parecia estressada e cansada. E entre esses desconhecidos estava eu...
Lembro-me de que não conseguia parar de me perguntar como aquelas pessoas chegaram ali. Quais eram suas histórias? Que caminhos errados tomaram? Que boas oportunidades agarraram? Teriam partido o coração de alguém? Já tiveram que dizer adeus? Quais eram seus sonhos e quantos deles foram desperdiçados?
Foi então que percebi que o tempo passa igual pra todo mundo. Acaba rápido. É como um breve suspiro de Deus. E se não soubermos o que fazer com o tempo que nos é dado, talvez não valha a pena viver.
Eu estava definitivamente desperdiçando meu tempo Connecticut. Odiava Agronomia, odiava as aulas que não me despertavam interesse, mas acima de tudo odiava meu comodismo.
No colégio fui uma garota fútil e estúpida. Gastei minhas energias sofrendo por Brad ao invés de fazer bons planos para o futuro. Na época, foi fácil assentir para as decisões de minha mãe, que almejava o melhor para mim, mas agora é diferente. Hoje sou uma mulher mais completa e minhas ambições estão mais ligadas à superação e satisfação pessoal do que a uma carreira para a qual não tenho a menor vocação.
Naquela sexta-feira eu decidi que não ia desperdiçar mais nenhum minuto tentando ser o que não quero ser. Absolutamente convicta, abandonei os livros sobre a mesa e, respirando bem fundo, saí da lanchonete... Caminhei para longe de tudo aquilo, sem nem olhar pra trás.
Eu voltei a Orlando, mas voltei com um plano. Faz quatro semanas que me dedico completamente a ele. É algo que deu um vigor diferente à minha vida e me faz acordar todas as manhãs pronta pra fazer os sacrifícios necessários.
Logo que cheguei em casa, tive uma conversa franca com meu pai. Expliquei-lhe os motivos que me levaram a largar a faculdade, e pedi com esperança que me deixasse transformar a mansão em uma pousada.
No início ele foi totalmente contra, achou que eu tinha ficado louca, mas eu continuei insistindo por cinco dias seguidos. No sexto dia ele argumentou, dizendo que eu não tinha capital para realizar tal projeto, mas acontece que eu tinha. O coitado do meu pai ficou perplexo quando lhe mostrei o diamante que Edward me deu. Ele se deu conta de que não vou parar até alcançar meus objetivos.
Não foi fácil decidir vender a pedra por causa de seu valor sentimental pra mim. Mas depois de passar um bom tempo a observando, cheguei à conclusão de que talvez Edward tivesse pressentido o quanto ela mudaria meu destino, já que primeiro mudou o dele. Como hoje o conheço mais profundamente por causa deste diário, posso garantir que ele aprovaria minha decisão. Afinal, antes mesmo de simpatizar-se comigo deu-me algo que ninguém jamais deu: um meio de realizar meus sonhos.
Enquanto minha mãe pirava no Texas por eu ter largado Yale, meu pai ficou ao meu lado e se colocou à frente das negociações da venda do diamante. Ele tem sido o máximo, não deixou que eu fosse ludibriada por compradores gananciosos e acabou vendendo a pedra para um bilionário Geólogo. Este a inseriu em sua coleção de minerais.
Uma semana depois, eu tinha em uma conta bancária mais dinheiro do que jamais imaginei possuir na vida. É mais do que suficiente para pôr em prática minha idéia de construir um terceiro andar na mansão. Também mobilhar os novos cômodos, comprar uma Van Topic e cobrir todas as despesas da pousada por um ano. Claro que não descobri isso tudo sozinha, meu pai me indicou um contador que cuidou também da abertura da empresa e conseguiu a licença necessária para dar início às obras.
Essas duas últimas semanas têm sido exaustivas, mas comecei a me sentir viva outra vez. Passei a acordar todos os dias às 5h da manhã para trabalhar num projeto e apresentá-lo para algumas agências de viagens. A fim de economizar, comprei livros de decoração e fico horas estudando e pesquisando. Minha intenção é decorar a pousada de forma requintada e aconchegante.
Com o projeto finalmente pronto, comecei a bater na porta das agências. Obviamente levei muitos “NÃOs”, mas não me dei por vencida. Consegui convencer a Anne Owens, gerente da agência Laxtur, a fechar uma parceria. A idéia central do projeto é oferecer pacotes acessíveis de hospedagem a jovens de outros países que vêm para a Flórida conhecer os parques temáticos. O diferencial da pousada será o ambiente descontraído e a fácil interação dos hóspedes com os funcionários, que terão entre 16 e 25 anos. Foi um passo arriscado, confesso, pois as obras na mansão ainda nem começaram. Contudo, minha confiança absoluta no projeto fez com que a Anne me desse um voto de confiança.
Logo que descolei a parceria, comecei a visitar lojas de móveis comparando orçamentos e intimidando os vendedores com minhas exigências. Em um desses dias, parei numa loja de conveniência para comprar água. Enquanto esperava na fila do caixa, uma silhueta conhecida adentrou a loja.
Com a cabeça coberta pelo capuz do blusão escuro, Brad McFadden demorou a notar-me. Estava cabisbaixo contando moedas para comprar cigarros. Segundos se passaram até seu olhar enfim encontrar o meu.
Brad se recuperou, porém algumas marcas indisfarçáveis o deixaram diferente. A base do seu nariz ficou um pouco torta. E também agora possui uma encorpada cicatriz, que vai do final da sobrancelha esquerda, à têmpora. O homem já não tem o rosto perfeito de que tanto se orgulhava.
McFadden sempre se considerou muito especial por ser belo e por possuir algum talento. Ele costumava acreditar que vivia em um playground e que o mundo girava em torno do seu umbigo. Brad não é diferente de tantas outras pessoas que constroem suas vidas com base nesse equivoco. Talvez, só talvez, agora enxergue algo além do próprio reflexo no espelho.
Honestamente, não sei se Brad chegou a prestar queixa contra Edward. Meu palpite é que temeu uma retaliação. Ou descobriu que também teria que responder um processo pela morte do puma. Pensando bem, isso é mesmo bem a cara dele. Sempre covarde.
Eu fiquei lá, parada, esperando alguma piadinha arrogante, mas ele nada disse. Devolveu o maço de cigarros lançando-o sobre o balcão e foi-se embora. Naquele momento, senti que nunca mais o veria outra vez...
Também segui meu caminho. Nele estou apostando todas as minhas fichas. Assumindo todos os riscos. Não podia exigir o mesmo de meu irmão e amigos. Por isso, somente ontem enviei uma mensagem um tanto exagerada implorando que me encontrassem na nossa casa da árvore esta tarde.
Agora estou aqui, nesse lugar que me traz tantas recordações, esperando por eles e me perguntando se seguirei sozinha com os planos.
Quanto a Edward...
Eu não tenho chorado mais. Não é que eu tenha “superado”, pelo contrário, todos os dias eu me lembro dele com carinho, admiração e saudade. É só que comecei a aceitar que não tenho motivos para ficar lamentando. Nosso romance de poucos dias se tornou “o momento da minha vida”. O momento que separa o antes do depois.
Encerro então esse diário, que me ajudou na época em que fiquei mais solitária e impotente, citando Edward Cullen:
“Agora só me resta concluir que não há conclusões exatas. Certas coisas são para ser vividas e não compreendidas.”

xxx

Fechei o diário suavemente. Depois, o guardei dentro de uma pequena caixa de madeira. Coloquei a caixa no cantinho da casa da árvore, onde Edward costumava dormir.
Eu já não podia ficar dependente do diário como fiquei em New Haven. Minha obsessão foi tamanha, que me arrisco a dizer que alguns traços de sua personalidade começavam marcar a minha. Agora precisava manter uma relação saudável com o diário, embora tenha decorado a maior parte dele.
Cerca de 20 minutos se passaram até Alice invadir a casa da árvore acompanhada por Emmett. Assim que me viu, correu ao meu encontro e abri os braços para recebê-la.
— Que saudades. — Anunciei feliz.
— Deixa de ser tonga, sua monga! — Sem nenhuma piedade, segurou-me pelos cabelos. Tentei reagir, mas a louca “soltou os cachorros”. — Se mata agora que eu quero ver. Se afogue aí no próprio cuspe. Não existe homem que valha isso, Bella!
— Aiiii... — Desvencilhei-me chateada. — Não vou me matar. Vira essa boca pra lá. — Esfreguei o couro cabeludo. — Exagerei um pouquinho no e-mail porque foi o único jeito que encontrei de trazê-los aqui no mesmo dia e horário.
— Ah é? — Ela sorriu desconcertada e trocou um rápido olhar com Emmett. — Ufa... — Fingiu enxugar o suor da testa. — Eu já tinha até ensaiado um discurso, que coisa. Mas agora me abraça que tou rachando de saudade.
Agarramo-nos soltando gritinhos. Serelepes feito crianças entupidas de açúcar.
— Olha aí, gritos desnecessários... Agora sim estamos em casa. — Emm veio me abraçar também.
— Quando o Mundo está em perigo, a liga dos vadios se reúne outra vez. — Jasper despontou na entrada da casa, roubando nossa atenção.
Ele usava óculos de grau redondos, que qualquer um pensaria que roubara do túmulo do John Lennon. E para completar, suspensórios e um chapeuzinho de brechó, bem estilo anos 40.
— Lindo... — Emmett não aguentou e lhe provocou batendo palmas. — Eu sabia. Esse Frajola sempre foi Piu Piu.
Lice e eu gargalhamos enquanto meu irmão procurava se justificar.
— Podem zoar, eu não ligo. Agora faço a linha intelectual, as universitárias adoram isso. Na verdade, algumas me acham bem parecido com o Johnny Depp. — Brincou com as alças dos suspensórios. — Não é querendo me gabar, mas virei o rei da sapecação na borrachuda. Se é que os ultrapassados aí me entendem. — Piscou o olho sensualmente para Alice.
— Desculpa, Piu Piu, meu santo é forte. — Ela o dispensou sem dó.
— Espera, parou mesmo de falar de si de mesmo na terceira pessoa? — Embasbaquei.
— Aquilo ficou para trás, junto com os meus dias de hippie. — Se aproximou me analisando. — Estamos aqui para um suicídio coletivo? Porque não gosto do T-zed tanto assim.
Gemi alto antes de recuperar o foco.
— Vamos parar de brincadeira. O assunto é sério. Por favor, vamos sentar. — Ansiosa, peguei minha pasta executiva do chão.

(...)

Por mais de 1 hora, não só expliquei a essência do meu plano, como também lhes mostrei o projeto de reforma da mansão, o extrato da minha conta bancária, todos os orçamentos, as licenças para o início das obras, uma cópia do contrato de parceria com a Laxtur e minhas idéias para a decoração.
Absolutamente perplexos, não deixaram de checar nada. Tiraram pequenas dúvidas, fizeram alguns comentários superficiais e, por razões que temi descobrir, não demonstraram o entusiasmo que eu esperava.
— Isso é incrível, Bella. — Emm falou, passando o contrato para Jazz.
— Nem acredito que fez tudo praticamente sozinha. — Alice começou a juntar os papéis que espalhamos pelo chão.
Com esforço fiquei de pé, disposta a pressioná-los para saber a verdade.
— Qual o problema? — Com a confiança abalada chacoalhei a cabeça. — Certo, sei que foram pegos de surpresa, entendo. Mas, pessoal, o que temos aqui é... é...tudo! É o que sempre sonhamos. — Odiei não conseguir pensar em mais argumentos. — Não estão vendo? Por que não estão felizes?
— Estamos felizes por você. Disso não tenha dúvida. — Jazz quis destacar em vão.
Tive que multiplicar minhas forças para não me deixar ser engolida pela frustração.
— Não é sendo pessimista... — Emmett coçou a nuca, procurando palavras. — É que, Bella, talvez a gente não sirva pra isso. Da última vez deu tudo errado. Nem sei como sobrevivemos. E, sinceramente, não posso largar a faculdade.
Boquiaberta, não fui capaz de contradizê-lo. Então fitei Alice, esperando que ela o fizesse.
— Odeio Princeton, só que adoro as aulas de teatro. — Ela encolheu os ombros, envergonhada demais para me encarar.
— Podem se transferir para uma universidade na região. Sei que não tenho o direito de pedir isso, mas se me derem um ano verão esse projeto se tornar um sucesso. — Inconformada, cerrei o punho em convicção. — Acredito com todas as minhas forças nisso. Por favor, gente. Só um ano.
Meus amigos trocaram olhares, lamentando silenciosamente. Nem a culpa estampada em seus rostos os impeliu a me darem o que eu pedia.
— Quem sabe podemos ajudar nas férias. — Alice propôs com um fraco sorriso.
Imensamente triste, cobri o rosto com uma mão e fechei os olhos por um minuto. Nesse tempo, lembranças de nossa infância e adolescência encheram minha mente. As muitas fases, as brincadeiras, brigas e a antiga certeza de que ficaríamos sempre juntos. Ao abrir os olhos, sufoquei qualquer sentimento de abandono com o carinho incondicional que possuía por cada um. Entretanto, precisava desabafar:
— Algo se perdeu... — Minha voz tremeu um pouco. — Se tudo que mostrei não foi suficiente para mudarem de idéia, qualquer outra tentativa será perda de tempo. Só que, com ou sem a parceria de vocês, irei gerir essa pousada. Mas sempre, sempre, serão bem vindos nela. — Firmei a fachada de compreensão com um sorriso. — Passaremos um tempo juntos esse mês, certo?! Não vamos deixar que meus projetos abalem nossa amizade.
A demora na resposta fez com que ela soasse um pouco forçada.
— Claro. — Lice fitou os rapazes com cobrança.
— Só preciso cancelar uma parada que tinha planejado. — Jasper mostrou o polegar, não parecendo assim tão animado.
— Vamos sim. — Emm foi o último a concordar. — É o que sempre fazemos nas férias.

(...)

O final de semana passou rápido e nesse meio tempo procurei entender o lado de meu irmão e amigos. Estava sendo uma tarefa amarga e não sabia se teria sucesso.
Na tarde de segunda-feira, levei Eric à estação ferroviária. Ele fez uma visita rápida à sua mãe e já estava partindo para encontrar-se com a irmã em Daytona.


A estação estava movimentada por causa da alta temporada. Ficamos em pé no começo da plataforma, conversando enquanto o trem não chegava.
Coloquei-lhe a par dos motivos que me levaram a abandonar Yale. Como ficou triste, o incentivei a se socializar no campus, pois tinha certeza que encontraria uma nova companhia.
— De qual-qualquer forma, senti-ti-tirei sua falta, Bella. Ééé...umm...umm uma boa amiga. — Eric gaguejou como de costume.
— Também sentirei a sua. — Ri abrindo os braços. — Agora vem cá e me dá um abraço porque seu trem chegou.
Eric apertou-me gentilmente contra si e com carinho pousei a cabeça em seu ombro. No fundo, eu sabia que aquela era outra pessoa que nunca mais veria. A distância tende a danificar até os melhores relacionamentos.
Saudosamente fechei os olhos, despedindo-me do único que me consolou em New Haven. Quando dei por mim, já estava sorrindo por me sentir grata em tê-lo conhecido. Com a intenção de lhe desejar boa viagem, fui abrindo os olhos bem devagar.
Um segundo. Apenas um segundo foi preciso para meu sorriso congelar e logo depois morrer. Meu estômago então se contraiu, reagindo a brusca mudança de humor. Há vários metros, entre a barulhenta multidão, avistei uma figura conhecida. De óculos escuros e com o cabelo um pouco crescido, o homem que nunca saiu do meu pensamento estava voltado para mim. Tive a impressão de que me observava já havia algum tempo.
No início o choque deixou-me inerte. Duvidei dos meus próprios olhos, mas necessidade de garantir que não estava sonhando destravou-me os membros, impulsionando os movimentos seguintes.
Deixando Eric confuso, saí serpenteando debilmente por entre os desconhecidos sem perder Edward de vista. Vê-lo novamente foi tão bom que acendeu dentro de mim algo que superou a emoção.
Quando o trem anunciou partida, Edward olhou na direção oposta, mexeu nos bolsos do casaco e depois simplesmente me deu as costas. Sua atitude me despertou com a intensidade de um tapa.
— Edward! — Gritei erguendo a mão. — Edward, aqui! Edward!
Ignorando os incomodados à minha volta, continuei esbarrando nas pessoas para poder avançar. A aflição tomou conta de mim ao perceber que ele não estava interessado em me alcançar. Pelo contrário, começou a se afastar sem nem olhar para trás. Tive que me espremer pra passar por entre um casal de meia idade. Causei alvoroço suficiente para que muitos abrissem caminho e, finalmente, disparei na direção de Edward. Contudo, isso não foi o bastante, porque ele entrou no trem e o perdi de vista.
Raciocinando com dificuldade, empaquei no meio da plataforma sem saber o que fazer. Absolutamente transtornada, coloquei as mãos na cabeça, me negando a acreditar que era Edward. O problema é que todos os meus sentidos alegavam que era.
Desesperada por respostas, saí feito louca tentando enxergá-lo através das janelas do trem. Por coincidência, o avistei a uns cinco metros, com a cabeça encostada na janela olhando para a plataforma. Pensei comigo mesma: é a minha chance!
Corri para a porta mais próxima, mas o trem já estava em movimento. Foi impossível alcançá-la e amaldiçoei meus joelhos trêmulos e minha falta de fôlego. Apesar de tudo, eu não podia desistir. Então continuei correndo na esperança de induzir Edward a vir ao meu encontro. Ele precisava voltar! Era tudo que eu queria.
Driblando todos que atravessavam meu caminho, continuei perseguindo inutilmente o trem por não conseguir lidar com a surreal rejeição. Minhas pernas deliberadamente levaram-me até o final da plataforma, onde fui obrigada a parar e assistir, inconformada, Edward partir outra vez.
Quis gritar de frustração! E não só isso, desejei também dissolver toda a angústia e confusão e expelir tudo em forma de lágrimas. Mas me perguntei do que adiantaria se não fazia idéia do que tinha acontecido? Eu vi Edward, todavia ele mais parecia uma miragem.

(...)

Cheguei em casa um caco. Contei tudo para meus amigos e eles discutiram entre si, procurando uma razão para o incidente.
— Eu não entendo. — Jazz sentou na ponta da minha cama, onde eu estava estendida com o travesseiro enfiado no rosto. — Será que T-zed ficou com ciúmes?
— Na boa, isso não é a cara dele. — Lice respondeu. Imediatamente apontei para ela, mostrando partilhar da mesma opinião.
— Tem certeza de que ele te viu? — Emm indagou e eu gemi confirmando.
— Bella, se Ed estivesse no país já teria vindo aqui. — Jasper apertou meu tornozelo. — Talvez... — Suspirou, medindo as palavras. — Talvez você tenha se enganado.
Joguei o travesseiro longe.
— Eu o vi, gente. Não sei explicar, mas vi. Isso é tão... tão... — Enraivecida, sentei lutando para me expressar, só que era impossível fazer isso quando não conseguia alinhar os pensamentos. — Só se agora eu estiver fantasiando. — Ironizei.
— E quando foi que não esteve? — Lice indagou em tom de brincadeira. — Tá, foi mal. Mas você tem motivos pra isso?
— Pior que tenho. — Murmurei lembrando-me do diário. — Isso vai soar estranho, mas fiquei obcecada pelo diário do Edward. Algumas vezes em New Haven, fechava os olhos e conseguia vê-lo tão nitidamente. — Comprimi os lábios, refletindo. — Será que minha mente está reagindo à abstinência do diário? — A hipótese não pareceu tão absurda.
— É possível que seu subconsciente tenha criado a ilusão. Sei lá, como um modo desesperado de te manter conectada a Edward. Esse tipo de coisa é mais comum do que se pensa. — Alice estava inclinada a acreditar na própria teoria. — Desculpa, queria ter uma resposta melhor, mas só consigo pensar nisso.
— E aí, o que fazemos? — Emmett se dispôs a ajudar mesmo sem saber como.
— Bella, você tem certeza? — Jazz insistiu.
— Não. — Revelei com pesar. — Ando tão cansada. Nesses meses dormi pouco, comi pouco... — Esfreguei os olhos com força a fim de fugir da insanidade. Precisava me focar no projeto da pousada, e ser considerada louca não ajudaria em nada. — O Edward que conhecemos não teria me abandonado na estação. Acho que o estresse e a saudade me pregaram uma peça. Por favor, vamos esquecer esse assunto. Só está me fazendo mal.

Continua na parte 2...

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3 comments:

  1. nossa muito bom esse cap ♥I Loved♥ anciosa pra saber se era o Ed mesmo? Beijusculo

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  2. AHHH quero maissss!!!!!

    ReplyDelete
  3. Pq ele fez isso ?? Será que ficou cm ciúmes ??
    OMG nãaao, Eddie volta akii
    ~~Chorei litros com a despedida deles


    Ass: Crazy

    ReplyDelete

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Twilight Moms Brasil é parte de mim e espero que seja de você também, Forever.

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