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Sunday, May 27, 2012

FANFIC - UM SELVAGEM DIFERENTE - CAPÍTULO 30


Um Selvagem Diferente
By Lunah


Título: Um Selvagem Diferente 
Autora(o): Lunah.
Shipper: Bellard
Gênero: Romance, Comédia, Universo Alternativo, Amizade, Lime
Censura: NC-18
Categorias: Saga Crepúsculo
Avisos: Álcool, Linguagem Imprópria, Violência

Atenção: Este conteúdo foi classificado 
como impróprio para menores de 18 anos.
"Estou ciente, quero continuar!"


Diário de Bordo - Edward Cullen

Orlando, EUA.

Minha vida deu uma guinada inesperada. Eu me apaixonei.
Ficarei devendo a esse diário algumas linhas sobre Jully e até mesmo sobre minha mãe, pois hoje só consigo pensar em mim e em Bella.
Já é um novo dia e meus olhos ainda não tiveram descanso. Isolado na casa da árvore, não consigo me importar com a exaustão muscular. Nem mesmo com os raios de sol que passam pelas frestas no teto e atingem diretamente o meu rosto. O que mais me importa nesse momento é deixar registrado como me sinto. Talvez eu nunca mais sinta algo semelhante e não quero esquecer como é.
Nunca fui tão emotivo quanto estou sendo hoje. Claro que me sinto um bobo, mas não consigo evitar. A razão disso talvez seja o fato de que só tenho poucos dias com a garota que desafiou todo o meu conceito sobre “certo e errado”. Quando estou com ela, ainda que reconheça o caminho errado, ele parece certo. Decidirmos ficar juntos com data marcada para nos separamos foi definitivamente errado, mas, com Bella, se torna irresistivelmente certo.
Despedir-me dela foi muito difícil. Ainda bem que não terei que fazer isso uma segunda vez, porque se tivesse que dizer “adeus” nesse minuto, provavelmente não conseguiria. Sei que essa situação é como estar em uma areia movediça. Os segundos, os minutos, as horas tornam tudo pior... Mas, para ser sincero, eu não me importo.
Aqui estou eu, tenso, ansioso e estupidamente risonho. Não me lembro quantas vezes na vida me senti assim, mas é tão bom quanto estar em Malaita, deitado sobre o telhado de casa, ouvindo o som das ondas batendo contra as rochas nos dias de maré alta. É tão empolgante quanto conquistar a confiança dos Waibirir. É tão agradável quanto levar Indah para correr nas planícies ao norte da ilha. Embora essas comparações sejam compreensíveis apenas para mim, gostaria que Bella soubesse. Ela provavelmente não tem noção de como realmente me senti com o beijo que trocamos no meio da rua. Por sorte, e alguma ajuda de minha mãe, ela entendeu por que não pude lhe corresponder quando expôs seus sentimentos em Miami.
Aquela noite eu entendi a metáfora dos talheres, mas não enxergava completamente os meus sentimentos. Era como se minha visão estivesse embaçada pela idéia de que ficar com Jully me garantiria uma volta quase tranquila para casa. Não demorei a perceber que a engrenagem dessa ilusão era apenas o medo do desconhecido, porque, pela primeira vez, encontrava alguém capaz de me fazer perder o foco a ponto de não mais saber a onde pertenço.
Confesso que esse medo ainda me rodeia, no entanto, Bella o tem mantido longe com ações que só me fazem admirá-la mais. Não esperava vê-la na festa de minha mãe. Eu estava no salão presente só de corpo, pois minha mente se mantinha ligada à conversa em Miami. Então, de repente, a garota simplesmente apareceu lá... Linda, desde o olhar tímido ao vestido que não lhe deixava respirar..., nem a mim.
Bella e eu pertencemos a mundos diferentes, temos planos distintos e consciência de nossas limitações, mas hoje, nessa quarta-feira, temos um objetivo em comum: viver o “agora”.

Capítulo 30 - Namorado de Novo I

A festa de Sarah, mesmo com alguns contratempos, foi espetacular. Infelizmente, depois de “acertar os ponteiros” com o selvagem, voltamos para casa. O dia já tinha amanhecido e precisávamos pegar no batente.
Achei que bateria de frente com Jully novamente, porém o que encontrei foi um bilhete dela pregado na porta. Minha prima arrumou suas coisas e foi se hospedar na casa de uma amiga.
— Eu nem acredito... — Alice assoou o nariz em um lenço de papel enquanto eu vestia meu uniforme.
Logo que chegamos a meu quarto, coloquei-a a par dos últimos acontecimentos. Ela pareceu se emocionar com os detalhes de minha conversa com Edward e o maravilhoso beijo.
— Lice... — Sentando ao seu lado na cama, lhe analisei. — Que choro fingido é esse? Não estou vendo nenhuma lágrima.
— É que estou chorando por dentro, tá legal?! — Se aborreceu.
Peguei um lencinho e inexplicavelmente entrei na onda do choro sem lágrimas.
— Desculpa, eu sei como é... — Nem eu me entendi.
— O único consolo é que você vai “dar um trato” legal no princeso antes de ele voltar pro mato, né? — Ela ergueu uma palma e nosso choro interior sumiu com a mesma rapidez com que surgiu.
— Ah, pode crer! — Sorridente, choquei minha palma contra a dela.
Claro que zoar com Alice era uma coisa e ficar juntinho de Ed era outra. Na nossa relação, não cabia essa expressão “dar um trato”. Não éramos dois pirralhos só querendo se esfregar.
— Mas tem uma coisa com que eu não me conformo. — Se colocou de pé. — De que mundo de merda tua prima pensa que veio? Não estou dizendo que ela é uma sacana, só estou dizendo que, na minha opinião, ela está bancando a vítima de besta.
— É que você não a conhece como eu. — Suspirei de preocupação com Jully.
— Uma pinóia, Bella. Se Jully pediu sua permissão para se aproximar do T-zed é porque até ela já tinha sacado que rolava um lance entre vocês. Não adianta sua prima choramingar agora, pois foi ela quem quis arriscar entrar na partida no segundo tempo. Minha amiga, me desculpe, mas ninguém tira da minha cabeça que ela foi para o Me Azare já ciente de que existia uma grande possibilidade de Ed não dar um fora nela em rede nacional apenas por consideração a você. — Alice revirou os olhos. — Pra mim, Jully não tem direito de cobrar nada de você. Odeio mulher tapada que não entende que ou o cara gosta da gente, ou não gosta. Não adianta forçar a barra. Enquanto ela não compreender isso, vai quebrar a cara nessa vida até aprender. — Cruzou os braços, carrancuda. — Igualzinho a você.
— Cruz credo, você fica uma chata quando tem razão.
— Eu sei, né?! — Abriu um sorriso convencido.
— Vou esperar a poeira baixar. Ontem aconteceu muita coisa, tudo foi muito confuso, mas acredito que em breve poderemos sentar e conversar.
— Que seja, ela já levou mesmo o que merecia. Afinal, perder um homem como Edward é pior do que cair com a cara na merda. — Alice empinou o nariz e eu sabia que a maluca tinha razão.
Pretendia pedir a ela para levar os vestidos de Sarah pra lavanderia, mas antes que eu pudesse abrir a boca, ouvimos:
— AAAAAAAAAHHHH!
O inconfundível berro de Jasper ecoou por toda a mansão. Alice e eu rompemos porta afora e corremos pelo corredor até alcançarmos o quarto do histérico. Preocupadas, invadimos o lugar e...
— AAAAAAHHHHHH! — Dessa vez quem gritou fomos nós.
E, poxa, não era pra menos. Jazz estava na cama com a dona Bogdanov.
— Hea päev. — A mulher sorriu, parecendo estar pelada por debaixo das cobertas.
Meu irmão estava sentado ao seu lado, pálido, fitando o vazio de olhos arregalados e todo descabelado.
— Pelo amor do meu desgastado juízo, diz pra mim que não ficou de saliência com essa maluca. — Balbuciei sem esperanças, pois ele também parecia estar pelado por debaixo das cobertas.
— Jasper... não... lembra. — Com a voz trêmula, abraçou um travesseiro.
— Como não lembra? — Vociferei.
— Jasper bebeu demais ontem. Jasper não sabe o que aconteceu. — Afundou o rosto no travesseiro e a cozinheira alisou suas costas causando-lhe um tremelique de repulsa.
— Cara, essas férias estão sendo o bicho! — Lice começou a rir compulsivamente da desgraça alheia. — Está todo mundo barbarizando!

(...)

Cerca de uma hora depois do embaraçoso flagra, meus amigos eu e nos reunimos no escritório do meu pai com a finalidade de manter nosso ambicioso projeto de férias na linha.
Sentada na ponta da escrivaninha, pedi atenção ao pessoal. Estavam muito dispersos. Alice quase cochilava em uma poltrona e Emm ainda estava de baixo astral por causa de Rosalie. Já meu irmão “pegador”, ficou deitado no sofá com uma tolha quente cobrindo o rosto.
— Ânimo, pessoal. A gente precisa se concentrar. — Insisti.
— Perguntinha. — Emmett ergueu a mão. — Por que o aspirante a Free Willy está aqui? — Apontou para Toby.
— É assim? A boiolagem já vai começar? — O garoto se levantou da cadeira fulinho da vida.
— O Sr.Jones me pagou pra ficar de olho nele novamente. — Suspirei de desgosto. — Falei pra você ficar quieto, Toby. Senta aí. — Ordenei com altivez.
— Manda ele pra sala. — Alice pediu.
— Não posso. Da última vez que banquei a babá vacilei um minuto e essa criatura... —Trinquei os dentes.  Quase enterrou um papagaio vivo.
— Que merdinha é essa? Isso agora vai ficar no meu currículo? — O pancinha retrucou e eu perdi a paciência.
— Alguém aqui quer ter a boquinha fechada com um grampeador de papel? — Lancei-lhe um olhar ameaçador e o garoto se deu por vencido.
— Começa logo essa reunião. — Jasper murmurou por debaixo da toalha.
— Quais os tópicos? — Lice deu um tapinha no próprio rosto pra despertar.
Antes que eu abrisse a boca, Emmett respondeu:
— Tópico 1: mitos e verdades sobre o desbravador de véias.
— Se alguém fizer mais uma piadinha com isso, o pau vai quebrar! — Meu irmão se contorceu.
— Gente, sem brincadeiras. — Pedi, me esforçando pra ficar séria. — O que aconteceu com ele podia ter acontecido com... — Tentei dizer “qualquer um”, só que não saía, então Jazz tirou a toalha do rosto e me encarou. — Com qualquer... — Pressionei os lábios, mas não adiantou. — Garanhão de asilo.
A toalha voou direto pra minha cara.
O problema nem era tanto a idade da Bogdanov, mas sim o preocupante estado mental da mulher. Será que eles tinham mesmo transado?
— Que gente chata... Que tédio. — Toby murmurou para si mesmo lutando para abrir um pacote de M&M´s.
— Como é, garoto? — Lice puxou para o lado pessoal.
— Hã? — Ele se fez de desentendido.
— É isso aí que está me preocupando. Os hóspedes não estão se divertindo. — Esclareci.
— Verdade. Ouvi as moças da suíte seis reclamando. — Emmett bufou. — Só temos alguns dólares, poucos dias e até eu estou achando esse resort um pé no saco.
— Idéias? — Jasper finalmente se concentrou na questão.
— Sem grana não dá pra fazer nada. Essa é a dura verdade. — Alice lamentou.
Não consegui me conformar com os segundos de silêncio que se seguiram. Mal reconhecia meus amigos.
— Não acredito. — Me coloquei de pé. — É impressão minha ou todos nesse cômodo estão se afogando em pessimismo? Sei que temos problemas, mas poxa... — Abri os braços. — O dia está super ensolarado, estamos esbanjando saúde e temos poucos dias para ficarmos juntos. Vocês são as pessoas mais animadas e divertidas que conheço, então tratem de reagir. — Bati palmas para que saíssem da letargia. — Tudo bem que a gente está no vermelho, mas temos criatividade. Vamos usá-la!
— Falou tudo. Vamos nos jogar, meus lindos. A Bella tem razão. — Alice se levantou recuperando o bom humor.
— Lice, ligue agora para umas cinco conhecidas suas. Vamos colocar umas meninas bonitinhas aqui dentro dessa casa pra tirar Emm e Jazz dessa fossa.
— Agora sim estão falando Jaspanglês. — Meu irmão se animou.
— O que vai rolar? — Emmett perguntou.
— Devia perguntar o que não vai rolar. Despache sua dor de cotovelo pras Arábias, porque nós vamos arrepiar hoje. — Minha resposta foi categórica.
— Ai, ai... — Alice suspirou orgulhosa do meu otimismo. — O que um homem gostoso da selva não faz com uma pessoa, né? — Pôs a mão no meu ombro.
— O que quis dizer com isso? — Meu irmão cruzou os braços, todo ranzinza. — Bella, o T-zed está “pegando” você? Cuidado com o que vai falar, porque o tempo vai fechar. — Vociferou.
— Hãmm... — Como eu ia explicar?
— Ah, pelo amor de Deus. — Emm deu um tapa na nuca de Jazz. — Pára de fingir.
— Fingir? — Arqueei uma sobrancelha e sua pose de machão ciumento foi pro espaço.
— Pois é... — Jasper caiu mole no sofá. — Já faz um tempo que sacamos essa “paradinha” de vocês. — Sorriu debochado.
— Como assim? — Franzi o cenho.
— Qualé, T-zed não consegue disfarçar. — Emm revirou os olhos. — O cara te olha como se ele fosse um mendigo morto de fome e você o último Big Mac da Terra.
Sorri ruborizando um pouquinho.
— Deixando a “fome” do T-zed de lado, vamos acelerar a bagaça. Vou ligar pra uns coleguinhas do bem, enquanto o Emmett vai pagar o agiota junto com Ed. — Alice pegou o telefone.
— Se o anão perguntar por mim, por favor, digam que virei uma mulher bomba e explodi. — Fiz uma careta ao imaginá-lo me agarrando.
— Arnold não vai deixar por menos. O cara pode ser um “meio-quilo”, mas tem uns capangas enormes. — Emmett alertou de boa vontade.
— Espera, tive uma idéia. Emm, fala pro pequetitito vir buscar Bella às 18:00h.
Lice só podia estar de sacanagem!
— Essa eu não quero perder. — Toby nos assistia devorando os M&M´s.
— Afinal, o que está tramando, Bella? O que quis dizer com “usar a criatividade”? — Meu irmão estalou os dedos pedindo atenção.
— Ah, isso você já vai saber. — Pisquei o olho esquerdo.

(...)

Vesti meu biquíni junto com um shortinho jeans. Calcei as velhas botas de cowgirl que usei em Miami e enfiei meu boné na cabeça.
Com Emm e Edward fora de casa, Alice, Jazz e eu tratamos de colocar “a mão na massa”. Resgatamos da garagem a empoeirada churrasqueira do meu pai e a colocamos perto da piscina. Meu irmão ficou encarregado de limpá-la e fazê-la funcionar.
Lice me ajudou a arrastar a mesa da cozinha até o jardim, onde colocamos uma fruteira, copos e pratos descartáveis e o maior isopor que possuíamos. Da dispensa, pegamos todas as latinhas de cerveja, refrigerante, suco e energético que havíamos estocado no inicio do mês, depois foi só enfiar as latas no gelo.
Alice pegou os 100 dólares que Sr.Jones me pagou para aturar seu filho e foi ao supermercado com duas garotas que estudaram conosco. Minutos depois, chegaram mais três conhecidos de Lice. Um deles era o filho do novo namorado de sua mãe. Já as duas moças a conheciam da academia, a qual ela largou quando as férias começaram.
Vendo a movimentação no jardim, as jovens hóspedes tomaram café na sala de jantar e, em seguida, foram para a piscina. Os caras do Link 69 sempre acordavam tarde e dessa vez não foi diferente. No entanto, ao verem mulheres de biquíni andando pela casa, desistiram de sair como quase sempre faziam e se juntaram à galera.
A verdade é que eu não estava fazendo tudo àquilo pelos hóspedes, mas sim por meus amigos. Era impossível estar feliz e vê-los desanimados. Como eu não podia quebrar minha felicidade em vários pedacinhos e partilhá-la com eles, sentia-me impelida a fazer qualquer coisa para deixá-los contentes e com ótimas recordações de nossos últimos dias juntos.
Quando Lice retornou, suas colegas lhe ajudaram a preparar espetos de carne com legumes e eu sugeri alguns de queijo. Também tive ajuda ao arrumar a mesa com muitos pães e uma tigela enorme com batatas Ruffles. Quanto a meu irmão, se aventurou em colocar algumas salsichas e hambúrgueres na churrasqueira.
Quando fui à sala trocar o CD, percebi que seria mais prático colocar o aparelho de som no jardim, então comecei a desconectar os fios.
— Quer ajuda, Bells? — Brad se aproximou segurando um copo de cerveja.
— Quero. — A banda era um peso morto. Já passava da hora de se fazerem úteis. — Recolhe tudo e leva o aparelho para o jardim. — Ordenei dando-lhe as costas.
— Espera. Ainda está brava comigo?
Após um longo suspiro, me virei para ele, dizendo:
— Não. Claro que não.
Para mim McFadden “nem cheirava, nem fedia”. Já não existia mágoa, muito menos paixão. Agora ele era só um carinha como outro qualquer. Só mais um membro do Link que não estava nos dando lucro algum.
— Bells, me deixa só dizer uma coisa. — Colocou a cerveja de lado e manteve a expressão séria. — Quando falei que te amava não estava mentindo.
As lembranças do nosso namoro pareciam tão distantes, como se fossem de uma vida passada.
— Brad, se é isso que tem a dizer, desculpa, mas eu tenho mais o que fazer. — Simplesmente não me importava.
— Estou deixando a banda. — Anunciou com firmeza.
Na noite em que dormimos juntos, intoxicada pelo vinho e sua influência negativa sobre mim, foi isso que exigi como sacrifício para lhe dar outra chance.
— Estou falando muito sério. — Ele caminhou em minha direção.
— Parado aí. — Ordenei em voz alta e ele parou.
O estranho é que pensei que não me obedeceria, mas ao notar que não era a mim que ele encarava, vagarosamente olhei para trás e avistei Edward na porta da frente. Não consegui ler seus olhos, pois usava os óculos escuros que lhe dei de presente. De jeans surrado e camiseta preta, ergueu um pouco o queixo ao indagar:
— Está tudo bem?
— Sim. — Respondi imediatamente.
— Vamos conversar em outro lugar. — Brad teve a ousadia de agarrar meu braço.
Talvez estivesse ficando louca, mas podia jurar que ouvi um rosnado muito baixo escapar do selvagem.
— Resumindo... — Desvencilhei-me. — Esquece. Só esquece, tá?
Referia-me ao que ele acabara de contar, as reações que achou que eu teria e todo o resto. E foi nesse momento que Edward disse o inacreditável:
— Ela é minha namorada agora.
Pense numa pessoa com cara de boba. Se pensou, me visualizou.
Ouvir o selvagem falar aquilo era tão estranho, mas de um jeito bom. Eu precisava me acostumar logo ou corria o risco de parecer mais doida do que já me consideravam.
— Te perguntei alguma coisa? — Brad retrucou não aceitando muito bem a novidade. Aproximando-se de Edward, continuou a falar com desprezo e arrogância. — Não te conheço. Não vou com a tua cara. Então agora, malandro, a gente vai bater de frente.
— Ei! — Coloquei-me entre os dois. — Ficou maluco, McFadden? Toma teu rumo! — Me aborreci.
Ed não se abalou com a provocação do meu ex. Permaneceu quieto, mas intimidador.
Alice ouviu as vozes alteradas e veio da cozinha já vociferando.
— Casca-de-Ferida, não cutuque o T-zed com vara curta. Rápa lá pra fora!
Brad encarou o selvagem por mais dois segundos. Quando viu que ele não entraria no seu jogo estúpido, saiu pela porta da frente esguichando mais provocações.


A impressão que tive foi de que Edward estava bastante seguro com relação a nós. Se impôs, mas também não se mostrou ameaçado o suficiente para discutir com Brad, o qual só estava com dor de cotovelo.
— McFadden é só um imaturo. — Expus minha opinião.
— Eu sei. — Deu de ombros. — Temos pouco tempo, não vamos ficar desperdiçando com ele.
— Concordo. — Sorri.
Quando o selvagem tirou os óculos, coloquei as mãos nos bolsos do short. Havia uma distância de dois palmos entre nós e logo comecei a sentir um sutil, porém incomum nervosismo. Uma ansiedade difícil de explicar.
Já não existiam dúvidas, Ed sabia que eu era louquinha por ele, assim como eu também sabia que era sua musa. Não conseguíamos fugir da sensação de que tudo era novo e excitante.
Quando Edward falou que eu era sua namorada, elevou nossa relação a um outro patamar. Talvez por isso, decidiu vagarosamente eliminar os centímetros que nos separavam pra agora poder me tocar como meu namorado. Não como amigo, companheiro ou hóspede. Simplesmente como o meu selvagem, e essa idéia fazia meu estômago gelar.
Senti sua mão esquerda em meu ombro e, logo em seguida, seus dedos deslizaram por meu braço até chegarem ao cotovelo. Ele me fez tirar a mão do bolso para pousar sua palma em minha cintura. Ao apertá-la um pouco, meus olhos, que até aquele momento estavam fixos em seu pescoço, subiram por seu rosto até serem aprisionados pelo azul dos seus olhos.
Segundos se passaram até Edward aproximar os lábios da minha bochecha esquerda. Automaticamente fechei os olhos, ficando meio mole por causa do cheiro dele e do calor de sua face tão juntinha à minha.
Sempre confundi o selvagem com minhas investidas, meus beijos inesperados e meu jeito de ser. De fato, ele chegou a Orlando bastante ingênuo e despreparado, mas agora eu sentia que ele estava querendo deixar algumas coisas para trás. Percebi que lentamente assumia seu papel de “o homem da relação”. Por esse motivo não lhe agarrei com desespero, pelo contrário, fiquei bem quietinha para Edward ir se soltando aos poucos. Em circunstâncias passadas, ele havia sido guiado por seus instintos, porém agora se tratavam de sentimentos.
O selvagem afastou o rosto e, em contrapartida, me pressionou com delicadeza contra si. Não foi exatamente fácil vê-lo inclinar a cabeça para a esquerda com a intenção de encaixar a boca na minha, só que eu me segurei. Na verdade, nesse caso, me conter intensificava o prazer do momento.
Edward engoliu em seco e, em resposta, entreabri os lábios. Quando ele veio pra mim, a sensação gélida se espalhou do estômago até o peito, no entanto ele hesitou. Sim, o selvagem parou no meio do caminho. Minha respiração oscilou e tive certeza de que ele queria mesmo me matar. Eu nem podia ficar chateada, o selvagem só queria prolongar a excitação da preliminar.
Então, como se ele mesmo já não suportasse, tirou meu boné e fitou minha boca ao dizer:
— É bom poder fazer isso.
Com delicadeza e extrema sensualidade, pôs a ponta da língua entre os meus lábios, umedecendo o local, e ao mesmo tempo propondo um beijo que prometia ser delicioso.
Eu sucumbi. Não podia ser diferente, já que toda a expectativa foi compensada por uma entrega mútua. Estávamos vivenciando um momento em que parecia não existirem empecilhos ou incertezas. Coisa rara quando se trata de nós.
Embora o tempo não estivesse “do nosso lado”, estávamos do dele. Não tivemos pressa alguma, pois o que valia era aquela sensação de que cada beijo seria lembrado com carinho e saudade futuramente, ao invés de sairmos “nos pegando” feito animais no cio.
Edward possuía o que poucos homens possuem: uma sensualidade natural. Ele não precisava pronunciar frases feitas e manjadas para me envolver e atiçar. O selvagem, com suas crescentes descobertas sobre a fantástica relação “homem x mulher”, puxava-me aos poucos para o seu mundo e eu começava a sentir-me ainda mais conectada à sua personalidade. Poderia até arriscar alguns palpites sobre o que ele estava sentindo naquele momento.
Ele pretendia estender o beijo por vários minutos, dava para sentir isso, principalmente pela forma com que roçava a língua na minha. Infelizmente, uma risadinha ecoando pela sala o fez parar. Sem alternativa, nos afastamos e encaramos Alice.
— Aí, gente, desculpa não ter saído, é que eu precisava ver com meus próprios olhos. — Colocou as mãos na barriga morrendo de rir. — Danadinhos... — Fez biquinho ao tirar sarro.
De repente, Emmett chegou “soltando os cachorros”.
— Pô, Bella. Vai lá fora ver o que o Toby está aprontando dessa vez.
Precisei recuperar o ar, pois ainda estava sob efeito do Rei-da-Selva.

(...)

— Socorroooooo! — O pancinha berrava, sentado numa fenda entre dois largos galhos da maior árvore do jardim. — Alguém me tira daqui!
Meus amigos e eu nos reunimos em baixo do carvalho, ainda nos perguntando como o moleque fora parar no topo daquela porcaria. Edward preferiu ir alimentar o puma, pouco ciente da gravidade do problema.
— Por que esse desmamado faz isso justo comigo? — Coloquei as mãos na cabeça, perdidinha. — Tomara que o pai dele não volte pra mansão agora. — Fiquei com medo de ser responsabilizada.
— Toby, desce daí! — Lice vociferou, batendo o pé no chão.
— Olha, que boa idéia... Por que não pensei nisso antes? — Ele teve a coragem de ironizar. — Tive o maior trabalho pra subir, mas agora não sei como descer.
— Vou te contar, esse puto é doidinho. — Emmett gargalhou.
Tentando manter a calma, respirei fundo e pedi:
— Toby, por favor, desce o suficiente para saltar. Jazz e Emm vão te segurar.
— É O QUÊ? — Meu irmão quase explodiu meus tímpanos. — Esse moleque é muito pesado. Jasper preza a coluna dele. Jasper já sofreu demais.
— Na boa, eu não tenho braços de aço, Bella. — Emm também reclamou.
— Se deixarmos ele aí, será que o pai dele vai sentir falta? — Alice refletiu e não parecia estar brincando.
Os galhos do velho carvalho eram fortes, porém minha preocupação era a altura em que o garoto se encontrava. Uma queda daquela magnitude poderia ser fatal. Eu não sabia o que fazer.
— Hô, pessoal... — Toby começou a chorar com a voz arrastada. — Me tirem daqui, tou ficando deprimido. Eu tou com fome. Juro que vou me comportar.
— Do mesmo jeito que jurou quando ficou entalado na bóia? — Emmett retruco.
Toby parou para pensar, então deu um sorrisinho safado ao dizer:
— Ali foi diferente...
— Não queria ser a pessoa a dar a má notícia, mas olha o pai do garoto vindo ali. — Lice apontou para o portão da mansão.
Ficamos tensos ao avistarmos o homem caminhando apressado em nossa direção por causa dos gritos histéricos de seu filho. Realmente temi ser processada ou coisa do tipo.
— O que aconteceu? — O coroa olhou para o topo da árvore e logo percebeu o merdelê que o gordinho fez. — Toby, desce agora! — Se chateou.
— Eu não consigo... — Ele voltou a choramingar.
— Me desculpe, senhor. Nem sei como ele chegou lá em cima. — Torci para não ter que devolver as 100 pratas.
O Sr. Jones me encarou com seus olhos altivos e fronte enrugada. Imediatamente me preparei para levar uma bronca, mas, para minha surpresa, ele enxugou o suor da testa e balançou a cabeça com pesar.
— Conheço o filho que tenho. Sempre que tiramos férias em Orlando ele nos faz ser expulsos de algum hotel. Já estamos até sem opções. — Bufou com desgosto.
— Ah, então o “normal” dele é isso? — Alice interrompeu.
— Mais ou menos. — O homem não soube como responder. — Desculpem, estou trabalhando em um projeto e acabei por deixá-lo muito só. Vou tentar colocar Toby na linha.
— A conversinha aí já acabou? Vou ficar aqui até formar um ninho? — O moleque audacioso estava pedindo para levar na fuça.
— Vou ligar para os bombeiros. — Sr. Jones pegou o celular do bolso.
— Por que ele ainda não desceu? — Edward perguntou, finalmente chegando perto.
— Não sabe como, mas o pai dele está chamando os bombeiros. — Respondi.
— Não é preciso. — O selvagem franziu o cenho como se a idéia fosse absurda.
— O que disse? — O hóspede afastou o celular do ouvido.
Sem prestar explicações, Edward deu três passos atrás e, com uma corridinha, pegou o impulso necessário para saltar e escalar o tronco agilmente. Galgando rapidamente os tortuosos galhos, fez em cerca de um minuto o que Toby deve ter demorado no mínimo uma hora pra fazer. Não estávamos exatamente habituados com as habilidades do selvagem, por isso ficamos um tanto boquiabertos.
Alcançando o moleque no topo do carvalho, ele o segurou pelo braço e passou a lhe dizer onde devia pisar e se agarrar. Limitados a observar, torcemos para que ninguém despencasse lá de cima, mas Edward permaneceu seguro e despreocupado.
O resgate demorou vários minutos porque Toby era desajeitado e choramingão. Por sorte, Edward esbanjou paciência e não reclamou nem uma vez. Ao chegarem perto do solo, o Sr. Jones estendeu os braços para auxiliar o filho e o drama finalmente acabou.
Ed saltou da árvore, limpou as mãos nas calças jeans e recebeu elogios dos rapazes. Grata e aliviada, sem produzir som algum, apenas movi os lábios pronunciando um “obrigada”. Ele, por sua vez, só deu um carismático sorriso.
Depois que o Sr. Jones viu que seu filho estava bem, apertou a mão de Edward com uma gratidão bem maior que a minha.
— Isso foi impressionante. — O homem sorriu. — E olha que estou acostumado a ver coisas impressionantes.
— Não foi nada. — Edward não considerou aquilo um grande feito, talvez por estar acostumado com desafios bem maiores.
— T-zed é o rei de Malaita. — Jazz bancou o intrometido, colocando orgulhosamente a mão no ombro do novo cunhadinho. Edward ficou pouco confortável com o comentário, mas nada falou.
— Malaita? — Sr.Jones pronunciou o nome da ilha como se a conhecesse.
Fala sério, meus amigos e eu nem sabíamos se ela constava no mapa.
— Temos muito a fazer. — Alice me rebocou para a cozinha sem nenhuma educação.
Com auxilio da Vishimideuz, coloquei o aparelho de som no jardim, terminei de preparar os espetos e juntei alguns copos que voaram pelo gramado por causa do vento. Demorei uma meia hora para realizar essas tarefas. Nesse tempo, Edward ficou de papo com o Sr. Jones. O mais estranho é que ele parecia estar gostando da conversa. A forma como gesticulava e às vezes sorria denunciava isso. Não era típico do selvagem ficar tão à vontade com estranhos.
Brad não me aporrinhou mais, ao invés disso, se reuniu com os caras da banda no lado direito do jardim e eles monopolizaram a atenção do mulheril. Confesso que isso me irritou, pois eu tinha armado a festinha para Emm e Jazz se divertirem. Foi impossível não me sentir frustrada, já que eles ficaram largados “às moscas” à beira da piscina. Tudo bem que nunca tiveram muita sorte com garotas, mas dessa vez realmente acreditei que seria diferente.
Quando Alice e eu agilizamos o que faltava para o churrasco, ela foi correndo ao meu quarto pôr um biquíni e eu fui para a cozinha lavar as mãos. Após secá-las com um pano de prato, me virei para a entrada do cômodo e encontrei Edward junto à soleira.
— Seu irmão e Emmett estão de mau humor? — Indagou se importando.
— É o que parece. — Resmunguei sem conseguir esconder a raiva. — Acho que estão se sentido meio rejeitados. Tudo culpa daqueles babacas do Link 69. — Limitei a explicação, Ed sabia do que eu estava falando.
— Mas eles são tão melhores do que Brad e os demais.
— Infelizmente as peruas lá fora não percebem isso. Estou a ponto de mandá-las embora. A vassouradas se for preciso. — Cruzei os braços feito uma criança contrariada e Edward soltou uma risadinha.
A temperatura não parava de aumentar e gotículas de suor começaram a se formar em minha testa. Edward também sentiu os efeitos do verão e tirou a camiseta. Precisei me conter para não ficar “secando” demais aquele torso queimadinho do sol, com pequenas cicatrizes e suavemente definido.
— O que podemos fazer?
— Não sei... — Encurtei calmamente a distância entre nós, parando a centímetros dele. — Você podia assustar todo mundo dizendo que é o Duke doidão da favela. — Ri um pouquinho.
— Será que alguém acreditaria? — Entrou na brincadeira.
— Talvez. Faz cara de mau.
Primeiro Edward riu, mas logo depois franziu o cenho e cerrou os lábios, ficando o mais carrancudo possível.
— Eu conheço essa expressão. Você a fez quando te esqueci no supermercado. — Gargalhei.
— Dia memorável. — Murmurou voltando a sorrir.
— O que pensou a meu respeito?
— Não vai querer saber. — Balançou a cabeça.
— Foi tão ruim assim?
Apenas assentiu e o compreendi.
— Acreditei que me mataria. — Fiz uma careta cômica.
— Confesso que na época tive um pouco de vontade. — Ficou sério ao roçar as costas da mão na minha.
De repente, senti novamente aquela eletricidade crescente entre nós. Era até difícil nomear a sensação. Parecia que tinha voltado a ter 12 anos, quando se espera que o garoto de quem gosta pegue na sua mão como sinal de que ele também sente algo por você.
Eu julgava conhecer tudo sobre o amor e seus tentáculos, então “um dia acordo” e sinto-me vagando por um terreno totalmente desconhecido e surpreendente. Era uma confusão boa de se estar.
Edward vagarosamente entrelaçou os dedos nos meus. Aquele era um gesto tão simples, mas, dentro do contexto em que vivíamos, se tornou algo significativo e romântico. Ele queria ficar de mãos dadas, queria dar mais um passo no nosso relacionamento incomum. Talvez por termos uma data marcada para rompermos, tudo, absolutamente tudo, ganhava importância e eu jamais tinha presenciado ou vivido algo semelhante. Era empolgante!
— Vamos para o jardim, talvez encontremos um jeito de animar Emmett e Jasper. — Disse Ed.
— Ok.
O selvagem não largou minha mão. Atravessamos a sala e, sem pressa, caminhamos pelo jardim de mãos dadas até alcançarmos os rapazes. Eu não conseguia parar de “pontuar” a situações. O primeiro beijo como namorados. O primeiro passeiozinho de mãos dadas...
O que viria a seguir?

(...)

Quando Edward foi pôr em prática uma idéia que teve para ajudar os rapazes, fiquei ao lado de Alice junto à churrasqueira.
O selvagem trouxe o puma para perto da piscina e isso automaticamente atraiu a atenção dos convidados. Emm e Jazz mostraram intimidade com o animal e logo se transformaram em alvos de perguntas.
Para a nossa satisfação, o Link 69 se deu mal. Ficaram meio isolados do outro lado da piscina. Eles fingiam não se importar com nada, mas a realidade era outra.
— Incrível. Parecem formigas em volta do açúcar. — Lice se referia às garotas ridiculamente interessadas nos nossos meninos.
— É, estou vendo.
Ed mantinha o animal calmo, lhe acariciando a cabeça e tentando ficar fora das conversas. No entanto, o que eu mais ouvia eram os gemidinhos de “oowwnnn” vindo das moças que o assistiam interagir com o felino.
— Sabe o que é massa?
— O quê? — Perguntei interessada.
— T-zed pensa mesmo que as meninas estão ali só por causa do puma.
Alice e eu trocamos um olhar, em seguida caímos na gargalhada.
— Acho melhor ele continuar pensando assim — Brinquei, cruzando os braços. Por tolice, fitei a entrada da casa e avistei Toby saindo de lá e correndo na nossa direção. — Ah, não... O meu carma ambulante está vindo aí.
O pancinha, todo vermelho e suado, nos abordou tagarelando:
— Eu acabei de ler a coisa mais doida de toda a minha vida.
— Não diga, sua certidão de nascimento? — Lice mandou a ofensa na lata.
O garoto estreitou os olhos e inflou as bochechas de raiva.
— O que você quer? — Gemi impaciente.
— Lê aqui. — Puxou de debaixo do braço algumas folhas de papel e as ergueu acima da cabeça.
— A garra... — Comecei a ler em voz alta e logo ele trocou a página. — Romeu... — Li a terceira — Peitinho.
— Tá bom. — Não é que as mãos do moleque vieram direto para os meus seios? Minha sorte foi que Lice o impediu, puxando-lhe pela camiseta.
— Meu Deus, me segura... — Coloquei as mãos na cabeça para não espancar o garoto. — Vou contar tudo para o seu pai! Por que não volta pra droga de latrina de onde você veio?
— Ah não, gente. Eu já estou de castigo. — Ele se tocou do perigo.
— Calma, Bella. Tenho uma idéia melhor. — Alice sorriu matreira.

Continua...

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2 comments:

  1. mas esse Toby e uma mala sem alça ne! adorei o Jasper acordando com a Dn Bogdanov rachei rsrsr ♥ate amanha beijusculo

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  2. kkkkkkkkkkkkkkk adoro esse capítulo! Beijos

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