Boa tarde pessoal! Ainda estou o corre,
corre pós-férias, então a edição foi feita bem rapidinho, mas acho que ficou
legal.
Título: Um Selvagem Diferente
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Um Selvagem Diferente
By Lunah
Atenção: Este conteúdo
foi classificado
como impróprio para
menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero
continuar!"
Capítulo 34 - Encruzilhadas -
Parte 1
Tão tarde me apaixonei por
Edward... E tão cedo irei vê-lo partir.
Entregues ao momento de
vulnerabilidade, permitimos que o pouco tempo que nos restava se esvaísse.
Depois, acompanhei Edward até a casa da árvore, onde ele preferiu ficar sozinho
por alguns minutos.
Não sei dizer o que se passava
por sua cabeça, mas agora parecia que ele tinha ainda mais certeza de que o
mundo onde eu vivia não era o seu lugar. O que doía é que isso estava certo.
Emmett retornou do hospital sem
nenhuma novidade, então se uniu a Jasper e Alice no sofá da sala. Eu preferi
aguardar junto a uma das janelas que davam para o jardim. As nuvens que
surgiram na madrugada agora encobriam totalmente o sol e, mesmo assim, o senhor
que hospedávamos ficou perto da piscina, alimentando seu pássaro.
A todo o instante eu implorava a
mim mesma para ser forte, no entanto minhas mãos já tremiam levemente e parecia
que um buraco se formava no meu estômago.
Antes do que esperávamos, avistei
meu pai acompanhado pelo Dr.Carlisle atravessando os portões da mansão. Somente
meu pai trazia sua bagagem, fazendo-me entender que o Doutor não havia
desistido de ir embora.
No meio do caminho, o Doutor foi
abordado por seu filho e eles seguiram na direção da casa da árvore, onde minha
vista não alcançava. Já meu pai não deixou de notar a presença do hóspede. Não
se detendo, veio para a casa com a expressão carregada de dúvida e chateação.
— Aí vem ele. — Anunciei, me
juntando ao pessoal.
Ficamos de pé enfileirados,
parecendo confiantes, só que nenhum de nós sabia o que dizer. Assim que meu pai
abriu a portar, foi logo perguntando:
— O que aquele senhor está
fazendo no jardim? — Diante do nosso silêncio, analisou rapidamente a sala e
notou o que acreditamos que nunca notaria. — Pintaram as paredes? — Jogou a
mala em uma das poltronas, mais boquiaberto do que chateado.
Eu, que estava de cabeça baixa,
tomei a frente dizendo:
— É o seguinte, pai...
— Meu Deus, o que aconteceu com o
seu rosto? — Me interrompeu e, em reflexo, dei um passo atrás sem saber o que
responder.
De repente, Toby apareceu no topo
da escadaria, gritando:
— Aê?! Não vai ter mais festa na
praia?
Meus amigos gemeram de desgosto e
eu cobri a face com uma mão, xingando-o mentalmente.
— Quem é esse garoto? — Meu pai
apontou para Toby, que desceu as escadas e saiu pela porta da frente sem
esquentar com nada.
Mais uma vez o silêncio
desconcertante se fez presente. Alice e Emmett ficaram por demais constrangidos
e sentaram no sofá. Já eu estava com a cabeça latejando e não tinha a mínima
condição de lidar com as cobranças do meu pai. Justo nessa hora, ultrapassando
nossas expectativas, Jazz interferiu.
— A culpa é minha. Fui eu quem
ofereceu hospedagem a essas pessoas. — Segurou o braço do nosso pai. — Por
favor, vamos ao escritório que eu explico tudo.
Espantados, o fitamos ao mesmo
tempo.
— Deixou de falar na terceira pessoa?
— Meu pai murmurou com uma sobrancelha arqueada de incredulidade.
Pasma até o último fio de cabelo,
assisti Jasper distrair nosso pai e conduzi-lo até o escritório para assumir a
responsabilidade pelo projeto de férias.
— Eu. Tou. Besta. — Disse Alice,
sem nem conseguir piscar os olhos.
Os últimos acontecimentos, sem
dúvida, obrigaram meu irmão a deixar as infantilidades um pouco de lado. Ainda
estávamos sensibilizados com a morte do puma e suas drásticas consequências.
Tudo estava ruindo e, pela primeira vez, Jasper não quis se acovardar. Ele
sabia que precisava mostrar pulso firme e “segurar as pontas”, pois estávamos
completamente desorientados.
Cerca de dez minutos se passaram
até o Dr.Carlisle aparecer para se despedir. Chamou por meu pai e ele saiu do
escritório junto com Jasper. O Doutor cordialmente apertou nossas mãos e
agradeceu por tudo que fizemos por seu filho. As poucas palavras trocadas ali
fugiram do meu entendimento. Permaneci com os olhos fixos na porta aberta
esperando ansiosamente que Edward a atravessasse, mas isso não aconteceu.
— E Edward? — Perguntei rouca.
— Está esperando lá fora. — Senti
os olhos do Doutor sobre mim e confusa o encarei de volta. — Sinto muito pelo
machucado. — Apertou novamente minha mão. — Edward ficará bem.
Jasper e os outros, que não
tinham feito o pacto de “sem despedida”, rapidamente foram para o jardim dar
adeus ao selvagem. Em seguida, o Doutor me lançou um sorriso fraco e,
acompanhado por meu pai, também se dirigiu para o jardim. Antes de deixar a
sala, meu pai avisou:
— Bella, vou levar Carlisle e
Edward ao aeroporto. Não demoro.
O quanto eles sabiam sobre o
nosso romance? Concluí que a resposta era irrelevante, tendo em vista que na
hora que o selvagem atravessasse os portões da mansão deixaríamos de ser um
casal.
Plantada no meio da sala, pude
ouvir os murmúrios vindos do jardim. Eu sabia que trocavam abraços, sorrisos
melancólicos e certamente Alice deixava cair algumas lágrimas de pesar e
saudade.
Fechei os olhos e quase consegui
ver Edward apenas maneando a cabeça, enquanto os rapazes agradeciam-lhe pelas
instruções de Krav Magá e desejavam muitas felicidades.
Em nenhum momento ouvi a voz
dele, por isso automaticamente levei as mãos à cabeça, já sendo torturada pelo
vazio que ele deixava. Naquele instante, pensei em abandonar tudo para segui-lo
aonde quer que fosse. Até podia me ver sendo mais uma vez impulsiva. Conseguia
me imaginar lançando fora minhas expectativas de vida para aderir as dele. Mas
daí, lembrei-me de Sarah.
Deus do céu, e se eu não
conseguisse?
Covardemente magoaria Edward,
rompendo o acordo que eu mesma impus só para ir a Malaita com ele. E talvez
depois, ridiculamente cederia a saudade do meu “antigo mundo” e acabaria
abandonando o lugar como sua mãe fez. Eu não podia arriscar... Não tinha o
direito fazê-lo reviver a história de seus pais.
Quando meus olhos começaram a
arder e senti meus pés firmemente fincados no chão, ouvi Alice gritar:
— Tchau, Ed! Não se esquece da
gente!
Estava acontecendo mesmo, não era
um pesadelo. Edward de fato ia embora sem se despedir de mim. Subitamente, um
gemido causado por uma dor que jamais senti antes, levou embora o resto das
minhas forças. Em um só fôlego, disparei para a porta e o avistei já chegando
aos portões.
Carregando somente a mochila nas
costas, não olhou para trás na hora em que meu pai empurrou o portão para que
ele passasse. Com total lucidez, finalmente percebi que a despedida antecipada
tinha sido uma estúpida ilusão. Do que ela adiantou se nunca o amei tão
sinceramente quanto naquele momento?
Cansada de tentar fugir do
inevitável sofrimento, corri com todas as minhas energias na direção dos
portões. Cheguei a esbarrar em meus amigos quando passei por eles. Com a
garganta seca, não fui incapaz de gritar por Edward. Em compensação, antes que
ele deixasse os limites da mansão, seu pai sussurrou algo que o fez, enfim,
olhar para trás.
Continuei correndo com o rosto já
coberto de lágrimas e a pulsação a mil. De longe, vi Edward pronunciar
vagarosamente meu nome para si mesmo ao se apressar para me alcançar. Ele veio
pra mim com expressão torturada. Quase no meio do jardim, choquei-me contra
ele, sendo imediatamente acolhida com um abraço apertado. Senti a respiração
acelerada de Edward em meus cabelos, assim como também senti horríveis pontadas
no peito.
— Desculpa... — Lutei por ar,
tropeçando nas palavras. — Eu não consegui... Sinto muito... não... — Meu choro
se tornou mais intenso. — Não podia deixá-lo ir sem falar nada...
— Eu sei, Bella. — Sussurrou
igualmente angustiado.
Edward ergueu meu rosto e tentou
limpar minhas lágrimas com os polegares, mas eu não conseguia parar de chorar.
Precisei de alguns segundos para fixar bem meus olhos nos dele e finalmente
dizer:
— Você tem que saber que foi a
melhor coisa que já me aconteceu. — Com os dedos trêmulos, toquei seus lábios.
— Eu juro...
Ainda que sua respiração
desregular denunciasse um conflito interior, nada falou. Fechou os olhos por um
breve momento e quando os abriu, tirou a mochila das costas e de lá puxou sua
agenda. Ele então olhou rapidamente para ela, em seguida entregou-me.
— Por favor. — Esperou que eu a
pegasse. — Quero que fique com isso.
Não entendia por que Edward
estava me dando aquilo, mas não o questionei. Não havia tempo para perguntas.
Consciente disso, ele voltou a segurar meu rosto e passou a sussurrar tão perto
que quase sentia sua boca na minha.
— Sonhei com você noite passada.
— Forçou um sorriso. — E você estava feliz. — Encostou a testa na minha, como
na vez que saltamos do penhasco. Eu bem conhecia os significados ocultos
daquela ação. — Feliz como eu sei que será. — Respirou fundo. — E talvez um
dia... — Ele tentou, mas não conseguiu terminar a frase. A pouca crença nela
travou sua língua.
Coloquei a mão esquerda em seu
peito, temendo esquecer como era tocá-lo.
— Só me beije, Edward. —
Sussurrei fechando os olhos.
Com delicadeza ele encostou os
lábios nos meus. Diferente de todos os beijos que já trocamos, esse tinha um
sabor único. Sabor de lágrimas e adeus. Não foi um beijo desesperador, pelo
contrário, foi gentil, doce e quente. Exatamente como foram as melhores partes
do meu verão.
Parecia que eu tinha dormido a
maior parte da minha vida e agora estava de fato acordada. Sentia absolutamente
tudo, desde a forte pulsação na garganta e o roçar da barba de Edward em meu
queixo à pressão asfixiante no peito. No entanto, a maior constatação de que eu
estava acordada era a certeza de que minha vida nunca mais seria a mesma.
É incrível quando você pensa que
já passou por tudo, então um dia alguém surge e modifica sua forma de enxergar
o mundo. Ainda que essa pessoa se vá, sua visão permanece clara, até para
enxergar melhor a si mesma.
Edward parou de me beijar e
continuei de olhos fechados sem me mover. Senti então a ponta de seus dedos
deslizando lentamente pelos meus, até que se distanciaram definitivamente.
Depois disso, senti apenas o vento da manhã soprando no meu rosto e a esmagadora
ausência de Edward.
— Por favor, não vá. — Sussurrei
mesmo sem ele poder ouvir. — Não vá.
...
§ OUTONO §
...
§ INVERNO §
...
§ PRIMAVERA §
...
Diário de Bordo - Bella Swan
Orlando, EUA
O verão já está chegando e faz
um pouco mais de oito meses que Edward se foi.
Essa é a primeira vez que
escrevo no diário dele. Depois de muitas lágrimas resolvi preencher as últimas
páginas, mas até chegar a esse ponto, muita coisa me aconteceu.
No dia em que Edward foi embora
fiquei completamente desolada. Por sorte, meus amigos permaneceram ao meu lado,
não me deixando enlouquecer. Naquela noite descobri finalmente que essa agenda
era seu diário.
É até difícil descrever como me
senti em relação a isso. Fiquei surpresa, cativada e, em vários momentos,
terrivelmente triste. Em contrapartida, foi como conseguir entrar na mente de
Edward e assim obter algum consolo por não tê-lo mais comigo. Também consegui
compreender muitas de suas ações e me surpreendi ao concordar com seus
pensamentos. Alguns são tão belos que eu poderia me apaixonar por ele outra
vez... E mais mil vezes!
Na manhã seguinte à sua
partida, vesti meu uniforme como de costume. Arrastei-me pelo corredor, desci
as escadas e somente quando cheguei à sala foi que o silêncio incomum chamou
minha atenção. Não havia ninguém passando para tomar o café da manhã na sala de
jantar; do jardim não vinham os típicos murmúrios dos rapazes se exercitando;
não ouvia nenhum ruído vindo do andar de cima. A mansão estava completamente
vazia, exceto por meu pai, que ainda dormia.
Nos primeiros cinco minutos
fiquei parada, apenas digerindo muito lentamente o fato de que o resort
oficialmente acabara. Sem minha ajuda, meu irmão e amigos levaram os hóspedes
para o aeroporto. Optaram por me resguardar e fiquei grata por isso.
Eu não tinha a menor condição
de lidar com outras despedidas, estava fragilizada, por isso aproveitei que
estavam todos fora e coloquei minhas coisas em uma mala pequena. Arrastei-a
para fora da mansão só com alguns dólares no bolso e muita vontade de dar logo
início à nova etapa da minha vida. Naquela hora foi difícil pensar em como
minha família e amigos reagiriam à “fuga”, mas tinha esperança de que me
entendessem.
Minhas primeiras semanas em New
Haven, Connecticut, foram mais difíceis do que imaginei. Yale não se resume a
festas, bebedeiras e azaração. É uma universidade que exige muito dos seus
alunos, os quais parecem sempre atrasados para alguma coisa.
Minha colega de quarto foi uma
esnobe chamada Jéssica. Quase não a via. Às vezes, ela aparecia para trocar de
roupa, mas quase sempre passava a noite no apartamento do namorado e eu ficava
completamente sozinha.
Infelizmente, não fiz muitos
amigos no campus. Agora entendo que o problema era comigo. Ficava suspensa no
ar, dentro de uma espécie de bolha invisível. O único que, algumas vezes,
atravessava essa bolha era Eric Yorkie, também de Orlando. Muito inteligente,
porém, gago. Assim como eu, era um recluso e sua falta de jeito me lembrava
Jasper. Compadecendo-me dele, procurei ser como uma temporária irmã mais velha.
Durante o dia eu tentava
acompanhar o ritmo frenético da vida universitária, mas durante a maior parte
do tempo sentia-me perdida. Constantemente me arrependia de ter deixado minha
mãe me convencer a cursar Agronomia.
Já durante a noite, ficava no
quarto relendo incansavelmente este diário. Nessas horas não me sentia tão
sozinha, pois quase conseguia sentir Edward me olhando. Por vezes, me pegava
imaginando se ele também estaria pensando em mim naquele exato momento. Certas
noites eu chorava até dormir, outras esperava o dia amanhecer, consolando-me
com a idéia de que o tempo ia trazer o beneficio do esquecimento.
Os meses foram passando e se
tornou cada vez mais difícil manter contato com meus amigos. No início fazíamos
vídeo-conferência três vezes por semana, depois passamos a trocar uns dois
e-mails por semana. Eles me perdoaram por ter ido embora sem me despedir, mas
evitavam falar de nossas últimas férias para que eu não lembrasse de Edward.
Todos estavam aparentemente bem
e se empenhavam em tocar suas vidas da melhor forma possível. Daí quando
entramos no período de provas, mais nenhum e-mail chegou à minha caixa de
mensagem. Meus pais ligavam quando podiam, no entanto nossas conversas eram
rápidas e superficiais. Decidi poupá-los das minhas frustrações, fingindo estar
perfeitamente feliz.
Todos os dias eu lutava contra
a vontade de voltar pra casa. Minha mãe frequentemente ressaltava que o
primeiro semestre é difícil para todos, mas que se eu insistisse iria acabar me
adaptando. Eu segui seu conselho e continuei me esforçando para suportar a
solidão e falta de ânimo dia após dia.
Não passei os feriados de final
de ano com a família. Inventei vários pretextos para ficar em New Haven, porque
temia que quando retornasse à faculdade eu tivesse que passar novamente pelas
dolorosas etapas de adaptação. Preferi tentar vencer meu primeiro ano longe de
casa antes de encarar meus amigos e todo o cenário do meu rápido romance com
Edward.
Nesse período, recebi um e-mail
de Jully. Com poucas frases se desculpou pelo incidente na festa de Sarah e
disse que estava bem. Contou-me também que conseguiu um bom estágio e estava
feliz, pois lá conheceu um homem à altura do que sonhava. Por fim, me desejou
boas festas e muitas felicidades.
Naquele dia sorri com vontade.
Respondi seu e-mail e também me desculpei, pois já não importava quem errou
mais. Nós duas tínhamos seguido em frente, passamos por cima do
desentendimento. Isso nos bastava.
Durante a primavera, numa
sexta-feira nublada, peguei minha mochila cheia de livros e fui para uma
lanchonete afastada do campus. Moondance era um lugar pouco movimentado, onde
eu sempre sentava à última mesa e tomava café observando a rua através das
vidraças. Como vinha fazendo há semanas, deixei o livro de biologia aberto em
cima da mesa mesmo sem conseguir olhar pra ele. Eu só gostava de ficar ali,
sentido o cheiro de panquecas e ouvindo as músicas melancólicas que tocavam na
rádio.
Nesse dia em especial, tocou
uma música que até aquele momento nunca tinha ouvido. Uma canção simples, porém
significativa, que mexeu profundamente comigo.
A letra é mais ou menos assim:
Essa
estrada é tudo, menos simples
Confusa
como um enigma, estive em cima e estive embaixo
Tão
altas, as vozes de todas as minhas dúvidas
Me
dizendo pra desistir, fazer as malas e ir embora da cidade
E
mesmo assim, eu tive que acreditar
Impossível
não significa nada pra mim,
Então,
será que você pode me levantar?
Transformar
as cinzas em chamas
Porque
eu tenho superado
Muito
mais do que as palavras jamais irão dizer
E
me deram a esperança
De
que há uma luz no fim do túnel
E
de que chegará o dia
Em
que a luta estará vencida
E
eu acho que esse dia acabou de começar
Algum
lugar, todo mundo começa por aí
Eu
estou contando com uma pequena oração
Perdida
em um pesadelo
Mas
eu estou aqui, e de repente é tão claro
A
luta durante os longos anos
Me
ensinou a andar mais rápido que os meus medos
Tudo
vale a pena ter
Vem
com trilhas que vale a pena suportar
Oh,
me levante
Me
levante
Para
baixo e para fora é superestimado,
E
eu preciso ser elevada
Olhar
pra cima não é o suficiente
Não,
prefiro subir acima
Essa música fala de tropeções,
quedas e marcas. Fala de ter que lidar diariamente com as consequências de suas
más escolhas, mas nela também há a esperança e a força que surge do coração de
quem continua resistindo. E como a letra diz: vem
com trilhas que vale a pena suportar.
Continuei refletindo sobre a
mensagem passada através da canção. Logo me peguei observando as poucas pessoas
dentro da lanchonete.
Havia um homem grande que
parecia ser um camioneiro de 50 anos, esperando sua refeição no balcão enquanto
lia o jornal. A jovem garçonete que limpava o mesmo balcão enviava mensagens de
texto pelo celular. Do outro lado da lanchonete, uma senhora com mais de 70
anos tomava sua sopa sozinha e parecia alheia ao que se passava à sua volta.
Então uma mulher com cerca de 30 anos trajando um terninho e segurando uma
maleta entrou na lanchonete para comprar cigarros. Ela parecia estressada e
cansada. E entre esses desconhecidos estava eu...
Lembro-me de que não conseguia
parar de me perguntar como aquelas pessoas chegaram ali. Quais eram suas
histórias? Que caminhos errados tomaram? Que boas oportunidades agarraram?
Teriam partido o coração de alguém? Já tiveram que dizer adeus? Quais eram seus
sonhos e quantos deles foram desperdiçados?
Foi então que percebi que o
tempo passa igual pra todo mundo. Acaba rápido. É como um breve suspiro de
Deus. E se não soubermos o que fazer com o tempo que nos é dado, talvez não
valha a pena viver.
Eu estava definitivamente
desperdiçando meu tempo Connecticut. Odiava Agronomia, odiava as aulas que não
me despertavam interesse, mas acima de tudo odiava meu comodismo.
No colégio fui uma garota fútil
e estúpida. Gastei minhas energias sofrendo por Brad ao invés de fazer bons
planos para o futuro. Na época, foi fácil assentir para as decisões de minha
mãe, que almejava o melhor para mim, mas agora é diferente. Hoje sou uma mulher
mais completa e minhas ambições estão mais ligadas à superação e satisfação
pessoal do que a uma carreira para a qual não tenho a menor vocação.
Naquela sexta-feira eu decidi
que não ia desperdiçar mais nenhum minuto tentando ser o que não quero ser.
Absolutamente convicta, abandonei os livros sobre a mesa e, respirando bem
fundo, saí da lanchonete... Caminhei para longe de tudo aquilo, sem nem olhar
pra trás.
Eu voltei a Orlando, mas voltei
com um plano. Faz quatro semanas que me dedico completamente a ele. É algo que
deu um vigor diferente à minha vida e me faz acordar todas as manhãs pronta pra
fazer os sacrifícios necessários.
Logo que cheguei em casa, tive
uma conversa franca com meu pai. Expliquei-lhe os motivos que me levaram a
largar a faculdade, e pedi com esperança que me deixasse transformar a mansão
em uma pousada.
No início ele foi totalmente
contra, achou que eu tinha ficado louca, mas eu continuei insistindo por cinco
dias seguidos. No sexto dia ele argumentou, dizendo que eu não tinha capital
para realizar tal projeto, mas acontece que eu tinha. O coitado do meu pai
ficou perplexo quando lhe mostrei o diamante que Edward me deu. Ele se deu
conta de que não vou parar até alcançar meus objetivos.
Não foi fácil decidir vender a
pedra por causa de seu valor sentimental pra mim. Mas depois de passar um bom
tempo a observando, cheguei à conclusão de que talvez Edward tivesse
pressentido o quanto ela mudaria meu destino, já que primeiro mudou o dele.
Como hoje o conheço mais profundamente por causa deste diário, posso garantir
que ele aprovaria minha decisão. Afinal, antes mesmo de simpatizar-se comigo
deu-me algo que ninguém jamais deu: um meio de realizar meus sonhos.
Enquanto minha mãe pirava no
Texas por eu ter largado Yale, meu pai ficou ao meu lado e se colocou à frente
das negociações da venda do diamante. Ele tem sido o máximo, não deixou que eu
fosse ludibriada por compradores gananciosos e acabou vendendo a pedra para um
bilionário Geólogo. Este a inseriu em sua coleção de minerais.
Uma semana depois, eu tinha em
uma conta bancária mais dinheiro do que jamais imaginei possuir na vida. É mais
do que suficiente para pôr em prática minha idéia de construir um terceiro
andar na mansão. Também mobilhar os novos cômodos, comprar uma Van Topic e
cobrir todas as despesas da pousada por um ano. Claro que não descobri isso
tudo sozinha, meu pai me indicou um contador que cuidou também da abertura da
empresa e conseguiu a licença necessária para dar início às obras.
Essas duas últimas semanas têm
sido exaustivas, mas comecei a me sentir viva outra vez. Passei a acordar todos
os dias às 5h da manhã para trabalhar num projeto e apresentá-lo para algumas
agências de viagens. A fim de economizar, comprei livros de decoração e fico
horas estudando e pesquisando. Minha intenção é decorar a pousada de forma
requintada e aconchegante.
Com o projeto finalmente
pronto, comecei a bater na porta das agências. Obviamente levei muitos “NÃOs”,
mas não me dei por vencida. Consegui convencer a Anne Owens, gerente da agência
Laxtur, a fechar uma parceria. A idéia central do projeto é oferecer pacotes
acessíveis de hospedagem a jovens de outros países que vêm para a Flórida
conhecer os parques temáticos. O diferencial da pousada será o ambiente
descontraído e a fácil interação dos hóspedes com os funcionários, que terão
entre 16 e 25 anos. Foi um passo arriscado, confesso, pois as obras na mansão
ainda nem começaram. Contudo, minha confiança absoluta no projeto fez com que a
Anne me desse um voto de confiança.
Logo que descolei a parceria,
comecei a visitar lojas de móveis comparando orçamentos e intimidando os
vendedores com minhas exigências. Em um desses dias, parei numa loja de
conveniência para comprar água. Enquanto esperava na fila do caixa, uma
silhueta conhecida adentrou a loja.
Com a cabeça coberta pelo capuz
do blusão escuro, Brad McFadden demorou a notar-me. Estava cabisbaixo contando
moedas para comprar cigarros. Segundos se passaram até seu olhar enfim
encontrar o meu.
Brad se recuperou, porém
algumas marcas indisfarçáveis o deixaram diferente. A base do seu nariz ficou
um pouco torta. E também agora possui uma encorpada cicatriz, que vai do final
da sobrancelha esquerda, à têmpora. O homem já não tem o rosto perfeito de que
tanto se orgulhava.
McFadden sempre se considerou
muito especial por ser belo e por possuir algum talento. Ele costumava
acreditar que vivia em um playground e que o mundo girava em torno do seu
umbigo. Brad não é diferente de tantas outras pessoas que constroem suas vidas
com base nesse equivoco. Talvez, só talvez, agora enxergue algo além do próprio
reflexo no espelho.
Honestamente, não sei se Brad
chegou a prestar queixa contra Edward. Meu palpite é que temeu uma retaliação.
Ou descobriu que também teria que responder um processo pela morte do puma.
Pensando bem, isso é mesmo bem a cara dele. Sempre covarde.
Eu fiquei lá, parada, esperando
alguma piadinha arrogante, mas ele nada disse. Devolveu o maço de cigarros
lançando-o sobre o balcão e foi-se embora. Naquele momento, senti que nunca
mais o veria outra vez...
Também segui meu caminho. Nele
estou apostando todas as minhas fichas. Assumindo todos os riscos. Não podia
exigir o mesmo de meu irmão e amigos. Por isso, somente ontem enviei uma
mensagem um tanto exagerada implorando que me encontrassem na nossa casa da
árvore esta tarde.
Agora estou aqui, nesse lugar
que me traz tantas recordações, esperando por eles e me perguntando se seguirei
sozinha com os planos.
Quanto a Edward...
Eu não tenho chorado mais. Não
é que eu tenha “superado”, pelo contrário, todos os dias eu me lembro dele com
carinho, admiração e saudade. É só que comecei a aceitar que não tenho motivos
para ficar lamentando. Nosso romance de poucos dias se tornou “o momento da
minha vida”. O momento que separa o antes do depois.
Encerro então esse diário, que
me ajudou na época em que fiquei mais solitária e impotente, citando Edward
Cullen:
“Agora só me resta concluir que
não há conclusões exatas. Certas coisas são para ser vividas e não
compreendidas.”
xxx
Fechei o diário suavemente.
Depois, o guardei dentro de uma pequena caixa de madeira. Coloquei a caixa no
cantinho da casa da árvore, onde Edward costumava dormir.
Eu já não podia ficar dependente
do diário como fiquei em New Haven. Minha obsessão foi tamanha, que me arrisco
a dizer que alguns traços de sua personalidade começavam marcar a minha. Agora
precisava manter uma relação saudável com o diário, embora tenha decorado a
maior parte dele.
Cerca de 20 minutos se passaram
até Alice invadir a casa da árvore acompanhada por Emmett. Assim que me viu,
correu ao meu encontro e abri os braços para recebê-la.
— Que saudades. — Anunciei feliz.
— Deixa de ser tonga, sua monga!
— Sem nenhuma piedade, segurou-me pelos cabelos. Tentei reagir, mas a louca
“soltou os cachorros”. — Se mata agora que eu quero ver. Se afogue aí no
próprio cuspe. Não existe homem que valha isso, Bella!
— Aiiii... — Desvencilhei-me
chateada. — Não vou me matar. Vira essa boca pra lá. — Esfreguei o couro
cabeludo. — Exagerei um pouquinho no e-mail porque foi o único jeito que
encontrei de trazê-los aqui no mesmo dia e horário.
— Ah é? — Ela sorriu
desconcertada e trocou um rápido olhar com Emmett. — Ufa... — Fingiu enxugar o
suor da testa. — Eu já tinha até ensaiado um discurso, que coisa. Mas agora me
abraça que tou rachando de saudade.
Agarramo-nos soltando gritinhos.
Serelepes feito crianças entupidas de açúcar.
— Olha aí, gritos
desnecessários... Agora sim estamos em casa. — Emm veio me abraçar também.
— Quando o Mundo está em perigo,
a liga dos vadios se reúne outra vez. — Jasper despontou na entrada da casa,
roubando nossa atenção.
Ele usava óculos de grau redondos,
que qualquer um pensaria que roubara do túmulo do John Lennon. E para
completar, suspensórios e um chapeuzinho de brechó, bem estilo anos 40.
— Lindo... — Emmett não aguentou
e lhe provocou batendo palmas. — Eu sabia. Esse Frajola sempre foi Piu Piu.
Lice e eu gargalhamos enquanto
meu irmão procurava se justificar.
— Podem zoar, eu não ligo. Agora
faço a linha intelectual, as universitárias adoram isso. Na verdade, algumas me
acham bem parecido com o Johnny Depp. — Brincou com as alças dos suspensórios.
— Não é querendo me gabar, mas virei o rei da sapecação na borrachuda. Se é que
os ultrapassados aí me entendem. — Piscou o olho sensualmente para Alice.
— Desculpa, Piu Piu, meu santo é
forte. — Ela o dispensou sem dó.
— Espera, parou mesmo de falar de
si de mesmo na terceira pessoa? — Embasbaquei.
— Aquilo ficou para trás, junto
com os meus dias de hippie. — Se aproximou me analisando. — Estamos aqui para
um suicídio coletivo? Porque não gosto do T-zed tanto assim.
Gemi alto antes de recuperar o
foco.
— Vamos parar de brincadeira. O
assunto é sério. Por favor, vamos sentar. — Ansiosa, peguei minha pasta
executiva do chão.
(...)
Por mais de 1 hora, não só
expliquei a essência do meu plano, como também lhes mostrei o projeto de
reforma da mansão, o extrato da minha conta bancária, todos os orçamentos, as
licenças para o início das obras, uma cópia do contrato de parceria com a
Laxtur e minhas idéias para a decoração.
Absolutamente perplexos, não
deixaram de checar nada. Tiraram pequenas dúvidas, fizeram alguns comentários
superficiais e, por razões que temi descobrir, não demonstraram o entusiasmo
que eu esperava.
— Isso é incrível, Bella. — Emm
falou, passando o contrato para Jazz.
— Nem acredito que fez tudo
praticamente sozinha. — Alice começou a juntar os papéis que espalhamos pelo
chão.
Com esforço fiquei de pé,
disposta a pressioná-los para saber a verdade.
— Qual o problema? — Com a
confiança abalada chacoalhei a cabeça. — Certo, sei que foram pegos de
surpresa, entendo. Mas, pessoal, o que temos aqui é... é...tudo! É o que sempre
sonhamos. — Odiei não conseguir pensar em mais argumentos. — Não estão vendo?
Por que não estão felizes?
— Estamos felizes por você. Disso
não tenha dúvida. — Jazz quis destacar em vão.
Tive que multiplicar minhas
forças para não me deixar ser engolida pela frustração.
— Não é sendo pessimista... —
Emmett coçou a nuca, procurando palavras. — É que, Bella, talvez a gente não
sirva pra isso. Da última vez deu tudo errado. Nem sei como sobrevivemos. E,
sinceramente, não posso largar a faculdade.
Boquiaberta, não fui capaz de
contradizê-lo. Então fitei Alice, esperando que ela o fizesse.
— Odeio Princeton, só que adoro
as aulas de teatro. — Ela encolheu os ombros, envergonhada demais para me
encarar.
— Podem se transferir para uma universidade
na região. Sei que não tenho o direito de pedir isso, mas se me derem um ano
verão esse projeto se tornar um sucesso. — Inconformada, cerrei o punho em
convicção. — Acredito com todas as minhas forças nisso. Por favor, gente. Só um
ano.
Meus amigos trocaram olhares,
lamentando silenciosamente. Nem a culpa estampada em seus rostos os impeliu a
me darem o que eu pedia.
— Quem sabe podemos ajudar nas
férias. — Alice propôs com um fraco sorriso.
Imensamente triste, cobri o rosto
com uma mão e fechei os olhos por um minuto. Nesse tempo, lembranças de nossa
infância e adolescência encheram minha mente. As muitas fases, as brincadeiras,
brigas e a antiga certeza de que ficaríamos sempre juntos. Ao abrir os olhos,
sufoquei qualquer sentimento de abandono com o carinho incondicional que
possuía por cada um. Entretanto, precisava desabafar:
— Algo se perdeu... — Minha voz
tremeu um pouco. — Se tudo que mostrei não foi suficiente para mudarem de
idéia, qualquer outra tentativa será perda de tempo. Só que, com ou sem a
parceria de vocês, irei gerir essa pousada. Mas sempre, sempre, serão bem vindos nela. — Firmei a
fachada de compreensão com um sorriso. — Passaremos um tempo juntos esse mês,
certo?! Não vamos deixar que meus projetos abalem nossa amizade.
A demora na resposta fez com que
ela soasse um pouco forçada.
— Claro. — Lice fitou os rapazes
com cobrança.
— Só preciso cancelar uma parada
que tinha planejado. — Jasper mostrou o polegar, não parecendo assim tão
animado.
— Vamos sim. — Emm foi o último a
concordar. — É o que sempre fazemos nas férias.
(...)
O final de semana passou rápido e
nesse meio tempo procurei entender o lado de meu irmão e amigos. Estava sendo
uma tarefa amarga e não sabia se teria sucesso.
Na
tarde de segunda-feira, levei Eric à estação ferroviária. Ele fez uma visita
rápida à sua mãe e já estava partindo para encontrar-se com a irmã em Daytona.
A estação estava movimentada por
causa da alta temporada. Ficamos em pé no começo da plataforma, conversando
enquanto o trem não chegava.
Coloquei-lhe a par dos motivos
que me levaram a abandonar Yale. Como ficou triste, o incentivei a se
socializar no campus, pois tinha certeza que encontraria uma nova companhia.
— De qual-qualquer forma,
senti-ti-tirei sua falta, Bella. Ééé...umm...umm uma boa amiga. — Eric gaguejou
como de costume.
— Também sentirei a sua. — Ri
abrindo os braços. — Agora vem cá e me dá um abraço porque seu trem chegou.
Eric apertou-me gentilmente
contra si e com carinho pousei a cabeça em seu ombro. No fundo, eu sabia que
aquela era outra pessoa que nunca mais veria. A distância tende a danificar até
os melhores relacionamentos.
Saudosamente fechei os olhos,
despedindo-me do único que me consolou em New Haven. Quando dei por mim, já
estava sorrindo por me sentir grata em tê-lo conhecido. Com a intenção de lhe
desejar boa viagem, fui abrindo os olhos bem devagar.
Um segundo. Apenas um segundo foi
preciso para meu sorriso congelar e logo depois morrer. Meu estômago então se
contraiu, reagindo a brusca mudança de humor. Há vários metros, entre a
barulhenta multidão, avistei uma figura conhecida. De óculos escuros e com o
cabelo um pouco crescido, o homem que nunca saiu do meu pensamento estava voltado
para mim. Tive a impressão de que me observava já havia algum tempo.
No início o choque deixou-me
inerte. Duvidei dos meus próprios olhos, mas necessidade de garantir que não
estava sonhando destravou-me os membros, impulsionando os movimentos seguintes.
Deixando Eric confuso, saí
serpenteando debilmente por entre os desconhecidos sem perder Edward de vista.
Vê-lo novamente foi tão bom que acendeu dentro de mim algo que superou a
emoção.
Quando o trem anunciou partida,
Edward olhou na direção oposta, mexeu nos bolsos do casaco e depois
simplesmente me deu as costas. Sua atitude me despertou com a intensidade de um
tapa.
— Edward! — Gritei erguendo a
mão. — Edward, aqui! Edward!
Ignorando os incomodados à minha
volta, continuei esbarrando nas pessoas para poder avançar. A aflição tomou
conta de mim ao perceber que ele não estava interessado em me alcançar. Pelo
contrário, começou a se afastar sem nem olhar para trás. Tive que me espremer
pra passar por entre um casal de meia idade. Causei alvoroço suficiente para
que muitos abrissem caminho e, finalmente, disparei na direção de Edward.
Contudo, isso não foi o bastante, porque ele entrou no trem e o perdi de vista.
Raciocinando com dificuldade,
empaquei no meio da plataforma sem saber o que fazer. Absolutamente
transtornada, coloquei as mãos na cabeça, me negando a acreditar que era
Edward. O problema é que todos os meus sentidos alegavam que era.
Desesperada por respostas, saí
feito louca tentando enxergá-lo através das janelas do trem. Por coincidência,
o avistei a uns cinco metros, com a cabeça encostada na janela olhando para a
plataforma. Pensei comigo mesma: é a minha chance!
Corri para a porta mais próxima,
mas o trem já estava em movimento. Foi impossível alcançá-la e amaldiçoei meus
joelhos trêmulos e minha falta de fôlego. Apesar de tudo, eu não podia
desistir. Então continuei correndo na esperança de induzir Edward a vir ao meu
encontro. Ele precisava voltar! Era tudo que eu queria.
Driblando todos que atravessavam
meu caminho, continuei perseguindo inutilmente o trem por não conseguir lidar
com a surreal rejeição. Minhas pernas deliberadamente levaram-me até o final da
plataforma, onde fui obrigada a parar e assistir, inconformada, Edward partir
outra vez.
Quis gritar de frustração! E não
só isso, desejei também dissolver toda a angústia e confusão e expelir tudo em
forma de lágrimas. Mas me perguntei do que adiantaria se não fazia idéia do que
tinha acontecido? Eu vi Edward, todavia ele mais parecia uma miragem.
(...)
Cheguei em casa um caco. Contei tudo
para meus amigos e eles discutiram entre si, procurando uma razão para o
incidente.
— Eu não entendo. — Jazz sentou
na ponta da minha cama, onde eu estava estendida com o travesseiro enfiado no
rosto. — Será que T-zed ficou com ciúmes?
— Na boa, isso não é a cara dele.
— Lice respondeu. Imediatamente apontei para ela, mostrando partilhar da mesma
opinião.
— Tem certeza de que ele te viu?
— Emm indagou e eu gemi confirmando.
— Bella, se Ed estivesse no país
já teria vindo aqui. — Jasper apertou meu tornozelo. — Talvez... — Suspirou,
medindo as palavras. — Talvez você tenha se enganado.
Joguei o travesseiro longe.
— Eu o vi, gente. Não sei
explicar, mas vi. Isso é tão... tão... — Enraivecida, sentei lutando para me
expressar, só que era impossível fazer isso quando não conseguia alinhar os
pensamentos. — Só se agora eu estiver fantasiando. — Ironizei.
— E quando foi que não esteve? —
Lice indagou em tom de brincadeira. — Tá, foi mal. Mas você tem motivos pra
isso?
— Pior que tenho. — Murmurei
lembrando-me do diário. — Isso vai soar estranho, mas fiquei obcecada pelo
diário do Edward. Algumas vezes em New Haven, fechava os olhos e conseguia
vê-lo tão nitidamente. — Comprimi os lábios, refletindo. — Será que minha mente
está reagindo à abstinência do diário? — A hipótese não pareceu tão absurda.
— É possível que seu
subconsciente tenha criado a ilusão. Sei lá, como um modo desesperado de te
manter conectada a Edward. Esse tipo de coisa é mais comum do que se pensa. —
Alice estava inclinada a acreditar na própria teoria. — Desculpa, queria ter
uma resposta melhor, mas só consigo pensar nisso.
— E aí, o que fazemos? — Emmett
se dispôs a ajudar mesmo sem saber como.
— Bella, você tem certeza? — Jazz
insistiu.
— Não. — Revelei com pesar. —
Ando tão cansada. Nesses meses dormi pouco, comi pouco... — Esfreguei os olhos
com força a fim de fugir da insanidade. Precisava me focar no projeto da
pousada, e ser considerada louca não ajudaria em nada. — O Edward que
conhecemos não teria me abandonado na estação. Acho que o estresse e a saudade
me pregaram uma peça. Por favor, vamos esquecer esse assunto. Só está me
fazendo mal.
Continua na parte 2...
nossa muito bom esse cap ♥I Loved♥ anciosa pra saber se era o Ed mesmo? Beijusculo
ReplyDeleteAHHH quero maissss!!!!!
ReplyDeletePq ele fez isso ?? Será que ficou cm ciúmes ??
ReplyDeleteOMG nãaao, Eddie volta akii
~~Chorei litros com a despedida deles
Ass: Crazy