
Nova York está em pé de guerra. O presidente dos EUA está de passagem em Manhatan e as manifestações estão ameaçando a inundar a cidade no caos. Eric Packer, milionário de 28 anos, não se importa. Não importa o que aconteça, ele terá seu corte cabelo do outro lado da cidade.
Não iremos mentir, se nós gostamos dos filmes recentes de Cronenberg, estamos perdendo o cineasta deVideodrome e Crash. Abram o champagne porque ele está de volta em cada cena de Cosmópolis. Mesmo que ele esteja adaptando o trabalho de outra pessoa, o cineasta canadense reconheceu seus jovens/filhos no romance de DeLillo. A absurda e persistente odisséia de um menino de ouro do mundo das finanças, que exibe colegas, amantes e doutores em sua limusine high-tech. Quando ele chega ao seu destino, ele pode ter sido deixado sem nada (a moeda japonesa ameaça a sua bolsa, sua esposa é mais e mais distante, tudo está se tornando insuportável), mas a resposta da pergunta que o atormenta, sem ser capaz de articulá-la é: Aquele que possui tudo pode desejar mais alguma coisa?
Cronenberg assegurou que todas as suas obsessões pontuassem sua rota, se eles são intelectuais (a busca por “outra” realidade”) ou carnais (outra cena que fará com que as pessoas comentem é a de quando Packer descobre que sua próstata é assimétrica). Entronizado no banco de trás de sua limusine, Robert Pattinson revela uma profundidade que se torna mais e mais fascinante a medida que seu personagem chega perto do fundo do poço. O medo que fica estampado em seu rosto nos últimos momentos, não pertence somente a esse anti-herói que chegou ao ponto de não retorno, mas também o medo de um ator testando seus limites com uma insuspeitada bravura. Com um frenético e decadente passeio pelo inferno, Cosmópolis prova que ele não terminou com os testes.
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